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PENSANTES

Outros pensamentos, ideias e palavras que nos fazem pensar...

quinta-feira, abril 26, 2012

# Saudi mufti okays marriage for 10 year old girls

http://www.theworldobserver.com.au/index.php?option=com_content&view=article&id=3209:saudi-mufti-okays-marriage-for-10-year-old-girls&catid=54:around-the-world&Itemid=188

Saudi Arabia's Grand Mufti okayed marriage for girls starting at age
10 and criticized those who want to raise the legal marriageable age,
according to news reports.

Sheikh Abdul-Aziz Al al-Sheikh said a girl becomes ready for marriage
at 10 or 12 according to Islam and stressed that Islamic law is not by
any means oppressive to women, the London-based al-Hayat reported
Wednesday.

"Those who call for raising the age of marriage to 25 are absolutely
mistaken," al-Sheikh said in a lecture he gave at the faculty housing
mosque of Imam Mohamed bin Saud Islamic University in Riyadh.

"Our mothers and grandmothers got married when they were barely 12.
Good upbringing makes a girl ready to perform all marital duties at
that age."

Al-Sheikh's statements came in response to a question from a female
attendee about marrying minor girls without their consent.

The Saudi National Human Rights Association (NHRA) has criticized the
prevalence of the marriage of minors in the kingdom and considered it
a violation of childhood. The association has sought to work with
authorities to curb the practice and protect children's rights.

NHRA stressed that underage marriages are also a breach of several
United Nations treaties including the Child Rights Treaty, which Saudi
signed in 1996 and the Treaty for the Rights of Women that the kingdom
joined in 2000.

Last year a similar fatwa, or religious ruling, by Salafi preacher
Sheikh Mohamed al-Maghrawi allowing girls as young as nine to marry
was condemned by Morocco's Supreme Scientific Council. The council
said it lacked religious validity because it was based on only one
case—the marriage of Prophet Mohamed (pbuh) to Aisha bint Abu-Bakr.

terça-feira, abril 24, 2012

# Idosos fogem da Holanda com medo da eutanásia

Notícia da Deutsche Welle
http://www.dw.de/dw/article/0,2144,1050812,00.html

Asilo na Alemanha converte-se em abrigo para idosos que fogem da
Holanda com medo de serem vítimas de eutanásia a pedido da família.
São quatro mil casos de eutanásia por ano, sendo um quarto sem
aprovação do paciente.

Eutanásia praticada numa unidade de terapia intensiva
O novo asilo na cidade alemã de Bocholt, perto da fronteira com a
Holanda, foi ao encontro do desejo de muitos holandeses temerosos de
que a própria família autorize a antecipação de sua morte. Eles se
sentem seguros na Alemanha, onde a eutanásia tornou-se tabu depois que
os nazistas a praticaram em larga escala, na Segunda Guerra Mundial,
contra deficientes físicos e mentais e outras pessoas que consideravam
indignas de viver.

A Holanda, que foi ocupada pelas tropas nazistas, ao contrário, é
pioneira em medidas liberais inimagináveis na maior parte do mundo,
como a legalização de drogas, prostituição, aborto e eutanásia. O povo
holandês foi o primeiro a ter o direito a morte abreviada e assistida
por médicos. Mas o medo da eutanásia é grande entre muitos holandeses
idosos.

Estudo justifica temores – Uma análise feita pela Universidade de
Göttingen de sete mil casos de eutanásia praticados na Holanda
justifica o medo de idosos de terem a sua vida abreviada a pedido de
familiares. Em 41% destes casos, o desejo de antecipar a morte do
paciente foi da sua família. 14% das vítimas eram totalmente
conscientes e capacitados até para responder por eventuais crimes na
Justiça.

A Corte Européia dos Direitos Humanos negou à britânica Diane Pretty o
direito de eutanásia
Os médicos justificaram como motivo principal de 60% dos casos de
morte antecipada a falta de perspectiva de melhora dos pacientes,
vindo em segundo lugar a incapacidade dos familiares de lidar com a
situação (32%). A eutanásia ativa é a causa da morte de quatro mil
pessoas por ano na Holanda.

