/* Commented Backslash Hack hides rule from IE5-Mac \*/

PENSANTES

Outros pensamentos, ideias e palavras que nos fazem pensar...

segunda-feira, setembro 30, 2013

# Passeio Socrático

Ao viajar pelo Oriente, mantive contatos com monges do Tibete, da
Mongólia, do Japão e da China. Eram homens serenos, comedidos,
recolhidos em paz nos seus mantos cor de açafrão.

Outro dia, eu observava o movimento do aeroporto de São Paulo: a sala
de espera cheia de executivos dependurados em telefones celulares;
mostravam-se preocupados, ansiosos e, na lanchonete, comiam mais do
que deviam. Com certeza, já haviam tomado café da manhã em casa, mas
como a companhia aérea oferecia um outro café, muitos demonstravam um
apetite voraz. Aquilo me fez refletir: Qual dos dois modelos produz
felicidade? O dos monges ou o dos executivos?

Encontrei Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e
perguntei: "Não foi à aula?" Ela respondeu: "Não; minha aula é à
tarde". Comemorei: "Que bom, então de manhã você pode brincar, dormir
um pouco mais". "Não", ela retrucou, "tenho tanta coisa de manhã..."
"Que tanta coisa?", indaguei. "Aulas de inglês, balé, pintura,
piscina", e começou a elencar seu programa de garota robotizada.
Fiquei pensando: "Que pena, a Daniela não disse: 'Tenho aula de
meditação!'"

A sociedade na qual vivemos constrói super-homens e supermulheres,
totalmente equipados, mas muitos são emocionalmente infantilizados.
Por isso as empresas consideram que, agora, mais importante que o QI
(Quociente Intelectual), é a IE (Inteligência Emocional). Não adianta
ser um superexecutivo se não se consegue se relacionar com as pessoas.
Ora, como seria importante os currículos escolares incluírem aulas de
meditação!

Uma próspera cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960, seis
livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem sessenta academias de
ginástica e três livrarias! Não tenho nada contra malhar o corpo, mas
me preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito. Acho
ótimo, vamos todos morrer esbeltos: "Como estava o defunto?". "Olha,
uma maravilha, não tinha uma celulite!" Mas como fica a questão da
subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa?

Outrora, falava-se em realidade: análise da realidade, inserir-se na
realidade, conhecer a realidade. Hoje, a palavra é virtualidade. Tudo
é virtual. Pode-se fazer sexo virtual pela internet: não se pega aids,
não há envolvimento emocional, controla-se no mouse. Trancado em seu
quarto, em Brasília, um homem pode ter uma amiga íntima em Tóquio, sem
nenhuma preocupação de conhecer o seu vizinho de prédio ou de quadra!
Tudo é virtual, entramos na virtualidade de todos os valores, não há
compromisso com o real! É muito grave esse processo de abstração da
linguagem, de sentimentos: somos místicos virtuais, religiosos
virtuais, cidadãos virtuais. Enquanto isso, a realidade vai por outro
lado, pois somos também eticamente virtuais…

A cultura começa onde a natureza termina. Cultura é o refinamento do
espírito. Televisão, no Brasil - com raras e honrosas exceções -, é um
problema: a cada semana que passa, temos a sensação de que ficamos um
pouco menos cultos. A palavra hoje é 'entretenimento'; domingo, então,
é o dia nacional da imbecilidade coletiva. Imbecil o apresentador,
imbecil quem vai lá e se apresenta no palco, imbecil quem perde a
tarde diante da tela. Como a publicidade não consegue vender
felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de
prazeres: "Se tomar este refrigerante, vestir este tênis, usar esta
camisa, comprar este carro, você chega lá!" O problema é que, em
geral, não se chega! Quem cede desenvolve de tal maneira o desejo, que
acaba precisando de um analista. Ou de remédios. Quem resiste, aumenta
a neurose.

Os psicanalistas tentam descobrir o que fazer com o desejo dos seus
pacientes. Colocá-los onde? Eu, que não sou da área, posso me dar o
direito de apresentar uma sugestão. Acho que só há uma saída: virar o
desejo para dentro. Porque, para fora, ele não tem aonde ir! O grande
desafio é virar o desejo para dentro, gostar de si mesmo, começar a
ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento
globocolonizador, neoliberal, consumista. Assim, pode-se viver melhor.
Aliás, para uma boa saúde mental três requisitos são indispensáveis:
amizades, auto-estima, ausência de estresse.

Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno. Se alguém vai à
Europa e visita uma pequena cidade onde há uma catedral, deve procurar
saber a história daquela cidade - a catedral é o sinal de que ela tem
história. Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma
catedral; hoje, no Brasil, constrói-se um shopping center. É curioso:
a maioria dos shopping centers tem linhas arquitetônicas de catedrais
estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso
vestir roupa de missa de domingos. E ali dentro sente-se uma sensação
paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira pelas
calçadas...

Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela
musiquinha de esperar dentista. Observam-se os vários nichos, todas
aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, acolitados por
belas sacerdotisas. Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos
céus. Se deve passar cheque pré-datado, pagar a crédito, entrar no
cheque especial, sente-se no purgatório. Mas se não pode comprar,
certamente vai se sentir no inferno... Felizmente, terminam todos na
eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o
mesmo hambúrguer de uma cadeia transnacional de sanduíches saturados
de gordura…

Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas:
"Estou apenas fazendo um passeio socrático." Diante de seus olhares
espantados, explico: "Sócrates, filósofo grego, que morreu no ano 399
antes de Cristo, também gostava de descansar a cabeça percorrendo o
centro comercial de Atenas. Quando vendedores como vocês o assediavam,
ele respondia: "Estou apenas observando quanta coisa existe de que não
preciso para ser feliz."

Frei Betto é escritor, autor, em parceria com Luis Fernando Veríssimo
e outros, de "O desafio ético" (Garamond), entre outros livros.

http://nsi-pt.blogspot.pt/2013/09/passeio-socratico.html

--

---
Recebeu esta mensagem porque está inscrito no grupo "Pensantes" dos Grupos do Google.

Para anular a subscrição deste grupo e parar de receber emails deste grupo, envie um email para pensantes1+unsubscribe@googlegroups.com.
Para mais opções, consulte https://groups.google.com/groups/opt_out.

# Dívidas em textos antigos

"Se um dos teus irmãos empobrecer, e não satisfizer as suas obrigações
para contigo, protegê-lo-ás, mesmo que seja um estrangeiro ou um
inquilino, e deixa-o viver contigo. Não receberás dele juros nem lucro
algum, mas teme o teu Deus para que o teu irmão viva contigo. Não lhe
emprestes o teu dinheiro com juros, nem lhe dês os teus mantimentos
para disso tirar proveito."

Bíblia, Levítico (25, 35)

--

---
Recebeu esta mensagem porque está inscrito no grupo "Pensantes" dos Grupos do Google.

Para anular a subscrição deste grupo e parar de receber emails deste grupo, envie um email para pensantes1+unsubscribe@googlegroups.com.
Para mais opções, consulte https://groups.google.com/groups/opt_out.

sexta-feira, setembro 27, 2013

# Experiências que nos fazem pensar na natureza humana

Partilha é instintiva entre crianças?
 
Autocontrolo e tentação em crianças
 
O mais importante: comida ou afecto?
 
 

--
 
---
Recebeu esta mensagem porque está inscrito no grupo "Pensantes" dos Grupos do Google.
 
Para anular a subscrição deste grupo e parar de receber emails deste grupo, envie um email para pensantes1+unsubscribe@googlegroups.com.
Para mais opções, consulte https://groups.google.com/groups/opt_out.

terça-feira, setembro 24, 2013

# Serviço de celas especiais para bêbados no Reino Unido

Por Joana Azevedo Viana publicado em 24 Set 2013 - 05:00


Polícia britânica quer bêbados "incapazes" a pagar conta da sobriedade

Comissários dizem que alcoolizados que não conseguem cuidar de si
próprios devem ressacar em "depósitos privados" e pagar 480 euros para
ir embora

Quem sai à noite em Inglaterra ou no País de Gales e fica tão
alcoolizado que não consegue cuidar de si próprio deve ser levado para
celas especiais geridas por empresas privadas para passar a noite,
curar a bebedeira e... pagar a conta.

A sugestão foi feita esta semana por vários chefes da polícia
britânica, que dizem que, perante os recursos limitados atribuídos à
força de segurança pública, não deve ser ela a preocupar-se com quem
escolhe embebedar-se até perder a consciência.

