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PENSANTES

Outros pensamentos, ideias e palavras que nos fazem pensar...

domingo, abril 30, 2017

# Dia do Trabalhador: Plataforma católica pede «opção pelos mais pobres» e lembra desempregados e trabalho precário

É «necessário fazer todo o possível para conciliar critérios de
sustentabilidade económica com a manutenção e a criação de postos de
trabalho», considera a plataforma "Compromisso Social Cristão" em nota
para o próximo Dia do Trabalhador, que se assinala na segunda-feira, 1
de maio.

O texto, enviado ao Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura,
sublinha que é «urgente apoiar quem não tem trabalho, para que consiga
de novo voltar a tê-lo, dinamizando espaços e dinâmicas ágeis de
promoção da empregabilidade».

«E é imperioso acabarmos com a triste realidade dos chamados
"trabalhadores pobres", isto é, aqueles que, mesmo tendo um trabalho a
tempo inteiro, vivem em situações de pobreza devido aos baixos
salários. Remuneração justa e condições dignas são fundamentais para
garantir o futuro de todos», acentua a declaração.

A plataforma é composta pela Associação Cristã de Empresários e
Gestores, Ação Católica Rural, Cáritas Portuguesa, Comissão Nacional
Justiça e Paz, Juventude Operária Católica, Liga Operária Católica e
Sociedade de São Vicente de Paulo.

A «opção pelos mais pobres, especialmente aqueles que não têm emprego
ou têm um emprego precário» proposta pelo organismo é um dos nove
«caminhos de futuro», encabeçados pela «conversão pessoal de cada um
ao Amor de Deus» e pela vivência do trabalho «em nome de Cristo».

«A procura da unidade de vida e de uma ecologia do trabalho», «a
necessidade de aumentar o diálogo e a cooperação nas empresas», «a
formação e acompanhamento dos líderes empresariais», «o acompanhamento
e formação das novas gerações de trabalhadores» e a responsabilidade
de todos pelo «consumismo» são igualmente pistas a seguir para adequar
a realidade laboral aos critérios cristãos.

«Acreditamos que, se formos capazes de viver convertidos ao Evangelho,
cada uma das nossas organizações pode tornar-se cada vez mais um
espaço de verdadeira comunidade de pessoas. Acreditamos que é possível
iniciar esta revolução que o Papa Francisco sugere e aspirar a uma
nova organização da sociedade e do trabalho»

O elenco de propostas finaliza com a indispensabilidade de transformar
as «estruturas políticas e económico-sociais», sem o qual «não se atua
nas causas profundas da degradação do trabalho humano».

«Por isso, é necessário que os cristãos procurem não só a "conversão
pessoal" referida, mas assumam uma intervenção ativa e permanente
nessas estruturas», o que implica «intervir mais, pessoalmente ou em
grupo, nos locais de trabalho e de residência, nas associações locais,
sindicais e empresariais, nas forças políticas, nos órgãos de
soberania e em todas as instâncias onde se pode influenciar a vida da
comunidade humana».

Essa ação passar por denunciar «as situações que não promovem a
dignificação do trabalho e não colocam a Pessoa Humana no centro de
toda a vida económica. Esta denúncia é uma forma de testemunhar Cristo
e o seu Amor».

«Acreditamos que, se formos capazes de viver convertidos ao Evangelho,
cada uma das nossas organizações pode tornar-se cada vez mais um
espaço de verdadeira comunidade de pessoas. Acreditamos que é possível
iniciar esta revolução que o Papa Francisco sugere e aspirar a uma
nova organização da sociedade e do trabalho», assinala a declaração.

O texto começa por observar múltiplas realidades negativas no mundo do
trabalho, como «o elevado nível de desemprego» e o seu «impacto na
vida de muitas pessoas», a «precariedade dos vínculos laborais», o
«impacto do trabalho na família e na saúde», a «falta de
investimento», a ausência «de escala e produtividade de muitas
empresas», um «Estado frágil que anualmente gasta mais do que recebe»,
e a «falta de valores éticos».

Perante esta conjuntura, a plataforma reafirma «que a Pessoa Humana é
protagonista, centro e fim de toda a vida económica», «que o trabalho
para todos é um elemento essencial da justiça social», que pelo
trabalho se é co-criador do mundo com Deus, que «a atividade
empresarial é uma das chaves da questão social», que «as empresas são
comunidades de pessoas e famílias» e que «o mercado tem
potencialidades, mas também limites».

SNPC
Publicado em 28.04.2017
http://snpcultura.org/dia_do_trabalhador_plataforma_catolica_pede_opcao_pelos_pobres.html

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quarta-feira, abril 26, 2017

# Frase de Dom Quixote

"A liberdade, Sancho, é um dos dons mais preciosos, que aos homens
deram os céus: não se lhe podem igualar os tesouros que há na terra,
nem os que o mar encobre; pela liberdade, da mesma forma que pela
honra, se deve arriscar a vida."

Dom Quixote

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segunda-feira, abril 24, 2017

# Follow the money: a quem interessa a regulamentação da prostituição?

https://www.publico.pt/2017/04/24/sociedade/noticia/follow-the-money-a-quem-interessa-a-regulamentacao-da-prostituicao-1769073

Qualquer pessoa em Portugal pode ter relações sexuais a troco de
dinheiro. E, adivinhem, pode passar recibo. A prostituição em Portugal
é legal.

24 de Abril de 2017, 6:11

a) A procura de mulheres, raparigas, homens e rapazes pela indústria
da prostituição contribui decisivamente para o tráfico de seres
humanos para fins de exploração sexual (Resolução do Parlamento
Europeu, de 12 de Maio de 2016, sobre a implementação da Directiva
2011/36/UE);

b) Dados da Comissão Europeia demonstram que a maioria (62%) são
vítimas de tráfico para exploração sexual, sendo que as mulheres e
raparigas menores representam 96% das vítimas identificadas e
presumidas e 80-95% das pessoas que se prostituem sofreram algum tipo
de violência antes de entrar na prostituição (violação, incesto,
pedofilia), 62% relatam ter sido violadas e 68% sofrem de perturbação
de stress pós-traumático — uma percentagem semelhante à das vítimas de
tortura (Resolução do Parlamento Europeu, de 26 de Fevereiro de 2014,
sobre a exploração sexual e a prostituição e o seu impacto na
igualdade dos géneros).

