/* Commented Backslash Hack hides rule from IE5-Mac \*/

PENSANTES

Outros pensamentos, ideias e palavras que nos fazem pensar...

quarta-feira, junho 28, 2017

# A doença do barulho

http://observador.pt/opiniao/a-doenca-do-barulho/
Pedro Afonso 28/6/2017, 0:19

Exige-se aos responsáveis políticos que falem de imediato, quando na
maior parte das vezes a prudência, e a humildade do silêncio, seriam a
melhor homenagem que a ser feita às vítimas e às famílias.

Nunca como hoje se viram tantos comentadores nas televisões e nos
jornais a falar sobre a atualidade. Quase todos falam sobre tudo, numa
verborreia frenética. A internet, através das redes sociais e das
caixas de comentários, veio aumentar este exército imparável de
pessoas que precisam constantemente de falar e serem ouvidas. Fala-se,
comenta-se e critica-se em excesso. Muitos dos comentários são pouco
moderados, irrefletidos e por vezes caluniosos. Numa palavra: vivemos
num mundo repleto de barulho e superficialidade.

Acompanhar a atualidade na comunicação social, com a respetiva legião
de comentadores, é uma tarefa cada vez mais penosa. Estamos perante o
narcisismo do palavreado eloquente. Quem fala mais é o mais forte, o
mais importante e admirado, ainda que não diga nada de verdadeiramente
relevante. O silêncio é entendido habitualmente como um sinal de
fraqueza, e não como uma atitude prudente e uma prova de sabedoria. Ou
seja, o homem que fala é celebrado, o homem silencioso é visto como um
fraco e ignorante.

O barulho está por todo o lado. Os desastres e as tragédias
mostram-nos os mistérios da fragilidade humana. Mas a sociedade vive
numa permanente embriaguez de palavras, reclamando-se uma explicação
rápida para fenómenos complexos e nalguns casos inexplicáveis.
Exige-se aos responsáveis políticos que falem de imediato, quando na
maior parte das vezes a prudência, e a humildade do silêncio, seriam a
melhor homenagem que poderia ser feita às vítimas e às famílias
enlutadas.

O nosso Presidente da República prossegue a sua missão política, numa
atividade pública impaciente, usando a palavra com a mesma velocidade
com que aparece nos mais variados lugares e eventos. Trump sofre de
uma tagarelice orgulhosa, mesmo após a sua eleição como presidente,
continua a escrever frequentemente no Twitter, na maior parte das
vezes futilidades. Mas os grandes líderes sabem que há um tempo para
falar e outro para estar calado. Por exemplo, Mahatma Gandhi, Nelson
Mandela, e Santa Madre Teresa de Calcutá passaram por longos períodos
de silêncio nas suas vidas, refletindo, alimentando uma vida interior
que nos era transmitida pela autenticidade das suas palavras.
Facilmente se pressente que as suas opiniões foram pensadas, vividas
com profundidade no silêncio, antes de nos serem comunicadas.

Quando me iniciei na psiquiatria, escutei do meu mestre: "Vais
aprender a estar calado, a ouvir, a acolher o sofrimento do outro, e a
usar o silêncio como um verdadeiro remédio". Ora, julgo que um dos
maiores problemas da atualidade é a "doença do barulho". O homem
pós-moderno vive adicto ao barulho. Os ecrãs tecnológicos, autênticas
prisões cintilantes em que todos nós passamos mais tempo, continuam a
alimentar-nos de um fluxo ininterrupto de informações e conteúdos,
sequestrando-nos no efémero. Temos que desconfiar do ruído e da
confusão da vida moderna que aos poucos nos vai estupidificando. A
incapacidade que as pessoas mostram para estarem no silêncio, é um
sinal preocupante. Como é possível conhecermos a nós próprios no meio
do barulho?

O mundo moderno abomina o silêncio. As nossas vidas estão a ser
edificadas sobre um barulho constante. O ruído palavroso foi-se
instalando sub-repticiamente nas nossas vidas, entorpecendo os nossos
sentidos como se fosse uma droga. A doença do barulho é conhecida há
muito tempo pelos Ordem dos Cartuxos. O tratamento para esta
enfermidade foi encontrado através do silêncio. Nos Estatutos desta
Ordem religiosa, no livro 2, capítulo 14, recomenda-se o seguinte: "…
os irmãos contem e meçam as palavras quando lhes está permitido
falar…. Frequentemente, a conversa que começa sendo útil, degenera
cedo em inútil, para terminar sendo censurável."