"Não vejo porque é que os serviços policiais ou os serviços de saúde
devem assumir o dever de cuidar de alguém que decidiu sair e
embebedar-se tanto que não consegue cuidar de si próprio", diz Adrian
Lee, que lidera a equipa nacional da polícia de combate aos malefícios
do álcool.

"Porque não as levamos para uma cela de bêbados gerida por uma empresa
comercial que cuide deles durante a noite até ficarem sóbrios? E
quando isso acontecer a polícia cobra-lhes uma multa fixa e a empresa
pode cobrar pelos serviços, o que se traduziria num custo
significativo que talvez funcionasse como impedimento significativo."

A proposta não é inédita e, para Lee e outros proponentes, não só
tiraria dos ombros da polícia o peso de lidar com bebedeiras fora de
horas como serviria para forçar as pessoas a pensarem duas vezes antes
de repetirem a proeza, já que teriam de pagar cerca de 480 euros para
poderem sair dos "depósitos de bêbados", assim baptizados por David
Lloyd.

O comissário da polícia do Hertfordshire veio de imediato apoiar a
sugestão de Lee. "A ideia de depósitos para bêbados, arcando eles com
o custo dos seus próprios cuidados rima com as minhas ideias de serem
os transgressores a pagar a conta", disse ao "Telegraph". "Quero ver
os responsáveis a suportarem muito mais os custos dos crimes. Embora
isto ainda esteja na fase das ideias, certamente que me parece uma boa
e que eu gostaria de explorar."

Segundo o diário, uma noite passada numa cela de prisão custa ao
Estado britânico entre 300 e 400 libras, com as multas por embriaguez
e desordem pública estipuladas em até 80 libras. Contas feitas, a
factura para um embriagado nestas condições rondaria as 400 libras,
cerca de 480 euros.

Na mesma entrevista divulgada na terça-feira passada, Lee critica o
governo britânico por falhar a implementação de um preço mínimo por
unidade de álcool em Inglaterra e no País de Gales, plano que foi
arquivado em Julho pela coligação conservadora e liberal democrata com
o argumento de que a medida iria penalizar quem bebe de forma
responsável.

Os crimes relacionados com consumo de álcool custam à economia
britânica cerca de 11 mil milhões de libras por ano, 2,7 mil milhões
dos quais pesam na carteira do serviço nacional de saúde (NHS). O
"Telegraph" diz que só no ano passado mais de 31 mil pessoas foram
multadas por embriaguez e distúrbios, ainda que não se saiba quantas
estavam tão embriagadas que tiveram de passar noites em esquadras.

http://www.ionline.pt/artigos/mundo/policia-britanica-quer-bebados-incapazes-pagar-conta-da-sobriedade

--

---
Recebeu esta mensagem porque está inscrito no grupo "Pensantes" dos Grupos do Google.

Para anular a subscrição deste grupo e parar de receber emails deste grupo, envie um email para pensantes1+unsubscribe@googlegroups.com.
Para mais opções, consulte https://groups.google.com/groups/opt_out.

segunda-feira, setembro 23, 2013

# Muitos filhos, poucos netos

Inês Teotónio Pereira Ionline, 2013-09-22

Os meus filhos passaram a achar que a minha vida não é fácil. E já não
olham para mim da mesma forma que a CGTP olha para qualquer governo

Os meus filhos andam com pena de mim. Descobri isso há pouco tempo.
Eles olham para mim com pena e até com alguma condescendência.
Sinto--me o Sporting na altura do Natal. Todos os dias eles me
perguntam se dormi bem, se estou bem-disposta ou se preciso de ajuda.
É estranho. Quando isto começou, achei que tinham batido com a cabeça
em algum lado e que esta era mais uma fase passageira. Mas não. Eles
estão mesmo com pena de mim. E este sentimento enraizou. O socialismo
deles está notoriamente a passar - pelo menos na parte que diz
respeito à indiferença pelos deveres e à reivindicação de direitos
(sempre tive a convicção de que o socialismo acabava por passar com a
idade).
De repente - e foi mesmo de um dia para o outro - os meus filhos
passaram a achar que a minha vida não é fácil. Que ser mãe deles seis
não é tarefa fácil. E já não olham para mim da mesma forma que a CGTP
olha para qualquer governo, com o objectivo único de contestar e de
lutar. Nada disso. Eu sou hoje um governo querido dos meus filhos. Se
houvesse eleições familiares, atingiria facilmente a unanimidade. O
facto de o novo bebé ter um choro parecido com o alarme de um carro e
de mal dormir, obviamente que ajudou a despertar a sensibilidade dos
meus filhos: agora estamos todos unidos a lutar contra o choro do
bebé. Somos nós contra ele. E estamos claramente a perder. Mas a luta
já não é comigo.
No entanto, esta tomada de consciência do trabalho que dá ter filhos
tem consequências nefastas no que diz respeito aos projectos que os
meus filhos estão a fazer para o futuro. A minha filha, por exemplo,
diz que nunca irá sair de casa. Diz ela que, se ficar a viver em casa
dos pais, não gasta muito dinheiro. Já me perguntou se pode. No outro
dia, também me perguntou se pode não casar. Ela não quer casar porque,
e cito: "Não quero ter muito trabalho a tomar conta dos filhos e a
fazer o jantar. E ter filhos deve doer imenso?" Assim, sozinha, é tudo
mais calmo, mais poupadinho e sem dor.
Outro dos meus filhos pergunta-me todos os dias se ter filhos dá muito
trabalho. E pergunta sempre nas alturas mais críticas do dia. Quando o
trabalho está ao rubro. Eu digo que dá algum, mas que compensa. Só que
ele não está convencido e não desenvolve muito o tema. No seu
entender, para filhos, basta ele.
O mais radical deles todos vai ainda mais longe: diz ele que vai casar
para ter filhos, mas é só para ter filhos; depois divorcia-se, compra
dois Porches e vai visitar os filhos todos os dias. Mas chega. Não
quer muito mais trabalho do que isto. Nas contas que ele já fez à
vida, Porches e filhos não cabem na mesma casa. E como está convicto
de que basta sair de casa para não ter de sustentar os filhos,
pretende escolher os Porches.
Já o mais velho tem como projecto de vida viajar pelo mundo inteiro.
Diz que quer "ver o mundo, por isso, não posso ter uma família? Não dá
para levar a família a percorrer o mundo inteiro". Não é conciliável,
argumenta.
Tenho ainda outro filho que não se pronuncia sobre este assunto.
Quanto ao bebé, vai chorando.
Moral da história: muitos filhos, poucos netos.

--

---
Recebeu esta mensagem porque está inscrito no grupo "Pensantes" dos Grupos do Google.

Para anular a subscrição deste grupo e parar de receber emails deste grupo, envie um email para pensantes1+unsubscribe@googlegroups.com.
Para mais opções, consulte https://groups.google.com/groups/opt_out.

quinta-feira, setembro 19, 2013

# Starbucks pede aos clientes para deixarem as armas fora dos seus cafés

18/09/2013 - 15:09

Para não hostilizar os defensores do porte de arma, patrão da empresa
sublinha que não se trata de uma ordem.

Muitos estabelecimentos nos EUA têm este símbolo na entrada DR


Howard Schultz, o patrão da cadeia de cafés norte-americana Starbucks,
pediu "respeitosamante" aos seus clientes para deixarem de levar armas
para os seus estabelecimentos nos Estados Unidos. O pedido acontece
depois de um homem ter morto a tiro 12 pessoas num edifício da marinha
americana em Washington.

Numa carta aberta, publicada terça-feira à noite no site da empresa,
Schultz diz estar plenamente consciente do "debate apaixonado entre os
apoiantes e os opositores das leis que dizem respeito ao 'porte
visível' de armas, adoptadas em numerosos Estados" americanos e que
permitem a qualquer pessoa andar com uma arma em público.

Mas, acrescenta o patrão da Starbucks, o debate sobre esta questão
"tornou-se cada vez mais indelicado e por vezes mesmo ameaçador".
Defensores do "porte visível" chegaram a organizar eventos de carácter
partidário em certos estabelecimentos da Starbucks, diz Schultz, dando
assim a impressão, "de forma insidiosa", de que a empresa está
associada à defesa daquelas leis.

Daí que Howard Schultz peça "respeitosamente aos seus clientes para
não irem armados" para os cafés Starbucks, deixando bem sublinhado que
não se trata de uma "proibição" mas sim de um "pedido".

