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PENSANTES

Outros pensamentos, ideias e palavras que nos fazem pensar...

quinta-feira, dezembro 23, 2010

# Há 53 abortos legais todos os dias em Portugal

i-online Sílvia Caneco, Publicado em 22 de Dezembro de 2010 |

Especialistas entendem que três anos e meio depois da legalização, os
números já deveriam ter começado a decrescer

A lei que entrou em vigor em 2007 despenaliza o aborto até às dez
semanas de gestação. Faltas às consultas de planeamento e repetições
de aborto continuam a preocupar médicos
Este ano, por cada dia que passou, foram feitos 53 abortos legais. Em
2007, os números não ultrapassaram os 36. O número de interrupções
voluntárias da gravidez tem crescido sucessivamente desde que a
prática foi despenalizada há três anos. Em 2009, houve 19 572 contra
os 18 607 abortos praticados em 2008 (mais 965). E, até Agosto de
2010, os casos já atingiram o patamar dos 13 mil. Ou seja, a manter-se
a média actual, 2010 vai fechar ligeiramente acima do ano anterior, o
que contraria a tendência decrescente noutros países europeus que
optaram pela legalização.

Apesar de os números se aproximarem das estimativas iniciais -
previa-se, com base na experiência de outros países europeus, que
pudessem vir a praticar-se 20 mil abortos por ano -, especialistas
entendem que três anos e meio depois da legalização do aborto, por
opção da mulher, até às dez semanas já se deveria ter entrado numa
lógica decrescente.

"A tendência no Norte da Europa é para uma estabilização passado dois
ou três anos. E depois um decréscimo: na Dinamarca, por exemplo, ao
fim de dois ou três anos os números começaram a baixar. Se cá não
baixam é preocupante: legislou-se, mas não se iniciou um programa a
sério de prevenção da gravidez", critica Luís Graça, director do
serviço de obstetrícia do Hospital de Santa Maria, em Lisboa.

O especialista, que foi um dos maiores defensores da aprovação da lei
em 2007, está desiludido com os resultados. "Tomam-se medidas
pontuais, mas não se tomam medidas de acompanhamento. Não há políticas
preventivas e, assim, o aborto vai continuar a ser usado como um
método de não concepção."

E, mais do que com os resultados, está desiludido com as mulheres: 354
foram reincidentes e fizeram mais do que um aborto em 2008 e 2009.
"Fui ingénuo. Tenho pena que não tenham estimado uma lei feita para
salvaguardar a sua saúde: era para protegê-las das complicações dos
abortos clandestinos, não para fazerem dois ou três em dois anos."

O obstetra entende que a única bandeira que os defensores da
despenalização ainda podem levantar é a da diminuição das complicações
associadas a abortos ilegais "Antes tinha 20 a 22 consultas por mês
devido a complicações decorrentes de abortos clandestinos. Agora, são
duas ou três."

Crise ou conhecimento da lei? O agravamento do desemprego e da
situação económica pode pesar na decisão de ter um filho, mas a
maioria dos profissionais de saúde acredita não ser a razão principal
para os números da interrupção voluntária da gravidez continuarem a
não diminuir. As dificuldades decorrentes da crise económica são
apenas parte da história: o maior conhecimento da lei pode explicar o
resto.

"Este aumento não me surpreende. É natural que ao início os números
não fossem tão altos. A prática tinha acabado de ser instituída: as
pessoas não tinham ainda tanta informação", afirma Duarte Vilar,
director-executivo da Associação para o Planeamento da Família.

Também Jorge Branco, coordenador do Programa Nacional de Saúde
Reprodutiva, entende que "o aumento da confiança nos estabelecimentos
de saúde onde é possível realizar um aborto" explica a tendência
crescente dos números dos abortos praticados por via legal. A
influência da crise, por contraste, "será muito residual, porque
quando a lei foi criada já se sentiam estas dificuldades", recorda, o
coordenador do Programa Nacional de Saúde Reprodutiva

Mulheres reincidentes Para Daniel Serrão, não há qualquer razão que
justifique o aumento dos abortos praticados no país, já que "é uma
intervenção completamente desnecessária, que, independentemente de ser
feita de forma legal, só traz riscos para a mulher". Dos 13 033
abortos registados nos primeiros oito meses do ano, 12 676 foram
feitos por opção da mulher: só em 357 casos, o aborto foi provocado
por perigo de morte ou de saúde da grávida ou malformação do feto.