O silêncio é visto hoje como um fracasso, como algo deplorável e
profundamente antiquado. Não posso estar de acordo com esta ideia. Sei
que é difícil, mas é necessário no dia a dia procurar momentos de
silêncio para refletir, evadindo-nos do ambiente ruidoso que nos cerca
constantemente. A nossa saúde psíquica, a nossa vida interior, e a
nossa liberdade assim o exigem.

Médico Psiquiatra

--

---
Recebeu esta mensagem porque está inscrito no grupo "Pensantes" dos Grupos do Google.

Para anular a subscrição deste grupo e parar de receber emails do mesmo, envie um email para pensantes1+unsubscribe@googlegroups.com.
Para mais opções, consulte https://groups.google.com/d/optout.

segunda-feira, junho 26, 2017

# Morre-se depressa demais

http://o-povo.blogspot.pt/2017/06/morre-se-depressa-demais.html

Consumimos as alegrias e os desgostos à velocidade da luz. Depois
perguntamo-nos de onde vem a ansiedade e a depressão.

ISABEL STILWELL IONLINE 30.05.17

Vivemos tão depressa que damos por nós a entrar num centro comercial e
a não saber em que estação do ano estamos. Com os saldos de Verão a
começarem antes do Verão vir sequer marcado no calendário, ficamos com
a ideia de que já não vale a pena comprar um fato-de-banho porque o
Outono está mesmo a chegar. Confusos, rebuscamos na memória os dias
longos de praia, os jantares na varanda, as férias, e concluímos que o
nosso cérebro se desgastou de tanto uso, porque as recordações que
temos parecem antigas e, no entanto, a avaliar pela colecção
Outono/Inverno que enche as páginas das revistas, só pode ter sido
ontem.
Não entendíamos quando, em pequenos, nos diziam que o Natal não
demorava nada e os dias rolavam penosamente, ou que tarda nada
fazíamos anos, e o "tarda nada" era mesmo tarde e parecia-nos nunca
mais chegar. Mas, agora, percebemos que o tempo voa, tudo passa a
correr, o que é tanto mais idiota quanto era exactamente agora que
devia andar a passinhos de bebé (lembram-se do jogo?), porque a recta
final está progressivamente mais próxima.
Olhamos para o calendário e não percebemos o que fizemos aos dias que
voaram, mas se olharmos mais de perto as nossas agendas, percebemos
que estiveram cheios de acontecimentos, que se atropelaram uns aos
outros, sem nos deixar um segundo para respirar.
Andamos cansados, muito cansados, sobretudos aqueles que têm filhos
pequenos, e dentre esses, à cabeça de todos, lá estão as mulheres que
acumulam profissão e a casa/família. Nem a invenção das férias pagas,
que nem meio século tem, nos veio descansar, porque rapidamente
enchemos também aqueles dias com mil "compromissos" obrigatórios.
O mal não é que as 24 quatro horas do dia tenham encolhido, mas
simplesmente que a nossa omnipotência nos deixe com a ilusão de que
conseguimos encher o espaço de um dia com tantas e tantas coisas, como
se conseguíssemos estar em muitos lados em simultâneo.
Contudo, o que mais me aflige é o facto de vivermos os acontecimentos
profundamente marcantes num toca- -e-foge que não nos deixa reflectir
sobre eles, senti-los em profundidade, gozá--los ou lamentá-los,
resolvê-los e superá-los, em lugar de os varrer para debaixo do
tapete. E obrigamos os outros também a varrer, na nossa intolerância
para com a dor que não passa rapidamente, para com o desgosto que se
mantém, para com aqueles que se continuam a queixar da mesma coisa,
num tempo em que mesmo a maior tragédia é ultrapassada por aquela que
vem a seguir.
Depois queixamo-nos da tristeza que não sabemos de onde vem, da
ansiedade que nos toma inesperadamente e, claro, da depressão que se
instala, jurando nós que não temos motivos nenhuns para a sentir.
Basta olhar para a pressa com que gerimos a morte. Homens e mulheres
extraordinários parecem desaparecer da face da terra, e da memória,
num abrir e fechar de olhos. E por muito que os tenhamos admirado, por
muito que nos façam falta, continuamos em frente, não por mal, mas
porque somos empurrados pela voracidade dos dias, pelos compromissos e
obrigações, porque não podemos deixar cair tudo o que de nós depende.
Sem lhes erguermos a estátua que merecem, sem que o seu nome fique
sequer gravado numa lápide, que fique para lá da sua vida, da nossa
vida, da vida dos nossos filhos, para que um dia, alguém a possa ler e
perguntar: "Quem foi este?" Decididamente, não gosto de cremações.
Decididamente, quero viver mais devagar.