E, não menos importante:

c) Em Portugal nenhuma pessoa prostituída é criminalizada ou
judicialmente perseguida, qualquer pessoa se pode prostituir se essa
for a sua vontade, nenhum cliente ou "transacção comercial" entre dois
adultos por sexo é penalizada e/ou proibida, sendo apenas
criminalizado o lenocínio nos termos do artigo 169.º do Código Penal.

Interessa, pois, apurar a quem verdadeiramente interessa a
regulamentação (e não legalização) da prostituição. Qualquer pessoa em
Portugal pode ter relações sexuais a troco de dinheiro. E, adivinhem,
pode passar recibo. A prostituição em Portugal é legal.

Um dos grandes argumentos utilizados é o de que "a maioria escolhe",
"porque gosta e quer" e "não quer ter patrões", quer ser trabalhador
independente. E na verdade já o pode fazer: basta colectar-se nas
finanças com o Código de Actividade Económica 1519 – Outros
prestadores de serviços.

Face a isto, logo se afirma ser uma questão identitária, de que os
"trabalhadores sexuais" querem afirmar-se como tal. Será mesmo este o
problema? Podemos falar de várias profissões que não constam em lado
nenhum: não há cineastas, designers, curadores: há "outros artistas".
Também na Administração Pública, o Governo PS eliminou em 2009 mais de
1300 carreiras específicas: não há auxiliares de acção educativa, há
assistentes operacionais, por exemplo.

Num recibo verde podem mesmo descrever-se os serviços e aí a
"trabalhadora sexual" escreve o que lhe apetecer: "trabalho sexual"
ou, se o prostituidor-cliente quiser, até pode discriminar o que fez
ou deixou de fazer — penetração, sexo oral, masturbação, o que quiser.
Até pode colocar no sistema e-factura se bem entender.

Portanto, é uma questão identitária? É uma questão de descontar para a
Segurança Social? É uma questão de declarar os rendimentos à
Autoridade Tributária? Actualmente, o sistema jurídico português já dá
resposta às principais reivindicações da moção da JS. Se o regime de
contribuições para a Segurança Social é injusto e não garante a devida
protecção social, essa já é uma questão geral, que diz respeito a
todos os trabalhadores independentes.

Então, afinal, o que está verdadeiramente em causa? Quais as
consequências práticas da regulamentação da prostituição como
profissão?

A primeira e principal consequência é a descriminalização do
lenocínio. Porquê? Porque existindo esta legislação, automaticamente
qualquer pessoa que, por exemplo, tenha um bar ou um apartamento para
prostituir não poderá ser penalizado por rigorosamente nada porque se
tratará de uma actividade legal. Eu posso ter no meu apartamento 20 ou
30 pessoas que o usam para se prostituírem que, num quadro de
regulamentação, não poderei ser penalizada. Mesmo que as esteja a
explorar. Será uma actividade como qualquer outra, em que estarei
licenciada e serei não uma proxeneta mas uma empresária — porque toda
a gente que usa o meu bar ou o meu "estabelecimento" está lá,
supostamente, de livre vontade.

Tão pouco poderá ser criminalizado quem angarie clientes para a
prostituição, dado que a sua regulamentação determina que é uma
actividade comercial ou laboral; assim, a angariação de clientes é
parte intrínseca das relações de prestação de serviços. Seria o
idêntico a criminalizar um advogado por entregar o seu cartão e
fornecer os seus préstimos ou da sociedade, transferindo o seu caso a
um colega especialista na área do direito que o cliente procura. Ou
seja: dizer a um advogado que seria crime passar o seu cliente a outro
advogado da mesma sociedade. Não faz qualquer sentido, pois não?

Tão pouco poderá ser criminalizado quem fomente ou favoreça o
exercício por outra pessoa da prostituição, uma vez que, sendo uma
actividade regulamentada, é normal que exista publicidade, anúncios,
etc. E quem ganha com isto? Quem angaria clientes e quem publicita.
Por exemplo, quem coloca um anúncio no Correio da Manhã que, por
exemplo, lucrou, em 2009, €4.016.460 (€11.004/dia) e em 2010 a módica
quantia de €3.826.295 (€10.483/dia) em anúncios sexuais (conforme
dados da deliberação da Entidade Reguladora da Comunicação n.º
39/CONT-I/2010, de 30 de Novembro de 2010).

E depois, claro, há a sublimação da vontade do cliente e a submissão
das pessoas prostituídas às leis do mercado. E tal é assim que existem
vários sites onde se podem ler todas as ofertas, numa linguagem que
talvez a maioria das pessoas prostituídas não considerem tão
dignificante. Desde "reserve uma rapariga agora", a "as mulheres
negras parecem mais novas do que realmente são", ou a "Roménia é um
dos países mais pobres da União Europeia. No seu país de origem, as
mulheres romenas vivem situações muito difíceis. Atractiva e sexy é a
primeira coisa que vem à cabeça de um homem quando pensam sobre as
mulheres romenas e gostariam de conhecer umas das mulheres mais
bonitas" (na Áustria, 95% das pessoas prostituídas registadas — 8000 —
são da Roménia, Bulgária e Hungria; apenas 2% são homens; 73% dos
casos de tráfico são para exploração sexual e as nacionalidades das
mulheres traficadas são, precisamente, Roménia, Hungria e Filipinas).

E podem classificar-se mulheres como objectos. Desde frias a velhas ou
com silicone a mais. Basta pontuar e entrar nos chats online para
saber que mulher é de melhor uso. Com direito a aconselhamento
especializado — de homens — e dicas onde se paga mais para não usar
preservativo: "No Sexihi uma hora é 120 euros e meia hora, 75 euros.
No Relaxe podes conseguir uma hora por cerca de 90 euros e uma
rapidinha de 15 minutos por 50 euros, também aqui no Relaxe podes
pagar mais dez euros para não usar preservativo."