Muitos restaurantes e lojas norte-americanas proíbem a entrada de
armas nas suas instalações, mas, por omissão, a Starbucks autoriza a
entrada de pessoas armadas nos seus mais de sete mil cafés que tem
espalhados pela América.

O debate sobre o enquadramento de aquisição e porte de armas
inflama-se regularmente nos Estados Unidos, entre os defensores
empedernidos da Segunda Emenda da Constituição, que dá a cada cidadão
o direito a ter uma arma, e aqueles que querem uma regulação mais
apertada.

Depois da morte de 12 pessoas na segunda-feira, em Washington,
abatidas a tiro por um ex-marine, o Presidente americano, Barack
Obama, pediu ao Congresso para reanimar o projecto de reforma das leis
das armas de fogo, enterrado em Abril, devido à oposição inflexível da
maioria dos republicanos, bem como do poderoso lobby das armas.

http://www.publico.pt/mundo/noticia/starbucks-pede-aos-clientes-para-deixarem-as-armas-fora-dos-seus-cafes-1606242

--

---
Recebeu esta mensagem porque está inscrito no grupo "Pensantes" dos Grupos do Google.

Para anular a subscrição deste grupo e parar de receber emails deste grupo, envie um email para pensantes1+unsubscribe@googlegroups.com.
Para mais opções, consulte https://groups.google.com/groups/opt_out.

sábado, setembro 14, 2013

# Brincar. Os filhos querem, mas os pais não têm tempo

É em Portugal que pais de crianças até aos 12 anos são mais
superprotectores e sem tempo para brincar com os filhos

O filho vê os pais como a melhor fonte de entretenimento e
brincadeira. Esse continua a ser o reflexo visto a partir dos 73% de
crianças portuguesas entre os sete e os 12 anos que, na hora de
escolher, preferiam brincar com os pais a estar sentados diante da
televisão. Os especialistas em psicologia infantil não costumam poupar
nas palavras para enaltecer a importância dos pais quando o momento é
reservado à brincadeira, mas os números em Portugal não ajudam: 61%
dos pais portugueses que participaram no relatório "Play Report"
admitiram "não ter tempo suficiente para brincar com os filhos". É a
percentagem mais elevada entre os 25 países analisados pelo estudo.

Os pais portugueses são superprotectores, temem muito pela segurança
dos filhos e reconhecem não ter tempo suficiente para brincar com
eles. Estes seriam os três traços marcantes do retrato dos pais em
Portugal caso as cores fossem restritas às categorias em que o país
acabou a liderar no relatório.

As percentagens não enganam: 78% dos pais estão "muito preocupados"
com a segurança dos filhos, reconhecendo ser "superprotectores",
apesar de 73% confessarem que "gostariam" de ver os filhos brincar
mais vezes ao ar livre. Do lado das crianças, 87% das inquiridas entre
os sete e os 12 anos até revelaram sentir que os seus progenitores se
"preocupavam em demasia" com elas. No total, quase 8 mil pais e 3116
crianças, espalhados por 25 países, responderam ao inquérito online
que serviu de base ao estudo. Realizado entre Outubro e Novembro de
2009, mas só agora divulgado, o estudo não revelou porém o número
total de participantes portugueses.

Talvez por aí se justifique a surpresa de Maria de Jesus Candeias ao
saber que, "numa semana típica", os pais em Portugal afirmaram
brincar, em média, 14,7 horas com os seus filhos. "Acho mesmo muito,
os pais não conseguem isso. Na prática, a percepção que tenho é que
para se aproximarem desse número de horas os pais têm de ser
excepcionais", argumentou esta psicoterapeuta infantil ao i.

TEMPO PARA BRINCAR A média apontada pelo estudo, prosseguiu a
especialista, significaria que os pais "passam mais de uma hora por
dia" a brincar com os filhos, duração que "infelizmente não
corresponde à realidade". Quanto à tal superprotecção, a
psicoterapeuta condena os pais que "se preocupam muito mas não estão
ao pé dos filhos" e que resumem antes as horas de convívio apontadas
pelos progenitores não a brincar, mas a "rotinas domésticas", como
dar-lhes banho, o jantar ou pô-los na cama.

Para confrontar os números, o i sondou dois casais e uma mãe
portugueses com filhos até aos 12 anos de idade. E um dos casos até se
enquadrou na média do estudo. "Antes da idade escolar passava duas
horas por dia com eles. Tentava ir passear, jogar à bola ou estar no
jardim", contou Madalena Pina. Casada e com três filhos, cingiu-se aos
casos de Francisco e Matilde, hoje com dez e 11 anos e já com grande
parte dos seus dias preenchidos na escola. "Agora acompanho-os todos
os dias às actividades, o que me ocupa três horas por dia", assegurou,
sublinhando o facto de "ser mãe a tempo inteiro" para justificar "todo
o tempo" que "felizmente" tem "para brincar com os filhos".

No caso de Lara Franco, o tempo dedicado a Bernardo, de cinco anos, "é
suficiente" pois abdica "de um trabalho mais estável e bem pago" para
o conseguir. Depois do jantar, o hábito manda "sempre" que haja "uma
sessão de cócegas" e brincadeira. E "caso não tenha trabalho para
fazer, todo o tempo do mundo lhe é dedicado", garante a mãe solteira,
entre idas a museus, passeios, brinquedos, tintas e fotografias. Em
tudo Lara tenta "puxar pela imaginação" do filho e aí "brincar é uma
parte fundamental". Um raciocínio similar à definição de brincar mais
votada pelos pais que participaram no relatório internacional -
"Brincar é estimular a imaginação do meu filho".

Rita e Gonçalo Belo Mendes contabilizaram ambos em dez horas o tempo
médio que por semana gastam a brincar ora com Manuel ora com a
Mafalda, os dois filhos. Tal como Madalena Pina, o casal concordou que
a imaginação é o principal impulso vindo do acto de brincar. "É apenas
um dos aspectos que tento fomentar, além da partilha, da superação, da
disciplina e do gosto por ajudar os outros", diz Gonçalo Mendes. Ser
"atencioso com os outros" foi o segundo factor que mais pais (46%)
revelaram aspirar para os seus filhos - atrás da "felicidade", com
72%, e à frente do "sucesso financeiro", que registou 45%.

O melhor barómetro para medir o tempo dedicado pelos pais à
brincadeira está nos próprios filhos. E nas suas queixas. "De todas as
vezes que o meu filho me pediu atenção foi mais por capricho do que
outra coisa qualquer", contou Lara Franco, "descansada" quanto ao
tempo que dedica ao filho. Já Gonçalo Mendes não classificou as
queixas que recebe "exactamente como um desabafo", mas antes como
resultado de "quando se cansam de brincar sozinhos e pedem" para os
pais se juntarem. Duas em cada cinco crianças que participaram no
inquérito "gostariam" que os pais passassem mais tempo" a brincar com
elas e, quanto a isto, Madalena Pina defendeu que "as crianças hoje em
dia são muito exigentes e requerem muita atenção".

http://www.ionline.pt/artigos/portugal/brincar-os-filhos-querem-os-pais-nao-tem-tempo

--

---
Recebeu esta mensagem porque está inscrito no grupo "Pensantes" dos Grupos do Google.

Para anular a subscrição deste grupo e parar de receber emails deste grupo, envie um email para pensantes1+unsubscribe@googlegroups.com.
Para mais opções, consulte https://groups.google.com/groups/opt_out.

sexta-feira, setembro 13, 2013

# Mais sentido do que sentimento...

"O Amor, como a fé, é mais uma questão de sentido do que de
sentimento. O sentimento vai e vem, mas o sentido pode permanecer. Ter
fé é estar convencido de que tem sentido dedicar-se a fazer o bem. A
fé é cristã quando se tem a convicção de que a libertação passa por
Cristo, mesmo que nada se sinta ou que isso suponha o nosso
sacrifício. "

in "Não há soluções, Há caminhos"
P. Vasco Pinto Magalhães

--

---
Recebeu esta mensagem porque está inscrito no grupo "Pensantes" dos Grupos do Google.

Para anular a subscrição deste grupo e parar de receber emails deste grupo, envie um email para pensantes1+unsubscribe@googlegroups.com.
Para mais opções, consulte https://groups.google.com/groups/opt_out.

quinta-feira, setembro 12, 2013

# MOOC - Massive Online Open Courses

Cursos com os melhores professores do mundo, online e grátis.
São centenas de cursos, desde noções de engenharia a ciências sociais ou música.
Cursos típicos são 2/3 meses com 3 horas por semana.

