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PENSANTES

Outros pensamentos, ideias e palavras que nos fazem pensar...

segunda-feira, maio 30, 2005

#Novas lei de Murphy


LEI DA RELATIVIDADE DOCUMENTADA

Nada é tão fácil como parece, nem tão difícil como a explicação do
manual.

LEI DA ADMINISTRAÇÃO DO TEMPO

Tudo leva mais tempo do que todo o tempo disponível que tens

LEI DA PROCURA INDIRECTA

A forma mais rápida de se encontrar uma coisa, é procurar outra.

Sempre se encontra alguma coisa que não se encontrou no dia em que se
procurou.

LEI DO TELEFONE

Quando te ligam: Se tens caneta, não tens papel. Se tiveres papel, não
tens caneta. Se tiveres ambos, ninguém liga. Se ligares para um número de
telefone errado, nunca estará ocupado.

Parágrafo único: Todo o corpo mergulhado numa banheira faz tocar o
telefone.

LEI DA EXPERIÊNCIA

Só sabe a profundidade do buraco quem cai nele.

LEI DA GRAVIDADE

Se consegues manter a cabeça enquanto à tua volta todos estão a
perdê-la, provavelmente não estás a perceber a gravidade da situação

LEI DO ADESIVO

Existem dois tipos de adesivo: o que não cola e o que não sai

LEI DAS UNIDADES DE MEDIDA

Se estiver escrito "Tamanho único", é porque não serve a ninguém.

LEI DA VIDA

Uma pessoa saudável é aquela que não foi suficientemente examinada.

Tudo que é bom na vida é ilegal, imoral ou engorda.

LEI DA ATRACÇÃO DE PARTÍCULAS

Toda a partícula que voa sempre encontra um olho aberto.

LEI DA QUEDA LIVRE

Qualquer esforço para se agarrar um objecto em queda, provocará mais
destruição do que se deixássemos o objecto cair naturalmente.

A probabilidade de o pão cair com o lado da manteiga virado para baixo,
é proporcional ao valor da carpete.

O gato sempre cai em pé.

Não adianta amarrar o pão com manteiga nas costas do gato e atirá-lo
para a carpete. O gato comerá o pão antes de cair... em pé

LEI DOS CURSOS, PROVAS E AFINS

Se o curso que mais desejavas tirar só tem 'n' vagas, podes ter a
certeza de que serás o aluno 'n'+1 a tentar matricular-se.

80% do exame final será baseado na única aula que perdeste e no único
livro que não leste.

Todo o professor imagina que não tens mais que fazer do que estudar a
matéria dele.

Parágrafo único: A citação mais valiosa para a tua redacção será aquela
cujo autor não conseguires recordar

LEI DA COMPRA

Não importa quão longa e difícil foi a tua procura por um artigo;,
depois o teres comprado, ele será vendido mais barato nalgum sítio..

A utilidade de um artigo é inversamente proporcional ao preço que
pagaste por ele

LEI DO DESUSO

Se tens alguma coisa que não usas há muito tempo, podes deitá-la fora.

Se deitas fora alguma coisa que não usas há muito tempo, vais precisar
dela alguns minutos depois.

LEI DAS FILAS E ENGARRAFAMENTOS

A fila ao lado anda sempre mais rápida.

Parágrafo Único: Não adianta mudar de fila. A outra é sempre mais
rápida.

Sent by: Maria João Tavares

quarta-feira, maio 25, 2005

#Indiferença ao nuclear

Jimmy Carter*, no EXPRESSO Online

No momento em que a conferência para revisão do Tratado de não Proliferação
(TNP) se reúne em Nova Iorque (entre 2 e 27 de Maio), só podemos ficar
consternados perante a indiferença dos Estados Unidos e de outras potências
nucleares.

Esta indiferença é extraordinária, considerando que novos Estados - Irão e
Coreia do Norte - se juntaram ao grupo de países que possuem ou pretendem
desenvolver programas de armamento nuclear. Um relatório recente das Nações
Unidas alertou para a gravidade da situação: «Estamos a chegar a um ponto
em que a degradação do regime de não proliferação se pode tornar
irreversível e resultar numa nova onda de proliferação».

Na preparação da conferência, um grupo de «Estados Intermédios» propôs-se
um objectivo simples: «Exercer pressão sobre as potências nucleares para
que tomem medidas mínimas que permitam salvar o Tratado de não Proliferação
em 2005». No ano passado, esta coligação de Estados potencialmente
nucleares - em que se incluem o Brasil, Egipto, Irlanda, México, Nova
Zelândia, África do Sul, Suécia e oito membros da NATO - votaram pela
aprovação de uma nova resolução de agenda exigindo o reforço dos
compromissos já assumidos para implementação do TNP. Tragicamente, os
Estados Unidos, a Grã-Bretanha e a França votaram contra essa resolução.

As conversações preparatórias nem sequer conseguiram estabelecer um
calendário, devido às profundas divisões verificadas entre as potências
nucleares, que se recusam a honrar os seus compromissos de desarmamento, e
o movimento anti-nuclear, que exige entre outros pontos que esses
compromissos sejam assumidos e que seja levado em conta o arsenal
israelita.

Até há pouco tempo, todos os presidentes americanos desde Dwight Eisenhower
esforçaram-se por restringir e reduzir arsenais nucleares - alguns mais do
que outros. Que eu saiba, até agora não se assistiu a nenhuma tentativa de
qualquer das potências nucleares para atingir esses objectivos cruciais.

Os EUA são os principais culpados da degradação do TNP. Embora afirmando
estar a proteger o mundo dos perigos de proliferação no Iraque, Líbia, Irão
e Coreia do Norte, os dirigentes americanos não só desrespeitaram as
restrições impostas pelo tratado em vigor como também apresentaram planos
para ensaiar e desenvolver novas armas, incluindo o sistema de mísseis
anti-balísticos - os mísseis capazes de penetrar no solo e rebentar
«bunkers» - e talvez novas bombas «pequenas». Também abandonaram garantias
dadas anteriormente e agora ameaçam utilizar armas nucleares como primeira
opção contra Estados não nucleares.

Algumas acções correctivas são óbvias:

- Os Estados Unidos devem abordar com a Rússia problemas nucleares ainda
pendentes, exigindo os mesmos padrões de transparência e fiscalização de
anteriores acordos de controlo de armamento, e o desmantelamento e
eliminação de armas retiradas do serviço activo. Com grandes arsenais ainda
com capacidade de serem accionados rapidamente, um holocausto global é tão
possível agora, devido a enganos ou erros de avaliação, como o era no auge
da Guerra Fria. Talvez pudéssemos resolver a maior ameaça mundial de
proliferação protegendo eficazmente as reservas de armamento da Rússia.

- Embora todos os países detentores de armas nucleares devessem chegar a
acordo para não as utilizar como primeira opção, os Estados Unidos, como
única superpotência, deveriam assumir a liderança nesta questão.

- A NATO precisa de minorar o papel das suas armas nucleares e ponderar o
fim do seu posicionamento estratégico na Europa Ocidental. Apesar da sua
expansão para leste, a NATO mantém as mesmas reservas de armamento e as
mesmas políticas do tempo em que a Cortina de Ferro dividia o continente.

- O tratado sobre a proibição generalizada de ensaios atómicos deve ser
respeitado, mas os Estados Unidos estão a avançar em direcção contrária. O
orçamento de 2005 da administração Bush remete pela primeira vez para uma
lista de cenários para ensaios e outros países estão à espera para lhe
seguirem o exemplo.

- Os Estados Unidos deviam apoiar um tratado sobre materiais de fissão para
impedir a criação e transporte de urânio altamente enriquecido e plutónio.

- Restringir o desenvolvimento do impraticável sistema de defesa
anti-mísseis, que está a consumir recursos enormes, ao mesmo tempo que
quebra o compromisso que assumimos no âmbito do Tratado sobre Mísseis
Anti-balísticos sem que haja um substituto eficaz.

- Estar atento à proliferação nuclear no Médio Oriente, uma fonte de
crescente instabilidade nessa área. O Irão tem ocultado as suas intenções
de enriquecer urânio, embora afirmando que o seu programa nuclear serve
apenas fins pacíficos. Uma explicação semelhante já foi dada antes pela
Índia, pelo Paquistão e pela Coreia do Norte, e nos três países levou a
programas de armamento. O Irão deve ser chamado às suas responsabilidades e
manter-se fiel às suas promessas no âmbito do Tratado de não Proliferação.
Ao mesmo tempo, não conseguimos admitir que o estatuto nuclear de Israel
atraia o Irão, a Síria, o Egipto e outros países a juntar-se à comunidade
de Estados nucleares.