Em conclusão: basta seguir o dinheiro. Quem paga, quanto quer pagar e
para quê — homens, por sexo, nas suas condições e termos. Quem lucra —
os proxenetas que deixam de ser criminosos e passam a ser parceiros
económicos do Estado, que também lucra, ao passo que se escancaram as
portas ao tráfico de pessoas que passa a ser indetectável — afinal, as
pessoas prostituídas passam a ter um contrato, estão legais, não há
como provar que foram traficadas até porque os seus traficantes deixam
de ser chulos e passam a ser empresários.

As mulheres? São objectificadas, classificadas, criticadas, expostas
em sites e montras, nalguns países sujeitas a exames de saúde
obrigatórios (mas não os clientes) e muito mais vulneráveis a
violações, injúrias, espancamentos, maus-tratos. Porquê? Porque fica
tudo dentro de quatro paredes, entre duas pessoas, com contrato
assinado que afirma que durante um determinado período a mulher é de
quem a compra e com ela se pode fazer o que se quiser. Violou? Não, o
sexo foi vendido, consentido e o homem, se quiser ser violento, será
apenas um risco inerente à profissão. Como qualquer outra? Não.
Definitivamente não.

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# Perceber a geração dos Millenials (nascidos pós +-1984)

https://www.youtube.com/watch?v=hER0Qp6QJNU

Muito interessante, com material que fará pensar muitos pais!

Auto-estima, Tecnologia, Impaciência, Ambiente empresarial e a sua influência...

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sexta-feira, abril 21, 2017

# Transhumanismo e pós-humanismo (4)

Anselmo Borges DN 7/4/2017

1 Depois do êxito mundial de Sapiens, com mais de um milhão de
exemplares vendidos, Yuval Noah Harari publicou em 2015 Homo Deus,
que, depois de reflectir sobre as ameaças da biotecnologia e da
inteligência artificial ao humanismo e que nova religião poderia
substituí-lo, termina perguntando em que devemos centrar-nos se
pensarmos em termos de meses ou de anos, respectivamente. Se
adoptarmos uma visão realmente ampla da vida, "todos os outros
problemas e questões são eclipsados por três processos
interconectados: 1. A ciência converge num dogma universal, que afirma
que os organismos são algoritmos e que a vida é processamento de
dados. 2. A inteligência desconecta-se da consciência. 3. Algoritmos
não conscientes mas inteligentíssimos rapidamente poderiam
conhecer-nos melhor do que nós próprios". Estes processos levantam
três perguntas-chave: "1. Os organismos são realmente só algoritmos e
realmente a vida é só processamento de dados? 2. O que é mais valioso:
a inteligência ou a consciência? 3. Que é que acontecerá à sociedade,
à política e à vida quotidiana quando algoritmos não conscientes mas
muito inteligentes nos conhecerem melhor do que nós próprios?"

2 Realizar-se-á o sonho do salto para máquinas inteligentes e
autoconscientes, e a caminho da imortalidade?

Nem Luc Ferry, para quem, embora não se importasse de viver mais
tempo, pelo contrário, a imortalidade neste mundo é um "fantasma", nem
Jean Staune vêem como é que um computador poderia aceder ao estado de
consciência ou sequer de simulá-lo. Também não vejo. Aliás, como é
possível a emoção, sem uma base biológica? E a consciência, a
consciência de si, continua um "milagre": essa luz que,
auto-iluminada, ilumina tudo o que não é ela, e que faz de cada um uma
intimidade única, de tal modo que eu não sei o que é ser outro. Essa
consciência de si, no seu carácter intransferível, é avassaladora.
Sobretudo: tenho um cérebro, mas sou eu. A ciência não explica.
E como produzir uma máquina verdadeiramente livre, se precisamente
"programar" se contrapõe a ser livre, dispor de si em liberdade? A
tese de máquinas conscientes parte do pressuposto da identidade entre
cérebro e consciência. Ora, embora a consciência tenha emergido a
partir das propriedades ontológicas da matéria, realmente a
consciência não parece redutível ao cérebro. De facto, temos cérebros,
mas somos eus. Como se passa da objectividade para a subjectividade,
de processos da ordem da terceira pessoa para a vivência de si na
primeira pessoa?

3 No entanto, o jesuíta Javier Monserrat, neurólogo, filósofo e
teólogo, levanta algumas questões pertinentes. Segundo ele, este é o
paradoxo: por um lado, "o modo de ser real próprio do homem não pode
reduzir-se ao modo de ser real dos animais, e, muito menos, do mundo
físico da pura matéria", mas, por outro, "não é menos verdade que a
ciência nos impõe hoje aceitar que formamos parte de um processo
evolutivo unitário que não tem alternativa".

A natureza humana, aberta, terá mudanças evolutivas, mas a pergunta é:
"Produzir-se-á uma mudança qualitativa na natureza humana?" É evidente
que as novas tecnologias abrem perspectivas impressionantes para
promover o futuro da evolução e da natureza humana. Não se pode
duvidar de que a espécie humana poderá dispor de cyborgs ao seu
serviço e de que "a sua actividade intelectual e puramente
orgânico-biológica poderá dispor do apoio de imensas redes externas de
computação ao serviço do conhecimento, da saúde e controlo do próprio
corpo e do domínio geral sobre a natureza". Instrumentos de uma
capacidade superior àquela que até há pouco se poderia sequer
imaginar. O mundo dos cyborgs e das redes de computação externa "será
uma dimensão de realidade diferente, da qual o homem poderá fazer um
uso instrumental, mas que, para responder à pergunta formulada acima,
não será ontologicamente idêntica à ontologia humana e que, por
conseguinte, nunca poderá ser integrada numa unidade ontológica nova
que pudesse dar lugar a uma natureza humana qualitativamente diferente
da que conhecemos até agora". Porquê? Há irredutibilidade entre a
ontologia do mundo da computação e a ontologia do mundo animal-humano.
A razão é clara: "tanto as máquinas humanóides ou cyborgs como as
redes de computação externa, por exemplo, como as concebe Raymond
Kurzweil, são sistemas seriais ou conexionistas (PDP) que funcionam de
uma forma mecânica e cega, sem que haja a mínima semelhança ontológica
com os sistemas biológicos associados evolutivamente à
sensibilidade-percepção-consciência, à existência de sujeitos
psíquicos conscientes e à mente animal e humana."

