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PENSANTES

Outros pensamentos, ideias e palavras que nos fazem pensar...

segunda-feira, julho 30, 2007

# Droga e esperança

Droga e esperança,
Antonio Pinto Leite, Expresso, 070728

Mais importante do que como se cai na droga, é como se sai dela. Mais importante do que a angústia de quem se torna toxicodependente, é finalizar a esperança de recuperação e há muitos casos de sucesso para alimentar a força moral necessária para lidar com a situação
Um grande amigo meu, ex-toxicodependente, chama-me à atenção para a quantidade de ex-toxicodependentes, entre os 45 e os 50 anos, que estão a passar férias, aqui, na costa alentejana.
Num ápice, contámos mais de dez amigos, todos eles com uma história semelhante.
Em primeiro lugar, foram toxicodependentes em estado avançado, em especial dependentes da heroína. Fizeram as experiências de risco típicas dos drogados, perderam-se e sentiram-se perdidos.
O meu amigo diz-me que o factor mais importante para a sua cura foi nunca terem desistido dele. Revolta-se com as salas de chuto, por ser um sinal errado, sinal de desistência.
Em segundo lugar, fizeram várias e sucessivas tentativas de recuperação, recaíram mais do que uma vez. A grande maioria libertou-se da droga através de um programa terapêutico específico - modelo de Minnesota. O meu amigo refere vários outros casos de amigos comuns, que aqui não estão, que tiveram sucesso com esta terapia.
Questiono-me sobre como é gasto o dinheiro dos impostos. Para quê gastar dinheiro em terapias sem sucesso? Não faz muito mais sentido verificar, de modo científico, qual ou quais as terapias de sucesso e investir nessas terapias?
Que interesses se movem na sombra dos milhões de euros do Orçamento do Estado destinados ao flagelo da droga?
Sabem os pais atingidos por este drama qual a terapia mais eficaz? O Estado sinaliza com clareza quais as terapias de sucesso, distingue-as, encaminha as pessoas para essas terapias? Há um «benchmarking» credível entre os diversos modelos terapêuticos?
O meu amigo, que conhece este mundo por dentro, desabafa o seu desencanto com as políticas públicas sobre a droga. Toca num ponto que faz pleno sentido: o centro do discurso público sobre a droga deveriam ser os casos de sucesso, aqueles que estiveram 'agarrados' e se libertaram.
Mais importante do que como se cai na droga, é como se sai dela. Mais importante do que a angústia de quem se torna toxicodependente, é finalizar a esperança de recuperação e há muitos casos de sucesso para alimentar a força moral necessária para lidar com a situação.
Em terceiro lugar, a maioria destas pessoas são hoje casos de verdadeira realização profissional ou empresarial.
Reflicto sobre a quantidade de gente de qualidade que se pode deixar envolver pela droga e a responsabilidade social de não se desistir de as recuperar.
Por último, todas estas pessoas são casadas, formaram famílias estáveis, ternas e atraentes. Em vários casos, marido e mulher eram toxicodependentes e saíram da droga juntos. Educaram os filhos no pleno conhecimento da situação que viveram, nalguns casos, mesmo, os filhos já tinham nascido e os pais ainda se drogavam.
São sinais de esperança, amassados em luta e testemunhos de vida.