--

---
Recebeu esta mensagem porque está inscrito no grupo "Pensantes" dos Grupos do Google.

Para anular a subscrição deste grupo e parar de receber emails do mesmo, envie um email para pensantes1+unsubscribe@googlegroups.com.
Para mais opções, consulte https://groups.google.com/d/optout.

quinta-feira, junho 22, 2017

# Indústria americana do carvão tem peso no emprego pouco superior ao ski ou ao bowling

http://observador.pt/opiniao/as-minas-vao-mesmo-reabrir-com-pessoas-ou-acabara-trump-a-dar-emprego-a-robos-mineiros/

As minas vão mesmo reabrir? Com pessoas, ou acabará Trump a dar
emprego a robôs mineiros?

Pedro Oliveira 16/6/2017, 11:57

Serão os nossos governante capazes de definir os limites? Ou acabará o
President Trump a dar emprego a milhares de robôs-mineiros?

Num inflamado discurso celebrando a saída dos EUA do Acordo de Paris,
o Presidente Trump anunciou a 1 Junho "as minas estão a começar a
abrir. Vamos ter duas grandes inaugurações nas próximas duas semanas:
Pensilvânia, Ohio, West Virgínia, tantos sítios. E a abertura de uma
mina completamente nova. Nunca se viu tal coisa", garantindo que se
começa a cumprir a sua promessa eleitoral de recuperar esta indústria.
E de facto, as estatística recentemente publicadas reportam um
acréscimo de 400 empregos na indústria do carvão nos EUA em Maio 2017.

Mas será isto relevante? Será possível o tempo voltar para trás e
recuperar a indústria do carvão? E se recuperar, voltará a ser como
era?

A Walmart, o maior retalhista do planeta, emprega hoje cerca de 1,5
milhões de pessoas nos EUA (e 2,3 milhões em todo o mundo). Ou seja,
nos EUA apenas, a Walmart emprega cerca de 30 vezes mais gente do que
as 50.300 pessoas de toda a indústria do carvão. Na realidade, até a
yoga emprega mais gente do que toda a indústria americana do carvão,
que tem um peso no emprego pouco superior a atividades como o ski ou o
bowling. Em apenas 3 anos esta indústria perdeu 33% da força de
trabalho, em relação às 76.000 pessoas que empregava em 2014 (fonte
Bureau of Labor Statistics) e enfrenta concorrência das energias
renováveis. Por exemplo, a queda do custo da energia solar combinada
com créditos fiscais federais, ajudou a indústria solar a terminar o
ano de 2016 com 260 mil trabalhadores (de acordo com a Solar
Foundation), 5 vezes mais do que a indústria do carvão.

Mas, muito para além do tipo de energia (combustíveis fósseis ou
renováveis) e independentemente da vontade dos nossos governantes, a
estrutura do emprego tem vindo efetivamente a alterar-se. Voltemos ao
retalho. É que apesar da Walmart ser o maior retalhista físico de
mundo (brick-and-mortar), a gigante do retalho online, Amazon, já vale
mais (em market cap) do que a Walmart, Costco, Target, Macy's e Kohl's
todas juntas. Apesar de empregar muito menos gente do que a Walmart, a
Amazon "dá trabalho" hoje nos seus armazéns a cerca de 45.000 robôs, o
triplo dos 15.000 que a empresa tinha há apenas 3 anos. A Amazon
começou também a desenvolver lojas de conveniência sem registadoras e
sem praticamente funcionários, bem como a fazer entregas ao domicílio
através de drones.

E enquanto o trabalho humano é substituído por diferentes tipos de
máquinas têm aparecido profissões novas. Quem é que há uma década
imaginaria que hoje haveria profissões como Terapeuta de Empatia
Artificial, Modelador de Objetos para Impressão 3D, Advogado
especializado em Drones e Cibersegurança ou mesmo Assistente de
WhatsApp,?