Margem para interpretação fatal – A liberalidade da lei holandesa
deixa os médicos de mãos livres para praticar a eutanásia de acordo
com a sua própria interpretação do texto legal, na opinião de Eugen
Brysch, presidente do Movimento Alemão Hospice, que é voltado para
assistência a pacientes em fase terminal, sem possibilidades
terapêuticas. Para Brysch soa clara a regra pela qual um paciente só
pode ser morto com ajuda médica se o seu sofrimento for insuportável e
não existir tratamento para o seu caso. Mas na realidade, segundo ele,
esta cláusula dá margem a uma interpretação mais liberal da lei.

Uma conseqüência imediata das interpretações permitidas foi uma grande
perda de confiança de idosos da Holanda na medicina nacional. Por
isso, eles procuram com maior freqüência médicos alemães, segundo Inge
Kunz, da associação alemã Omega, que também é voltada para assistência
a pacientes terminais e suas respectivas famílias.

A lei determina que a eutanásia só pode ser permitida por uma comissão
constituída por um jurista, um especialista em ética e um médico. Na
falta de um tratamento para melhorar a situação do paciente, o médico
é obrigado a pedir a opinião de um colega. Mas na prática a realidade
é outra, segundo os críticos da eutanásia e o resultado da análise que
a Universidade de Göttingen fez de sete mil casos de morte assistida
na Holanda.

segunda-feira, abril 16, 2012

# Uma nova sociedade?

"Em vez duma sociedade assente sobre o capital e o juro podemos idear
uma sociedade fundada sobre o trabalho e o préstimo social.
Em vez duma sociedade assente sobre a fertilidade infinita do dinheiro
podemos idear uma sociedade que saiba distinguir a usura da
fertilidade da natureza, da inteligência e do trabalho.
Em vez duma sociedade assente sobre o direito do mais forte, na livre
concorrência ou na eliminação da concorrência, podemos idear uma
sociedade que ponha ao alto a justiça e a invidabilidade do homem.
Em vez duma sociedade em que o binómio economia-trabalho seja uma
questão, mais propriamente a questão social, podemos idear uma
sociedade em que esse binómio seja uma relação inter-humana normal.
Em vez duma sociedade assente sobre o separatismo entre categorias
sociais que apenas a fortuna distingue e no casticismo abominador de
misturas, podemos idear uma sociedade em que o valor e serviço sejam o
critério de distinção e em que a fraternidade seja o cimento de união,
não entre gente de bem, mas entre gente boa.
Em vez duma sociedade assente sobre o individualismo, utilitarismo e o
amoralismo, ontem proclamados, hoje ainda praticados, podemos idear
uma sociedade em que ao realismo se sobreponha a realidade do homem
moral.
Em vez duma sociedade baseada sobre nacionalismos estreitos de origem
anti-católica e herética, contra o homem-pessoa e contra a Humanidade,
podemos idear uma sociedade de são patriotismo realizador dos valores
humanos, a começar no amor do próximo, até fraternidade universal.
Em vez duma sociedade assente sobre o conceito de que o indivíduo ou o
homem gregário só se realiza, e se realiza totalmente em cidadão,
enquanto os seus valores essenciais de liberdade, personalidade e
solidariedade sejam valores de Estado, quer liberal quer social,
podemos idear uma sociedade em que o homem-pessoa e os corpos naturais
personalizados constituam uma verdadeira sociedade livre e orgânica,
coroada e ultimada em Estado legítimo.
Em vez duma sociedade assente sobre uma religião de tradição nacional
e para o povo, podemos idear uma sociedade humanista em que a dimensão
religiosa seja a expressão mais alta da plenitude pessoal, cultural e
social.Utopia, tudo isto?..." Economismo ou Humanismo, Estudos,
Coimbra, 1958, n.os 365-366, ps. 227-229