sexta-feira, julho 27, 2007

# Árvore Genealógica Moderna

Árvore Genealógica Moderna

- Mãe, vou casar!!!
- Jura, meu filho?! Estou tão feliz! Quem é a moça?
- Não é moça. Vou casar com um moço. O nome dele é Julio.
- Você falou Julio... ou foi meu cérebro que sofreu um pequeno surto
psicótico?
- Eu falei Julio. Por que, mãe? Tá acontecendo alguma coisa?
- Nada, não... Só minha visão é que está um pouco turva. E meu coração, que
talvez dê uma parada. No mais, tá tudo ótimo.
- Se você tiver algum problema em relação a isto, melhor falar logo...
- Problema? Problema nenhum. Só pensei que algum dia ia ter uma nora... Ou
isso...
- Você vai ter uma nora. Só que uma nora... meio macho. Ou um genro meio
fêmea. Resumindo: uma nora quase macho, tendendo a um genro quase fêmea.
- E quando eu vou conhecer o meu... a minha... o Julio?
- Pode chamar ele de Biscoito. É o apelido.
- Tá! Biscoito... Já gostei dele. Alguém com esse apelido só pode ser uma
pessoa bacana. Quando o Biscoito vem aqui?
- Por quê?
- Por nada. Só pra eu poder desacordar seu pai com antecedência.
- Você acha que o papai não vai aceitar?
- Claro que vai aceitar! Lógico que vai. Só não sei se ele vai sobreviver...
Mas, isso também é uma bobagem. Ele morre sabendo que você achou sua
cara-metade. E olha ue espetáculo: as duas metades com pinto...
- Mãe, que besteira... hoje em dia... praticamente todos os meus amigos são
gays.
- Só espero que tenha sobrado algum que não seja... pra poder apresentar pra
tua irmã.
- A Bel já tá namorando.
- A Bel? Namorando?! Ela não me falou nada... Quem é?
- Uma tal de Veruska.
- Como?
- Veruska...
- Ah, bom! Que susto! Pensei que você tivesse falado Veruska.
- Mãe!!!
- Tá..., tá..., tudo bem...Se vocês são felizes. Só fico triste porque não
vou ter um neto...
- Por que não? Eu e o Biscoito queremos dois filhos. Eu vou doar os
espermatozóides.E a ex-namorada do Biscoito vai doar os óvulos.
- Ex-namorada? O Biscoito tem ex-namorada?
- Quando ele era hétero. A Veruska.
- Que Veruska?
- Namorada da Bel...
- "Peraí". A ex-namorada do teu atual namorado... É a atual namorada da tua
irmã... que é minha filha também... que se chama Bel. É isso? Porque eu me
perdi um pouco...
- É isso. Pois é... a Veruska doou os óvulos. E nós vamos alugar um útero.
- De quem?
- Da Bel.
- Logo da Bel?! Quer dizer, então... que a Bel vai gerar um filho teu e do
Biscoito. Com o teu espermatozóide e com o óvulo da namorada dela, que é a
Veruska?!?...
- Isso.
- Essa criança, de uma certa forma, vai ser tua filha, filha do
Biscoito,filha da Veruska e filha da Bel.
- Em termos...
- A criança vai ter duas mães: você e o Biscoito. E dois pais: a Veruska e a
Bel.
- Por aí...
- Por outro lado, a Bel..., além de mãe, é tia... ou tio...porque é tua
irmã.
- Exato. E ano que vem vamos ter um segundo filho. Aí o Biscoito é que entra
com o  espermatozóide. Que dessa vez vai ser gerado no ventre da Veruska...
com o óvulo da Bel. A gente só vai trocar.
- Só trocar, né? Agora, o óvulo vai ser da Bel. E o ventre, da Veruska.
- Exato.
- Agora, eu entendi! Agora eu realmente entendi...
- Entendeu o quê?
- Entendi que é uma espécie de swing dos tempos modernos!
- Que swing, mãe ?!!...
- É swing, sim! Uma troca de casais... com os óvulos e os espermatozóides,
uma hora do útero de uma, outra hora no útero de outra...
- Mas...
- Mas, uns tomates! Isso é um bacanal de última geração! E pior...com
incesto no meio.
- A Bel e a Veruska só vão ajudar na concepção do nosso filho, só isso...
- Sei... E quando elas quiserem ter filhos...
- Nós ajudamos.
- Quer saber? No final das contas não entendi mais nada. Não entendi quem
vai ser mãe de quem, quem vai ser pai de quem, de quem vai ser o útero, o
espermatozóide... A única coisa que eu entendi é que...
- Que...?
- Fazer árvore genealógica daqui pra frente... Vai ser uma merda!

Luiz Fernando Veríssimo

quarta-feira, julho 18, 2007

# 'Revolução do Pensamento'

Cidades na Ásia e na África terão Expansão Equivalente a uma China e um EUA juntos

NAÇÕES UNIDAS, Nova Iorque, 27 de junho de 2007 — A humanidade terá que passar por uma "revolução do pensamento" para lidar com a duplicação das populações urbanas na África e na Ásia até 2030, adverte o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA).

No novo relatório lançado hoje, Situação da População Mundial 2007: Desencadeando o Potencial do Crescimento Urbano, a organização afirma que, ao longo dos próximos 30 anos, a população das cidades africanas e asiáticas dobrará, acrescentando 1.7 bilhão de pessoas — mais do que as populações da China e dos Estados Unidos juntas.