Tal como nunca nos opusemos ao Excel, que apesar de substituir
trabalho humano tem vantagens evidentes para todos, é fácil perceber a
vantagem de termos robôs a executar tarefas perigosas que os humanos
não devem, ou estão mesmo impedidos de executar (como desativar bombas
ou desmantelar minas, executar soldaduras subaquáticas, reparar
esgotos inacessíveis doutro modo, etc). Ou os ditos "robôs
colaborativos", que não trabalham apenas em espaços isolados (e quando
alguém se aproxima, param de imediato, por razões de segurança), mas
que podem trabalhar lado a lado com o homem, adaptando-se a ele e
ajudando-o, como os robôs-cirurgiões que ajudam nos blocos operatórios
os cirurgiões a operar com incomparável precisão, trazem valor
acrescentado evidente.

Se milhares de empregos em todas as industriais estão a ser tomado por
máquinas, se a indústria do carvão voltar a ser relevante, isso gerará
emprego real? Conta-se que, certo dia, num estaleiro de construção em
que era necessário escavar um grande buraco, um trabalhador comentava
para outro "já pensaste que se o nosso patrão não tivesse comprado
esta máquina escavadora, hoje poderíamos dar emprego a mais 10
homens?". Ao que o colega terá respondido: "É verdade, mas, na mesma
lógica, se a pá nunca tivesse sido inventada, e tivéssemos de usar
pequenas colheres, não seriam apenas 10 mas talvez uns 100… " Será que
nos imaginamos a limitar o desenvolvimento tecnológico e a viver sem
utensílios como uma pá? Serão os nossos governante capazes de definir
os limites? Ou acabará o President Trump a dar emprego a milhares de
robôs-mineiros?

associate professor da católica lisbon school of business and economics.

--

---
Recebeu esta mensagem porque está inscrito no grupo "Pensantes" dos Grupos do Google.

Para anular a subscrição deste grupo e parar de receber emails do mesmo, envie um email para pensantes1+unsubscribe@googlegroups.com.
Para mais opções, consulte https://groups.google.com/d/optout.

sexta-feira, junho 16, 2017

# Religião | Gestora de multinacional trocou carreira por mosteiro

«O mundo oferece-nos muito», Deus chama «na direção oposta»

Ir. Maria Fides | D.R.

Era "brand manager", gestora de marca, numa das mais conhecidas marcas
de tabaco a nível mundial; hoje, a italiana Nicoletta Falzoni, melhor,
Ir. Maria Fides, tornou-se religiosa de clausura, integrando a abadia
"Mater Ecclesiae" (Mãe da Igreja").

«Tinha uma profissão muito gratificante. Era estimada e viajava pelo
mundo. Morava em Milão. Nunca tive a perceção do que estava a
amadurecer», conta a mãe da monja que habita agora o mosteiro da
pequena ilha de San Giulio, no extremo norte de Itália, comunidade
composta por 80 religiosas.

O pároco de Nicoletta, P. Massimo Bazzichetto, lembra-se de como e
quando surgiu o apelo à consagração: «Tinha ido em peregrinação a
Medjugorje e sentiu o chamamento do Senhor».

«Em Milão, na catedral, um confessor aconselhou-a a dirigir-se à madre
Canopi, na ilha de San Giulio», localizada a menos de 100 km da
cidade. O diálogo com a abadessa foi decisivo.

Ir. Maria Fides, como reconheceu a sua vocação? Que caminho percorreu
nestes anos?

Creio que posso definir o meu chamamento como uma "vocação relâmpago".
Desde a minha primeira peregrinação a Medjugorje, em agosto de 2011,
ao questionamento para entrar no mosteiro passou apenas um ano, tudo
pontuado pelo desejo cada vez maior de oração, de comunhão com Maria e
Jesus, até chegar a reconhecer que o facto de ter conhecido a ilha de
San Giulio não ocorreu absolutamente por acaso e que eu próprio me
sentia aqui verdadeiramente em casa.

Diante do chamamento de Deus perceciona-se um temor dado pela sensação
de inadequação: como podemos, com todos os nossos limites, as nossas
fragilidades, as nossas infidelidades, estar à altura da vocação e
"arriscar tudo"? Este "santo temor de Deus", este reconhecer-se
criatura diante do Autor da nossa vida, este sentir-se pequeno, foi o
sentimento experimentado por Maria e é precisamente a partir dessa
humildade que sentimos a necessidade de pedir ajuda ao Senhor, como
uma criança pede socorro ao seu pai.

Nestes anos percebi também que o Senhor não nos chama a fazer ou a não
fazer alguma coisa, mas a "deixar-se fazer", a aderir totalmente à sua
vontade, tal como entendia Santa Teresa de Calcutá quando se definia
um simples lápis nas mãos do artista divino. É Ele que faz, através de
nós.