"A lei do aborto não foi acompanhada por medidas que educam para a
sexualidade. Se os métodos contraceptivos são gratuitos, não há
nenhuma razão para as mulheres não terem uma vida sexual sem
necessidade de abortar", lamenta o médico e especialista em ética da
vida.

Além das falhas no planeamento familiar, o especialista aponta para a
necessidade de controlo das repetições de abortos. "Na maior parte dos
países, as mulheres só podem fazer um aborto. Aqui é a la carte",
acusa. O registo dos motivos que levam as mulheres a abortar seria, na
opinião do especialista, o primeiro passo para perceber "se o fazem
por fome ou miséria, por falta de companheiro ou só porque sim".

Jorge Branco, presidente do conselho de administração da Maternidade
Alfredo da Costa, explica que na impossibilidade de recusar fazer um
aborto a uma mulher que seja reincidente, resta aos profissionais de
saúde apostar nos casos mais problemáticos e "dar a essas mulheres
métodos contraceptivos menos falíveis e mais duradouros, como os
implantes".

segunda-feira, dezembro 20, 2010

# Portugal é o país onde há maior dificuldade em equilibrar trabalho e vida pessoal + Metade dos portugueses queixa-se de cansaço e falta de energia

http://www.publico.pt/Sociedade/portugal-e-o-pais-onde-ha-maior-dificuldade-em-equilibrar-trabalho-e-vida-pessoal_1471754
20.12.2010 - 08:21 Por Lusa

Em Portugal o estudo, que consistiu num inquérito online, decorreu
entre 16 e 29 de Novembro e envolveu 500 pessoas, com idades entre 25
e 65 anos. Foi também realizado na Alemanha, Bélgica, Holanda,
Áustria, República Checa, Grécia, Hungria, Itália, Portugal, Polónia,
Irlanda, Eslovénia, Espanha e Reino Unido.

Em comparação com os restantes países onde o estudo foi realizado,
Portugal é onde existe maior dificuldade em encontrar o equilíbrio
entre a vida profissional e pessoal (84%), seguido de Espanha (80%),
Grécia (70%) e Irlanda (39%).

O país onde esta dificuldade menos se nota é a Áustria, com apenas 20%
dos inquiridos a responder que lutam diariamente por conseguir o
equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, refere o estudo, a que a
agência Lusa teve acesso.

Numa análise global às respostas em todos os países, conclui-se que
58% dos inquiridos portugueses sentem frequentemente cansaço ou falta
de energia e a grande maioria (70%) afirma não ter tempo para fazer
aquilo de que mais gosta.

Sobre as metas a realizar em 2011, 57% dos inquiridos portugueses
responderam que pretendem poupar mais dinheiro e 45% ter maior
equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.

O estudo indica, também, que 40% pretende passar mais tempo de
qualidade com família e amigos, 36% dedicar mais tempo a si próprio e
ao seu parceiro, 32% participar em mais actividades de lazer e
'hobbies' e cerca de 22% quer ser mais romântico e afectuoso.

O estudo foi realizado pela Braun Research e pela Pfizer Consumer Healthcare.


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 Metade dos portugueses queixa-se de cansaço e falta de energia

20.12.2010 - 08:51 Por Lusa

http://www.publico.pt/Sociedade/metade-dos-portugueses-queixase-de-cansaco-e-falta-de-energia_1471757

O estudo, que em Portugal decorreu entre 16 e 29 de Novembro e
envolveu 500 pessoas, com idades entre 25 e 65 anos, revela também que
sete em cada 10 portugueses (74%) afirmam não ter tempo para fazerem
aquilo que mais gostariam.

"O objectivo do estudo foi avaliar como é que as pessoas se sentem na
vida quotidiana em relação à sua saúde, forma de estar, postura,
estado mental e quais as razões que atribuem a algum mal-estar que
têm", afirma à Lusa a endocrinologista Isabel do Carmo, que analisou
os resultados do estudo.

Segundo a investigação, 47% da população portuguesa sente-se cansada
ou com falta de energia. Os principais motivos apontados pelos
inquiridos são o emprego (62%), falta de exercício físico (54%) e
alimentação pouco saudável (44%).

Para Isabel do Carmo, o que é "impressionante" é estas pessoas serem
jovens adultos (grupo etário com mais de 55 anos representa 7% dos
inquiridos) e, eventualmente, sem doenças queixarem-se de cansaço
(58%), falta de energia e de não terem tempo livre.