António Ferreira Gomes, Bispo do Porto.

terça-feira, abril 10, 2012

# Felicidade das crianças não depende de situação económica

Estudo da Universidade Católica Portuguesa
10.04.2012 - 11:02 Por Paula Torres de Carvalho
http://www.publico.pt/Sociedade/felicidade-das-criancas-nao-depende-de-situacao-economica_1541494

A felicidade das crianças não depende do rendimento económico
familiar, revela estudo (Foto: Nélson Garrido)
O nível do bem-estar geral das crianças está dependente do grau de
educação dos pais e da sua situação relativa ao trabalho, revela um
estudo da professora da Faculdade de Economia e Gestão da Universidade
Católica do Porto, Liliana Fernandes.

A forma subjectiva de expressar esse bem-estar – a felicidade –
"parece não depender" da situação económica, refere a mesma
investigação que serviu de base à tese de doutoramento daquela
professora.

Em declarações ao PÚBLICO, Liliana Fernandes esclarece, contudo, que o
seu estudo não é a nível nacional e as conclusões não podem ser
generalizadas. A investigação foi desenvolvida na Região Norte através
de inquéritos a 1246 crianças entre os oito e os 13 anos e a seus
pais. Para avaliar o bem-estar dos inquiridos foram tidos em conta
factores como o bem-estar material, as condições de saúde e a situação
escolar, as actividades de lazer e recreativas, bem como
características psicobiológicas das crianças.

A felicidade relacionada com a percepção subjectiva das crianças
quanto ao seu bem-estar não depende do rendimento económico da sua
família. A grande maioria das crianças considera-se feliz, tendo-se
colocado no topo da escala de felicidade (de 1 a 10) que lhes foi
apresentada - 57,1% no grau 10; 16,5% no grau 9; 13,7% no grau 8.

Este estudo demonstra que os pais estão muitas vezes convencidos de
que as questões materiais afectam a felicidade dos filhos. Mas,
segundo Liliana Fernandes, "as crianças estão mais distantes das
questões materiais do que esses pais pensam".

# Nem felizes, nem deprimidos: os portugueses "vão andando"

10.04.2012 - 10:42 Por André Jegundo

Liberdade política, laços sociais fortes e a ausência de corrupção são
importantes para a felicidade (Foto: Pedro Cunha)
Os países mais felizes do mundo estão todos no Norte da Europa:
Dinamarca, Finlândia, Noruega. Os mais infelizes são dos mais pobres
da África subsariana: Togo, Benim e República Centro-Africana.

No primeiro Relatório Mundial sobre Felicidade, elaborado pela
Universidade de Colúmbia a pedido das Nações Unidas (ONU), Portugal
ficou classificado no lugar 73, a meio de um ranking com 156 nações,
mas atrás de 22 dos 27 Estados-membros da União Europeia. Apesar de
existir uma ligação entre a riqueza e o bem-estar das pessoas, o
estudo concluiu que factores como liberdade política, laços sociais
fortes e a ausência de corrupção são igualmente importantes.

Os dados deste ranking foram recolhidos entre 2005 e 2011 e, numa
escala de 0 a 10, foi pedido aos entrevistados que avaliassem a
qualidade de vida, sendo 0 a pior vida possível e 10 a melhor vida
possível. No caso de Portugal, a avaliação média de vida dos
entrevistados foi de 5,4, uma classificação que os autores do estudo
descrevem como uma situação de bem-estar moderado, pouco consistente,
ou de um certo receio em relação ao futuro.

"Faz parte da idiossincrasia portuguesa: fugimos dos extremos. Os
portugueses nunca estão muito bem nem muito mal. Vão andando", afirma
Rui Brites, sociólogo e professor do Instituto Superior de Economia e
Gestão, da Universidade Técnica de Lisboa. Para este investigador, que
tem trabalhado na área da avaliação do bem-estar e da felicidade,
estes resultados são "consistentes" com outros estudos publicados nos
últimos anos. No entanto, alerta para a dificuldade de se fazerem
comparações entre países. "Quando perguntamos apenas às pessoas qual o
seu grau de felicidade, é complicado depois comparar países porque as
realidades culturais são diferentes e os resultados finais não têm em
conta essas especificidades", refere.