São milhões os alunos!

Duas possíveis plataformas.
        https://www.coursera.org/

Uma outra também muito conhecida:
        https://www.edx.org/


Esta mensagem e os ficheiros anexos podem conter informação confidencial ou reservada. Se, por engano, receber esta mensagem, solicita-se que informe de imediato o remetente e que elimine a mensagem e ficheiros anexos sem os reproduzir.

This message and any files herewith attached may contain confidential or privileged information. If you receive this message in error, please notify us immediately and delete this message and any files attached without copying them in any way.

--
 
---
Recebeu esta mensagem porque está inscrito no grupo "Pensantes" dos Grupos do Google.
 
Para anular a subscrição deste grupo e parar de receber emails deste grupo, envie um email para pensantes1+unsubscribe@googlegroups.com.
Para mais opções, consulte https://groups.google.com/groups/opt_out.

segunda-feira, setembro 09, 2013

# A Síria não é um mapa no Google Earth

Jesuita sírio revela a realidade do país à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre

ROMA, 06 de Setembro de 2013 (Zenit.org, AIS) - "Uma intervenção militar não
vai levar a lugar nenhum. Cada uma das partes envolvidas deve entender que a
crise não será resolvida da maneira que deseja. Todos são perdedores e ninguém é
vencedor, nem nunca será".

Padre Nawras Sammour, responsável pelo Oriente Médio e África do Norte do
Serviço Jesuíta para os Refugiados, condena uma possível ação militar
na Síria. Ao
telefone com Ajuda à Igreja que Sofre de Damasco, o clérigo nascido em Aleppo
declara que "um ataque levaria, sem dúvida, a um aumento da violência: uma onda
horrível que por força se estenderia aos países vizinhos, contagiando
toda a região
do Oriente Médio". Para o jesuíta a crise é muito complexa para ser
resolvida por
uma operação militar da qual ninguém pode prever os resultados a longo prazo.
Enquanto isso, na capital síria, muitas vezes sem eletricidade", todo mundo vive
em espera, embora a vida continue mais ou menos como antes da ameaça de
guerra". Não há uma opinião unânime sobre a possibilidade de uma intervenção,
mas muitos começaram a estocar alimentos e nas últimas duas semanas, aqueles
que tiveram a chance, preferiram abandonar o país. "Quem, como eu, prefere
permanecer na Síria, evita sair para o exterior por medo de ficar bloqueado por
causa das hostilidades. Junto com alguns irmãos nós cancelamos uma viagem ao
Líbano justamente por essa razão". Os jesuítas ajudam mais de 17 mil famílias
Sírias, o 80% das quais são de muçulmanos.

As palavras do Papa Francisco são de grande esperança para os cristãos. "O
apelo do Santo Padre tem sido excelente", afirma padre Sammour, narrando
como também na Síria serão muitos o que aderem à jornada de jejum pedida
pelo Pontífice nesse 07 de Setembro. Na casa dos jesuítas de Damasco começará
com as vésperas de amanhã à tarde. "Agora, mais do que nunca, precisamos de
oração", acrescenta o religioso elogiando as muitas iniciativas da
Igreja universal
para promover a paz. Também a Semana de oração organizada por Ajuda à Igreja
que Sofre, que aderirá também à jornada de jejum no próximo sábado.

As palavras do Papa não foram apreciadas somente pela comunidade cristã.
Também o grande Mufti da Síria, Ahmad Badreddin Hassou, manifestou o desejo
de poder orar no próximo sábado na Praça de São Pedro. "A linguagem do Papa
Francisco é entendida por qualquer pessoa que defenda os valores da paz e da
integração - observa o jesuíta - e, felizmente, muitos sírios amam e
respeitam os
próprios concidadãos, independentemente de credo ou origem social. Embora as
informações divulgadas pelos meios de comunicação tentem mostrar uma outra
coisa". O religioso critica os meios de informação – "sempre à caça de
extremistas"
– e opõe à eles a preciosa obra da Igreja, que tenta dar voz ao desejo
de unidade
da "maioria silenciosa" da nação. Esperando saber o que vai acontecer nos
próximos dias, padre Sammour pede à comunidade internacional para olhar para o
seu país com menos superficialidade. "A Síria não é um mapa no Google Earth. Não
é um território para ser invadido ou para ser liberto. Não é meramente um lugar,
mas um mosaico maravilhoso. A Síria é antes de mais nada todo um conjunto de
pessoas: os sírios. E espero que isso seja finalmente tomado em consideração".

Roma, 05 de setembro de 2013

--

---
Recebeu esta mensagem porque está inscrito no grupo "Pensantes" dos Grupos do Google.

Para anular a subscrição deste grupo e parar de receber emails deste grupo, envie um email para pensantes1+unsubscribe@googlegroups.com.
Para mais opções, consulte https://groups.google.com/groups/opt_out.

quinta-feira, setembro 05, 2013

# A hipocrisia do contrato de trabalho

Público, 30/08/2013

No meu assaz impressionante palmarés - valha a imodéstia - há um
recorde de que me orgulho muito especialmente: sou, pela certa, o
telespectador nacional que menos viu telenovelas. Com efeito, uma
única sequência, de escassos minutos, foi suficiente para que me
considerasse esclarecido sobre os seus conteúdos e, em consequência,
nunca mais reincidi naquele género de séries.

A cena em questão era breve, mas esclarecedora. Um jovem pedia em
casamento a sua amada, que recusava a proposta matrimonial, com o
pretexto de que o importante é o amor. Surpreso, o pretendente ainda
esboçou uma tímida defesa da instituição conjugal, que a sua Julieta
destroçou, em nome da suposta hipocrisia dos formalismos jurídicos e
rituais e, sobretudo, do supremo valor e espontaneidade do mútuo
afecto, a que, por fim, também o dito Romeu se rendeu.

Não falta quem pense que a liberdade do amor não tolera os grilhões
das imposições normativas e, daí, a profusão das uniões de facto, em
detrimento do matrimónio, religioso ou civil. A moderna mentalidade
antijurídica reage com violência contra o que entende ser a tirania
dos direitos e obrigações decorrentes de um contrato, sobretudo quando
se pretende aprisionar algo tão volátil e lírico como o amor. Que
código pode definir, com justeza, a paixão? Que lei mede o impulso
amoroso? Que negócio jurídico pode impedir um ser humano de seguir,
livremente, o seu próprio coração? Liberte-se, pois, o sentimento das
amarras do legalismo e devolvam-se ao amor as asas da mais plena
liberdade e criatividade!

Esta atitude, muito comum entre a malta jovem, cada vez menos numerosa
e mais imatura, pode ser uma solução para o grave problema laboral que
a tantos, infelizmente, afecta. De facto, são legião os que não
conseguem um primeiro emprego e, por isso, se vêem obrigados a
emigrar, ou a uma frustrante inactividade. Ora a questão
resolver-se-ia facilmente, se se arremetesse contra o farisaísmo do
contrato de trabalho, tal como se derrotou, ao que parece com êxito, o
pacto nupcial.

Por que razão muitas empresas resistem a admitir novos trabalhadores?
Porque os encargos decorrentes da admissão de mais um assalariado são,
por exigência do contrato de trabalho, excessivos. Com efeito, a
entidade empregadora fica de tal modo onerada, ante o Estado, a
Segurança Social e o próprio trabalhador que, muitas vezes, não é
comportável um tal encargo financeiro.
Mas há uma fácil solução: basta desregular o compromisso laboral, em
benefício dos agentes sociais, ou seja, substituir o contrato de
trabalho tradicional pela união livre de patrão e operário. Se há
liberdade, sem compromisso, para o amor, porque não para o trabalho?!
Se o proletário é, etimologicamente, o que gera filhos e quem os faz
faz por amor, reconheça-se-lhe a mesma liberdade, sem obrigações, na
actividade laboral.

Que hipocrisia ir trabalhar quando não apetece nada! Que absurdo pagar
um salário, quando não é isso que verdadeiramente se deseja e sente!
Implemente-se, pois, a gestão por amor: o empresário deve ser livre,
como libérrimo o assalariado. Este que apareça quando quiser, sem
qualquer dever, e aquele remunere-o também quando e como entenda, sem
imposição alguma, sem a tirania de umas cláusulas contratuais, que a
volatilidade dos sentimentos pode ter tornado horrivelmente obsoletas.
Que belo seria o trabalhador poder exclamar: "Trabalho onde e como o
meu coração quiser!" Que romântico seria o patrão poder dizer, com
aquela poética descontracção com que se troca uma esposa cinquentona
por uma secretária de vinte e cinco anos: "Eu dou o ordenado a quem eu
amar!"