Como explica aos familiares, amigos e conhecidos a sua opção de
consagração a Deus?

A explicação mais simples e essencial que consigo dar é que me confio
a Jesus. Reconheci que através deste chamamento o Senhor me ofereceu o
tesouro escondido pelo qual vale a pena deixar tudo o resto, a pérola
preciosa diante da qual qualquer outro bem perde valor.

Estamos habituados a planear, a organizar e queremos ter tudo sob
controlo; ao contrário, o Senhor pede-nos que lhe cedamos a orientação
de toda a nossa vida sem possibilidade de ter qualquer colete
salva-vidas nem paraquedas. O mundo oferece-nos muito: carreira,
sucesso, riqueza, realização, autoafirmação, e tudo isso é seguramente
muito atraente. O chamamento de Deus, ao contrário, vai na direção
oposta, mas aquele que nos escolheu desde o ventre materno convida-nos
e assegura-nos «não temas!», e a sua fidelidade dura para sempre.



O que é que esta sociedade precisa em particular?

Creio que há muita necessidade de vida interior e de silêncio.
Parece-me importante também recuperar a oração e a recitação do
Rosário, sobretudo em família. Nada une tanto como rezar juntos, e
isto pode revelar-se também uma ajuda válida para combater a alienação
devida ao uso cada vez mais frequente dos telemóveis, que se têm
sempre à mão, até à mesa.

A nossa sociedade tecnológica permite transmitir em tempo real as
notícias que se espalham de um extremo ao outro da Terra, mas deixa
cada vez mais espaço a uma realidade dramática: quando mais se
encurtam as distâncias a nível mundial e os tempos se reduzem, mais se
escava um abismo de solidões insondáveis. Se é fácil tomar consciência
do que acontece no polo oposto do globo, torna-se todavia
paradoxalmente cada vez mais difícil instaurar um verdadeiro diálogo
com o vizinho de casa, até entre os membros de uma mesma família.

Esta é a proximidade e a ajuda que com a nossa opção podemos
transmitir, segundo afirmavam estas palavras de Jan Leclercq: «Os
monges têm este privilégio de continuar a olhar o céu. Eles sabem que
não verão o Senhor: viverão na fé e todavia permanecerão lá. A sua
cruz será amar sem ver, e todavia olhar sempre, ficar o olhar
exclusivamente em Deus, invisível e presente. O seu testemunho diante
do mundo será o de mostrar, com a sua própria existência, a direção em
que é preciso olhar. A sua tarefa será a de apressar, com a oração e o
desejo, o cumprimento do Reino de Deus».

A celebração da profissão religiosa, a 6 de maio, foi presidida pelo
bispo de Novara, Franco Brambilla: «Como pode acontecer que uma jovem,
de belas esperanças, que provavelmente fazia dar a volta à cabeça a
qualquer rapaz, se enamore de uma vida como esta?».

«Nicoletta tornou-se irmã Maria Fides e procurou as coisas do alto.
Nós, infelizmente, permanecemos cá em baixo», comentou o prelado.

Edição: SNPC
Fontes: L'Azione, Vatican Insider
Publicado em 14.06.2017

--

---
Recebeu esta mensagem porque está inscrito no grupo "Pensantes" dos Grupos do Google.

Para anular a subscrição deste grupo e parar de receber emails do mesmo, envie um email para pensantes1+unsubscribe@googlegroups.com.
Para mais opções, consulte https://groups.google.com/d/optout.

segunda-feira, junho 05, 2017

# Portugal 8.º melhor país do mundo (em 144 países) para se ser rapariga

https://zap.aeiou.pt/portugal-os-melhores-paises-rapariga-133599

Portugal entre os melhores países do mundo para se ser rapariga

12 Outubro, 2016

A organização não-governamental de defesa das crianças Save the
Children anunciou esta terça-feira, Dia Internacional da Rapariga, que
Portugal é o oitavo país que oferece melhores oportunidades para as
raparigas.

No Índice de 'Oportunidades para Raparigas', Portugal ficou à frente
de países como Suíça, Itália, Espanha, Alemanha, Reino Unido, França e
até dos Estados Unidos.

A organização teve em conta cinco indicadores ao elaborar o índice de
144 países onde é melhor ser rapariga: casamento infantil, gravidez na
adolescência, mortalidade maternal, mulheres no Parlamento e conclusão
do ensino secundário.