"O destino das cidades da África, da Ásia e de outras regiões moldará nosso futuro comum," afirma a Diretora Executiva do UNFPA, Thoraya Ahmed Obaid. "Devemos abandonar uma mentalidade contrária à urbanização e agir agora para iniciar um esforço global articulado no sentido de ajudar as cidades a desencadear seu potencial para fomentar o crescimento econômico e resolver os problemas sociais."
Para aproveitar as oportunidades potenciais, os governos devem preparar-se para o crescimento que está por vir. "Se esperarem, será tarde demais," ela diz. "Essa onda de urbanização é inédita. As mudanças são grandes demais e rápidas demais para permitir que os planejadores e formuladores de políticas simplesmente reajam: na África e na Ásia, o número de pessoas vivendo nas cidades aumenta em aproximadamente 1 milhão, em média, a cada semana. Os líderes precisam ser proativos e adotar uma visão de longo prazo para explorar integralmente as oportunidades que a urbanização oferece."
De acordo com o relatório, a partir de 2008, mais da metade dos atuais 6.7 bilhões de habitantes do planeta viverá nas cidades. Embora as mega-cidades (mais de 10 milhões de habitantes) continuarão a crescer, a maioria das pessoas viverá nas cidades de 500.000 habitantes ou menos.
Até 2030, a população urbana aumentará para 5 bilhões, ou 60% da população do mundo. Globalmente, todo o crescimento futuro da população ocorrerá nas cidades, quase todo na Ásia, na África e na América Latina. Na Ásia e na África, isso sinaliza uma mudança decisiva do crescimento rural para o urbano, alterando um equilíbrio que perdurou por milênios.
A urbanização — o aumento da parcela urbana da população total — é inevitável, segundo o relatório, e pode ser considerada um desenvolvimento positivo. Nenhum país na era industrial conseguiu atingir um crescimento econômico significativo sem a urbanização.

O Relatório sobre a Situação da População Mundial 2007 alega que, embora a maioria dos novos habitantes urbanos será pobre, eles devem ser parte da solução. Ajudá-los a atender suas necessidades — de habitação, atenção à saúde, educação e emprego —também pode desencadear o potencial dos moradores urbanos para promover o crescimento econômico.
"A batalha dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio para reduzir a extrema pobreza pela metade até 2015 será ganha ou perdida nas cidades do mundo em desenvolvimento," afirma a Sra. Obaid. "Isso significa aceitar os direitos das pessoas pobres de morar nas cidades, e trabalhar com a criatividade delas para enfrentar os problemas potenciais e gerar novas soluções."
Com freqüência, os governos nacionais e municipais reagem ao crescimento urbano tentando desencorajar, impedir ou mesmo reverter a migração, afirmam os autores do relatório — apesar do fato de que a migração pode até ser benéfica. Mas é uma política fracassada, que resultou em menos casas para os pobres e maior crescimento das favelas. Também limita as oportunidades para que os pobres urbanos melhorem suas vidas e contribuam plenamente para suas comunidades e bairros.
De acordo com o relatório, as prefeituras e os planejadores urbanos devem priorizar o atendimento das necessidades de habitação dos pobres urbanos. Devem oferecer a propriedade segura de lotes com infra-estrutura básica, incluindo abastecimento de energia, água e saneamento. As pessoas que vivem em comunidades pobres devem ter acesso à educação e à atenção à saúde, e devem ser incentivadas a construir suas próprias casas.
A maior parte do crescimento urbano resulta do crescimento vegetativo, e não da migração. Para reduzir o ritmo do crescimento, os formuladores de políticas devem apoiar intervenções como iniciativas de redução da pobreza, investimento no empoderamento das mulheres, educação —particularmente das mulheres e meninas — e saúde, incluindo serviços de saúde reprodutiva e de planejamento familiar.
A metade da população urbana tem menos de 25 anos de idade. O suplemento sobre a juventude, Crescendo no Meio Urbano, conta as histórias de 10 jovens que migraram para a cidade ou que estão crescendo nela. Destaca também as necessidades especiais dos jovens — educação e atenção à saúde, proteção contra a violência, emprego e integração à sociedade em geral. O atendimento dessas necessidades ajudará muitos jovens a escapar de uma vida na pobreza.
Os formuladores de políticas e os planejadores precisam aproveitar o potencial das cidades para melhorar as vidas de todas as pessoas. Três iniciativas se destacam:
• Aceitar o direito dos pobres à cidade, abandonando as tentativas de desencorajar a migração e impedir o crescimento urbano. As prefeituras devem trabalhar em estreita colaboração com organizações de pessoas pobres urbanas, incluindo organizações de mulheres.
• Adotar uma visão ampla e de longo prazo do uso do espaço urbano. Isso significa, entre outras coisas, oferecer lotes com infra-estrutura básica para habitação, planejar antecipadamente para promover o uso sustentável do espaço, tanto dentro das cidades quanto no entorno delas.
• Iniciar um esforço internacional integrado para apoiar estratégias em prol do futuro urbano.