Se os Estados Unidos e outras potências nucleares quiserem efectivamente
pôr termo à degradação do TNP, têm de tomar medidas imediatas nesse
sentido. Qualquer outro procedimento significará um mundo em que a ameaça
nuclear aumenta em vez de diminuir.

* Jimmy Carter é o antigo presidente dos Estados Unidos e fundador do
Carter Center em Atlanta. A Conferência para Revisão do Tratado de não
Proliferação de 2005 reúne-se em Nova Iorque entre 2 e 27 de Maio.

Tradução de Aida Macedo
(c) 2005, Global Viewpoint Distribuído por Tribune Media ServiceS, INC.

#Moscovo sem luz, água e transportes devido a avaria no sistema energético

Rússia
Moscovo sem luz, água e transportes devido a avaria no sistema energético
25.05.2005 - 11h31 José Milhazes(PÚBLICO)

Uma série de avarias no Sistema Energético Unificado da Rússia deixou
Moscovo sem electricidade e água e paralisou os transportes na maioria dos
bairros da capital e em 24 cidades e distritos adjacentes. A envergadura do
colapso foi tal que alguns órgãos de informação, nomeadamente o jornal
digital Newsru.com, falam em "catástrofe tecnogénica".

O metropolitano de Moscovo, que transporta diariamente cerca de nove
milhões de passageiros, foi o meio de transporte mais afectado pela falha
de energia eléctrica. Vários comboios ficaram parados nos túneis e mais de
20 mil passageiros tiveram de sair das carruagens através dos túneis
escuros até chegarem às estações.

A avaria no sistema eléctrico também afectou o trânsito nas ruas de
Moscovo, porque os semáforos deixaram de funcionar e os eléctricos pararam,
entupindo o trânsito e provocando filas de trânsito de muitos quilómetros.

Em alguns bairros de Moscovo, os telemóveis deixaram de funcionar e as
casas ficaram privadas não só de energia eléctrica mas também de água.

O apagão - de que não há memória na história da capital russa - afectou
também, segundo o Departamento de Saúde de Moscovo, "dez grandes centros
hospitalares", que tiveram de recorrer a geradores de reserva para manter
em funcionamento alguns sectores vitais, nomeadamente unidades de cuidados
intensivos.

O Ministério para Situações de Emergência (Segurança Civil) da Rússia
anunciou que o apagão não poupou instituições como o Conselho da Federação,
o Senado da Rússia e o Comando das Forças Espaciais.

O apagão provocou também prejuízos na Bolsa de Valores de Moscovo, onde
começou a queda dos "blue chips" (as acções mais cotadas) como as do
Sistema Energético Unificado, das petrolíferas e das companhias de
telefones, o que levou à suspensão das operações.

Andrei Trapeznikov, porta-voz do Sistema Energético Unificado, declarou que
o apagão ficou a dever-se a "uma avaria em cadeia, provocada por um
curto-circuito e incêndio numa estação eléctrica", sublinhando que se
tratou de "uma calamidade técnica".

O Ministério para as Situações de Emergência da Rússia diz que já alertou
há vários meses para o perigo deste tipo de catástrofes no país, pois
muitos dos equipamentos já estão obsoletos e fora do prazo.

A possibilidade de o apagão poder ter sido originado por um acto terrorista
não foi posta de lado. A Procuradoria-Geral da Rússia anunciou o início de
uma investigação às causas dos "cortes maciços do fornecimento de
electricidade em várias zonas de Moscovo".

O apagão teve início às 11h00 de Moscovo (08h00 em Portugal continental) e,
não obstante todos os esforços dos serviços técnicos do Sistema Energético
Unificado da Rússia, as suas consequências deverão fazer sentir-se em
alguns bairros durante todo o dia.

sexta-feira, maio 20, 2005

Citações "+"

Uma ave deve voar, mesmo que o céu esteja cheio de abutres"
(A. desconhecido)
"O perfeito aproveitamento do dia de hoje
é a melhor preparação para o dia de amanhã"
(Carl Holmes)

Sent by: Bruno Martinho

#Portuguesas preferem partos em hospitaispúblicos

Inquérito inédito divulgado hoje
Portuguesas preferem partos em hospitais públicos
20.05.2005 - 10h10 Lusa
http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1223762&idCanal=91

Quase metade das mulheres portuguesas não planeia a sua gravidez e a
esmagadora maioria das grávidas prefere realizar o parto num hospital
público devido aos factores técnicos e organizativos disponíveis, revela um
estudo inédito.

"As mulheres e o parto" é um estudo desenvolvido pela empresa de
investigação aplicada Spirituc para um laboratório, cujas conclusões serão
hoje apresentadas no encontro "O enfermeiro e o bebé", que decorre em
Lisboa.

De acordo com o estudo - que contou com entrevistas presenciais realizadas
a 374 grávidas e mães recentes, residentes nas zonas de Lisboa, Coimbra e
Porto - 87,7 por cento das inquiridas refere como principal factor de
preocupação durante a gravidez a saúde do bebé. Ao tipo de alimentação e os
exames a efectuar durante a gravidez também é dada uma relevância
significativa.

No que diz respeito às principais fontes de informação a que as grávidas
recorrem para se informarem sobre a gravidez e para esclarecerem dúvidas, o
estudo revela que estas recaem sobre a Internet, revistas especializadas e,
em particular, os médicos, que são os líderes de opinião privilegiados.

Sobre o acompanhamento da gravidez, 36,1 por cento das inquiridas afirmou
que é acompanhada pelo médico ginecologista/obstetra, mas 32,1 por cento
disse ser seguida pelo médico de família.

A esmagadora maioria das mulheres inquiridas (87,3 por cento) disse
preferir realizar o parto num hospital público devido aos "factores
técnicos e organizativos disponíveis". Esta opção deve-se à ideia das
grávidas de que nas instituições públicas existem "todos os equipamentos
necessários para resolver qualquer tipo de problemas que surjam com a mãe
ou com o filho".

Os três maiores receios das inquiridas relativamente ao pré e pós-parto
consistem no aumento do peso (92,8 por cento), logo seguido do aparecimento
de varizes e estrias. As inquiridas que estão grávidas pela primeira vez
referem a febre, as alergias e as cólicas como os sintomas mais alarmantes
e preocupantes no bebé.

quinta-feira, maio 19, 2005

#Depois de algum tempo - Shakespeare


"Depois de algum tempo aprendes a diferença, a subtil diferença entre dar a
mão e acorrentar uma alma. E aprendes que amar não significa apoiar-se, e
que companhia nem sempre significa segurança. E começas a aprender que
beijos não são contratos e presentes não são promessas. Acabas por aceitar
as derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto
e não com a tristeza de uma criança. E aprendes a construir todas as tuas
estradas de hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os
planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.

Depois de algum tempo aprendes que o sol queima se te expuseres a ele por
muito tempo. Aprendes que não importa o quanto tu te importas, simplesmente
porque algumas pessoas não se importam... E aceitas que apesar da bondade
que reside numa pessoa, ela poderá ferir-te de vez em quando e precisas
perdoá-la por isso. Aprendes que falar pode aliviar dores emocionais.
Descobres que se leva anos para se construir a confiança e apenas segundos
para destruí-la, e que poderás fazer coisas das quais te arrependerás para
o resto da vida.

Aprendes que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas
distâncias. E o que importa não é o que tens na vida, mas quem tens na
vida. E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher. Aprendes
que não temos que mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam,
percebes que o teu melhor amigo e tu podem fazer qualquer coisa, ou nada, e
terem bons momentos juntos. Descobres que as pessoas com quem tu mais te
importas são tiradas da tua vida muito depressa, por isso devemos sempre
despedir-nos das pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a
última vez que as vejamos. Aprendes que as circunstâncias e os ambientes
têm influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos.

Começas a aprender que não te deves comparar com os outros, mas com o
melhor que podes ser. Descobres que se leva muito tempo para se tornar a
pessoa que se quer ser, e que o tempo é curto. Aprendes que, ou controlas
os teus actos ou eles te controlarão e que ser flexível nem sempre
significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão
delicada e frágil seja uma situação, existem sempre os dois lados.

Aprendes que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer
enfrentando as consequências. Aprendes que paciência requer muita prática.
Descobres que algumas vezes a pessoa que esperas que te empurre, quando
cais, é uma das poucas que te ajuda a levantar. Aprendes que maturidade tem
mais a ver com os tipos de experiência que tiveste e o que aprendeste com
elas do que com quantos aniversários já comemoraste. Aprendes que há mais
dos teus pais em ti do que supunhas.

Aprendes que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são disparates,
poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse
nisso.

Aprendes que quando estás com raiva tens o direito de estar com raiva, mas
isso não te dá o direito de ser cruel. Descobres que só porque alguém não
te ama da forma que desejas, não significa que esse alguém não te ama com
tudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não
sabem como demonstrar ou viver isso.