Mais felizes, logo, mais optimistas

Apesar de se situar sensivelmente a meio do ranking a nível mundial,
Portugal fica atrás de 22 dos países da UE, estando apenas à frente da
Roménia, Hungria, Letónia e Bulgária. Estes resultados são idênticos
aos registados noutros inquéritos anteriores sobre felicidade e
bem-estar, como o que foi realizado em 2008 pela European Social
Survey: Portugal ficou classificado no penúltimo lugar entre 15 países
europeus.

De acordo com Rui Brites, a correlação entre a felicidade/bem-estar e
o optimismo é "muito forte", sendo que a tendência é para que os
países "mais felizes" sejam "mais optimistas relativamente ao futuro"
e que os menos felizes sejam também os mais "pessimistas". "Os
portugueses encontram-se habitualmente entre os mais pessimistas e,
nesse aspecto, apresentam um padrão de identificação mais próximo dos
cidadãos dos antigos países comunistas da Europa de Leste do que dos
restantes países europeus: têm menores níveis de confiança social, e
não acreditam tanto nas instituições nacionais", refere. Ainda assim,
considera que os portugueses não devem ser olhados como pessoas
infelizes. "Não somos tão felizes como noutros países, como é o caso
dos países nórdicos, mas somos felizes ", conclui.

José Luís Pais Ribeiro, psicólogo e docente da Universidade do Porto,
realizou nos últimos quatro anos um estudo sobre o bem-estar dos
portugueses, com amostras com mais de 500 pessoas em todos os
distritos, e confirmou que, neste tipo de inquéritos, o país fica
sempre abaixo dos restantes países europeus. "Numa escala de 0 a 100,
o valor médio ficou entre os 60 e os 70% ao passo que nos restantes
países europeus esses valores andam próximos dos 80%", refere.

Mais felizes, mais ricos

De acordo com o estudo da Universidade de Colúmbia, os factores mais
importantes para a felicidade podem ser pessoais –como a saúde mental
e física, a experiência familiar, a educação – ou externos, como as
condições económicas, o trabalho, a comunidade e as instituições de
Governo. Os países mais felizes tendem a ser os mais ricos, mas nos
países mais avançados, no entanto, a correlação entre felicidade e
riqueza só se verifica até um certo ponto. "A partir de um patamar
aceitável de vida, essa relação deixa de existir e passam a contar
outras coisas", afirma José Luís Pais Ribeiro. É o caso dos EUA:
segundo o estudo, apesar de a riqueza do país ter aumentado desde
1960, os indicadores de felicidade e bem-estar da população têm
permanecido praticamente inalterados no último meio século. O
aprofundamento das desigualdades económicas no país e a degradação das
condições ambientais e da qualidade de vida dos americanos são alguns
dos factores apontados no estudo."Estes indicadores de felicidade e
bem-estar são úteis para completar a realidade dos países, que
normalmente é apenas retratada através de indicadores económicos de
riqueza e pobreza", afirma Pais Ribeiro, acrescentado que estes
indicadores podem contribuir para redefinir as prioridades das
políticas públicas.

Na década de 1970, o Butão foi o primeiro país a criar o conceito de
Felicidade Interna Bruta, mas actualmente há já outros países a
utilizar instrumentos de medicação da felicidade e do bem-estar. No
Japão, o Governo nomeou recentemente um painel de especialistas que
criaram um índice de felicidade, que cruza factores económicos com
indicadores sobre o estado psicológico da população. "Felicidade e
bem-estar começaram a ser levados em linha de conta a partir do
surgimento do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)
que quis contrariar a tendência de classificar os países pelo seu PIP.
Hoje são sem dúvida conceitos que estão na moda", refere Pais Ribeiro.