Depois da revolução matrimonial, venha agora a revolução laboral. E
quando, por fim, a humanidade se tiver libertado de todos os códigos
morais e legais, não serão necessários mais contratos de casamento ou
de trabalho porque, finalmente, na família e na sociedade, se
observará, escrupulosamente, a lei da selva.

GONÇALO PORTOCARRERO DE ALMADA

--

---
Recebeu esta mensagem porque está inscrito no grupo "Pensantes" dos Grupos do Google.

Para anular a subscrição deste grupo e parar de receber emails deste grupo, envie um email para pensantes1+unsubscribe@googlegroups.com.
Para mais opções, consulte https://groups.google.com/groups/opt_out.

quarta-feira, setembro 04, 2013

# A espiritualidade beneditina e o prazer em viver

Longo, e faz pensar profundamente...
----------------------------------------------------------------------

«Quem é o homem que tem prazer na vida?» São Bento tenciona mostrar,
na sua Regra, um caminho para a vida. Como é que a vida dá resultado?
Como podemos ganhar prazer na vida?

Esta questão move hoje muitas pessoas. A nossa cultura virada para o
divertimento não pretende mais nada do que viver e viver depressa e de
preferência com condições agradáveis. Mas a resposta que as pessoas
dão hoje à questão da vida é frequentemente uma fraca ajuda para viver
realmente. A vida gasta-se depressa quando queremos ter tudo de
imediato. E torna-se a qualquer momento demasiado barata, quando tudo
é de fácil acesso. A fixação em nos divertirmos arruína o
divertimento. Ele torna-se vazio e, com o tempo, aborrecido. Ele não
preenche o desejo dos homens. O homem torna-se objeto de animação.

São Bento dá a resposta à questão do prazer de viver com o versículo
de um salmo: «Se queres ter uma vida verdadeira e eterna, guarda a tua
língua do mal e os teus lábios das palavras mentirosas! Desvia-te do
mal e faz o bem; procura a paz e segue-a! Se fizerdes isso, os meus
olhos olharão para vós e os meus ouvidos ouvirão as vossas preces; e
antes de chamarem por mim, digo-vos Eu: olhai, Eu estou aqui».

O prazer de viver não significa apenas a procura da satisfação
pessoal. Para experimentar o prazer de viver, eu preciso de
disciplina. Eu tenho de aprender a arte da vida. E ela implica ter
contenção nas palavras, na língua. A língua corresponde aqui a cada
declaração que se faz.

Jesus diz: «Nada do que vem de fora para o Homem o pode tornar impuro;
só aquilo que sai do Homem é que o torna impuro» (Mc 7,15). Temos de
prestar atenção ao que está em nós. Não devemos deixá-lo à solta. É
preciso lutar para transformar o nosso interior, para que aquilo que
nós dizemos e fazemos sirva a vida em vez de a destruir.

Quem procura a vida deve evitar o mal, afastar-se dos maus e fazer o
bem. O mal prejudica a vida, uma vez que possui o homem. Mal é tudo o
que é despropositado, contrário à natureza, destrutivo e
desconcertante. Disso o homem deve afastar-se. Em latim diz-se:
«deverte a malo»Trata-se de retrocesso, afastamento e abandono. É
condição para nos virarmos para o bem e para o realizarmos. Não na
medida em que eu procuro continuamente aquilo que me faz bem, mas na
medida em que eu faço o bem, experimento a vida. Na realização do bem
torno-me vivo. E, nesse caso, a vida floresce em mim.

São Bento vê outro pressuposto para procurar e perseguir a paz
(sequere, em latim). O monge deve procurar em todo o lado a presença
da paz. O que é que está ao serviço da paz? Estou em paz comigo mesmo,
com a criação, com as pessoas? Que recompensa tenho eu por espalhar a
paz?

O monge deve estar atento a tudo o que conduza à paz. Quando ele
espalha a paz à sua volta, então experimenta a vida. Ele semeia a paz
neste mundo. A sua vida torna-se importante para este mundo. Então -
como diz São Bento - sentirá à sua volta a presença amorosa e
tranquilizadora de Deus. A resposta de Deus com a sua proximidade
purificadora e tranquilizadora será para ele uma experiência real de
vida. Rodeado pelo amor de Deus, terá prazer na vida.

São Bento encerra o seu convite para a arte da vida com esta frase:
«Querido irmão, o que nos poderá dar mais satisfação do que a palavra
de Deus, que nos convida? Vede: na sua bondade, Deus mostra-nos o
caminho da vida».

Hoje em dia, há um grande desejo de viver, sobretudo por parte dos
jovens. Eles querem experimentar a vida a todo o custo. Mas, muitas
vezes, confundem vida com vivência. Eles pensam que o recheio da vida
está no facto de terem muitas vivências. São Bento remete-nos para o
Senhor que nos mostra o caminho da vida e o caminho para a vida. O
evangelista Lucas descreveu Jesus como o líder e o instigador da vida.
Ele precede-nos no caminho da vida. Se o seguirmos, experimentamos o
que a vida é na realidade.

São Bento escolhe aqui, de novo, a palavra «dulcis = doce». Significa
sempre a experiência interior, na tradição espiritual. A palavra do
Senhor deixa-nos um gosto doce e agradável. Quem recebe em si a
palavra de Deus, experimenta um novo sabor na vida. Tudo é doce.

A vida não está dependente da quantidade das vivências, mas da sua
qualidade. A arte da vida implica viver cada momento, estar atento a
si próprio, estar em sintonia consigo e com o mundo, compreender com
todos os sentidos. Quando estou de posse dos meus sentidos,
experimento tudo o que vem ter comigo de uma forma intensa. Então vejo
em tudo o segredo, vejo em todas as coisas o Deus invisível. Quando
ouço plenamente, ouço o que é inaudível.

A vida não é, antes de mais, consumir, mas percecionar, sentir, provar
e saborear. Não é a quantidade de coisas que eu tomo para mim que
decidem se eu vivo realmente, mas o modo como eu perceciono e
experimento aquilo que me é oferecido. Tem a ver, sobretudo, com a
intensidade da vida. E essa precisa de sossego, serenidade, liberdade,
admiração, entrega àquilo que verdadeiramente é importante.

Logo no prólogo, São Bento remete-nos para a palavra da Sagrada
Escritura, para nos mostrar o caminho da vida. Juntamente com os
salmos, ele cita as palavras que encerram o Sermão da Montanha, como
sendo o verdadeiro caminho da vida: «Todo aquele que ouve as minhas
palavras e as põe em prática pode comparar-se ao homem sensato que
construiu a sua casa sobre a rocha. Caiu muita chuva, vieram as cheias
e os ventos sopraram com força contra aquela casa. Mas ela não caiu,
porque os seus alicerces estavam assentes na rocha» (Mt 7,24).

São Bento está convencido de que a palavra de Jesus nos abre o caminho
para a vida. A Igreja primitiva via no Sermão da Montanha um resumo
dos ensinamentos de Jesus. Quem segue o Sermão da Montanha encontra a
verdadeira vida. O Sermão da Montanha é uma interpretação do
Pai-Nosso. O Pai-Nosso está precisamente no centro do Sermão da
Montanha. E os parágrafos do Sermão correspondem às preces do
Pai-nosso.

O novo comportamento, que Jesus nos põe diante dos olhos, nasce da
oração. Jesus não apresenta nenhuns princípios morais. Ele mostra-nos
como a pessoa pode viver muito mais quando vive a partir da
experiência da oração. O comportamento brota da oração. E, por sua
vez, a nossa oração não é algo sem compromisso. Arrasta para novas
formas de comportamento.

A expressão beneditina «ora et labora» tem o seu fundamento no Sermão
da Montanha. No Pai-Nosso ficamos a saber que somos filhas e filhos de
Deus. Enquanto filhas e filhos de Deus lidaremos de forma diferente
com as nossas necessidades e com as nossas emoções. No Sermão da
Montanha, Jesus dá-nos conselhos para uma vida que sara as feridas que
dilaceram a sociedade. Para São Bento, o Sermão da Montanha é o
caminho para uma convivência pacífica em sociedade. É a fonte da paz
para este mundo.