À frente de Portugal, aparece apenas a Suécia, Finlândia, Noruega,
Holanda, Bélgica, Dinamarca e Eslovénia.

Tal como a maioria dos países analisados, Portugal apresenta
problemas, sobretudo, na representação feminina no Parlamento – apesar
de, segundo o Diário de Notícias, um terço dos deputados na Assembleia
ser do sexo feminino.

Os autores do estudo destacaram que nem todos os países ricos estão em
posições favoráveis no índice da ONG.

Segundo os especialistas, a Austrália surge apenas em 21º lugar devido
ao elevado registo de gravidez na adolescência – fatores que também
prejudicaram a classificação do Reino Unido (15º) e do Canadá (19º).

O 32º lugar na lista é ocupado pelos Estados Unidos, devido à fraca
representação de mulheres no Parlamento, ao aumento da gravidez na
adolescência e à elevada percentagem da mortalidade durante a
gravidez.

Em 2015, 14 em cada 100 mil mulheres morreram ao dar à luz nos EUA,
enquanto que Portugal apresenta uma menor taxa de mortalidade materna
– de 6 mortes no parto em cada 100 mil mulheres.

Para Lisa Wise, diretora de desenvolvimento inclusivo da Save the
Children e uma das autoras do relatório, a questão da igualdade entre
os sexos não é apenas preocupante nos países em desenvolvimento.

"Nos países desenvolvidos, as oportunidades também são negadas às
raparigas, ao contrário dos rapazes", afirmou Wise.

O Brasil surge mais abaixo na lista, no 102º lugar, perto da 105ª
posição do Haiti, devido ao elevado número de casamentos infantis e
gravidez na adolescência.

Os países de baixos rendimentos são os piores

De acordo com o estudo, os piores países para as raparigas são os mais
pobres – Níger, Chade, República Centro-Africana, Mali e Somália.

"Os 20 países na parte inferior do índice são todos países de baixos
rendimentos na África Subsariana. Estes países têm taxas extremamente
altas de privação em todos os indicadores selecionados", explica o
documento.

O Níger, na África Ocidental, tem a mais alta percentagem de casamento
infantil de todo o mundo – 76% das mulheres casam antes dos 18 anos.

A advogada da Save the Children, Kitty Arie, explicou à TSF que os
casamentos prematuros têm efeitos devastadores.

"O casamento infantil dá inicio a um ciclo de desvantagens que estamos
a tentar quebrar porque sabemos que ao acabar com estes casamentos
aumentamos a escolaridade destas raparigas, o potencial para
trabalharem e contribuírem para a sociedade", destacou.

A Save the Children alertou que a mortalidade materna é a segunda
maior causa de morte entre raparigas entre os 15 e os 19 anos (depois
do suicídio), morrendo cerca de 70 mil a cada ano.

A organização já se comprometeu a acabar com o casamento infantil até
2030 – mas se nada for feito o número poderá aumentar dos 700 milhões
atuais para 950 milhões nos próximos 14 anos

--

---
Recebeu esta mensagem porque está inscrito no grupo "Pensantes" dos Grupos do Google.

Para anular a subscrição deste grupo e parar de receber emails do mesmo, envie um email para pensantes1+unsubscribe@googlegroups.com.
Para mais opções, consulte https://groups.google.com/d/optout.

# Portugal é o terceiro país mais pacífico do mundo (em 163 países)

http://observador.pt/2017/06/01/portugal-sobe-e-atinge-o-podio-dos-paises-mais-pacificos-do-mundo/

Portugal sobe e atinge o pódio dos países mais pacíficos do mundo

1/6/2017, 15:43

É o Global Peace Index que o confirma esta quinta-feira: Portugal é o
terceiro país mais pacífico do mundo. À nossa frente só a Nova
Zelândia e a Islândia. Em termos gerais, o nível de paz aumentou.

O número de países atingidos por um número recorde de mortes por
terrorismo teve um pico histórico

ANTÓNIO COTRIM/LUSA

Os dados do Institute for Economics and Peace (Instituto para Economia
e Paz) concluem que Portugal é o terceiro país mais pacífico do mundo
no índice do Global Peace Index. O estudo envolveu 163 países e
Portugal subiu do quinto para o terceiro lugar relativamente ao ano
passado.

A acompanhar Portugal no pódio estão a Nova Zelândia (em segundo) e a
Islândia (em primeiro) que ocuparam os lugares que eram antes da
Dinamarca e da Áustria.