O kit completo para a mídia do Relatório sobre a Situação da População Mundial 2007 está disponível no endereço www.unfpa.org/swp


CRESCIMENTO URBANO – UMA QUESTÃO CRUCIAL DE DESENVOLVIMENTO NO SÉCULO XXI
27 de junho de 2007
MENSAGEM PRINCIPAL
O Crescimento Urbano maciço é Iminente. A urbanização oferece muitas oportunidades importantes. Para explorá-las, precisamos de abordagens novas e proativas.
• Recente aumento de interesse pela urbanização.
• Ênfase de outros atores nos problemas atuais.
• Nossas vantagens comparativas? Cenários futuros.

PORTANTO – POR QUE O CRESCIMENTO URBANO É TÃO IMPORTANTE?
• Escala, velocidade e localização do crescimento urbano.
• Dos atuais 3.3 bilhões para quase 5 bilhões de moradores urbanos em 2030.
• Deste aumento, 80% na Ásia e na África.
• Os moradores de favelas já somam um bilhão.
• O futuro está sendo decidido AGORA!
• Os pobres são a maioria dos novos habitantes urbanos.

SURPRESA! NÃO SÃO AS MEGA-CIDADES
• Mais da metade do crescimento urbano ocorrerá nas cidades "menores".
• Ao mesmo tempo, com a descentralização, a governança se torna cada vez mais local.
• Mais fácil lidar com as cidades menores, ou seja, maior flexibilidade.
• Mas... as necessidades são maiores nas cidades menores.
• É aqui que os doadores podem ajudar mais.

PERGUNTA CHAVE: A URBANIZAÇÃO É UM BENEFÍCIO OU UMA AMEAÇA?
• A urbanização é – POTENCIALMENTE – um importante aliado social, demográfico, econômico e ambiental.
• Precisamos de uma mudança cultural: se a população fosse mais dispersa, haveria uma melhora significativa? NÃO!
• Precisamos aprender a explorar as vantagens urbanas: isto requer melhor governança.

ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS DA URBANIZAÇÃO GLOBAL
• A pobreza é cada vez mais um fenômeno urbano.
• Mas a solução para a pobreza reside nas áreas urbanas: elas concentram vantagens. comparativas, crescimento econômico, competitividade no cenário global.

CRESCIMENTO URBANO, SAÚDE REPRODUTIVA E CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO
• A urbanização por si só é um fator poderoso de redução da fecundidade. Além disso, os migrantes têm menos filhos.
• O crescimento vegetativo (não a migração) é o componente principal no crescimento urbano.
• Se o crescimento urbano for muito rápido, o desenvolvimento social, o empoderamento e as políticas de saúde reprodutiva serão mais efetivos do que impedir a migração.
• Na verdade, os serviços de saúde reprodutiva nas áreas urbanas pobres ainda são muito ruins.

URBANIZAÇÃO E AMBIENTE
• A batalha para salvar os ecossistemas restantes será empreendida nas selvas urbanas!
• Os impactos ambientais negativos das cidades se devem a um padrão de civilização, não de urbanização.
• A proteção da biodiversidade e de ecossistemas naturais depende da redução da densidade rural.
• Onde e como as cidades se expandirão terá um impacto na mudança climática.
• Muitas cidades, e especialmente a população mais pobre, serão afetadas pela mudança climática.

NECESSIDADE DE ATITUDE PROATIVA POR PARTE DOS FORMULADORES DE POLÍTICAS
• A oposição dos formuladores de políticas à urbanização é prejudicial para a redução da pobreza e a sustentabilidade.
• É preciso antever e aceitar o crescimento urbano inevitável.
• Introduzir uma postura proativa para aproveitar a urbanização.
• Planejar para o futuro: favorecer a densidade, o transporte de massa.
• Prever as necessidades de terra dos pobres.
• Uma dimensão espacial mais ampla exige visão, planejamento estratégico e dados de boa qualidade.

VISÃO E PLANEJAMENTO: HABITAÇÃO PARA OS POBRES
• A habitação é o aspecto mais crítico da inserção dos pobres nas cidades.
• Necessidade proativa principal: oferecer terra com infraestrutura básica e posse segura.
• Isto é possível, mas requer conhecimento técnico e uma mudança radical de atitude e de política. • Advocacy e conscientização são essenciais, mas dados e análise também são.