Aprendes que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes
tens que aprender a perdoar-te a ti mesmo. Aprendes que com a mesma
severidade com que julgas, poderás ser em algum momento condenado.

Aprendes que não importa em quantos pedaços o teu coração foi partido, o
mundo não pára para que tu o consertes. Aprendes que o tempo não é algo que
possa voltar para trás.

Portanto, planta o teu jardim e decora a tua alma, ao invés de esperares
que alguém te traga flores. E aprendes que realmente podes suportar mais
... que és realmente forte, e que podes ir muito mais longe depois de
pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que tu tens
valor diante da vida! As nossas dádivas são traidoras e fazem-nos perder o
bem que poderíamos conquistar, se não fosse o medo de tentar."

William Shakespeare

quarta-feira, maio 18, 2005

Educacao sexual polemica, Expresso, 050514

O meu amigo, João Araújo, professor universitário, leva verdadeiramente a
sério a sua função de educador, como pai e como professor. Talvez por isso,
tenha sentido a urgência de dedicar muito do seu tempo a estudar o programa
oficial de Educação Sexual no Ensino Básico e Secundário. Diz-me que esta
notícia (da primeira página do Expresso, com continuação na página 23)
reflecte bem as conclusões do estudo que fez e deu a conhecer à redacção.
Como não fazia ?a mínima? (como agora se diz), fico verdadeiramente
impressionado com o que a mentalidade oficial (que espero, não seja ainda a
mentalidade comum) entende por educação.
Por isso, agradeço-lhe vivamente o seu trabalho que nos desperta. Bem haja.
Obrigado, João.
Pedro Aguiar Pinto

Expresso, 050514

Educação sexual polémica
Alguns manuais escolares, elaborados em
consonância com as novas orientações dos
Ministérios da Educação e da Saúde,
propõem aos professores exercícios para
crianças de 10 e 11 anos tais como colorir
«partes do corpo que gostam que sejam
tocadas».
Outra sugestão é pedir aos alunos que
indiquem «manifestações sexuais», dando
como exemplos a «manipulação dos órgãos
genitais, beijos entre namorados e relação
sexual». Estes manuais estão a provocar
acesa polémica entre os educadores.


Educação Sexual
Programas sem controlo





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Um
teatro
sugerido
para o
2.º e
3.º
ciclos:
5 alunos
«fazem»
uma
viagem
de avião
e chegam
a uma
terra
onde a
maioria
da
populaçã
o é
homossex
ual.
Improvis
am-se
diálogos
entre
viajante
s e
populaçã
o e o
debate
deve ser
orientad
o para
questões
como: um
comporta
mento é
saudável
ou
normal
porque é
maioritá
rio?
Outro
exercíci
o, para
o 1.º
ciclo, é
falar
sobre os
diversos
tipos de
família
a partir
deste
desenho

EM EXERCÍCIO de 50 minutos, destinado a
turmas do 5.º e do 6.º ano, propõe que,
durante a aula, os professores ponham os
alunos de 10 a 12 anos a pensarem no maior
número possível de sinónimos para palavras
como testículos, pénis, vagina ou relação
sexual. De acordo com os manuais para os
professores é «normal e aceitável utilizar
expressões consideradas menos adequadas» e
que podem mesmo «causar embaraço ou
tornar-se desagradáveis». No final, e
esgotadas todas as hipóteses, os
estudantes devem afixar num «placard» o
resultado deste trabalho.
Este é um dos exemplos das tarefas
propostas para o ensino de Educação
Sexual, uma matéria transversal, isto é,
que pode ser dada por qualquer professor e
em qualquer disciplina entre o 1.º e os
12.º anos de escolaridade. Em Outubro de
2000, os Ministérios da Educação e da
Saúde produziram umas «linhas orientadoras
da Educação Sexual em Meio Escolar» que
passaram a estar em vigor. Foram feitos
manuais e sugeridos textos para ajudar os
professores, mas nunca foi feita qualquer
avaliação. Neste momento, ninguém sabe
como foi dada, por quem e a quantos alunos
chegou esta informação. Muito menos se
apurou a eficácia deste tipo de conteúdos.
«Ridículo».





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Esta
ficha,
integrad
a num
livro
espanhol
sugerido
pelo
Ministér
io da
Educação
,
pretende
introduz
ir nas
salas de
aula do
1.º
ciclo a
questão
da
masturba
ção. O
professo
r deve
pergunta
r: o que
está o
rapaz a
tocar (o
mesmo
para a
rapariga
)? Já
fizeste
isso?
Onde o
fazes?
Com quem
o fazes?

Para Manuela Calheiros, psicóloga e
professora universitária, «o exercício
proposto é ridículo». Mas esse não é o
maior problema deste projecto educativo.
Com efeito, por não ser «testado, por não
ser feita formação de professores e
avaliados os resultados», há aqui «uma
falha gravíssima», tanto mais que ninguém
sabe «quem é responsável» pelas eventuais
falhas cometidas. Manuela Calheiros vai
mais longe: «não há contexto emocional» em
todos os conteúdos programáticos sobre
sexualidade, tal como ausentes estão «as
famílias, o próprio envolvimento cultural
e, mais grave, a possibilidade de qualquer
pessoa dizer ?não?». Para a psicóloga,
mais importante do que enumerar e enunciar
os actos sexuais - sejam eles quais forem
- «é formar os alunos para sentimentos
positivos e negativos» e, nesse processo,
«aprender a conhecer-se e reconhecer que
pode recusar situações ou atitudes que não
aceite».
Outra proposta de trabalho apresentada nos
manuais de apoio aos professores, tendo
como destinatários crianças de 10 e 11
anos, consiste em pôr os alunos a colorir
uma figura (masculina ou feminina), para
depois assinalarem «as partes do corpo que
elas gostam, ou não, que sejam tocadas.
Estes desenhos podem ser recolhidos de
forma a constituírem informação para o
professor». Outra sugestão passa por pedir
aos alunos que façam «uma lista com todas
as manifestações sexuais que venham à
ideia, colocando à frente de cada um o
tipo de sensações presentes». Como
exemplos sugeridos aos professores são
elencados: «manipulação dos órgãos
genitais, beijos entre namorados, relação
sexual».
Pais fora de jogo?





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.jpg)

Este
desenho
-
destinad
o ao 1.º
ciclo -
visa pôr
os
alunos a
falar
das
diferenç
as entre
rapaz/ra
pariga,
homem/mu
lher,
rapaz/ho
mem e
rapariga
/mulher.
«Recorta
as
figuras
e
coloca-a
s na
casa de
banho»,
sugere
este
manual
espanhol
,
recomend
ado pelo
Ministér
io da
Educação

O conteúdo desta «disciplina» está longe
de ser consensual. Uma professora do 3.º
ciclo recusou-se mesmo a seguir os manuais
propostos, mas foi advertida pela direcção
da escola «de que não podia fazer objecção
de consciência» e corre o risco de ser
punida disciplinarmente se não acatar a
ordem.
Claudia Muller, mãe de várias crianças,
decidiu ir assistir a uma sessão de
esclarecimento para alunos, promovida pela
Associação de Planeamento da Família na
escola dos seus filhos. Destinada a
crianças entre os 9 e os 12 anos, a
apresentação esclarecia questões tão
diversas como «para onde vai o esperma» ou
«o que é o sexo oral», finalizando com a
médica de um centro de saúde da região de
Mafra a dar os seus contactos telefónicos
às crianças que quisessem esclarecer
outras dúvidas. «É um desprezo total pelos
pais, que a toda a hora são chamados à
escola. Menos sobre a educação sexual dada
aos seus filhos», conclui esta mãe, que se
confessa «chocada pela total exclusão dos
encarregados de educação».
Por seu lado, Albino Almeida, presidente
da Confederação das Associações de Pais
(Confap), é pessoalmente adepto da
educação sexual nas escolas. Mas admite
que a actual orientação tem «lacunas e
alguns temas estão desadaptados» às faixas
etárias a que se destinam. Os vários tipos
de família apresentados, por exemplo,
«deviam surgir como vários tipos de união»
.
«Pares homossexuais não se enquadram no
meu conceito de família», sublinha Albino
Almeida. «Nem está enquadrada na lei»,
acrescenta Manuela Calheiros.
Paula Vilariça, pedopsiquiatra do Hospital
Dona Estefânia, considera mesmo a
desadequação etária um dos problemas mais
graves deste programa. Além disso, os
conteúdos apresentados «não são
esclarecedores» e podem mesmo «ser
perturbadores, agressivos e até
traumáticos para alguns alunos».
Defendendo uma estratégia mais informativa
para estas aulas, a médica rejeita este
projecto nos termos em que está
apresentado, por o considerar «um atentado
à fantasia e à inocência».
Albino Almeida sustenta esta ideia ao
referir que a maior lacuna do projecto «é
a não inclusão das doenças sexualmente
transmissíveis». Em vez de informar, «o
programa diverte-se com conteúdos
desfasados, esquecendo as doenças que são
parte fulcral em matéria de sexualidade»,
conclui.
A APF - que subscreve as linhas
orientadoras e assinou um protocolo com o
Ministério da Educação para promover a
Educação Sexual nas escolas - garante, no
seu relatório anual, que «muitas escolas
estão já envolvidas» e «em todo o
território nacional». «Mas estamos longe
de poder afirmar que todas ou a maior
parte das crianças e jovens têm acesso a
actividades de educação sexual», dizem,
reclamando a publicação de legislação que
obrigue, efectivamente, as escolas a
cumprir este programa.