segunda-feira, abril 09, 2012

# Pequenos ditadores

Público 2012-04-09 Paula Torres de Carvalho

Aos consultórios médicos chegam cada vez mais "pequenos ditadores" que
os adultos já não conseguem controlar. São filhos de pais que têm medo
de ser tiranos. Mas as crianças sem limites não são livres, defendem
especialistas
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"Não vou". "Não quero". "Só faço se quiser". O problema não é uma
criança dizer isto. O problema é quando ela faz precisamente o que diz
e os adultos já não têm o poder de a contrariar. Não é uma questão
portuguesa mas da generalidade das sociedades ditas desenvolvidas. Os
consultórios dos pedopsiquiatras e dos psicólogos estão a encher-se de
meninos-rei, pequenos ditadores, crianças sem limites, algumas a
caminho da delinquência apresentadas por pais aflitos e referenciadas
por professores fartos.

Mais do que um problema, a omnipotência destas crianças é um sinal.
Tem a ver com a falta de limites que resulta de uma organização social
desregrada, sem tempo para o investimento emocional na criança.

A perspectiva da necessidade de construir "uma cultura da diferença de
tempos" defendida pelo filósofo e psicanalista francês Raymond
Bénévenque, para quem "é no mundo dos adultos que se deve lutar por um
outro futuro das crianças", encontra-se nos discursos do médico
pedopsiquiatra Pedro Strecht e das psicanalistas Carmo Sousa Lima e
Maria Teresa Sá. Por trás do problema das crianças sem limites,
identificam a falta de tempo, a velocidade que muitas vezes não deixa
pensar. E a incapacidade de pensar dá lugar à depressão que tem como
uma das manifestações a chamada omnipotência infantil.

Em educação tem de haver tempo. "Para haver qualidade, tem que haver
quantidade e disponibilidade", considera Pedro Strecht. "Os pais
passam muitas horas a trabalhar, muitas crianças chegam a estar 10, 11
horas em jardins de infância e na escola. O reencontro no final do dia
acontece numa situação de grande vulnerabilidade emocional com
crianças cansadas, com birras, com pouco tempo para cumprir as rotinas
e com pais extremamente cansados do trabalho, portanto num ponto de
desencontro, de choque e de conflito. Pela falta de tempo e pela
culpabilidade dos pais em relação a isso, a permissividade aumentou e
aumentou aquilo que vários autores chamam os objectos compensatórios,
no que respeita tanto a objectos como à própria relação". A
delimitação de regras fica para trás e o que se observa muito hoje -
diz Pedro Strecht - é que "temos cada vez mais miúdos que num registo
familiar não têm estas balizas e que depois transportam para outros
registos, a escola, a sociedade" toda a sua inquietação.

A dificuldade de impor e de aceitar limites paga-se "caro vida fora",
adverte Maria Teresa Sá. "Os pais têm medo do poder. Como que sofrem
de um excesso de democracia [entre aspas]. Há uma perversão, como na
democracia. Muitos pais têm dificuldades com os limites porque têm
medo de ser tirânicos. Têm medo de ser como os pais, como os avós ou
como o modelo que eles intuíram da sociedade antes deles", diz Carmo
Sousa Lima.

E os exemplos sucedem-se: na escola, António, dez anos. A professora
anuncia: "Hoje é teste". Ele cruza os braços: "Não faço". E não faz.

Em casa: Rita, nove anos, filha única. A mãe diz-lhe para desligar o
computador e ir para a mesa jantar. Ela continua imóvel à frente do
ecrã. A mãe repete a ordem. A miúda não se mexe. Já irritada, a mãe
aproxima-se e desliga o computador. Rita protesta, grita e volta a
ligar o computador. Empurra a mãe, não vai jantar.

No consultório médico, Pedro, oito anos, para o pedopsiquiatra: "Olha,
já parti portas, um dia se tu quiseres, também posso partir esta do
teu consultório... Se quiseres ver..."

O número de casos "é muito significativo e, sobretudo em relação a
anos atrás, é muito mais intenso", diz Pedro Strecht.