Mais de metade dos inquiridos (51%) afirma que se sente mais cansado
no Inverno, por oposição à Primavera, estação do ano em que apenas 3%
sente maior fadiga.

Isabel do Carmo explica que "é fisiológico, porque no Inverno há menos
luz solar, mais dificuldade em adaptação ao ambiente com chuva e frio,
mais exigência do metabolismo".

A primeira actividade de que os inquiridos abdicam quando se sentem
cansados é, maioritariamente, a prática de exercício físico (44%),
seguida de hobbies/tempo de lazer (17%) e dedicar tempo para si
próprio (11%).

Questionados sobre o que fariam se pudessem ter mais uma hora por dia,
os respondentes afirmam que iriam passar mais tempo de qualidade com a
família e amigos (52%) e dormir mais (41%).

Para os inquiridos, praticar mais exercício físico (52%), ter mais
tempo para si próprio (50%) e comer de forma mais saudável (44%)
seriam as três principais formas de aumentar o sentimento de
equilíbrio emocional e de saúde.

A maioria das mulheres (56%) acredita que tem mais energia do que os
homens, mas queixam-se mais do cansaço motivado pelo trabalho
doméstico (57%) do que eles (27%).

O estudo conclui, também, que 68% dos portugueses acreditam que a
falta de energia tem impacto na vida amorosa.

Este estudo é um "alerta" e "teremos que ver se estas pessoas poderão
ter falta de alguns nutrientes (vitaminas e sais minerais) e se isso
lhes pode melhorar um pouco todas as queixas que têm", disse Isabel do
Carmo.

A endocrinologista no Hospital Santa Maria explica que, "numa vida
quotidiana em que as pessoas estão sujeitas a stress e a esforço, a
alimentação saudável e o exercício físico terão que ser formas de
compensação".

O estudo realizado pela Braun Research e pela Pfizer Consumer
Healthcare consistiu num inquérito online e decorreu na Alemanha,
Bélgica, Holanda, Áustria, República Checa, Grécia, Hungria, Itália,
Portugal, Polónia, Irlanda, Eslovénia, Espanha e Reino Unido.

terça-feira, dezembro 14, 2010

# O que pensam e que o fazem os rapazes e raparigas com idades até aos 15 anos

http://www.publico.pt/Sociedade/jovens-portugueses-estao-a-sair-menos-a-noite-e-ja-trocaram-a-tv-pelo-computador_1470848
14.12.2010 - 09:06 Por Bárbara Wong JN.PT

Começam a vida sexual mais tarde, não fumam e gostam de ir à escola.
Um retrato sobre estilos de vida feito para a OMS mostra uma geração
com um comportamento quase exemplar.

Nao saem à noite, não fumam, não bebem e começam a vida sexual mais
tarde. De manhã, tomam o pequeno-almoço. Na escola não se envolvem em
lutas e gostam dos seus professores. Em casa, estão à frente da
televisão ou do computador e, talvez por isso, praticam menos
exercício físico. Há mais um senão: o consumo de drogas aumentou
ligeiramente entre os adolescentes e jovens portugueses dos 6.º, 8.º e
10.º anos.

Estes são os resultados preliminares do estudo coordenado por
Margarida Gaspar de Matos para o Health Behaviour in School-aged
Children, que é apresentado hoje, em Lisboa. Os resultados finais
serão conhecidos em Abril. Trata-se de um estudo colaborativo da
Organização Mundial de Saúde (OMS), feito de quatro em quatro anos,
com o objectivo de estudar os estilos de vida e os comportamentos
adolescentes. Os dados portugueses foram recolhidos para o relatório
de 2012, onde se reúne a informação de outros 43 países.

"Há questões que fazem muito barulho [como o bullying] mas que não são
universais. Há realidades que são só da nossa rua", justifica
Margarida Gaspar de Matos. Por isso, apesar da crise económica, "cada
vez há menos miséria cultural e económica em Portugal". "Há nichos
preocupantes mas residuais, pelo menos no modo como os alunos percebem
e nos relatam os factos", aponta a professora da Faculdade de
Motricidade Humana, da Universidade Técnica de Lisboa.

Maioria não tem relações

Segundo o inquérito feito a cinco mil jovens de 136 escolas públicas
(as mesmas desde 1998), os pais também melhoraram a sua escolaridade.
Aí pode estar um factor para a melhoria da situação, continua. Mais: a
maioria dos adolescentes que constituem a amostra é de nacionalidade
portuguesa. Há quatro anos, a maioria dos pais tinha o 1.º ciclo;
actualmente, têm o 2.º ou o 3.º e têm também profissões mais
qualificadas. Esta alteração pode dever-se à iniciativa Novas
Oportunidades. "É uma mudança fantástica porque a escolaridade da mãe
é o melhor preditor de saúde pública. Uma mãe escolarizada mexe-se
melhor no sistema de saúde e no da educação", revela.