Monica Contreras e Rosa Pedroso Lima com
Susana Branco





Programa educacional
JOÃO Araújo, professor universitário e pai
de quatro crianças, dedicou muitas horas a
estudar o programa oficial de Educação
Sexual. Os aspectos que mais o chocaram
foram organizados num CD que passou a
mostrar pelo país, em sessões de
esclarecimento para as quais é convidado.
O EXPRESSO foi assistir. Pais, e por vezes
professores, enchem as salas para verem
uma selecção de textos, desenhos e jogos
sugeridos para as salas de aulas. A partir
destes dados - confirmados pelo EXPRESSO
nos textos originais que servem de
documentação oficial - foram pedidas
opiniões a diversos especialistas.
A grande responsável pela actual filosofia
orientadora da educação sexual nas escolas
é a Associação para o Planeamento da
Família (APF) - filial de uma das maiores
ONG mundiais - que participou na produção
das «Linhas Orientadoras», fez vários
manuais, formou e continua a formar
professores no âmbito de protocolos com o
Ministério da Educação.
Um dos livros aconselhados - «Educação
Sexual na Escola», de Júlio Machado Vaz e
Duarte Vilar, da APF - propõe como
conteúdos para o pré-escolar e o 1.º
ciclo: aprender a realizar a masturbação,
se existir, na privacidade; conhecer
diferentes tipos de família; adquirir um
papel de género flexível e reconhecer
comportamentos sexuais como carícias,
beijos e relações coitais.

Sent by : Povo

terça-feira, maio 17, 2005

#Manifestações anti-americanas no Afeganistão fazem sete mortos

Protestos contra a alegada profanação do Corão em Gantánamo
Manifestações anti-americanas no Afeganistão fazem sete mortos
13.05.2005 - 17h26 AFP, PUBLICO.PT
http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1223207&idCanal=11

Pelo menos sete pessoas morreram no terceiro dia de manifestações
anti-americanas no Afeganistão, as mais violentas ocorridas no país desde a
queda do regime fundamentalista taliban.

Depois dos confrontos de quarta-feira em Jalalabad, que provocaram a morte
a três manifestantes, os protestos estenderam-se progressivamente a
diferentes pontos do país, incluindo a capital, Cabul. Ao todo 14 pessoas,
entre polícias e manifestantes, terão sido mortos nas últimas 72 horas.

A causa da revolta prende-se com as notícias sobre a alegada profanação de
exemplares do Corão (livro sagrado do Islão) no presídio militar de
Guantánamo, onde os EUA mantêm centenas de suspeitos de envolvimento em
actividades terroristas, na sua maioria de nacionalidade afegã. Washington
mantém no Afeganistão perto de 18 mil militares, mas até ao momento, a
fúria dos manifestantes tem estado virada para as autoridades locais e as
ONG.

As manifestações de hoje começaram após as orações de sexta-feira, reunindo
em algumas cidades vários milhares de participantes.

Os incidentes mais violentos ocorreram em Ghazi, capital da província com o
mesmo nome, no sudeste do país. Três manifestantes foram mortos quando a
multidão tentava invadir a esquadra local e a residência do governador.
Outras 20 pessoas ficaram feridas, incluindo o comandante da polícia local,
ferido com gravidade.

Na cidade vizinha de Gardez, um civil não resistiu aos ferimentos de bala
infligidos durante uma troca de tiros entre a polícia e cerca de 300
manifestantes.

Os protestos, que no primeiro dia se restringiram ao sul do país,
alastraram também às regiões setentrionais, com registo de confrontos em
Faizabad, capital da província de Badakshan, no nordeste do país. As
autoridades confirmam que três manifestantes foram mortos quando tentavam
incendiar as instalações de várias organizações não-governamentais a
trabalhar na cidade.

Em Cabul, as manifestações contaram com menor adesão e sem qualquer registo
de incidentes. Em várias mesquitas, os imãs afirmaram que os protestos
contra a profanação do Corão são legítimos, mas repudiaram qualquer acto de
violência.

#Amanha e dia internacional da familia, Publico, 050514

Amanhã é dia internacional da família
Portugueses não dispõem de meios para conciliar a vida familiar e
profissional
Sofia Rodrigues
Os portugueses recorrem pouco ao trabalho em tempo parcial, ao contrário de
outros europeus, segundo uma análise comparativa
Portugal tem falta de medidas para incentivar a conciliação da vida
familiar e profissional. A desadequação dos serviços de guarda das crianças
aos horários de trabalho dos pais é uma das falhas detectadas num estudo
comparativo das políticas familiares europeias. Os resultados do trabalho,
intitulado Estudo Comparativo das Políticas Familiares na Europa dos 15
entre 1990-2004 são apresentados hoje à noite, em Lisboa, numa sessão
promovida pela Associação Portuguesa das Famílias Numerosas, na véspera do
Dia Internacional da Família.
"Portugal não tem uma política para a família", defende Joana Pereira Vaz,
uma das autoras do estudo. As falhas detectadas encontram-se sobretudo ao
nível da carência de estruturas de apoio de guarda das crianças, na
ausência de benefícios para incentivar a natalidade e na falta de
sensibilidade das empresas para a necessidade dos pais terem mais tempo
para os filhos, de acordo com Joana Pereira Vaz, que avaliou as políticas
dos Quinze nos últimos 14 anos.
O trabalho foi encomendado pela Coordenação Nacional para os Assuntos de
Família (CNAF), organismo extinto pelo actual Governo. Para a autora, a
dissolução da CNAF também é reveladora da importância que o país atribui ao
assunto. A ex-presidente da CNAF, Margarida Neto, que foi exonerada das
suas funções, alerta para o facto de ser a primeira vez, em 25 anos, que
deixa de existir um organismo governamental para a família (ver textos
nestas páginas).
Os países do Sul da Europa - Portugal, Grécia, Itália e Espanha - são os
que apresentam mais fragilidades nos incentivos estatais de protecção à
família, segundo Joana Pereira Vaz, da Universidade Católica. Em Portugal,
aponta, "a maior falha é na conciliação da vida familiar e profissional".
Um dos maiores entraves a esta harmonização está na falta de maleabilidade
dos serviços de guarda das crianças (creches, infantários) a que os pais
precisam de recorrer para poderem trabalhar e na ausência de outra opção
(os cuidados de um familiar, por exemplo). É que este tipo de serviço é
contratado a tempo inteiro, "o que constitui uma forte barreira quanto à
maior utilização do trabalho em part-time em Portugal", lê-se no estudo.