IMPORTÂNCIA PARA A AGENDA DO UNFPA: FAZER DIFERENÇA (E OBTER VANTAGEM POLÍTICA!)
• Transmitir e defender mensagens importantes para a formulação de políticas.
• Apoiar o fornecimento de informações e análises essenciais que realmente ajudarão os pobres.
• Apoiar uma agenda de empoderamento e saúde reprodutiva para a população urbana pobre.

PRINCIPAIS MENSAGENS PARA A FORMULAÇÃO DE POLÍTICAS
• O crescimento urbano é inevitável E potencialmente bom.
• Lidar com o crescimento urbano requer uma atitude proativa.
• Controles de migração e desocupações simplesmente não funcionam.
• O crescimento urbano futuro será composto de pessoas pobres.
• O crescimento vegetativo é o componente principal do crescimento urbano.
• É fundamental atender às necessidades de habitação da população pobre.
• O crescimento urbano ocorrerá nas cidades menores, que precisam de mais ajuda.
• A localização e a forma do crescimento urbano fazem uma enorme diferença para a sustentabilidade.
• O campo da população pode oferecer subsídios técnicos fundamentais.

IMPLICAÇÕES PRÁTICAS DAS MENSAGENS SOBRE FORMULAÇÃO DE POLÍTICAS, EM TERMOS DE PROGRAMAÇÃO
• O diálogo de formulação de políticas do UNFPA pode melhorar sensivelmente com argumentos baseados em evidência.
• Os avanços sociais, o empoderamento das mulheres e a melhoria dos serviços de saúde reprodutiva nas áreas urbanas e rurais são a maneira mais eficaz de reduzir a taxa do crescimento urbano.
• Planejar a expansão espacial das cidades (a fim de reduzir seus impactos ambientais negativos e atender às necessidades de habitação dos pobres) requer a promoção de dados e ferramentas sociodemográficas de ponta (ex. SIG).
• O apoio à melhoria da qualidade dos dados, assim como recursos técnicos e humanos, são essenciais para as cidades menores.

***
Informações para a imprensa:
Fundo de População das Nações Unidas – UNFPA - (61) 8179 0225 - franca@unfpa.org

segunda-feira, julho 16, 2007

# Gestores europeus gastam dez anos de vida a gerir correio

Estudo de escola de gestão
16.07.2007 - 18h16 Lusa, PUBLICO.PT

Os gestores europeus de empresas gastam diariamente duas horas a gerir comunicações por correio electrónico ("e-mail"), o que equivale na realidade a dez anos da vida a abrir, ler, responder e apagar mensagens electrónicas, segundo um estudo hoje divulgado.

O estudo foi encomendado pela empresa Plantronics (que comercializa auriculares) e conduzido pela Henley Management College (uma escola de gestão britânica), tendo sido elaborado com a colaboração de 180 gestores. Um dos dado que revela é que 32 por cento das mensagens recebidas são consideradas irrelevantes e, como tal, uma perda de tempo útil.

Apesar de ser muito útil para partilhar informação de forma rápida, o "e-mail" torna-se ao mesmo tempo num travão para as tomadas de decisão, uma vez que apenas uma pequena parte das mensagens enviadas "transmitem com clareza a mensagem pretendida", consideram os autores.

Socialmente, o correio electrónico está a tornar-se no promotor de uma menor comunicação frontal entre as pessoas, reduzindo assim as relações laborais mas também as sociais e afectivas, acrescentam.

O acesso ao "e-mail" em qualquer lugar, possível graças aos PDA, que um terço dos gestores possui, produz um impacto na vida pessoal dos trabalhadores, uma vez que a "tentação de ir verificar se chegou alguma coisa importante, de madrugada e fins-de-semana, é difícil de resistir, sendo também difícil de resistir ao desejo de responder", revela este estudo.

Segundo Peter Thomson, director do Future Work Forum da Henley Management College "a pesquisa demonstra uma imagem muito real dos escritórios silenciosos, onde os próprios colegas trocam correio electrónico entre si em vez de falarem cara a cara.

# IVG vai custar ao Estado pelo menos 5,8 milhões de euros por ano

341 ou 444 euros, de acordo com portaria hoje publicada
16.07.2007 - 09h43 Lusa


A Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG) deverá custar anualmente pelo menos 5,8 milhões de euros ao Serviço Nacional de Saúde, tendo em conta uma previsão de entre 17 e 18.000 abortos e um gasto mínimo de 341 euros por cada caso.