A importância da autoridade

O que faltou ou o que tiveram a mais estas crianças para se tornarem
assim? Strecht recua até aos primeiros tempos da vida da criança e da
relação precoce com os pais. Refere o médico psicanalista inglês
Donald Winicott e a sua ideia de "holding" para explicar a necessidade
do envolvimento da criança "num círculo de amor e de força" juntando o
afecto e o investimento emocional à fixação de limites. "Na própria
relação com o bebé, é isso que se faz", explica o pedopsiquiatra.
"Quando um bebé está inquieto, a pessoa pega-o ao colo, envolve-o
fisicamente. A modelação emocional é feita também à custa de um
"holding físico". O que acontece depois é que os miúdos vão integrando
progressivamente e de forma cada vez mais autónoma o holding emocional
sem ser preciso tanto o holding físico, de uma forma cada vez mais
auto-regulada". Quando isso não sucede pode querer dizer "que não
houve esse holding físico de delimitação, de força, no "sentido de
contenção emocional e verbal."

A explicação para as manifestações de tirania por parte destas
crianças passa então pela pergunta acerca do que tiveram elas a mais.
Como nota a psicanalista Carmo Sousa Lima, "o excesso de sim perturbou
a capacidade das crianças tolerarem o não", mas "é o não que faz
valorizar o sim e não o contrário". Depois do período de "maravilha" e
de "encantamento" que rodeia o bebé nos primeiros tempos, os pais
devem educar os filhos para a realidade, defende. "Há aspectos da
realidade de que os pais não podem proteger a criança sob pena de esta
enlouquecer ou cair nessa omnipotência que agora é tão corrente
aparecer nos consultórios". Há pais, mães que "são de uma ansiedade
tal que a criança não pode sair de dentro delas e continua a viver
numa espécie de uma bolha protectora, mas que a vai destruindo em
termos de autonomia e de identidade", diz, sublinhando que "são os
limites que protegem a criança".

Ao contrário do que muitos adultos ainda pensam, "uma criança sem
limites não é uma criança livre", diz Teresa Sá, psicanalista e
professora na Escola Superior de Educação de Santarém. Que se desfaça
a confusão: "Uma criança sem limites é escrava das suas pulsões e não
é feliz, vive angustiada". Entregue a si própria "não tem outro guia
senão a satisfação imediata". Se quer uma coisa, agarra-a, se não está
contente, bate. E se, a curto prazo, isto até pode ser agradável,
"paga-se caro, vida fora". Teresa Sá explica como. "Constitui-se como
um verdadeiro sofrimento psíquico, visto que o sujeito se encontra na
impossibilidade de se frustrar minimamente, de dizer não a si próprio,
e não somente de dizer não ao educador". O que correntemente se
designa por omnipotência, "não é unicamente a vontade de dominar os
outros e de não levar em conta senão o seu próprio desejo, mas, de
igual modo, a impotência e a impossibilidade de se dominar a si mesmo,
de se limitar", esclarece. "Parecendo dono do mundo, o sujeito está na
verdade desmunido, pois não se sente dono do seu próprio mundo
interno".

Daí, a importância da autoridade na educação. Carmo Sousa Lima fala
antes do exercício de um "bom poder". A capacidade de lidar com os
limites "é um poder muito bom, indispensável", diz. "Todos temos uma
margem de poder que está em tudo. Podemos falar, comer, amar, mas há
pessoas que não podem. Há patologias que não deixam. Por isso, a
palavra o poder em si própria é uma palavra muito boa, com um sentido
muito profundo". O bom poder "é o poder de dizer "não" na justa medida
das coisas que são razoáveis dizer que não. E de dizer que sim naquilo
que ajuda a criar uma melhor pessoa".