Recurso a amas
Muitos dos pais, segundo o documento, preferem recorrer a amas com carácter
informal (vizinhos ou familiares), "por permitirem flexibilização do
horário de trabalho e também um ambiente familiar". Na Áustria, por
exemplo, o Estado atribui um subsídio aos pais para permitir que o pai ou a
mãe fiquem em casa a tomar conta das crianças mais pequenas, em vez de
trabalharem os dois e suportarem financeiramente um infantário. Trata-se de
uma opção de guarda das crianças inexistente em Portugal.
A falta de conciliação da vida familiar e profissional passa também por
factores culturais. "Apesar de Portugal já permitir licença de paternidade
de cinco dias para os homens, isso não é bem aceite, sobretudo no emprego
dos homens", afirma Joana Pereira Vaz. Em relação às licenças de
maternidade, a lei portuguesa permite às mães gozar 20 semanas (embora as
últimas quatro só correspondam a um pagamento de 80 por cento do salário),
um tempo próximo de outros países europeus, mas sem outro tipo de apoios
que é dado noutros Estados-membros da União Europeia. Por exemplo, a
Finlândia permite uma licença de maternidade de apenas 14 semanas com um
subsídio a 70 por cento, mas a mãe pode optar entre um subsídio de 140
euros ou um pacote de maternidade com artigos para bebé.
Outra das diferenças apresentadas por Portugal face a outros países,
sobretudo em relação ao Reino Unido, está na reintegração das mães no
mercado de trabalho depois de ficarem em casa a tomar conta dos filhos e
terem deixado de trabalhar por um período alargado de tempo. "No Reino
Unido, há mais facilidade de retomar o trabalho", afirma Joana Pereira Vaz,
sublinhando a maior sensibilidade das empresas para o assunto.
Os melhores exemplos de políticas para a família, segundo a autora,
encontram-se em países nórdicos: a Áustria e a Dinamarca. Neste último
caso, o Estado atribui um subsídio anual de 1300 coroas (cerca de 175
euros) às crianças com idades compreendidas entre os três e os 12 anos. A
Áustria, que também tem este mesmo tipo de benefício, lançou uma auditoria
junto das empresas para saber como é que prestavam apoio familiar.
Apesar das medidas tomadas, nenhum destes países "conseguiu fazer
substituição de gerações", sublinha Margarida Neto. Pelo menos até agora.
"É caro e difícil pôr o bebé na creche"
Sofia Rodrigues
Portugueses recorrem pouco ao trabalho a tempo parcial, porque isso implica
redução do ordenado
A ex-presidente da Coordenação Nacional para os Assuntos de Família (CNAF),
exonerada pelo actual Governo, Margarida Neto, considera que uma das
principais falhas em Portugal, na política da família, é a pouca
acessibilidade aos equipamentos da primeira infância: "É caro e difícil pôr
um bebé na creche". O tempo da licença de maternidade aumentou de quatro
para cinco meses, mas "falta-lhe alguma flexibilidade", segundo Margarida
Neto. Uma das principais falhas demonstradas pelo estudo comparativo das
políticas de família dos Quinze é que os portugueses recorrem pouco ao
trabalho a tempo parcial, apesar de estar estabelecido na lei. "O problema
é que trabalhar metade do tempo implica metade do ordenado. E os ordenados
portugueses já são baixos", explica Margarida Neto, partilhando da ideia de
que Portugal tem falta de medidas para conciliar a vida profissional e
familiar. Nos últimos dois anos em que Margarida Neto dirigiu o órgão
ministerial ligado às questões da família, foi feito algum trabalho,
segundo a ex-coordenadora. Entre as medidas tomadas está a consagração na
lei do direito obrigatório de o pai gozar os cinco dias de paternidade, o
aumento da licença de maternidade de quatro para cinco meses (mediante uma
redução da retribuição) e a possibilidade de a mãe faltar quatro horas por
trimestre por cada filho para se deslocar à escola do filho (para assistir
a uma festa ou falar com um professor, por exemplo). É por fazer um balanço
positivo da intervenção da CNAF que Margarida Neto vê com preocupação o fim
do único organismo estatal dedicado à família. "Já houve muitas formas
(secretaria, direcção-geral), mas nunca tinha desaparecido a estrutura, o
que tem muita gravidade". Foi também extinto o Conselho Nacional Para os
Assuntos de Família, órgão consultivo que fazia parte da CNAF, no seio do
qual se elaboraram os 100 Compromissos para a Família, apresentados em 2004
pelo então primeiro-ministro Durão Barroso.
"Os políticos têm de acordar para o problema"
O presidente da Associação Portuguesa de Famílias Numerosas (APFN),
Fernando Castro, considera que os políticos portugueses andam distraídos em
relação à "célula da sociedade" e que "têm de acordar para o problema". Até
porque, diz, o estudo que fizeram (ver texto principal) revela que
"Portugal não tem uma política familiar e que os outros países a têm".
A situação agravou-se com a dissolução da Coordenação Nacional para os
Assuntos da Família, sem que esteja prevista a sua substituição por
qualquer estrutura equivalente. "É uma situação inédita nos últimos 25 anos
em Portugal", afirma Fernando Castro. Uma das propostas que a APFN vai
apresentar hoje é a criação de um organismo que permita, ao nível do
primeiro-ministro, concertar as medidas sectoriais dos vários ministérios,
e de um órgão consultivo que integre as várias associações.
"Se fizer uma busca com a palavra família na lei orgânica do Governo, não
encontra nada", refere Castro, lembrando que também não há nenhuma comissão
parlamentar dedicada a este assunto. Uma situação que considera
insustentável: "Nenhum país pode sobreviver a uma reduzidíssima taxa de
natalidade".
Para incentivar a protecção à família, a APFN vai apresentar um conjunto de
propostas de medidas de protecção à família em sete áreas, da fiscalidade à
saúde, passando pela educação. S.R.
A ex-presidente da Coordenação Nacional para os Assuntos de Família (CNAF),
exonerada pelo actual Governo, Margarida Neto, considera que uma das
principais falhas em Portugal, na política da família, é a pouca
acessibilidade aos equipamentos da primeira infância: "É caro e difícil pôr
um bebé na creche".
O tempo da licença de maternidade aumentou de quatro para cinco meses, mas
"falta-lhe alguma flexibilidade", segundo Margarida Neto. Uma das
principais falhas demonstradas pelo estudo comparativo das políticas de
família dos Quinze é que os portugueses recorrem pouco ao trabalho a tempo
parcial, apesar de estar estabelecido na lei. "O problema é que trabalhar
metade do tempo implica metade do ordenado. E os ordenados portugueses já
são baixos", explica Margarida Neto, partilhando da ideia de que Portugal
tem falta de medidas para conciliar a vida profissional e familiar.
Nos últimos dois anos em que Margarida Neto dirigiu o órgão ministerial
ligado às questões da família, foi feito algum trabalho, segundo a
ex-coordenadora. Entre as medidas tomadas está a consagração na lei do
direito obrigatório de o pai gozar os cinco dias de paternidade, o aumento
da licença de maternidade de quatro para cinco meses (mediante uma redução
da retribuição) e a possibilidade de a mãe faltar quatro horas por
trimestre por cada filho para se deslocar à escola do filho (para assistir
a uma festa ou falar com um professor, por exemplo).
É por fazer um balanço positivo da intervenção da CNAF que Margarida Neto
vê com preocupação o fim do único organismo estatal dedicado à família. "Já
houve muitas formas (secretaria, direcção-geral), mas nunca tinha
desaparecido a estrutura, o que tem muita gravidade".
Foi também extinto o Conselho Nacional Para os Assuntos de Família, órgão
consultivo que fazia parte da CNAF, no seio do qual se elaboraram os 100
Compromissos para a Família, apresentados em 2004 pelo então
primeiro-ministro Durão Barroso.

segunda-feira, maio 16, 2005

#Portugal em sexto no ranking mundial de morte decrianças por maus-tratos

Informação ontem avançada no Porto por Dulce Rocha, reportando-se a um
relatório da UNICEF
ComerciodoPorto 13052005
RÉMULO JÓNATAS

Portugal é o sexto país do mundo com maior número de crianças mortas devido
a maus-tratos.
Esta preocupante informação foi ontem avançada no Porto por Dulce Rocha,
presidente da Comissão Nacional de Protecção de Crianças e Jovens, a
propósito do seminário "Justiça de Proximidade" - integrou juntamente com
Maia Neto e Manuela Rezende o painel sobre "O papel da comunidadade na
protecção das crianças" - organizado pela delegação portuense da
Universidade Católica em colaboração com a autarquia presidida por Rui Rio.

Reportando-se a um relatório da responsabilidade da UNICEF referente a 2004
(que avança que morrem 3500 crianças anualmente em todo o mundo vítimas de
maus-tratos), Dulce Rocha sublinhou que "é horrível ver o nosso país
aparecer no sexto lugar de uma lista desta natureza", tanto mais que a
mesma "integra 26 nações mundiais".

"Desconheço os indicadores utilizados pelos autores deste estudo, no
entanto não deixam de ser números preocupantes e que deixam claro a
necessidade de um maior investimento na defesa dos direitos das crianças",
acrescentou, alertando que esses direitos "devem ser valorizados em relação
aos interesses dos progenitores".

Falando depois sobre o conceito de perigo, e a necessidade da sua
clarificação, a responsável pela Comissão Nacional de Protecção de Crianças
e Jovens explicou: "Temos um conceito de perigo restrito, muito baseado na
vitimização, nas omissões relativas a cuidados, mas não temos ainda um
conceito que possa funcionar preventivamente".

"Se valorizarmos a relação afectiva que a criança estabelece com as pessoas
que lhe prestam cuidados, estaremos perante uma prevalência da relação
afectiva sobre a biológica, e o que acontece neste caso é que a lei é muito
pouco clara", criticou esta especialista, deixando claro que é urgente "que
a lei seja o indicador mais perfeito para este tipo de cenários".

Esperança na disponibilidade do Governo

Dulce Rocha não perdeu a oportunidade para lançar um repto ao novo Governo,
referindo esperar do executivo liderado por José Sócrates "quanto mais não
seja abertura para o diálogo e disponibilidade para uma grande discussão na
área dos direitos das crianças".