Um quinto dos rapazes afirma já ter tido relações sexuais. No conjunto
das raparigas e dos rapazes, a maioria (83,1 por cento) diz nunca ter
tido relações sexuais. Em inquérito feito apenas aos alunos do 10.º
ano que referiram já ter iniciado a sua vida sexual, oito em cada dez
respondem que iniciaram aos 14 anos ou mais. Nove por cento dos
rapazes respondem que iniciaram aos 11 anos ou menos, contra dois por
cento das raparigas.

Quem já começou a sua vida sexual não teve relações associadas ao
consumo de álcool ou de drogas (87,3 por cento). As raparigas usam
mais frequentemente o preservativo (96,2, mais quatro por cento do que
os rapazes) e a pílula é usada por 37,5 por cento das inquiridas. A
maioria não usou espermicidas ou o coito interrompido na primeira
relação. Na verdade, 85,1 por cento nem sabem que método usaram. Sobre
quem decide, metade dos inquiridos dos 8.º e 10.º anos responde que é
o casal.

Porque é que iniciaram a sua vida sexual? Metade responde que queria
experimentar, 47 por cento estava "muito apaixonado/a", 28 "já namoram
há muito tempo", 18 por cento confessam que "aconteceu por acaso" e 13
por cento respondem que não queriam que o "parceiro ficasse zangado".

Seis em cada dez não saem à noite com os amigos. O consumo de tabaco e
de álcool diminuiu em quatro anos - um quinto dos jovens responde que
já se embriagou uma ou três vezes -, mas a experimentação de drogas
aumentou umas décimas. Gaspar de Matos não sabe o que é que estes
dados significam.

Em casa, os adolescentes vêem muita televisão, embora menos do que em
2006 - na altura, 35,8 por cento viam mais de quatro horas diárias,
durante a semana, contra 25,2 este ano. Mas passam mais horas ao
computador - há quatro anos, 29,5 respondiam que nunca o usavam
durante a semana; agora são apenas 12 por cento.

domingo, dezembro 12, 2010

# Mais idosos sozinhos e em grande carência

00h30m Dora Mota JN.pt
http://jn.sapo.pt/paginainicial/pais/concelho.aspx?Distrito=Porto&Concelho=Porto&Option=Interior&content_id=1732843

O Porto está cheio de pessoas idosas a viver sós, sem retaguarda,
mesmo que tenham família. A cidade está a envelhecer mais do que o
resto do país e, com a crise económica, as instituições de
solidariedade notaram um aumento do desamparo dos velhos.

Os casos de idosos encontrados desamparados e sem assistência "estão a
aumentar a um ritmo impressionante", diz-nos Gabriela Taborda,
voluntária do Movimento Comunidades de Vizinhança (MCV), parceiro da
Fundação Filos.

A crise económica aumentou a fragilidade dos idosos do Porto - que,
segundo dados do Instituto Nacional de Estatística representavam, em
2008, um quinto da população do concelho - porque eles são o elo mais
fraco quando as suas famílias empobrecem.

"Os filhos não os podem ajudar porque também eles precisam de ajuda",
sublinha Gabriela Taborda. No âmbito do programa de voluntariado
"Sentinelas de Rua", o MCV tem detectado muitos velhos com grandes
carências. "O que nos impressionou foi termos encontrado idosos dos
quais ninguém tinha conhecimento. O Estado não sabe deles, não são
sinalizados. Nunca foram a lado nenhum, nunca pediram nada", conta
Gabriela Taborda.

Alguns são "novos pobres": aparecem à janela como sempre, sem que se
perceba que, dentro de portas, tudo piorou. "Geralmente, vivem em
casas próprias com uma grande miséria lá dentro", descreve a
voluntária. Tal como Gabriela, Gil da Costa, o jovem presidente da
Liga Portuguesa de Profilaxia Social (LPPS), conhece bem o lado carnal
das estatísticas, que apontam que, em Portugal, 37% das pessoas em
risco de pobreza sejam idosos a viver sós.

Numa cidade onde o índice de envelhecimento é superior à média
nacional (158,9 idosos por cada 100 jovens, quando a média nacional ,
em 2008, era de 115,5 ), não faltam idosos pobres.