É a autoridade "exercida pelos educadores (pais, professores,
instituição) que permite à criança e ao jovem integrar os interditos
fundamentais ligados à socialização", salienta Maria Teresa Sá. "Um
adulto que permite tudo não é, para a criança, um adulto que lhe dê
segurança".As crianças reclamam, aliás, esses limites quando levam os
adultos ao limite (a "passarem-se da cabeça e agirem"). É "como se a
criança estivesse a levá-los a colocarem limites". E quando isso não
se verifica, "pode acontecer que seja a própria criança ou jovem a
colocar o limite, em escalada, geralmente com o corpo, caindo,
magoando-se, pondo-se em perigo". Sem autoridade "a criança
sentir-se-á insegura, deixada só nas perigosas marés da sua
impulsividade e destrutividade, abandonada, negligenciada", nota Maria
Teresa Sá.

Pedro Strecht alerta, contudo, para o facto paradoxal de, a par da
permissividade, existir um regresso ao autoritarismo" e para a
necessidade de isso não acontecer. Face às ideias de que, para
enfrentar os problemas da educação é preciso uma "educação espartana"
e que "antigamente é que era bom", Strecht diz que "não há nada mais
falso". "Sabemos que no campo da saúde mental e da infância, isso é
absolutamente mentira". E lembra: "Se hoje as escolas estão cheias de
problemas, em 1974 a escolaridade obrigatória limitava-se à quarta
classe. E se formos ver, há cem anos não havia meninas nas escolas e a
maioria da população escolar andava descalça e isso é que era um
problema".

Tem de haver autoridade, sim, mas uma autoridade "protectora", defende
o pedopsiquiatra. Que proteja as crianças "dos seus próprios
movimentos mais primitivos, mais agressivos", nota Carmo Sousa Lima.
Uma autoridade com afecto como defende o psiquiatra Daniel Sampaio.
Para promover o desenvolvimento e a autonomia. E "passar de uma
navegação à costa para uma navegação à distância", sem a perder de
vista, exemplifica Pedro Strecht, deixando claro que se não for feito
na infância, este trabalho se tornará muito mais difícil na
adolescência.

segunda-feira, abril 02, 2012

# Porto escolhido como 'Melhor Destino Europeu' 2012

Isabel Paulo (www.expresso.pt)
21:19 Terça feira, 27 de março de 2012

Porto foi eleito 'Melhor destino Europeu' numa competição online onde
participaram outras 19 cidades europeias, entre as quais Lisboa,
oitava classificada

A cidade do Porto foi, hoje, distinguida pela European Consumers
Choice como o 'Melhor Destino Europeu 2012', após três semanas de
concurso online que contou com a participação de mais de 212 mil
votantes.

A Invicta foi escolhida entre outras 19 cidades europeias, seguida
como melhores destinos para férias por Dubrovnik, Viena, Praga,
Bruxelas, Berlim, Budapeste, Lisboa, Florença e Edimburgo.

"Com a variedade de recursos disponíveis, o Porto conquista todos os
seus visitantes, desde os que o procuram pela história e autenticidade
àqueles que o buscam para explorar uma nova cidade, mais cosmopolita e
contemporãnea", diz o site da organização.

O Vinho do Porto, o centro histórico Património Mundial, museus, lojas
de moda de designers nacionais e internacionais são outras das
atrações da melhor 'city-trip' do ano a nível europeu.

Procura do Porto sobe dois dígitos


Para o vice-presidente e vereador do Turismo da Câmara do Porto,
Vladimiro Feliz, este prémio vem aumentar a responsabilidade da cidade
enquanto destino turístico, ao mesmo tempo que "reforça o seu
posicionamento como elemto âncora na promoção do país e da região".

Segundo Vladimiro Feliz, em 2011 a procura de informação nos postos de
turismo municipais cresceu 19%, o número de passageiros no Aeroporto
Fancisco Sá Carneiro aumentou 13,4%, "valores que foram acompanhados
por um crescimento também de dois dígitos no número de hóspedes e
dormidas no Porto".

Ler mais: http://expresso.sapo.pt/porto-escolhido-como-melhor-destino-europeu-2012=f714973#ixzz1qtDmh3p9