"Essa é a única forma para se aperfeiçoar o conceito de perigo, assim como
outros aspectos relevantes sobre esta matéria, atté porque não é admissível
que já tenhamos determinados conhecimentos e não os utilizemos na lei",
concluiu.

Secretário de Estado da Justiça recusa falar sobre temas "quentes"

Em representação do Ministro da Justiça Alberto Costa, João Tiago Silveira,
o seu secretário de Estado, foi uma das figuras convidadas para a abertura
do seminário da Universidade Católica "Justiça de Proximidade", tendo,
contudo, escusado-se a comentar os temas mais "quentes" da actualidade no
que a justiça diz respeito.

Quando questionado sobre temas como a morte da pequena Vanessa e,
consequentemente, sobre qual a posição do seu ministério em relação à
prevalência das relações biológicas sobre as afectivas, João Tiago Silveira
disse que estava ali "apenas para falar sobre o seminário e o seu tema",
tendo respondido de igual forma quando instando a comentar as constantes
violações do segredo de justiça em Portugal e sobre o recente caso
referente à investigação em torno do licenciamento de um complexo turístico
em Benavente, que alegadamente envolvem membros do anterior governo de
coligação PSD-CDS/PP (Nobre Guedes, Telmo Correia e Costa Neves).

Governo quer alargar rede de julgados de paz

A Faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa organizou ontem,
em parceria com a Câmara Municipal do Porto, um seminário subordinado ao
tema "Justiça de Proximidade", visando essencialmente promover um espaço de
reflexão e debate sobre alguns dos mecanismos alternativos, designadamente
os julgados de paz, os juízos de execução, os juízes sociais e as comissões
de protecção de menores e jovens.

À abertura dos trabalhos presidiu João Tiago Silveira, secretário de Estado
da Justiça (presente em representação do ministro Alberto Costa), que
aproveitou para reafirmar, já depois de ter recusado comentar os casos do
"momento" da justiça nacional (ver caixa), a intenção do Governo de
"alargar a rede de julgados de paz", anunciando estar já em fase de
desenvolvimento um estudo em parceria com as universidades públicas para o
planear.

"Os julgados de paz são um caso claro de sucesso porque colocou a justiça
mais perto dos cidadãos e porque acima de tudo estes sentem que o juiz de
paz resolve rápido e efectivamente os seus litígios", acrescentou,
sublinnhando que "cerca de 30 por cento dos processos entrados nos julgados
de paz são resolvidos por mediação, algo que não acontece nos meios
jurisdicionais clássicos".

Encontrar respostas para superar a crise na justiça

Responsável pela Fundação para o Desenvolvimento Social do Porto e, por
isso, um dos responsáveis pela organização do seminário, Paulo Morais,
vice-presidente da autarquia portuense, disse que uma vez que é claro para
todos que "a sociedade portuguesa se confronta com uma grave crise na sua
justiça", é necessário "encontrar respostas que o Estado possa dar para
superar ou pelo menos atenuar a situação".
Assim, Paulo Morais aponta que o caminho pode passar por "reconhecer que
embora a realização do Estado de direito se dirija ao próprio Estado, não
constitui campo de monopólio ou reserva de intervenção estatal". "A ordem
jurídica estatal complementa a ordem social geral, sendo absolutamente
necessária uma co-assunção de responsabilidade pelo Estado e pela sociedade
civil, pela efectivação do direito", acrescentou.

quinta-feira, maio 12, 2005

#DE -Fundação de Serralves é case study na cena cultural do país


Afonso Vaz Pinto - Diário Económico 12/05/2005

A Fundação de Serralves é, certamente, um dos melhores exemplos de sucesso
do mecenato em Portugal. Aliás, foi o próprio mecenato que esteve na origem
da Fundação, em 1989.

Na altura, em finais da década de oitenta, cerca de cinquenta entidades,
entre empresas e particulares, associaram-se ao Estado português para a
criação da instituição. A Fundação de Serralves é, no que toca a mecenato,
um verdadeiro 'case study' na cena cultural do país.
Dez anos mais tarde, a partir de 1999, ano da inauguração do Museu de Arte
Contemporânea, houve um reforço significativo do número de fundadores que
hoje é de cerca de 130. Todos os perto de 130 fundadores da Fundação de
Serralves funcionam igualmente como mecenas da instituição.
Para ter uma noção da importância do mecenato na vida da Fundação, o Diário
Económico apurou que um quinto do orçamento anual de Serralves provém de
mecenas, que vão de grandes empresas, até simples particulares. Perto de
metade do orçamento é suportado pelo Estado.
Este casamento entre Estados e particulares é uma das razões do sucesso do
modelo aplicado pela Fundação de Serralves há quase duas décadas atrás.
Aliás, desde que a Fundação nortenha foi criada, em 1989, o modelo da
Fundação de Serralves se destacou e passou a ser olhado como um exemplo a
seguir e de como a cultura pode e deve ser tratada pelo país fora.
A Fundação de Serralves resulta de uma associação, inovadora em Portugal,
entre o Estado e a Sociedade Civil no domínio da produção cultural. Este
facto permitiu garantir um certo grau de autonomia na gestão da
instituição.

Mecenas e amigos
O modelo adoptado pela Fundação de Serralves é ainda caracterizado pelos
grandes mecenas, que se dedicam ao apoio exclusivo de uma determinada área
cultural e pelo grupo de "amigos de Serralves' um número bastante grande de
pequenos mecenas.
Existem seis grandes mecenas que apoiam directa e exclusivamente seis áreas
distintas. Este tipo de apoio destaca-se pelo facto de estes grandes
mecenas acompanharem todas as actividades de cada uma das áreas que são
apoiadas. De acordo com dados fornecidos pela Fundação são eles o BPI
(Mecenas do Museu), a PT (Mecenas do Auditório); os CTT (Mecenas da
Biblioteca), as Águas de Portugal (Mecenas do Serviço Educativo); a EDP
(Mecenas da Casa de Serralves) e a Portucel (Mecenas do Parque de
Serralves).
Quanto aos "pequeno mecenas' são cerca de 2270 'Amigos de Serralves'
Segundo a Fundação, apesar do número ser muito expressivo, acaba por não
ter um peso muito significativo em termos de receitas.
Existem várias modalidade de "Amigos de Serralves" (empresa, família,
individual, professor) sendo que o número mais significativo é o de Amigos
individuais que, para o serem, pagam uma anuidade de 50 Euros beneficiando
de algumas regalias como a entrada gratuita no Museu e no Parque, convites
para as inaugurações, visitas guiadas exclusivas e gratuitas às exposições,
descontos diversos em publicações e artigos da marca Serralves,
espectáculos, colóquios, cursos e ainda no restaurante.

UM MECENAS
A Fundação Calouste Gulbenkian é um caso incontornável quando se fala de
Mecenato em Portugal. A originalidade desta Fundação dá-se pelo facto de
ter nascido de apenas um mecenas. Bastou apenas um. Hoje, é a própria
Fundação a apostar em terceiros, e ela própria, transformar-se num
"mecenas" de peso em Portugal.
A Fundação deve a sua existência à vontade de um mecenas, Calouste Sarids
Gulbenkian (1861-1955). Por testamento, lavrado em 1953, deixou expressa a
sua vontade de que fosse criada uma fundação - a maior de Portugal e uma
das maiores da Europa - com quatro fins estatutários: a arte, a
beneficência, a ciência e a educação. A ela deixou grande parte da sua
fortuna e a totalidade das obras de arte que coleccionara ao longo da sua
vida.
Dotada de uma impressionante colecção de obras de arte de primeira
grandeza, a Fundação tratou, desde a aprovação oficial das seus estatutos
(1950), de as estudar, catalogar e expor ao público. Para tal fim consumiu
o edifício em que, desde 1969, se situa o Museu Calouste Gulbenkian, em
Lisboa.
Dotada também, desde a sua criação, de avultados meios financeiros, a
Fundação tem assegurada a sua própria perpetuidade - obrigação imposta pelo
fundador - através da constante valorização dos activos que constituem o
seu Fundo de Capital, que ascendiam, em 31 de Dezembro de 2004, a 2,338 mil
milhões de euros. Em 2004, o orçamento da Fundação foi superior a 100
milhões de euros, repartido, em números redondos, do seguinte modo artes
(43%); educação (31%); investigação científica (14%); e beneficência (12%).

quarta-feira, maio 11, 2005

Declaração Schuman (o início da UE)