No fundo da tabela aparecem a Síria, como país menos pacífico pelo
quinto ano consecutivo, seguida do Afeganistão, do Iraque, do Sudão do
Sul e do Iémen.

O número de países com um número recorde de mortes por terrorismo teve
um pico histórico e afetou sobretudo Dinamarca, Suécia, França e
Turquia.

O mesmo índice concluiu que, em termos gerais, o nível de paz melhorou
em 93 dos países estudados e piorou em 63. A América do Norte teve uma
das maiores quedas neste grau de pacifismo – caiu 22 lugares para o
114º lugar, por causa dos conflitos internos, do terrorismo e da
criminalidade.

O Global Peace Index vai na 11ª edição avalia os países de acordo com
23 indicadores. Entre esses indicadores, estão os níveis de
militarização, insegurança, violência doméstica, instabilidade
política ou conflitos a nível interno e internacional.

--

---
Recebeu esta mensagem porque está inscrito no grupo "Pensantes" dos Grupos do Google.

Para anular a subscrição deste grupo e parar de receber emails do mesmo, envie um email para pensantes1+unsubscribe@googlegroups.com.
Para mais opções, consulte https://groups.google.com/d/optout.

quinta-feira, junho 01, 2017

# Iremos viver 22 anos como reformados

http://observador.pt/opiniao/vamos-de-ter-de-mudar-quase-tudo-e-nao-queremos-mudar-nada/

Vamos de ter de mudar quase tudo, e não queremos mudar nada

José Manuel Fernandes

HÁ 2 HORAS

Somos um país cada vez mais envelhecido e isso tem e terá imensas
consequências no nosso futuro - e também na forma como vivemos a
velhice. Mas enquanto houver geringonça ninguém discutirá o problema.

86 anos no caso dos homens, 88 no caso das mulheres. Em 2014-2016
foram essas as idades em que se registaram mais óbitos. No mesmo
período duas em três das pessoas que morreram tinham mais de 80 anos.
No caso das mulheres foram mesmo três em cada quatro óbitos os que
ocorreram depois dos 80 anos.

Habitualmente olhamos para a esperança de vida e celebramos, com
razões para celebrar, a extraordinária evolução registada em Portugal.
De acordo com um relatório do INE divulgado esta semana, a esperança
de vida à nascença era em 2015 de 80,62 anos. Nos últimos dez anos –
dez anos que foram quase sempre de crise e de "cortes" que, como
sabemos, "destruíram" o nosso Serviço Nacional de Saúde – nunca a
esperança de vida deixou de aumentar, sendo hoje 2,44 anos mais
elevada do que era há uma década. Em média estamos a ganhar cerca de
três meses de esperança de vida por ano.

Mas há um outro dado importante que poucas vezes se refere: a
esperança de vida aos 65 anos está agora nos 19,31 anos. Se pensarmos
que a idade média das reformas anda nos 63 anos (62,8 no caso dos
funcionários públicos em 2016, 63,1 para os restantes trabalhadores em
2015), concluímos que, em média, devemos esperar viver um pouco mais
de 22 anos como reformados.

Este número faz-me impressão – e não me impressiona apenas por não
saber como iremos financiar tantos anos com tantos portugueses a
viverem como pensionistas. Impressiona-me também pelo desperdício que
representa. Porventura um desperdício pesado para a economia e
doloroso para os próprios.

A regra, nos dias que correm, é usar as reformas antecipadas como
forma de reestruturar as empresas. Ou simplesmente de as renovar.
Muitas vezes faz-se mesmo a seguinte conta: "Vais três anos para o
Fundo de Desemprego e depois já tens idade para te darem a reforma sem
cortes".

Há muitos anos que penso que está quase tudo errado neste raciocínio.

Está errado para as empresas, pois muitos dos trabalhadores que
dispensam, mesmo não tendo a criatividade e a energia dos mais novos,
possuem uma experiência que lhes faz falta, uma experiência que bem
poderia "temperar" toda a frescura e ideias novas trazidas pelos
jovens.

Está errado para os próprios, pois a passagem directa da vida activa à
vida de reformado é muitas vezes um choque doloroso, uma evolução
também desnecessária se pensarmos que hoje, aos 60, aos 65 ou mesmo
aos 70 anos se continua a ter boa saúde e se mantém o melhor de muitas
capacidades.