Segundo uma portaria hoje publicada em Diário da República, a IVG, no quadro da nova lei, custará 341 ou 444 euros, consoante a opção pelo método com medicamentos ou cirúrgico.

Um estudo recente da Associação para o Planeamento da Família (APF) indica que as portuguesas praticaram no ano passado entre 17.260 e 18 mil abortos.

Face a estes números, e com a nova lei cuja regulamentação entrou domingo em vigor, o Estado deverá pagar, pelo menos, entre 5,8 milhões de euros e 6,1 milhões de euros.

O estudo da APF sobre as práticas do aborto em Portugal envolveu 2.000 mulheres e indica que o método de aborto mais utilizado (antes da introdução da nova lei) foi a raspagem, seguido de comprimidos e aspiração.

A tabela hoje publicada indica que, em casos de internamento, serão aplicados os valores de 829,91 euros para o aborto medicamentoso, e 1.074,45 para as intervenções cirúrgicas.

A portaria refere ainda que as actividades inerentes e respectivos custos dos abortos até às 10 semanas serão monitorizados e avaliados durante os próximos seis meses "após os quais os preços ora fixados poderão ser alterados".

A nova lei, cuja regulamentação entrou em vigor domingo e que permite o aborto a pedido da mulher até às 10 semanas de gravidez, resulta da vitória do "sim" à despenalização da IVG no referendo do passado dia 11 de Fevereiro, apesar de a consulta não ter sido vinculativa.

A regulamentação da lei da IVG, publicada a 21 de Junho em Diário da República, prevê que uma consulta prévia obrigatória seja marcada no período máximo de cinco dias.

Durante um período de reflexão mínimo de três dias deve ser disponibilizado o acompanhamento por psicólogo ou assistente social, caso a mulher o solicite.

Obrigatória é a marcação de uma consulta de saúde reprodutiva ou planeamento familiar no prazo máximo de 15 dias após a IVG.

Após as 10 semanas, estão contempladas interrupções de gravidez nos casos de violação, devendo a IVG ser feita até às 16 semanas de gestação, e malformação congénita ou doença incurável do feto, até às 24 semanas de gravidez.

A partir das 10 semanas de gestação "por se tratar de uma situação mais complexa, de maior risco e com maior consumo de recursos" - indica a portaria - o valor passa de 341 euros para 719,53 euros, em interrupção com medicamentos, e de 444 para 931,56 euros para cirúrgica.

sexta-feira, julho 13, 2007

# DN - Já Tentou Hoje?

[Algumas partes deste texto dariam excelentes discussões...]

Ontem, Dia Mundial da População, ouvimos outra campainha de alarme. Não há dia mundial de coisa nenhuma que não termine com uma nota apocalíptica. Mas, desta vez, o pessimismo é justificado. Os números do Instituto Nacional de Estatística mostram que os portugueses continuam a envelhecer. Aumentou a população com mais de 80 anos. E decresceu a população abaixo dos 30: menos 15% de jovens desde 1987. O nosso maior problema, como noutros pontos da Europa, é a redução da natalidade. Em 2006, nasceram menos 4100 crianças que no ano anterior. Somos um dos países mais envelhecidos do mundo. Temos falta de imensa coisa: recursos, mercado, massa crítica. Percebemos agora que também temos falta de filhos. Estamos em vias de extinção.

E porque é que nos faltam filhos? Antes de prosseguir, mais alguns números. Diz o INE que, em média, entre 1987 e 2006 as mulheres atrasaram três anos a chegada do primeiro filho. A idade média para começar a ter filhos era até há pouco tempo 26,8 anos. Em 2006, subiu para 29,9 anos. Isto significa que os casais portugueses secundarizam completamente a maternidade face a outras escolhas de vida. A cada um os seus caminhos. Há uma mudança cultural em curso: ter filhos tornou-se trabalho para trintões. E toda a gente se fica por um ou dois rebentos. Evitamos exageros. Quem não preserva histórias heróicas de avós que tiveram os seus 14 filhos e sobreviveram? Parece, no entanto, que sobreviveram mal. E fica a pergunta: os portugueses não têm filhos porquê?