A parábola da casa na rocha é utilizada num sermão de João Crisóstomo,
como prova da sua tese: «Ninguém te pode magoar a não ser tu mesmo.»
Aquele que constrói a sua casa na rocha não pode ser prejudicado pelas
tormentas interiores e exteriores. As tormentas de emoções que correm
para ele não o magoam. As pessoas que lutam contra ele, que o difamam,
que intrigam contra ele, não têm qualquer poder sobre ele. A sua casa
permanece de pé.

O seu fundamento não está em ser amado pelos homens, mas por Cristo.
Numa comunidade acabamos sempre por ser magoados. Aí, temos por vezes
a sensação de que estamos num pântano de emoções, numa maré de
agressões reprimidas e de necessidades oprimidas. Muitos sucumbem a
esta maré. Jesus está convencido de que as tormentas e marés não nos
podem fazer mal se nós tivermos construído a nossa casa na rocha das
suas palavras.

As emoções que correm para nós, remetem-nos sempre para o fundamento
da nossa vida. Elas desafiam-nos a ver o nosso fundamento, não nos
sentimentos nem nas relações, nem nas estruturas ou no desempenho, mas
em Deus. Só então sobreviveremos, sem danos, à maré cheia.

Com a parábola da casa construída na rocha, São Bento remete-nos para
o verdadeiro fundamento da nossa vida. É o próprio Cristo. Quando
construímos a nossa casa em Cristo, encontramos o caminho para a
verdadeira vida, então aprendemos a ter prazer na vida, sempre e em
todo o lado, mesmo nas tormentas que nos assaltam, mesmo nas marés de
emoções que se abatem sobre nós diariamente. Cristo, como fundamento
da casa da nossa vida, oferece-nos segurança e liberdade,
tranquilidade e serenidade, em todos os contratempos da vida.

Uma condição decisiva para experimentarmos realmente a vida é que não
nos magoemos continuamente. Há muitos que tornam a sua vida difícil,
porque se deixam sempre magoar ou porque se magoam a si mesmos. Eles
desvalorizam-se, sentenciam-se, culpabilizam-se, procuram em si mesmos
a razão de cada conflito que acontece. Ou então deixam-se magoar pelos
outros, permitindo que tenham demasiado poder sobre eles. Tornam-se
completamente dependentes das doações de uma pessoa.

Quando vejo numa outra pessoa a minha salvação ou a minha cura estou a
magoar-me a mim mesmo. Pois nenhuma pessoa pode corresponder a estas
expectativas. Apenas Cristo é o meu Salvador e em mais ninguém eu devo
projetar as minhas esperanças.

João Crisóstomo pensa que não são as pessoas que nos magoam mas a
ideia que fazemos delas. Quando eu identifico uma pessoa com uma
imagem arquetípica, como por exemplo com a imagem do salvador, do
purificador, do auxiliador, tenho uma representação falsa dessa
pessoa. Vejo nela coisas que só pertencem a Deus. Com esta visão quase
religiosa das pessoas, acabo por me magoar. Pois as pessoas nunca
corresponderão às minhas imagens, à ideia que eu faço delas.

Jesus convida-nos a vermo-nos corretamente e a vermos os outros
corretamente. Mas só me posso ver corretamente, a mim e aos outros,
quando tenho o meu fundamento em Cristo, quando coloco toda a minha
esperança em Cristo e espero dele purificação e vida.

São Bento não deseja impor nada duro e difícil aos monges. Quando a
vida numa comunidade monástica parece por vezes dura, então ele
encoraja: «Não te deixes perturbar pelo medo e não fujas do caminho da
purificação; no início ele pode parecer estreito. Mas quem progride na
vida monástica e na fé, verá o seu coração tornar-se largo, enquanto
percorre o caminho dos mandamentos de Deus na alegria indizível do
amor».

O caminho da purificação, no qual nos tornamos puros e completos, está
em conformidade com «o caminho estreito» de que falava Jesus (Mt
7,13). O caminho largo é o caminho que todos percorrem. O caminho
estreito é o caminho em que eu vivo todas as minhas vocações pessoais,
em que vou crescendo na imagem que Deus pensou para mim. Para
encontrar o meu próprio caminho tenho de atravessar a porta estreita
que me foi destinada para chegar à plenitude.

Franz Kafka conta a história de um homem que queria atravessar os
portões de um castelo. Mas o porteiro impedia-o. Ele esperou diante da
porta até ficar velho e doente. Quando estava a morrer, o porteiro
fechou o portão dizendo: «Este portão era destinado só a ti.»

Há muitas pessoas que, durante toda a sua vida, não atravessam a porta
que as conduz à vida. Preferem outras. Ou então têm medo de atravessar
a porta estreita. Elas receiam os esforços, o ter de incomodar o
porteiro até que ele as deixe passar. A porta estreita não é a porta
do trabalho, mas a porta que está destinada só para mim. Para
atravessar esta porta preciso de me desfazer das ilusões que fiz de
mim.

O caminho espiritual, como São Bento o entende, liberta-me de todo o
lastro que eu transporto comigo, para poder entrar pela porta estreita
para o caminho da purificação, o caminho que me conduz à pureza, o
caminho no qual eu me tomo eu próprio. Este caminho conduz-me à
plenitude.

São Bento adota a imagem do coração grande dos Padres da Igreja.
Ambrósio pensa que apenas o coração grande oferece espaço a Deus para
lá morar. E Cassiano está convencido de que apenas um coração grande
pode alcançar a serenidade e encontrar a paz interior.

A pessoa com um coração pequeno toma-se cobarde e impaciente. Quando a
cascata de agressões e depressões correm para o coração pequeno, ele é
inundado por elas. Quando o coração se tornou grande através do amor,
as marés de emoções rapidamente fenecem nele. Só um coração grande
pode experimentar a abundância da vida. Um coração pequeno é demasiado
estreito para a riqueza da vida. Fechar-se-á com medo das normas de
conduta, em vez de se entregar à vida.

Santo Agostinho fala do amor e da alegria que toma o coração grande.
São Bento encontrou a expressão do coração grande certamente no Salmo
119,32. São Bento gosta deste salmo. Quem reflete sobre os mandamentos
de Deus, quem medita no amor de Deus, verá que o seu coração se torna
grande. Quem realmente experimentou Deus, recebe um coração grande. O
coração grande é sinal de verdadeira espiritualidade.

A grandeza de São Bento seria hoje benéfica para a nossa Igreja. No
seu seio, experimenta-se hoje muita pequenez e medo. Os bispos têm
medo que os cristãos façam meditação segundo padrões orientais e têm
dificuldade em dialogar com outras religiões.

Muitas das discussões da Igreja desenrolam-se em volta de temas
laterais, de problemas de estrutura, de leis e de rubricas sobre como
celebrar um serviço religioso. Em tais discussões sinto a falta da
grandeza da espiritualidade. As pessoas espirituais são sempre grandes
pessoas. Elas pensam no modo como devem continuar o caminho da
humanidade, nas questões mais importantes do nosso tempo e em como
podemos responder-lhes, em sintonia com Cristo. Um coração grande é
terreno fecundo para discussões. Trata-se da vida, do essencial. De
que forma é que a vida vale a pena? Como podemos viver no mundo uns
com os outros em clima de dignidade e atenção? De que bagagem
necessitamos para percorrer o caminho do terceiro milénio?

O coração grande é uma condição para a experiência da vida verdadeira.
A outra marca é a alegria indizível do amor. Em latim está escrito:
«inenarrabili dilectionis dulcedine = a indescritível doçura do amor»
O amor tem um gosto doce. Em alemão a palavra doce (süß) perdeu o seu
sentido.«Dulcedo» é para os latinos o mesmo que amor. O amor é doce.
Tem um sabor doce. Os latinos sabiam que o amor ao homem empresta
outro sabor, ao contrário do ódio que faz o homem amargo. Para os
latinos, a sabedoria está no sabor (Sapientia). Quem saboreia a
essência, é sábio. Quem ama sente um sabor doce e agradável, um sabor
amoroso. Quem ama saboreia a vida. Na tradição espiritual, a «dulcedo
Dei = A doçura de Deus» desempenha um papel importante.

A experiência de Deus deixa no homem um sabor doce. A«dulcedo Dei»
relaciona-se sempre com a experiência interior de Deus nos próprios
corações. Deus não é o sentimento. Mas deixa os seus vestígios no
sentimento. Não conseguimos ver Deus, mas podemos saboreá-lo. O sabor
doce é a experiência mais profunda de Deus que nos é possível.