As coisas poderiam mudar?, pergunta. Responde afirmativamente. E a
razão, hoje cientificamente estabelecida, é que "o mundo da
sensibilidade-consciência emergiu das propriedades ontológicas da
matéria. Portanto, se fôssemos capazes de construir uma engenharia
apropriada para aproveitar a capacidade ontológica da matéria para
produzir "sensibilidade", então poderíamos ir construindo máquinas que
não fossem mecânicas e cegas, mas que funcionassem de um modo mais
próximo do mundo biológico. No entanto, hoje as coisas não vão por aí
(estamos a falar quase de ciência-ficção) e só se faz uma engenharia
computacional mecânica e cega, como vemos em Kurzweil, que, além
disso, se distancia explicitamente da incipiente neurologia quântica
que, em princípio, poderia ser a única via para construir máquinas
mais próximas da vida real".

4 Até onde iremos nas nossas capacidades, com as novas tecnologias? E
o que é que verdadeiramente queremos? Como escreve Luc Ferry, "nunca a
palavra regulação (ético-política) designou uma tarefa mais decisiva
do que na situação inédita, e sem dúvida irreversível, que é agora a
nossa".

Por decisão pessoal, o autor do texto não escreve segundo o novo
Acordo Ortográfico

http://www.dn.pt/opiniao/opiniao-dn/anselmo-borges/interior/transhumanismo--e-pos-humanismo-4-5777704.html

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domingo, abril 09, 2017

# Há uma geração que não desliga. iAgora?

[Ver online, inclui video]
http://observador.pt/especiais/ha-uma-geracao-que-nao-desliga-iagora/

08 Abril 2017 Ana Cristina Marques

TIC, FOMO, mukbang e phubbing. A tecnologia não pára de evoluir e, com
ela, o nosso comportamento, em particular o dos mais novos. Pegando em
dois novos livros, falámos com psicólogas sobre o tema.

O smartphone como extensão do corpo de um adolescente e, por vezes, de
uma criança. Como um terceiro braço que nos permite estar em
permanente contacto uns com os outros, publicar fotografias e
partilhar estados emocionais. A ideia não é nova. Todos nós já
comentámos com amigos ou familiares que o filho não larga o telemóvel
por nada. Não desfazendo as vantagens associadas às novas tecnologias,
esse é um dos problemas a apontar. Um problema cada vez mais real e,
por vezes, banalizado.

"#Geraçãocordão – A geração que não desliga!" e "iAgora? Liberte os
seus Filhos da Dependência dos Ecrãs" são dois novos livros, escritos
por duas psicólogas, que abordam a problemática do uso, por vezes
excessivo, de smartphones e tablets por parte de crianças e
adolescentes. Ambas as obras, assinadas por Ivone Patrão e Rosário
Carmona e Costa, respetivamente, refletem sobre as vantagens e os
perigos das TIC — Tecnologias da Informação e Comunicação, e sobre a
sua influência em diversos aspetos da vida dos mais novos — desde as
relações sociais e familiares às novas formas de estudo.

Segundo um estudo do ISPA — Instituto Universitário orientado pela
psicóloga e terapeuta familiar Ivone Patrão, 25 por cento dos
adolescentes portugueses são viciados em tecnologia — o estudo, que
ainda está a ser finalizado, teve como amostra três mil adolescentes.
No seu livro, Patrão defende que estamos perante uma geração cordão,
que não desliga, e que vê na tecnologia uma extensão de si própria.
Nas primeiras páginas da obra que chegou às livrarias portuguesas no
final de março, lê-se ainda que esta geração tem de estar sempre
online — um fenómeno que pode ser apelidado de FOMO ("fear of missing
out", em inglês).

A influência das novas tecnologias na família

Ivone Patrão diz que o seu livro surge numa altura em que a tecnologia
e a internet entraram em casa há mais de uma década. Mas enquanto
gerações anteriores foram crescendo a par e passo com a dita
tecnologia, as crianças e adolescentes de hoje em dia não conhecem uma
realidade que não a do online. "A tecnologia entrou em casa de toda a
gente cheia de vantagens, com pouco espaço para se pensar nos riscos.
É preciso que pais e educadores comecem a falar desde cedo sobre
isso."

De acordo com o que a autora escreve no livro "iAgora?", as designadas
TIC — Tecnologias de Informação e Comunicação são capazes de estimular
mudanças na estrutura de uma família. Além de provocarem o alargamento
da rede social da família, os limites entre esta e o exterior
alteram-se, com os momentos em que a família está, de facto, sozinha a
serem cada vez mais raros. A comunicação entre os membros também se
transforma, com muitas destas ferramentas a serem auxiliares de gestão
no dia a dia, ao mesmo tempo que são uma entrave tendo em conta a
comunicação cara a cara.

Na prática, as novas tecnologias conseguem corromper as dinâmicas
familiares e afastar as famílias. Aquilo que deveria ser um espaço de
aprendizagem mútua entre pais e filhos cessa de existir quando todos
são absorvidos pelos ecrãs. Assim, a partilha de conhecimento e até de
acontecimentos acaba por cair para segundo plano, diz ao Observador a
psicóloga clínica Rosário Carmona e Costa.