Declaração de 9 de Maio de 1950
A paz mundial não poderá ser salvaguardada sem esforços criativos à altura
dos perigos que a ameaçam.
O contributo que uma Europa viva e organizada pode dar à civilização é
indispensável para a manutenção de relações pacíficas. Ao assumir-se há
mais de 20 anos como defensora de uma Europa unida, a França teve sempre
por objectivo essencial servir a paz. A Europa não foi construída, tivemos
que enfrentar a guerra.
A Europa não se fará de uma só vez, nem numa construção de conjunto:
far-se-á por meio de realizações concretas que criem primeiro uma
solidariedade de facto. A união das nações europeias exige que seja
eliminada a secular oposição entre a França e a Alemanha: a acção deve
envolver principalmente estes dois países.
Com esse objectivo, o Governo francês propõe actuar imediatamente num plano
limitado mas decisivo:
«O Governo francês propõe subordinar o conjunto da produção franco-alemã de
carvão e de aço a uma Alta Autoridade comum, numa organização aberta à
participação dos outros países da Europa.»
Colocar em comum as produções de carvão e de aço garantirá imediatamente o
estabelecimento de bases comuns de desenvolvimento económico, primeira
etapa da federação europeia, e mudará o destino de regiões durante muito
tempo condenadas ao fabrico de armas de guerra, das quais foram as
primeiras vítimas.
A solidariedade de produção assim alcançada revelará que qualquer guerra
entre a França e a Alemanha se torna não só impensável como também
materialmente impossível. A criação desta poderosa unidade de produção
aberta a todos os países que nela queiram participar permitirá fornecer a
todos os países que a compõem os elementos fundamentais da produção
industrial em condições idênticas, e lançará os fundamentos reais da sua
unificação económica.
Esta produção será oferecida a todos os países do mundo sem distinção nem
exclusão, a fim de participar na melhoria do nível de vida e no
desenvolvimento das obras de paz. Com meios acrescidos, a Europa poderá
prosseguir a realização de uma das suas funções essenciais: o
desenvolvimento do continente africano.
Assim se realizará, simples e rapidamente, a fusão de interesses
indispensável à criação de uma comunidade económica e introduzirá o
fermento de uma comunidade mais vasta e mais profunda entre países durante
muito tempo opostos por divisões sangrentas.
Esta proposta, por intermédio da colocação em comum de produções de base e
da instituição de uma nova Alta Autoridade cujas decisões vincularão a
Alemanha, a França e os países aderentes, lançará as primeiras bases
concretas de uma federação europeia indispensável à preservação da paz.
A fim de prosseguir a concretização dos objectivos assim definidos, o
Governo francês está disposto a iniciar negociações nas seguintes bases.
A missão atribuída à Alta Autoridade comum consistirá em assegurar, a breve
trecho: a modernização da produção e a melhoria da sua qualidade; o
fornecimento, em condições idênticas, de carvão e de aço aos mercados
alemão, francês e dos países aderentes; o desenvolvimento da exportação
comum para outros países; a harmonização no progresso das condições de vida
da mão-de-obra dessas indústrias.
Para atingir estes objectivos a partir das condições muito díspares em que
actualmente se encontram as produções dos países aderentes, deverão ser
tomadas, a título provisório, determinadas disposições, incluindo a
aplicação de um plano de produção e de investimentos, a instituição de
mecanismos de perequação dos preços e a criação de um fundo de reconversão
destinado a facilitar a racionalização da produção. A circulação do carvão
e do aço entre os países aderentes será imediatamente isenta de qualquer
direito aduaneiro, não podendo ser afectada por tarifas de transporte
distintas. Progressivamente, criar-se-ão condições para assegurar
espontaneamente a repartição mais racional da produção ao mais elevado
nível de produtividade.
Ao contrário de um cartel internacional que tende a repartir e explorar os
mercados nacionais com base em práticas restritivas e na manutenção de
elevados lucros, a organização projectada assegurará a fusão dos mercados e
a expansão da produção.
Os princípios e compromissos essenciais acima definidos serão objecto de um
tratado assinado entre os Estados. As negociações indispensáveis para
precisar as medidas de aplicação serão realizadas com a assistência de um
mediador designado de comum acordo; este terá a missão de velar por que os
acordos respeitem os princípios e, em caso de oposição irredutível, fixará
a solução a adoptar. A Alta Autoridade comum, responsável pelo
funcionamento de todo o regime, será composta por personalidades
independentes designadas numa base paritária pelos governos; o presidente
será escolhido de comum acordo entre os governos; as suas decisões serão de
execução obrigatória na Alemanha e em França e nos restantes países
aderentes. As necessárias vias de recurso contra as decisões da Alta
Autoridade serão asseguradas por disposições adequadas. Um representante
das Nações Unidas junto da referida Alta Autoridade elaborará
semestralmente um relatório público destinado à ONU, dando conta do
funcionamento do novo organismo, nomeadamente no que diz respeito à
salvaguarda dos seus fins pacíficos.
A instituição da Alta Autoridade em nada prejudica o regime de propriedade
das empresas. No exercício da sua missão, a Alta Autoridade comum terá em
conta os poderes conferidos à autoridade internacional da região do Rur e
quaisquer outras obrigações impostas à Alemanha, enquanto estas
subsistirem.

terça-feira, maio 10, 2005

# Disseram-me que aqui havia liberdade! DN050509




O patriarca do grupo de chineses que iam sair de Portugal explicou que
ia levar a família para um país livre. Viera da China à procura de
liberdade, mas, como se enganara, ia para outras paragens

joãocésardas neves

Fui há dias ao cais dos navios de longo curso. Na sala de espera vi grande
número de orientais de todas as idades. Junto à porta um senhor idoso, que
percebi ser o patriarca do grupo, explicou-me que ia levar a família para
um país livre. Viera da China à procura de liberdade mas, como se enganara,
ia para outras paragens. Mostrei estranheza por esta sua afirmação e ele
explicou "Disseram-me que este país tinha grande amor à liberdade porque,
tal como o meu, vivera sob ditadura muitos anos mas depois tivera uma
revolução. Afinal não é assim. Simplesmente enganei-me. Não quero ofender
ninguém, nem estou zangado. Vou-me embora."

Ele, vendo-me indignado, comentou "Disseram-me que esta era uma economia
livre, onde cada um se podia esforçar por satisfazer os clientes. Mas a
minha loja foi criticada e agredida só porque tinha preços baixos, horários
alargados e vendia muito. Os outros lojistas, como gostam de descansar,
zangaram-se connosco por trabalharmos. Não nos conhecem, mas inventaram
histórias horríveis sobre nós. Os sindicatos atacaram-nos porque os meus
familiares querem trabalhar mais. Parece que não se pode. Depois vieram as
autoridades. Sabe quantos decretos, portarias, regulamentos, é preciso
cumprir para ter uma loja aberta? Os fiscais encontram sempre coisas para
multar ou proibir. Era assim também na China. Foi por isso que saímos de
lá."

Expliquei-lhe que essas são as leis dos países civilizados. A economia é
livre, mas nós queremos essas regras. Ele sorriu e respondeu "Não me parece
que sejam assim tão civilizados se precisam de tantas limitações. Se querem
mesmo essas condições, porque não as cumprem livremente e precisam de as
impor nas leis? Acho muito estranho que se use a liberdade para eliminar a
própria liberdade!" Ele continuou: "Cometi um crime porque as etiquetas dos
produtos não obedeciam às regras estabelecidas. Como os tribunais assumem
que os empresários são todos criminosos, condenam sempre. De onde vim
também era assim."

Retorqui que as leis, inspectores, sindicatos e tribunais servem para nos
proteger dos abusos. É para nosso bem que somos limitados pelas leis. "Mas
isso é exactamente como na China", contrapôs ele. "Lá também há imensos
funcionários que sabem melhor do que nós o que nós queremos e estão sempre
prontos a proteger-nos de nós mesmos. Foi assim que nos tiraram a
liberdade. Por isso saí de lá."

"A comida que nós comemos não pode ser vendida porque não respeita as
vossas condições sanitárias. Disseram-me que até alguns dos vossos pratos
tradicionais estão proibidos pela mesma razão. Grande liberdade! Há uns
meses comprei um carro", continuou. "Pensava que num país livre isso era o
suficiente para poder andar. Mas depois descobri que tinha de comprar
também coletes, cintos de segurança, cadeirinhas. Os limites à circulação
são tantos que é impossível cumprir todos. A estrada é mais livre na China.
Acabei por vender o carro para pagar a multa porque eu não tinha a licença
para atropelar." Depois de várias perguntas acabei por perceber que falava
do seguro.

"Mas aqui há liberdade de pensamento!", disse eu. O homem fez uma cara
triste e respondeu "Aqui dão- -me liberdade para pensar? Mas isso foi a
única coisa que o Governo nunca me tirou na China. Pensar é sempre livre."