Para o papa São Gregório Magno, a doçura interior é fruto da
contemplação. Ele diz que a alma não existe sem alegria. A alegria
indestrutível é a alegria espiritual. Na contemplação, a alma é
penetrada por uma doçura inenarrável. São Bento entende esta doçura i
da experiência de Deus, quando se refere à inenarrável«dulcedo» do
amor.

Os Padres da Igreja veem a transformação da água salgada em água doce
como uma imagem da ação de Jesus Cristo (cf. Ex 15,22-25). O tronco
que Moisés atira à água salgada é para os Padres da Igreja um símbolo
da cruz. Cristo transformou toda a amargura deste mundo em doçura. Na
cruz, Cristo amou-nos até à perfeição. Este amor que tudo abrange
transforma a nossa amargura num gosto doce e agradável.

Através do encontro com Cristo, o nosso sentimento de vida
transforma-se. Os sentimentos venenosos dissolvem-se. A vida não tem
sempre um sabor amargo, mas doce. Santo Agostinho encontrou esta
experiência no versículo do salmo «Quam magna multitudo dulcedinis
tuae, domine[Quão grande é a tua doçura, Senhor]» (Salmo 31[30],20
segundo a tradução da Vulgata). Este doce sabor da vida já não pode
ser expresso em palavras. Mas todo o nosso desejo vai na direção deste
doce sabor do amor. É aí que reside a vida.

O caminho para esta glória do amor passa, para São Bento, pelos
mandamentos de Deus, pelas instruções do Senhor. Mas não é um caminho
penoso, é um passeio. Quem saboreou a vida, percorre calmamente o seu
caminho, tudo lhe vai ter à mão.

Para as muitas promessas de qualidade de vida e de abundância, que
hoje encontramos por todo o lado, São Bento podia mostrar-nos um
caminho realizável para preenchermos o nosso desejo de viver. Não é um
caminho rápido e barato, mas um caminho que no início custa algum
esforço. Pois, neste caminho, temos de abandonar muitas ilusões. Temos
de aprender aquilo que é realmente vida. A vida é a capacidade de
estar totalmente em cada momento, é viver intensivamente. E viver está
na grandeza do coração e na doçura do amor. A vida tem sabor. Com um
coração grande posso experimentar a grandeza e a liberdade da vida.
Mas o caminho para esta grandeza do coração atravessa a estreiteza da
ordem e da renúncia. Para poder saborear, tenho de aprender a
renunciar. Para me tornar grande, tenho de atravessar a estreiteza. Só
em alguém que está preparado para se ligar a uma comunidade concreta -
seja uma comunidade monástica limitada, seja o casamento e a família -
é que o coração se torna grande.

A verdadeira qualidade de vida está em experimentar a grandeza do
coração no meio da pequenez do dia a dia. Quando eu percorro os
conflitos diários e a pequenez que me rodeia, com este grande coração,
torno-me vivo e livre. E ninguém me pode tirar essa grandeza da vida.


http://www.snpcultura.org/espiritualidade_beneditina_e_o_prazer_em_viver.html

Anselm Grün
In Bento de Núrsia - Mestre da espiritualidade, ed. Paulinas
04.09.13

--

---
Recebeu esta mensagem porque está inscrito no grupo "Pensantes" dos Grupos do Google.

Para anular a subscrição deste grupo e parar de receber emails deste grupo, envie um email para pensantes1+unsubscribe@googlegroups.com.
Para mais opções, consulte https://groups.google.com/groups/opt_out.

terça-feira, setembro 03, 2013

# Facebook pode ser a causa da sua infelicidade

Jornal I online
http://www.ionline.pt/artigos/mundo/facebook-pode-ser-causa-da-sua-infelicidade

Investigadores alertam para lado negro da rede social

Se anda infeliz, o Facebook pode ser a causa do seu estado de
espírito. Um estudo norte-americano afirma que ir muitas vezes àquela
rede social faz mal à auto-estima. "À superfície o Facebook oferece um
recurso inestimável para preencher as necessidades humanas de uma
ligação social. Mas em vez de aumentar o bem estar, verificamos que o
uso do Facebook produz o resultado oposto: prejudica-o", explica Ethan
Kross, psicólogo social da Universidade de Michigan, nos Estados
Unidos, e responsável por esta investigação.

O psicólogo seguiu 82 estudantes universitários durante duas semanas e
todos os dias depois de irem ao Facebook, Ethan Kross perguntava-lhes
qual o seu estado de espírito e aresposta era sempre a mesma: mal.
"Quanto mais usam o Facebook, mais em baixo ficavam", conta Ethan
Kross, citado pelo "LA Times".

Segundo ele, "o Facebook e as redes sociais representam uma nova forma
através da qual as pessoas interagem, e estamos apenas a arranhar a
superfície de como funcionam essas interacções e como nos afectam",
refere o psicólogo.

Embora não tenham descoberto a causa que provoca a infelicidade aos
utilizadores do Facebook, os investigadores alertam para um lado menos
positivo da rede social capaz de despertar sentimentos de inveja e até
depressões a quem utiliza o Facebook.

--

---
Recebeu esta mensagem porque está inscrito no grupo "Pensantes" dos Grupos do Google.

Para anular a subscrição deste grupo e parar de receber emails deste grupo, envie um email para pensantes1+unsubscribe@googlegroups.com.
Para mais opções, consulte https://groups.google.com/groups/opt_out.

# Estágios não-remunerados: prancha para o sucesso ou escravatura moderna?

Muitos jovens vêem-se obrigados a optarem por períodos à experiência
sem qualquer vencimento no final do mês.

Moriz Erhard era um jovem alemão de 21 anos que morreu depois de
trabalhar 72 horas consecutivas na sucursal do Bank of America em
Londres. A morte do estagiário de Economia veio relançar a polémica
relativamente às condições de trabalho que os jovens enfrentam quando
terminam a formação superior.

Bernardo Almeida, emigrante português na Noruega, contou ao PÚBLICO
que "nos bancos de investimento o estagiário faz trabalho chato e
repetitivo, mas acaba por aprender imenso". Bernardo adianta ainda que
caso a instituição goste do trabalho do estagiário, o mais provável é
este ser convidado para integrar a empresa enquanto analista, cargo
que possui uma remuneração significativa.

Frederico Aragão, assessor de imprensa, revelou ao PÚBLICO que passou
por diversos estágios não remunerados até obter um contrato de
trabalho: "É fundamental saber distinguir as verdadeiras intenções das
empresas para assim não criarmos ilusões. Experiência é sempre algo
positivo… mas isso não quer dizer que um estagiário possa ficar para
sempre como apenas isso, um mero estagiário. Ninguém vive apenas do ar
que respira."

Numa altura em que a taxa de desemprego continua elevada (16,5%) e a
taxa de desemprego jovem em Portugal está acima dos 40%, são inúmeros
os relatos de recém-licenciados (e até mesmo de pessoas com o mestrado
concluído) que não têm outra alternativa se não submeter-se a estágios
não remunerados para ganharem experiência no mercado de trabalho e
mais tarde tentarem integrar os quadros das empresas. Porém, o que
pode ser visto como uma possível prancha para a construção de uma
carreira, é muitas vezes aproveitado pelas entidades empregadoras como
um modo de obterem mão-de-obra gratuita, ainda que durante um período
temporário.

Em Portugal, mais de 100 mil pessoas fizeram estágios em 2012, ao
abrigo dos programas de Emprego, co-financiados pelo Instituto do
Emprego e Formação Profissional (IEFP). Mas a realidade será muito
mais vasta, porque é possível as empresas recorrerem a estagiários,
sem comunicarem a nenhuma entidade pública. Segundo a lei, os estágios
extracurriculares e profissionais com duração até três meses podem ser
não remunerados. Um estágio (cujo período máximo é de um ano) só tem
de ser pago se tiver uma duração acima de três meses. O valor de
referência é o Indexante dos Apoios Sociais (IAS), actualmente de
419,22 euros, acrescido de um subsídio de refeição/dia.

"Em áreas com grandes massas de qualificados, como é o caso do
jornalismo, o número de candidatos é de tal modo elevado que é
impossível aos organismos absorver toda a mão-de-obra. Essa excedência
de candidatos acaba por permitir e justificar, que, de facto, muitos
empregadores usem os estágios não remunerados para completar as suas
necessidades reais, que muitas vezes não estão satisfeitas devido à
crise económica que o país atravessa", afirma Aurora Nunes,
ex-jornalista.