Há que salientar as diferenças entre utilização excessiva e utilização
desadequada, tal como refere Carmona e Costa. "Se o meu filho vir dez
minutos de televisão por dia não é excessivo, mas se nesses dez
minutos estivermos à mesa já é diferente. Aí já não me vai contar
nada, já não vai partilhar como é que foi o seu dia. É importante que
os pais percebam esta distinção. A longo prazo pode ser tão
problemático como o consumo excessivo." Nesse sentido, é importante
que os pais aprendam a introduzir as novas tecnologias de forma
equilibrada. Isso implica, por exemplo, explicarem pontualmente aos
filhos como foi a sua experiência na infância, sem qualquer tipo de
dispositivos eletrónicos como os que existem atualmente. Aliás, o não
recuar à infância dos pais é considerado, no livro "iAgora?", um dos
erros que as famílias cometem na era das TIC. Outro aspeto a que a
família pode estar alheia é o facto de esta utilização exagerada
contribuir para a inibição da imaginação e da criatividade por parte
das crianças, sendo que há outros erros que poderão estar a ser
cometidos:

o não planear o tipo de atividades ou programas que a criança pode
fazer/ver, bem como a sua durabilidade;
perante o incumprimento das regras em torno da utilização das TIC, não
aplicar as devidas consequências;
não estimular a capacidade que a criança tem de brincar livremente,
sem estruturas lúdicas pré-definidas, que são fundamentais para o seu
bom desenvolvimento;
não permitir que os mais novos se aborreçam porque, tal como escreve
Rosário Carmona e Costa, "é importante que a criança tenha momentos de
'nada para fazer', de encontro consigo própria, de diálogo interno, de
imaginação para dar a volta à situação".

Citando a psicóloga clínica Catherine Steiner-Adair, Rosário Carmona e
Costa enuncia no livro sete pontos fundamentais de uma família mais
equilibrada quanto ao uso das TIC:

a família sustentável reconhece a presença considerada invasiva das
novas tecnologias e encontra uma forma comum de lidar com ela;
ela encoraja a brincadeira e promove atividades em conjunto;
cultiva os laços e as relações;
reconhece a originalidade de cada um e promove a autonomia;
desenvolve mecanismos saudáveis de discussão e desacordo;
partilha valores e conhecimentos de gerações passadas e preocupa-se
face ao futuro;
promove experiências offline.

"Não se pode introduzir um ecrã novo sem um conjunto de regras
associadas", diz Rosário ao Observador. "É preciso seguir a lógica de
que aquilo é um privilégio e não um direito, que a criança só tem
aquilo se…" A psicóloga clínica deixa ainda outra ideia no ar que
passa por não ter a televisão ligada a emitir ruído de fundo quando
ninguém está, de facto, a ver tv. Isto porque o ruído inibe a
comunicação entre a família. O que mais dizer? Que os pais têm de ser
modelos da boa utilização dessas mesmas tecnologias. Outras soluções
passam por retirar as televisões e os computadores dos quartos e não
permitir ecrãs durante as refeições.

Preto no branco, é preciso introduzir as tecnologias de acordo com a
idade e as necessidades de cada família. A velha máxima de "cada caso
é caso" tem especial aplicação neste contexto.

Qual o impacto do uso excessivo de ecrãs?

"De uma forma direta, o excesso de ecrãs pode afetar os mais novos do
ponto de vista físico, uma vez que promove uma vida mais sedentária,
mas o grande impacto acontece ao nível do desenvolvimento", esclarece
Rosário Carmona e Costa, que assegura que o problema não é o que as
crianças fazem quando estão voltadas para o ecrã, mas antes o que não
fazem. "Assim a criança não vai aprender a lidar com a frustração e,
nesta fase, é preciso que eles percebam que as suas ações têm
consequências."

O impacto comportamental deste uso excessivo no desenvolvimento das
crianças é visível em várias etapas: da dificuldade que elas possam
apresentar ao nível da autorregulação à pouca tolerância à frustração.
Neste contexto, os mais novos podem não saber esperar pela recompensa.
Escreve Rosário Carmona e Costa que, hoje em dia, "vemos meninos e
meninas que, em vez de comerem a sopa para irem ver televisão ou jogar
no tempo que sobra, estão já a receber a recompensa como forma de os
pais conseguirem terminar a tarefa". Ou seja, "já não temos meninos
que se portam bem à mesa para ir ver os bonecos mas sim meninos que
veem bonecos para se portar bem à mesa".

Os principais sintomas da SEE

Depressão
Flutuações de humor
Irritabilidade
Agressão
Pouca energia
Desatenção
Baixo autocontrolo
Sono pouco reparador
Baixa tolerância à frustração
Pensamento desorganizado
Diminuição da empatia
Desconfiança
Contacto visual comprometido

SEE, de Síndrome de Ecrãs Eletrónicos, é um termo recente para uma
tendência também ela recente. A síndrome tem por base um conjunto de
comportamentos que podem ser associados ao uso excessivo de ecrãs.
Falamos de crianças/adolescentes mais irritáveis, zangados, com
alterações de sono e dificuldade em cumprir regras. Nestas situações,
e caso os pais detetem o problema de forma precoce, a psicóloga
Rosário Carmona e Costa propõe a introdução de novas regras, a criação
de atividades alternativas e a promoção de novas competências. "No
caso de os pais não se sentirem suficientemente confiantes para
abraçar, sem orientação, o desafio, podem e devem procurar ajuda
profissional. (…) Mas a verdade é que, neste caso específico, é nos
pais que reside a grande responsabilidade terapêutica."

Rosário Carmona e Costa traz para a conversa um tópico um pouco mais
sensível, ao contar que ao consultório chegam muitos pais com filhos
que sofrem de depressão ou de ansiedade e que, nestas circunstâncias,
responsabilizam o uso excessivo de ecrãs. A pisicóloga clínica reforça
que, muitas vezes, os ecrãs funcionam como um escape para um
adolescente deprimido e que a culpa não é propriamente da tecnologia.
"Os pais acabam por achar que o problema é dos computadores. Eles têm
de estar atentos aos sinais. Há miúdos com perturbações de ansiedade
que acabam por se socorrer no mundo virtual", diz em conversa com o
Observador. Situação idêntica acontece em relação ao défice de
atenção.