"Em muitos casos, são pessoas que vivem na miséria mais extrema e
abjecta", refere Gil da Costa. Relata casos de idosos a viver em águas
furtadas - uma morada comum para gente só -, sem conseguir descer ou
subir escadas, com quartos de banho que são apenas um buraco no chão e
um cano a sair do tecto.

Encontraram também situações de mulheres, outrora ricas, que foram
despojadas. Já encontraram uma idosa a morar nas traseiras de uma loja
de animais. A Liga é parceira da Câmara Municipal no projecto "Cidade
Amiga dos Idosos", uma rede promovida pela Organização Mundial de
Saúde. Mas Gil da Costa sublinha ser preciso adaptar o programa à
realidade portuense.

"Destina-se a promover condições civilizacionais muito avançadas, como
mobilidade ou envelhecimento activo. Não são questões de
sobrevivência", salienta.

No Porto, ainda é preciso garantir o básico, como alimentação,
cuidados de saúde, higiene, casa. "As IPSS fazem o que podem, mas as
verbas não são elásticas. Estas pessoas não podem viver em carência",
adverte Gil da Costa, lamentando que, pela primeira vez este ano, a
Segurança Social tenha recusado à Liga verbas para alargar o apoio
domiciliário, que chega a 35 utentes.

Helena Ferreira, psicóloga do Centro Social e Paroquial de Nossa
Senhora da Vitória, conhece bem a importância do apoio domiciliário
aos idosos. "São muito ciosos do seu cantinho, das suas recordações.
As famílias não os podem tirar à força de casa", diz. Por outro lado,
para os muitos idosos a viver sós, sem retaguarda, a visita das
técnicas (quase sempre mulheres) que lhes levam refeições e tratam da
casa são a única visita que têm durante o dia.

A assistente social Elisabete Correia, do mesmo centro, tem pedido às
técnicas para irem a certas casas várias vezes por dia. Para o padre
José Maia, presidente da Fundação Filos, "o problema mais grave é a
solidão, a rejeição da sociedade".

Fala dos casos de idosos encontrados mortos há muitos dias, pelo mau
cheiro. "Continuam a aparecer, mas já não se fala deles". "A fome e a
falta de cuidados são problemas mais fáceis de resolver", assinala. É
preciso é saber onde estão os idosos que disso sofrem.

sábado, dezembro 11, 2010

# Restaurantes vão poder doar sobras de alimentos + "Vêm buscar a sopa em garrafões de cinco litros"

http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=1732199
00h30m Gina Pereira JN.pt

Um rede nacional de solidariedade, denominada "DA - Direito à
Alimentação", foi ontem,sexta-feira, oficialmente lançada. Pretende
pôr os restaurantes e empresas a ajudarem a matar a fome em Portugal.
As câmaras de Oeiras e Lisboa já estão a trabalhar no projecto.

Restaurantes vão poder doar sobras de alimentos
Aumento da fome em Portugal motivou petição


A iniciativa partiu da Associação da Hotelaria, Restauração e
Similares de Portugal (Ahresp), depois de ter visto na televisão o
promotor da petição pública contra o desperdício alimentar a denunciar
que, só em refeitórios e cantinas servidas por empresas de catering,
vão todos os dias para o lixo entre 35 a 50 mil refeições.

Uma situação "indigna", numa altura em que a pobreza e as carências
alimentares aumentam em Portugal, e que levou a Ahresp a decidir
avançar com esta rede de solidariedade, que pretende juntar
empresários da restauração e hotelaria, fornecedores, autarquias e
instituições particulares de solidariedade social.

Além da criação do "vale solidário" - uma refeição composta por sopa,
prato principal, pão e fruta que os restaurantes se comprometem a
oferecer a famílias carenciadas - o objectivo é desenvolver um sistema
de aproveitamento de excedentes de refeições e alimentos cozinhados,
respeitando as regras sanitárias definidas pela ASAE. Está a ser
pensada uma caixa refrigerada para garantir todas as condições de
transporte.

Ontem à noite, numa cerimónia no Casino Estoril, apadrinhada pelo
presidente da República, foi oficialmente lançado o sítio electrónico
www.direitoalimentacao.org, que vai permitir pôr de pé este projecto.
As empresas e particulares interessados em colaborar deverão ali
registar-se, através do balcão único empresarial da Ahresp, a partir
do qual será feita a gestão e o encaminhado dos donativos. O objectivo
é que sejam os municípios a assegurar o transporte e a gestão dos
alimentos, fazendo-os chegar, directamente ou através das instituições
de solidariedade, às pessoas que necessitam.