"Pode dizer e escrever tudo o que pensa, fazer um partido para defender
essas ideias!" Ele respondeu "Posso mesmo? Já leu algum jornal que diga
estas coisas? Que aconteceria a esse meu partido, se eu o fizesse? A vossa
liberdade é só para pensar o que todos pensam. Os que pensam diferente, são
considerados malucos ou criminosos e deixam de contar." Não soube o que
responder. Ele disse: "Li agora que vos querem dar a liberdade de abortar.
Essa tínhamos na China. Engraçado como eles nos dão sempre liberdade para
matar, não é?" Ficámos em silêncio. Soou uma sirene. Ele despediu-se e, à
saída, ainda perguntou: "Pode indicar-me um país que seja mesmo livre?" Eu
estava demasiado deprimido para responder.

Sent by: Povo

sexta-feira, maio 06, 2005

Este dia...

Esta manhã, eu vou apenas sorrir quando vir o teu rosto

E vou rir mesmo que esteja sentindo vontade de chorar.

Esta manha, eu vou apenas deixar que tu escolhas o que
vais vestir... e sorrir ...e dizer como estás optima.

Esta manha, eu vou apenas deixar de lado a roupa para
lavar, pegar em ti e levar-te ao parque para brincar.

Esta manha, eu vou apenas deixar na pia a louça suja e
deixar que tu me ensines a montar o teu quebra-cabeças.

Esta tarde, eu vou apenas desligar o telefone, manter o
computador apagado e sentar-me contigo no quintal e soltar bolas de
sabão.

Esta tarde, eu nao vou gritar nem uma vez, nem mesmo
resmungar, quando tu gritares e acenares para o carrinho de
sorvetes.

Esta tarde, eu nao me vou preocupar com o que tu vais ser
quando cresceres.

Esta tarde, eu vou apenas deixar que tu me ajudes a assar
biscoitos sem que me preocupe com o teu chupar dos dedos que metes
na massa.

Esta noite, vou segurar-te nos meus braços e contar-te uma
história sobre como tu nasceste e como eu gosto de ti.

Esta noite, eu vou apenas deixar que tu espirres a água do
banho sem ficar nervoso.

Esta noite, vou deixar que tu fiques acordado até tarde e
vamos sentar-nos na soleira da porta, contando todas as estrelas.

Esta noite eu vou apenas aconchegar-me ao teu lado por horas
e perder os meus shows favoritos na TV.

Esta noite, quando passar os meus dedos entre os teus cabelos
enquanto rezas, vou, simplesmente, sentir-me grato a Deus por me
ter dado o maior presente do mundo.

Anónimo

quinta-feira, maio 05, 2005

O mal, Miguel Poiares Maduro, DN 050504

Fui ver A Queda e gostei. Trata-se do muito discutido filme sobre os
últimos dias de Hitler no seu bunker em Berlim. Alguns criticam uma
hipotética humanização de Hitler no filme. Não estou de acordo. O filme
demonstra que Hitler é humano, mas isso é bem diferente de o humanizar. Não
nos suscita compaixão por ele. Apenas nos demonstra que Hitler é também "um
de nós". E isso é o que o filme tem de perturbador e importante. É que só
reconhecendo Hi-tler como humano podemos entender como ele foi possível e
impedir a sua repetição. O filme permite-nos reflectir sobre a natureza do
mal. O mal que se manifesta na figura de Hitler mas também o mal muito mais
disperso e difuso que permitiu Hitler e o nazismo.

No livro Explaining Hitler, Ron Rosenbaum apresenta as inúmeras teorias que
foram desenvolvidas visando explicar Hitler. Psicopata, vítima de abusos,
sangue judeu, encefalites, ausência de um testículo? são inúmeras as teses,
mais ou menos credíveis, que procuram explicar o porquê de Hitler.
Rosen-baum detecta duas grandes culturas académicas no discurso sobre
Hitler: uma corrente apresenta-o como um ícone do mal absoluto, a outra
acentua os factores históricos, ideológicos e sociais que teriam moldado e
determinado alguém como Hitler.

A grande vantagem do filme A Queda é, precisamente, não procurar explicar
Hitler limita-se a mostrá-lo e os que o rodeavam de uma forma distante e
seca (não emocional, o que é diferente de amoral). Isso acentua o absurdo
de todo o seu discurso e visão do mundo mas de uma forma que, ao mesmo
tempo, o encaixa na realidade humana, sendo alguém que agradece o almoço,
sorri à secretária ou faz festas ao cão. É esta capacidade de reter o
absurdo e odioso de Hitler sem o desprender deste mundo que é importante
reter. É que a concentração exclusiva numa compreensão patológica de Hitler
tem inerente o risco de despersonalizar o mal. Hitler seria uma espécie de
extraterrestre que não partilharia das nossas características humanas.
Dessa forma, não teríamos que temer a sua repetição nem tirar conclusões
sobre a nossa relação com o mal. Foi algo que aconteceu mas já passou e não
volta mais? Como diz Rosenbaum todos os que pretendem apresentar Hitler
como totalmente antinatural fazem-no, em larga medida, para evitar abordar
as consequências de imaginar que ele podia ser, nalguma medida, "normal".

Esta dificuldade de lidar com o mal como humano ainda hoje se manifesta na
tendência para considerarmos que alguém que mata uma pessoa é um assassino,
enquanto quem mata milhões é vítima de uma doença mental. No seu livro,
Rosenbaum refere que detectou em grande parte dos autores uma enorme
resistência em aceitar que Hitler podia ser consciente do mal. Ninguém
conscientemente faria tal coisa parece ser o pressuposto. Seja um
determinismo genético ou social, a tendência é para separar o mal da livre
vontade. O paradoxo é que é precisamente esta separação que permite ao mal
normalizar-se.

Em A Queda os personagens que rodeiam Hitler são representativos dos
diferentes tipos de colaboradores nazis do psicopata louco como Goebbels ao
intelectual aliciado pela representação artística da ideologia da pureza e
perfeição tão intelectualmente sedutora; do militar dominado pela ideia da
obediência associada à subjugação do indivíduo ao todo ao tecnocrata para
quem instalar uma linha de produção de automóveis era igual a criar um
processo de exterminação dos judeus. A grande maioria destes personagens
parecem dominados por aquilo que Hannah Arendt denominou, de forma
controversa, de "banalidade do mal". Com isso, Arendt não pretendia
banalizar as acções do nazismo mas sim caracterizar a atitude de muitos
daqueles que nele colaboraram. Arendt chegou a essa conclusão ao seguir o
julgamento de Eichmann (responsável pela execução da "solução final").

De acordo com a filósofa, Eichmann não nutria qualquer ódio particular
pelos judeus. Era um mero burocrata que seguia ordens cegamente sem
qualquer capacidade de juízo crítico. As consequências das suas acções
eram-lhes estranhas. Não era o ódio, mas sim a incapacidade de pensar que
explicavam a sua participação no projecto nazi. Essa incapacidade de pensar
não deve ser confundida com pouca inteligência. Refere-se antes à ausência
de juízo crítico e de um debate consigo mesmo. Esta atitude acaba, no fim
de contas, por se tornar condutora do mal e o normalizar (talvez seja por
isso que ninguém acredita no bem se houver o mínimo motivo para acreditar
no mal).

O "sucesso" nazi assentou na diluição da responsabilidade individual e na
eliminação do juízo crítico. Estes foram substituídos pelo apego a uma
comunidade idealizada e uniforme, ao serviço da qual era colocada a
inteligência. A inteligência não foi eliminada mas apropriada. Deixou de
ser criadora de autonomia moral para ser um mero instrumento de uma cadeia
produtiva. É por isso que é importante reconhecer o mal como humano. Só
isso nos recorda que a nossa responsabilidade individual não se pode
esconder por detrás de um grupo, de uma moral que nos é oferecida ou do
apelo a uma natureza que não controlamos.

Por um lado, "desumanizamos" o mal para dele nos separarmos. Por outro
lado, tende-se a promover a sua normalização através da ausência de
capacidade de juízo crítico ou de auto-reflexão individual. Esta é
substituída ou pela adesão a uma certa moral que nos é dada ou, no pólo
contrário, pela diluição da nossa capacidade de pensar e juízo crítico numa
hipotética natureza estranha à nossa vontade. Por vezes, estas adesões até
são apresentadas como forma de rebelião (face a uma outra ordem ou
natureza). Na verdade, não passam de uma mudança na ordem adoptada. Uma
filiação identitária ou uma desculpa naturalista que nos permite evitar
aquilo que é realmente difícil mas necessário um processo de reflexão
pessoal dominado por um juízo crítico. No entanto, só isto pode impedir a
triste verdade de que falava Arendt: que a maior parte do mal é feito por
pessoas que nunca se decidem sobre se querem fazer o mal ou o bem.

Sent by: Povo