Dito isto, a mesma autora escreve no seu livro que "do ponto de vista
psicopatológico e das perturbações de desenvolvimento, a Perturbação
de Hiperatividade e Défice de Atenção, a depressão e a ansiedade estão
associadas a um maior risco de uso excessivo de internet". É
importante salientar que quando os miúdos são mais pequenos, não é a
propriamente a internet que os seduz, mas sim as aplicações. A
internet só começa a ser um problema/desafio na (pré)adolescência.

"Partilho, logo existo." Redes e relações sociais

Não há timidez que resista a um contacto online, tão longe do
presencial. Em muitos casos, a internet consegue ser uma boa
mediadora. O problema existe quando se passa de uma socialização mista
— que compreende o mundo real e o digital — e se vive exclusivamente
num registo on. "E assim não concretizam uma das tarefas da
adolescência que lhes trará competências essenciais para ingressar no
mercado de trabalho. Perdem a oportunidade de ser espontâneos, de
experimentarem estratégias diferentes para a resolução de conflitos e
de lidarem com a frustração", lê-se na obra de Ivone Patrão. É como se
deixassem de viver em direto.

Neste contexto, as redes sociais — por vezes a anos-luz da realidade —
permitem a criação de várias identidades digitais e até de diferentes
histórias de vida — e nem é preciso criar múltiplas contas e perfis de
Facebook para isso. Segundo Patrão, há adolescentes que vão até onde a
imaginação lhes permite, apesar de correrem o risco de perderem a
noção de quem realmente são. "Assumir uma identidade presencial e
digital coerente é um desafio", escreve a autora.

Já Rosário Carmona e Costa alerta para o facto de as redes sociais
estarem não só a mudar o que fazemos, mas também quem somos, apesar de
aparentemente oferecem-nos três vantagens: o facto de podermos
direcionar a nossa atenção para onde quisermos, sermos sempre ouvidos
e nunca ficarmos sozinhos. "Usamos a tecnologia para nos definir,
compartilhando pensamentos e sentimentos à medida que eles acontecem,
e chegamos a criar experiências para termos o que partilhar, como se
acreditássemos que estar sempre ligados nos fará sentir menos sós",
escreve a psicóloga clínica, citando a apresentação "The Innovation of
Loneliness" de Shimi Cohen.

Isto para não falar dos riscos que os jovens podem enfrentar tendo em
conta a utilização das redes sociais, riscos esses apontados por
Rosário Carmona e Costa:

podem revelar informação sobre si próprios — o que pode ajudar
estranhos a determinar a sua localização, além da informação divulgada
poder ser usada posteriormente como arma de manipulação;
podem tornar-se vítimas de predadores e agressores (o chamado cyberbulling);
podem ficar expostos a conteúdo inapropriado;
e podem ter contactos inapropriados com adultos.

Novos palavrões para novos comportamentos

Um grupo de adolescentes está junto ao portão da escola, em roda. São
claramente um grupo, mas nem por isso comunicam entre si. Falam, ao
invés, via smartphone com outras pessoas e, também, uns com os outros.
Fica em falta o contacto visual. Outro exemplo? Está numa esplanada a
beber café com um amigo, irmão ou primo mas, volta e meia, conversa
com outra pessoa através de um chat. Troca mais palavras escritas do
que ditas. A isto chama-se phubbing. A palavra de sotaque e composição
inglesa é só mais um termo a juntar-se ao sexting, cyberbullying,
ciberstalking, grooming, selfies, likes, youtubers, bloggers e
mukbang.

A prática do phubbing faz parte de um leque maior de hábitos que, na
prática, inibem algumas competências sociais e relacionais. Um exemplo
claro de como os comportamentos e hábitos têm vindo a mudar, apontado
por Ivone Patrão, é o facto de as pessoas já não perguntarem
"desculpe, pode tirar-nos uma foto?". A pergunta caiu em desuso e foi
derrotada pela famosa selfie e até pelo selfie stick, uma realidade
que, mais uma vez, veio roubar-nos da oportunidade de meter conversa
com um estranho.

"Mais recentemente apercebemo-nos do fenómeno mukbang,com a sua origem
na Coreia do Sul. Consiste na visualização de vídeos desconhecidos a
comer. Estranho ou não, será uma forma de seguir a dieta de alguém, a
forma como come, e até de partilhar o tempo de refeição", escreve
Ivone Patrão. "Não podemos só viver à base de uma socialização
virtual", diz ainda a psicóloga e terapeuta familiar, apelando ao
conceito de socialização mista, que compreende o mundo real e aquele
inserido num ecrã. "A longo prazo, estamos a dar um tiro no pé no que
às competências exigidas no mercado de trabalho diz respeito." Se a
inteligência emocional fica por desenvolver, como serão os médicos,
advogados e carpinteiros do futuro?

A tecnologia no estudo e nas escolas

Há muitos jovens que acabam por dar a justificação de que não precisam
de saber isto ou aquilo, porque basta ir a um motor de pesquisa que a
informação está lá, à distância de um clique e legível em qualquer
ecrã. A farpa é lançada por Ivone Patrão que, sem hesitar, afirma que
a forma de estudar de hoje em dia é bem diferente daquela
protagonizada por gerações anteriores. Já não basta ficar-se pelo
manual de estudo e pelos apontamentos tirados em aula, porque no
Google está toda a história e/ou ciência. "A preocupação é diferente",
esclarece a psicóloga e terapeuta familiar.

Não é por isso, no entanto, que as novas tecnologias deixam de ser
importantes. Bem integradas na comunidade escolar, são fundamentais
para realizar pesquisas. Mas, diz Patrão, é preciso tempo para se
digerir a informação que é cada vez mais rápida. E é também preciso
contacto com o mundo real: "Imaginemos que uma turma faz um trabalho
sobre segurança rodoviária. É preciso ir à rua e experimentar. O que é
que acontece se ficarmos só pela internet, sem que haja transposição
para o mundo real?" A pergunta tem razão de ser, dado que a premissa
de que está tudo online é uma falsa segurança. Falando em analogias
estudantis, a internet e os seus motores de pesquisa podem funcionar
como uma calculadora — há contas que nunca vamos saber fazer (ou até
utilizar) e, de qualquer maneira, as respostas estão ali, basta
inserir as equações.