Visto que as inscrições só foram abertas ontem, a Ahresp ainda não tem
ideia de quantos empresários irão aderir à iniciativa, mas garante que
há muitos interessados. A Carta do Direito à Alimentação, que resume
os objectivos e o espírito da campanha, foi subscrita pelos principais
grupos da distribuição alimentar (Auchan, Jerónimo Martins, Sonae,
Makro, Grupo Nabeiro), pela Associação Nacional dos Municípios
Portugueses, União das Misericórdias e Confederação das Instituições
de Solidariedade.

António Costa Pereira, o piloto que está na génese deste movimento,
teve direito a sentar-se, no palco do Casino Estoril, ao lado do
presidente da República. Há uns meses, indignou-se com o facto de,
alegadamente, a legislação em Portugal impedir que as milhares de
refeições que sobram nas cantinas sejam doadas a quem não tem o que
comer e avançou com uma petição online contra o desperdício alimentar,
que ultrapassa já as 67 mil assinaturas. Afinal, a ASAE esclareceu que
não há nada que impeça a doação de alimentos, desde que sejam
transportados de acordo com as regras mínimas de higiene e nas
necessárias condições de refrigeração. E, em Oeiras, começou a tomar
corpo um projecto. Ao JN, Costa Pereira admite que este "tem que ser o
pontapé de
saída" para uma mudança.


"Vêm buscar a sopa em garrafões de cinco litros"
http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=1732197
00h30m

Carla Soares

foto pedro correia/global imagens
"Vêm buscar a sopa em garrafões de cinco litros"
Edgar Silva, proprietário do estabelcimento "A panela da Sopa", apoia campanha


Edgar Silva, proprietário da Panela da Sopa, soube da campanha
nacional de ajuda alimentar pelas notícias. Promete aderir mas, "muito
antes disso, já contribuía" para matar a fome aos mais carenciados,
contou ao JN.

"O que estão agora a fazer já eu faço há sete anos", assegurou este
membro da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal
(Ahresp), que trabalha no centro comercial Via Catarina, em plena
Baixa do Porto. Diariamente, serve cerca de 150 refeições e sobram "20
litros de sopa, que dão para 50 pessoas".

Ao fim do dia, começaram a aparecer várias pessoas sem-abrigo a pedir
sopa. "Vêm buscá-la em panelas e garrafões de cinco litros cortados a
meio". Foi Edgar Silva que lhes pediu para passar por lá após as 22
horas. Mas, agora, deixaram de aparecer tanto. "Ou têm vergonha ou não
os deixam entrar", justifica. "Agora, deito sopa fora", lamenta. Os
alimentos para fazer a sopa, como batata e legumes, não sobram tanto.

No mesmo espaço comercial do centro portuense, o director do
restaurante Pizza Hut, Hugo Encarnação, diz que a campanha ontem
lançada "faz todo o sentido, sobretudo numa altura de crise como
esta". E quando "as pessoas têm vergonha de dizer que estão a passar
por dificuldades".

Recorde-se que a Ahresp anunciou que os associados irão receberem
títulos para comparticipar as refeições dos "pobres envergonhados".
Uma medida elogiada por Hugo Encarnação que, no entanto, lembra que a
decisão de participar na campanha cabe ao Grupo Ibersol (associado da
Ahresp e que inclui marcas como Burger King, Pans&Company entre
outras empresas com comida mais tradicional).

O director da Pizza Hut do Via Catarina lembrou que o grupo
participou, nos últimos dois anos, em campanhas da AMI, nomeadamente
de ajuda alimentar a crianças de Cabo Verde. Do mesmo grupo, o gerente
do Pasta Caffé, Igor Monteiro, conta, com pena, que as sobras vão para
o lixo. Preferia que os ingredientes fossem doados para refeições
destinadas aos mais pobres.

Também no Porto, na zona da Foz, a Padaria Ribeiro não deita nada
fora. A gerente, Sónia Cardoso, diz que cada dia da semana é dedicado
a uma instituição, seja de reinserção social, de apoio a idosos ou um
colégio de freiras. Cada uma vai recolher pastéis, outros doces e
salgados, como lanches. "Não deitamos nada ao lixo", garantiu,
explicando que também dão pão, mas o escuro, porque o branco é para
fazer pão-ralado.