E por fim está errado para a economia, pois sabemos que o aumento do
contingente de reformados tem evoluído a par com a diminuição de
população em idade activa, e essa é uma realidade que não mudaremos
por muitas décadas, pois é fruto de tendências demográficas (sobretudo
a diminuição do número de nascimentos) que não se podem alterar
retroactivamente.

Infelizmente, quando olhamos para esta estado das coisas, quando
queremos discuti-lo, por regra nunca saímos do debate em torno dos
problemas de financiamento da segurança social. Parece que a única
pergunta que faz sentido é "como é que vamos pagar tantas pensões?"
ou, mais prosaicamente, "onde é que vamos buscar mais dinheiro?"

Gostaria que o debate pudesse sair desta camisa de forças, onde pouco
mais podemos discutir do que a idade da reforma ou se vamos passar a
taxar os robots, para passar a um outro debate que me parece mais
estimulante: o de criar condições para que a passagem à reforma seja
progressiva, isto é, que possa existir um período de transição em que
os trabalhadores mais velhos começariam a trabalhar menos horas (ou
menos dias) recebendo proporcionalmente menos, e que isso pudesse
coexistir com aquilo a que poderíamos chamar "reformas a tempo
parcial".

Muitos dirão: mas então vamos aceitar salários mais baixos no fim da
nossa vida activa? De facto nunca foi essa a regra, mas não vejo
porque não possa acontecer. Por um lado, para muitos essa é uma fase
da vida em que as despesas familiares começam as ser menores; por
outro lado, ao aceitar soluções deste tipo estar-se-ia a abrir espaço
para que as empresas pudessem contratar trabalhadores mais novos, o
que é justo e necessário.

E seríamos capazes de viver com menos rendimentos? Parece difícil, mas
é o que já hoje sucede quando se passa à reforma, e a tendência é para
que aconteça cada vez mais. Hoje a primeira pensão de reforma
corresponde, em média, a pouco mais de 60% do último ordenado, em 2025
estima-se que represente menos de metade e que, lá para 2060, tenha
caído para 30% a 40%, conforme tenhamos por referência as estimativas
da Comissão Europeia ou as do nosso Ministério da Solidariedade
Social.

De novo acho chocante esta evolução. Acho chocante que encolhamos os
ombros por aqueles que, trabalhando e descontando, vão pagar as nossas
reformas nas próximas quatro décadas – toda uma vida de trabalho – só
recebam, no final, o equivalente a metade do que hoje se recebe. E não
me parece que este problema se resolva passando a taxar os robots.

Fórmulas que permitissem uma maior margem de liberdade – dos
trabalhadores e das empresas – na gestão do processo de passagem da
vida activa para a vida de reforma, mecanismos que estimulassem a
continuação no mercado de trabalho de tantos que ainda têm tanto a dar
à economia (e à sua própria auto-estima), soluções que permitissem
optar entre diferentes formas de cálculo da pensão em função desta ser
ou não usada como complemento de um corte salarial proporcional à
redução do tempo de trabalho, tudo poderia e deveria contribuir para
olhar de forma diferente para aquele número de que impressiona – os 22
anos a viver de uma pensão – e que também pesa.

Não era preciso fazer uma grande reforma, toda de uma vez, podia-se
testar em alguns sectores ou regiões. Só tinha de se saber em que
direcção queríamos ir.

Não tenho porém ilusões. Os tempos que vivemos não são favoráveis a
este debate. À esquerda os partidos estão entrincheirados em posições
ideológicas rígidas. E à direita tem-se a percepção de que enquanto
durar a geringonça não há qualquer possibilidade de falar com o PS
sobre um acordo de que este teria de ser sempre parte.

Há muita coisa para mudar. Nalgumas frentes, quase tudo. Mas pressinto
que nos tempos mais próximos não quereremos mudar nada, e não apenas
por causa do bloqueio político. Na verdade estamos tão habituados a
mudar apenas sob pressão que já nem sabemos fazer de outra forma.
Pior: falta-nos energia para isso, pois os mais idosos dificilmente
serão agentes de mudança e os mais novos têm demasiados problemas hoje
para pensarem nos que terão amanhã.

--

---
Recebeu esta mensagem porque está inscrito no grupo "Pensantes" dos Grupos do Google.

Para anular a subscrição deste grupo e parar de receber emails do mesmo, envie um email para pensantes1+unsubscribe@googlegroups.com.
Para mais opções, consulte https://groups.google.com/d/optout.