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sexta-feira, abril 07, 2017

# Números globais do catolicismo

http://www.snpcultura.org/novos_dados_sobre_igreja_no_mundo_mais_batizados_menos_vocacoes.html

Novos dados sobre a Igreja no mundo: Mais batizados, menos vocações
religiosas e sacerdotais

O número de católicos batizados aumentou 1% entre 2014 e 2015,
passando de 1.272 milhões para 1.285, constituindo 17,7% da população
mundial, revelam dados do Anuário Estatístico da Igreja de 2015,
divulgados hoje pelo Vaticano, coincidindo com a sua distribuição nas
livrarias.

África: aumento de 19,4%

Se se adotar uma perspetiva de médio prazo, com referência a 2010,
constata-se um crescimento mais robusto de 7,4%. O aumento assume
diferentes variações de continente para continente: enquanto em África
se regista um aumento de 19,4% no mesmo período (o número de católicos
subiu de 186 para 222 milhões), na Europa a situação é estável: perto
de 286 milhões, mais 800 mil do que em 2014, 1,3 milhões a menos do
que em 2014, tendência explicada pelo previsível declínio da
população.

Na América e na Ásia registaram-se aumentos de 6,7% e 9,1%,
respetivamente, igualmente em linha com o crescimento demográfico em
ambos os continentes. Na Oceânia o número de católicos mantém-se
estacionário.

Em termos percentuais, o peso do continente africano aumenta em
relação ao total de católicos, que sobe de 15,5% para 17,3%. A Europa
representa hoje 22% do total, quando em 2010 era de 23,8%.

A América permanece o continente a que pertencem quase 49% dos
católicos batizados, ao passo que no continente asiático esse número
representa 11% e, na Oceânia, 0,8%.



Brasil é o país com maior número de católicos

O conjunto dos dez países com maior número de católicos batizados é
liderado pelo Brasil (172,2 milhões, que representam 26,4% do total
dos católicos do continente americano).

Seguem-se o México (110,9 milhões), as Filipinas (83,6 milhões), os
EUA (72,3), Itália (58), França (48,3), Colômbia (45,3), Espanha
(43,3), República Democrática do Congo (43,2) e Argentina (40,8).



Diminuição do número de sacerdotes

As estatísticas relativas a 2015 indicam que o número de membros do
clero no mundo é de 466.215, com 5.304 bispos, 415.656 sacerdotes e
45.255 diáconos permanentes.

Comparativamente a 2014 há uma queda do número de padres,
invertendo-se a tendência crescente que caracterizou os anos entre
2000 e 2014.

A redução total entre 2014 e 2015 é de 136 sacerdotes, sendo mais
acentuada na Europa com 2.502 (- 5,8%). Nos outros continentes
registam-se variações positivas: 1.133 em África (+ 17,4%), 47 na
América (+ 0,35%), 1.104 na Ásia (+ 13,3%) e 82 na Oceânia (- 2%).

Os sacerdotes pertencentes a dioceses são mais 1,6%, passando de
277.009 em 2010 para 281.514 em 2015. Os sacerdotes religiosos, pouco
mais de 134 mil em 2015, estão em queda constante (- 0,8%).



Aumento da quantidade de diáconos permanentes

Os diáconos permanentes aumentaram 14,4% em 2015 relativamente aos
dados de 2010, passando de 39.564 para 45.255. Estes números melhoram
em todos os continentes a ritmos significativos.



Baixa o número de religiosos não sacerdotes e de religiosas

Os religiosos professos que não foram ordenados padres passaram de
54.665 em 2010 para 54.229 em 2015. A Europa, América e Oceânia
contribuíram para esta queda, contrabalançada pelo crescimento em
África e na Ásia, embora, neste continente, em menor medida.

As religiosas professas, que em 2015 ultrapassavam em 61% o número de
sacerdotes de todo o planeta, estão em clara diminuição (7,1%): de
721.935 em 2010 para 670.320 em 2015.

A África é o continente com maior quantidade de religiosas, que
passaram de 66,375 em 2010 para 71.567 em 2015. Segue-se a região do
sudeste asiático (160.564 para 166.786).

Regista-se uma contração evidente na América do Norte (- 17,9% nos
cinco anos, - 3,6% como taxa de variação média anual), Europa (- 13,4%
e - 2,7%) e Oceânia (- 13,8% e - 2,7%).



Queda das vocações sacerdotais

Prossegue o decréscimo que desde há alguns anos caracteriza as
vocações sacerdotais: em 2015 os seminaristas maiores eram 116.843,
contra 116.939 em 2014, 118.251 em 2013, 120.051 em 2012, 120.616 em
2011 e 118.990 em 2010. Também nas Américas se assistiu a uma contínua
diminuição das vocações (- 8,1%).

Em África, ao contrário, o número de seminaristas maiores naquele
quinquénio aumentou constantemente, totalizando um incremento de 7,7%.

No Médio Oriente a diminuição foi acentuada até 2013, e desde então
não se verifica uma tendência definida. No sul oriental da Ásia, ao
crescimento inicial terminado em 2012 (+ 4,5% em relação a 2010),
seguiu-se uma acentuada diminuição de seminaristas maiores (- 1,6%
comparativamente a 2012). O mesmo fenómeno acontece na Oceânia, com o
número mais alto registado em 2012, assistindo-se depois a um
decréscimo que, em relação àquele ano, se cifra em - 6,9%.

Na Europa o número dos seminaristas reduziu-se, de 2010 a 2015, em 9,7%.