O primeiro problema de uma pessoa aos 25 anos é conseguir um mínimo de autonomia financeira que lhe permita pagar os seus próprios prazeres e consumos. As famílias garantem, pelo menos, protecção. Neste país conservamos ao máximo o nosso estatuto de infantilidade. Fazemos tudo mais tarde. Saímos de casa tarde. Começamos a trabalhar tarde. E, naturalmente, habituamo-nos tarde à disciplina e ao crescimento que o trabalho exige. O trabalho apenas nos dá uma ilusão de estabilidade. Com salários baixos, carreiras rígidas, mérito mal recompensado e nenhuma cultura de mobilidade, o português pensa que a vida não é será diferente no próximo ano do que foi neste. E vai adiando. Os filhos ficam para o fim.

Já é difícil fazer reformas em Portugal. Os grandes ignoram os pequenos. Os instalados perpetuam-se. As elites reproduzem-se com outras elites. Os que estão dentro tapam o caminho aos que estão fora. Mas a nossa grave crise de natalidade ameaça dificultar ainda mais a renovação do País. Tudo seria bem melhor se os portugueses percebessem o que têm de fazer em cada dia. Levantar cedo, pôr os filhos na escola, trabalhar, encher o bucho, trabalhar outra vez, regressar a casa a 60 km/hora, buscar os filhos, ver televisão, dormir. No dia seguinte repetir a dose.
Pedro Lomba
jurista

segunda-feira, julho 09, 2007

# Amigo...

Mal nos conhecemos
Inaugurámos a palavra "Amigo".

"Amigo" é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo,
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!

"Amigo"
(Recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
"Amigo" é o contrário de inimigo!
"Amigo" é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado,
É a verdade partilhada, praticada.
"Amigo" é a solidão derrotada!

"Amigo" é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
"Amigo" vai ser, é já uma grande festa!


Alexandre O'Neill

Sent by: Mónica Claro

quinta-feira, julho 05, 2007

# Tristes notícias: Violência em casa....

Trinta e nove mulheres morreram vítimas de violência doméstica em 2006
05.07.2007 - 16h36 Lusa

Trinta e nove mulheres portuguesas foram mortas em 2006 pelos seus maridos ou companheiros e 43 ficaram gravemente feridas, segundo um estudo apresentado hoje, em Lisboa, pela presidente da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género.

O documento foi divulgado durante um seminário do Conselho da Europa, a decorrer em Lisboa, que abordará a recolha de dados como um requisito para políticas eficazes de combate à violência contra as mulheres.

Este é o terceiro de cinco seminários integrados na campanha do Conselho da Europa para combater a violência contra as mulheres lançada em Novembro, em Madrid.

Arménia, Chipre, Geórgia, Itália, Malta, São Marino, Eslováquia e Ucrânia foram os países convidados para participar no encontro.

Ocorrências registadas quase duplicaram

Segundo a presidente da Comissão para a Igualdade, Elza Pais, nos últimos seis anos (entre 2000 e 2006), o número de ocorrências de violência doméstica registadas pelas forças de segurança quase duplicou, passando de 11.162 para 20.595.

Para os peritos, este indicador não deverá corresponder a um aumento da violência mas a uma maior visibilidade do fenómeno, levando assim ao crescimento das denúncias.

Os dados hoje revelados indicam que 87 por cento das vítimas de violência doméstica em 2006 eram do sexo feminino e 13 por cento do sexo masculino.

212 condenações no ano passado

Ainda no âmbito do homicídio conjugal (que representa 16,4 por cento do homicídio geral), o documento revela que em 2006 foram condenadas a cumprir pena de prisão 212 pessoas com idades entre os 21 e os 51 anos, de nacionalidade portuguesa.

Segundo Elza Pais, diversos estudos internacionais sugerem que muitas das mortes de mulheres são cometidas em contactos de violência conjugal.

Pesquisas feitas na Austrália, Canadá, Israel, África do Sul e Estados Unidos demonstram que entre 40 e 70 por cento das mulheres assassinadas anualmente foram mortas pelos maridos ou namorados em contextos de violência conjugal.

Nos Estados Unidos, por exemplo, aproximadamente um em cada três homicídios de mulheres são de natureza conjugal, enquanto no Reino Unido 120 mulheres são mortas por ano pelo cônjuge ou companheiro.

Em Espanha, cem mulheres [correcção: 60] são mortas pelos seus actuais ou ex-companheiros em cada ano, estimando-se que, por semana, uma mulher espanhola morra nas mãos do seu companheiro.

Portugal no bom caminho

Em muitos países as "questões de honra" contribuem também para a morte de muitas mulheres e em diversas sociedades a "honra" de um homem está directamente relacionada com "a pureza" da mulher da família.