De acordo com os dados fornecidos ao PÚBLICO pela Autoridade para as
Condições do Trabalho, os inspectores fizeram 64 advertências e
levantaram 219 procedimentos coercivos (multas e participações ao
Ministério Público) em 2012 pelos chamados casos de "dissimulação de
contrato de trabalho", seja através de figuras como a falsa prestação
de serviços, os falsos estágios remunerados ou outros tipos
contratuais.

Também há experiências positivas
Mas nem todas as experiências são negativas. Vítor Monteiro, finalista
do Mestrado Integrado em Engenharia Civil na Faculdade de Engenharia
da Universidade do Porto (FEUP), estagiou na IncubIT, empresa
especializada na formação de empreendedores, e afirmou ao PÚBLICO o
quão gratificante foi a experiência: "Fiz um grande esforço em termos
de gestão de tempo, mas acredito que ganhei muito mais do que o que
tive de investir."

Francisco Telo Rasquilha, aluno de mestrado na Católica Lisbon School
of Business & Economics, iniciou recentemente um estágio não
remunerado numa instituição financeira, e é da mesma opinião:
"Oferecem-me condições flexíveis, com um horário agradável e um bom
ambiente de trabalho."

David Passão, recém-licenciado em Cardiopneumologia pelo Instituto
Politécnico de Lisboa, passou por uma experiência positiva no período
de estágio e afirma que foi explorado: "Os meus orientadores tiveram
que dispensar algum do seu tempo para me acompanhar e nesse sentido os
estágios que frequentei foram extremamente frutíferos. " Também Diogo
Galvão, que chegou a realizar um estágio não remunerado na Portugal
Telecom, defende que "não há salário/bolsa de estágio que pague as
amizades e projectos" que desenvolveu durante esse período.

Com a falta de emprego em Portugal, muitos jovens partem para o
estrangeiro à procura de oportunidades. Mas muitos dos que ficam
acabam por fazer estágios não remunerados para não ficarem parados,
ainda que não tenham quaisquer promessas de integração.

"Depois de passarmos anos a estudar e a sermos sustentados pelos
nossos pais, o que queremos acima de tudo é a nossa independência",
destaca Benedita Telles, uma jovem enfermeira que está a tentar
conseguir um lugar na sua área. "Nós, enquanto estagiários, fazemos
muito mais para além das nossas competências, e acabamos, na maior
parte dos casos, por ser escravos dos profissionais".

JOSÉ MARIA PINHEIRO 03/09/2013 - 17:00
http://www.publico.pt/economia/noticia/estagios-naoremunerados-prancha-para-o-sucesso-ou-escravatura-moderna-1603743

--

---
Recebeu esta mensagem porque está inscrito no grupo "Pensantes" dos Grupos do Google.

Para anular a subscrição deste grupo e parar de receber emails deste grupo, envie um email para pensantes1+unsubscribe@googlegroups.com.
Para mais opções, consulte https://groups.google.com/groups/opt_out.

# Reino Unido tentou vender armas químicas à Síria, mas UE não deixou

Só as sanções da UE à Síria impediram que os químicos utilizados no
fabrico de sarin chegassem àquele país

O governo britânico foi acusado de ter mostrado "uma lassidão
assustadora" no controlo de armas depois de ter sido revelado que
responsáveis do executivo autorizaram o ano passado a exportação de
dois agentes químicos para a Síria que são componentes importantes no
fabrico do gás venenoso sarin.

O responsável pelo ministério dos Negócios, Vince Cable, foi ontem
chamado ao parlamento para explicar aos deputados como foi possível
que uma empresa britânica tenha obtido licenças de exportação, por um
período de seis meses, para fazer chegar à Síria substâncias de
dupla-utilização quando a guerra civil no país estava no auge e havia
receios de que o regime pudesse vir a usar armas químicas contra a sua
população.

O Departamento para os Negócios e Inovação insistiu, no entanto, que
apesar de terem sido concedidas as ditas licenças a uma empresa não
identificada do Reino Unido, em Janeiro de 2012, as substâncias nunca
chegaram à Síria devido às apertadas sanções que a União Europeia
impôs contra o governo daquele país. E o porta-voz do
primeiro-ministro, David Cameron, disse que a situação só vinha
demonstrar que "o sistema está a funcionar", porque, no final, aqueles
materiais não chegaram à Síria e as licenças acabaram por ser
revogadas em Julho de 2012. As vozes críticas da actuação do
ministério encabeçado por Cable - que diz que recebeu garantias de que
os químicos seriam usados no fabrico de esquadrias de metal e de
divisórias dos chuveiros - preferiram sublinhar que, aparentemente,
foi por um mero acaso que estas substâncias não chegaram à Síria.

A revelação de que a exportação de fluorido de potássio e fluorido de
sódio foi autorizada, coincidiu com o anúncio do secretário de Estado
norte-americano, John Kerry, de que os EUA têm provas de que o gás
sarin foi usado num suposto ataque por parte do regime de Bashar
al-Assad a um subúrbio a leste de Damasco (Ghouta), controlado pelos
rebeldes, no qual morreram mais de 1400 pessoas, incluindo várias
crianças.

Depois de Kerry ter anunciado que foram descobertos vestígios do gás
venenoso em amostras de cabelo, sangue e solo entregues directamente a
Washington por activistas sírios, ontem o governo francês adiantou que
iria disponibilizar ao parlamento um dossier que prova não apenas que
o governo sírio tem armazenadas enormes quantidades de armas químicas
como foi responsável pelo ataque de 21 de Agosto no qual morreram 281
pessoas.

Tanto a administração Obama como o governo do presidente francês,
François Hollande, têm pressionado as instituições políticas EUA e na
França para que aprovem uma acção militar contra Damasco. Enquanto
isso, a Síria pediu às Nações Unidas que intervenha para "prevenir
qualquer agressão" contra o país, negando o seu envolvimento no ataque
e culpando os rebeldes - hipótese que foi também ventilada por outras
fontes. Uma correspondente da agência norte-americana Associated Press
(AP), Dale Gavlak, afirmou que nas entrevistas que conduziu no bairro
onde o gás venenoso fez centenas de vítimas, tanto residentes como
elementos das forças rebeldes confirmaram que o que se passou no dia
21 foi "um acidente" que ocorreu porque os rebeldes não souberam
manipular as armas químicas que receberam da Arábia Saudita.

http://www.ionline.pt/artigos/mundo/reino-unido-tentou-vender-armas-quimicas-siria-ue-nao-deixou

--

---
Recebeu esta mensagem porque está inscrito no grupo "Pensantes" dos Grupos do Google.

Para anular a subscrição deste grupo e parar de receber emails deste grupo, envie um email para pensantes1+unsubscribe@googlegroups.com.
Para mais opções, consulte https://groups.google.com/groups/opt_out.

segunda-feira, setembro 02, 2013

# Desempregados retiraram três toneladas de lixo do estuário do Douro

http://www.jn.pt/paginainicial/pais/concelho.aspx?Distrito=Porto&Concelho=Porto&Option=Interior&content_id=3398767

Alberto, 36 anos, Rui, 31, Jorge, 50, e Amaro, 48, não têm trabalho
fixo há meses. Viviam do Rendimento Social de Inserção e de biscates
que iam conseguindo. Alberto, que fez o sexto ano já adulto, e Rui,
que já foi tratador do zoo de Santo Inácio, chegaram a ir até Espanha
para garantir sustento. Jorge trabalhou numa fábrica em Matosinhos que
fechou, "não ficando a dever nada a ninguém". Amaro, mais recatado,
nada diz sobre o seu passado. Apenas afirma, com ar firme, que gosta
da natureza, logo gosta desta ocupação.

Há sete meses que os quatro homens cuidam, entre as 8.30 e as 17.30
horas, do estuário do Douro, no Cabedelo, em Canidelo, em Gaia. A sua
função principal é livrar a reserva natural de espécies infestantes,
sobretudo chorões, mas acabam por limpar a zona (onde já se observaram
217 espécies) de todo o tipo de lixo: em três meses, retiraram três
toneladas.

--

---
Recebeu esta mensagem porque está inscrito no grupo "Pensantes" dos Grupos do Google.

Para anular a subscrição deste grupo e parar de receber emails deste grupo, envie um email para pensantes1+unsubscribe@googlegroups.com.
Para mais opções, consulte https://groups.google.com/groups/opt_out.