A Ásia é o continente com maior número de seminaristas, com 34.741 dos
116.843 existentes no mundo. Seguem-se a América (33.515), África
(29.007), Europa (18.579) e Oceânia (1.004).

In "Avvenire"
Trad.: SNPC
Publicado em 06.04.2017

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segunda-feira, abril 03, 2017

# Frases-chave sobre a Morte

"A morte foi feita para ser vivida"
"eu não sei o que dizer e não tenho vergonha de não saber"
"crescer é sempre aprender a morrer e a perder"
"quem morreu é totalmente novo, a morte é um baptismo"
"era bonito que engravidássemos de toda a gente que está no céu"
"depois de uma morte não podemos ser os mesmos"
"nenhuma pedagogia é saudável se não nos ensina a perder"
"morro porque não morro"(Sta Teresa de Ávila)
"agora ele é tudo o que era, mais tudo o que Cristo é"
"ao atingirmos a meta, revestimo-nos da Ressurreição de Cristo"
"quando recebemos Jesus na Eucaristia, recebemos também todos os que
já estão nELE"
"a vida de cruz só faz sentido se o Senhor estiver nela ressuscitado"
"no Céu não há mortos, só há vivos"; "no Céu não há mortos, só há Cristos"…
"a morte não pede a dor, pede um profundo silêncio, um tempo sem
relógio para a poder viver"

Partilhado por TO.

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# Conhecer melhor as Fake News atuais em França

http://observador.pt/opiniao/a-mentira-como-arma-politica/

A mentira como arma política

Alexandre Homem Cristo

Nas presidenciais francesas, as notícias falsas são maioritariamente
favoráveis a Le Pen. Ainda não existem provas do envolvimento russo.
Mas as coincidências falam por si. Putin sabe por onde navegar

A campanha eleitoral de Emmanuel Macron, o candidato em melhores
condições para vencer as próximas presidenciais francesas, está a ser
financiada em 30% pela Arábia Saudita? Não, não está. Mas foi isso
que, em final de Fevereiro, surgiu publicado num site de notícias
falso (LeSoir.info), todo ele desenhado à imagem do histórico
LeSoir.be, para assim induzir os leitores em erro e credibilizar uma
informação deliberadamente forjada. Não foi caso isolado contra
Macron. Nas últimas duas semanas, tem circulado nas redes sociais a
imagem de uma alegada declaração de apoio, escrita em árabe, na qual
líderes da Al-Qaeda anunciariam a sua preferência pela eleição de
Macron. Há quatro dias atrás, um artigo publicado num site francês
anti-liberal dava conta da intenção de Emmanuel Macron em instituir a
Charia numa localidade do país, legalizando a poligamia e os
maus-tratos às mulheres. Tudo falso, evidentemente.

Há mais. O tema é quase sempre a imigração e a tensão social com a
população muçulmana. No mês passado, foi veiculada a informação de que
o Estado francês estaria em vias de adquirir um grupo de 62 hotéis,
através de um empréstimo de €100 milhões do Banco Europeu para o
Desenvolvimento Social, com o objectivo de providenciar habitação às
populações migrantes que chegassem a França. Simultaneamente,
avançou-se com a notícia de que o Estado francês estaria em
preparativos para substituir dois feriados católicos por feriados
muçulmanos e judeus – um para cada, em nome da igualdade. Mais
recentemente, foi também notícia de que, no governo francês, se
ponderava a possibilidade de atribuir o direito de voto a jihadistas
detidos e sob custódia do Estado francês. Na mesma altura, acumulou
milhares de partilhas nas redes sociais um mapa de França com a
identificação dos focos de tensão entre a polícia e populações
magrebinas. Só que o mapa é, na realidade, de 2005. E tudo o resto é
completamente mentira.

A denúncia destas e de outras notícias falsas resulta do trabalho
conjunto dos órgãos de comunicação franceses, num projecto que
apelidaram de CrossCheck. O objectivo é elevar o fact-check a
instrumento de limpeza do debate das mentiras com potencial de
influenciar a opinião pública. O exercício tem sido bem-sucedido –
estes rumores, logo que descredibilizados, desapareceram. Mas, para
além da sua eficácia, tem igualmente o mérito de, elencando as
notícias falsas, realçar os seus traços comuns.

Primeiro, na campanha presidencial francesa, estas notícias falsas são
maioritariamente favoráveis a Marine Le Pen. Seja por atacarem
directamente Macron com falsidades – a questão do financiamento da sua
campanha permite, aliás, afastar as atenções sobre a relação
financeira de Le Pen com a Rússia. Seja por reforçarem a sua mensagem
identitária e persecutória contra as populações muçulmanas, recorrendo
a mentiras sobre o favorecimento e os privilégios dessa população.
Segundo, estas "fake news" alimentam-se da emocionalidade do debate.
E, neste momento, a emoção empurra a integração das populações
muçulmanas na Europa para a primeira linha temática – algo que,
novamente, favorece Le Pen. Terceiro, não só há uma tentativa
deliberada de enganar o leitor (copiando os grafismos de fontes
credíveis) como, ao que tudo indica, as fontes virtuais das mentiras
estão sempre registadas em países estrangeiros. Ou seja, há indícios
de que outros Estados possam pretender usar esta técnica para
influência indirecta no debate político, em prol dos seus interesses –
e, nesse sentido, não é segredo que a Rússia partilha agenda com
Marine Le Pen e aplaude as suas promessas de abandono da EU, pelo que
tem interesse óbvio em promover a candidata.

Dir-me-ão que não existem provas do envolvimento russo nas mentiras
que surgem na campanha das presidenciais francesas. Sim, mas as
coincidências falam por si – como assinala Anne Applebaum. Putin e Le
Pen partilham inimigos e objectivos (a EU e o seu enfraquecimento), o
Kremlin está a financiar a campanha da líder do Front National e tudo
o que acima foi descrito coincide com o modus operandi russo para
influenciar a campanha eleitoral americana (para benefício de Donald
Trump). A Europa anda sem norte. Mas os seus inimigos sabem muito bem
por onde navegam.

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