No encontro de hoje, Mendes Bota, vice-presidente do Comité para a Igualdade entre Mulheres e Homens da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, revelou que pelo menos 80 milhões de mulheres dos países da comunidade europeia já sofreram de violência doméstica.

Segundo Mendes Bota, Portugal tem feito um percurso exemplar no combate e prevenção do problema, mas ainda não foi suficiente para travar o número de mortes anuais.

Dados deviam ser comparáveis

Um dos objectivos da campanha do Conselho da Europa, que tem como lema "tudo começa com um grito e nunca deve acabar num grande silêncio", é sensibilizar para o problema dando voz às mulheres que não têm voz, referiu.

Em discussão no seminário de hoje esteve a necessidade de ser feita uma harmonização na recolha de dados dos vários países de forma a permitir uma análise comparativa.

Hilary Fisher, presidente da Task Force do Conselho da Europa para combater a violência contra as mulheres, explicou que a recolha de dados fiáveis é um dos grandes desafios.

"É necessário e essencial ter dados comparáveis a nível internacional. Não basta a recolha. Há que estabelecer uma ponte directa", disse.

segunda-feira, julho 02, 2007

# Elogio do entusiasmo

Os portugueses, em vez de transformarem os problemas em soluções, transformam os problemas em depressões.
Falta entusiasmo, energia vital, raça. Não é optimismo que nos falta, é pensamento positivo

O último 'Prós e Contras', sobre o Norte, e a campanha eleitoral de Lisboa devem fazer-nos reflectir.
Bertrand Russell escreveu, na sua obra magnífica 'A Conquista da Felicidade', que a fronteira entre as pessoas felizes e infelizes era o entusiasmo.
Falta entusiasmo na sociedade portuguesa.
A questão não é filosófica, é cultural.
A cultura é constituída pelo conjunto de crenças, de símbolos e de regras, tanto explícitas como subentendidas, que os membros de uma comunidade consensualizam para estruturar a vida em comum e uma convivência ordenada e agradável.
As pautas culturais constituem referências desde a nossa infância e delas absorvemos o essencial para a nossa perspectiva de vida, para a nossa atitude perante a vida.
A cultura de um país promove subtilmente a disposição colectiva para uma atitude positiva ou para uma atitude negativa.
A cultura portuguesa está impregnada de valores e de símbolos negativos. Escutar Portugal chega a ser penoso.
Em vez de perguntarmos com entusiasmo o que está por fazer, resmungamos culpas solteiras com o que deixámos de fazer.
Não há qualquer razão para que alguns dos líderes do Norte se rendam a uma melancólica acidez sobre as vicissitudes actuais, num exercício de mera constatação que não desperta qualquer energia positiva.
O Norte não perdeu, nem está perdido, está apenas em mudança. Visto do Sul, o Norte é mítico, com a sua matriz liberal, com a sua paixão pelo trabalho, com a sua arrogância individualista, com a sua consistência de valores.
Lisboa é outra que tal. Vivo aqui, na cidade de Lisboa, há mais de trinta anos e não me reconheço, de todo, no palavreado depressivo e destrutivo sobre a nossa capital. Por vezes, penso que os candidatos falam de outra cidade.
Vista do Norte, Lisboa é cosmopolita, acima da riqueza média europeia, atraente e dinâmica.
Os portugueses, em vez de transformarem os problemas em soluções, transformam os problemas em depressões.
Os problemas são desafios, não são fossas. As mudanças não são fatalidades, são oportunidades.
A pauta cultural leva algumas elites a maldizer ou porque se acham demasiado acima da pequenina realidade portuguesa, ou porque tiveram uma visão extraordinária e incompreendida que mais ninguém teve, ou porque, desde a infância, aprenderam que o desânimo inteligente desperta aceitação, chega mesmo a ser uma forma de «charme».
Em Portugal, a melancolia é chique, o entusiasmo é boçal.
Especialistas em encontrar culpados inimputáveis, os portugueses revêem-se nesse gratificante exercício inútil.
Quem feio ama, bonito lhe parece. Os portugueses é ao contrário: o bonito que amam, sempre feio lhes parece.
Falta entusiasmo, energia vital, raça. Não é optimismo que nos falta, é pensamento positivo.
O problema é que a pauta cultural de hoje está a formar as novas gerações. É esse o ponto preocupante que deve marcar a nossa reflexão.

Antonio Pinto Leite, Expresso070630