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PENSANTES

Outros pensamentos, ideias e palavras que nos fazem pensar...

quinta-feira, novembro 24, 2005

#The music won't last...

Have you ever watched kids on a merry-go-round?
Or listened to the rain slapping on the ground?
Ever followed a butterfly's erratic flight?
Or gazed at the sun into the fading night?
You better slow down.
Don't dance so fast.
Time is short.
The music won't last.

Do you run through each day on the fly?
When you ask 'How are you'?
Do you hear the reply?
When the day is done
Do you lie in your bed
With the next hundred chores
Running through your head?
You'd better slow down
Don't dance so fast.
Time is short.
The music won't last.

Ever told your child, we'll do it tomorrow?
And in your haste, not see his sorrow?
Ever lost touch, let a good friendship die
Cause you never had time to call and say,"Hi"
You'd better slow down.
Don't dance so fast.
Time is short.
The music won't last.

When you run so fast to get somewhere
You miss half the fun of getting there.
When you worry and hurry through your day,
It is like an unopened gift....thrown away.
Life is not a race.
Do take it slower
Hear the music
Before the song is over.

Sent by: Flora Cousso

#Desejos (Victor Hugo)

Desejo primeiro que tu ames,
E que amando, também sejas amado.
E que se não fores, sejas breve em esquecer.
E que esquecendo, não guardes mágoa.
Desejo, pois, que não seja assim,
Mas se for, saiba ser sem desesperar.
Desejo também que tenha amigos,
Que mesmo maus e inconseqüentes,
Sejam corajosos e fiéis,
E que pelo menos num deles
Você possa confiar sem duvidar.
E porque a vida é assim,
Desejo ainda que você tenha inimigos.
Nem muitos, nem poucos,
Mas na medida exata para que, algumas vezes,
Você se interpele a respeito
De suas próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,
Para que você não se sinta demasiado seguro.
Desejo depois que você seja útil,
Mas não insubstituível.
E que nos maus momentos,
Quando não restar mais nada,
Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.
Desejo ainda que você seja tolerante,
Não com os que erram pouco, porque isso é fácil,
Mas com os que erram muito e irremediavelmente,
E que fazendo bom uso dessa tolerância,
Você sirva de exemplo aos outros.
Desejo que você, sendo jovem,
Não amadureça depressa demais,
E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer
E que sendo velho, não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e
É preciso deixar que eles escorram por entre nós.
Desejo por sinal que você seja triste,
Não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que nesse dia descubra
Que o riso diário é bom,
O riso habitual é insosso e o riso constante é insano.
Desejo que você descubra ,
Com o máximo de urgência,
Acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos,
Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.
Desejo ainda que você afague um gato,
Alimente um cuco e ouça o joão-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal
Porque, assim, você sesentirá bem por nada.
Desejo também que você plante uma semente,
Por mais minúscula que seja,
E acompanhe o seu crescimento,
Para que você saiba de quantas
Muitas vidas é feita uma árvore.
Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro,
Porque é preciso ser prático.
Eque pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele
Na sua frente e diga `Isso é meu`,
Só para que fique bem claro quem é o dono dequem.
Desejo também que nenhum de seus afetos morra,
Por ele e por você,
Mas que se morrer, você possa chorar
Sem se lamentar esofrer sem se culpar.
Desejo por fim que você sendo homem,
Tenha uma boa mulher,
E que sendo mulher,
Tenha um bom homem
Eque se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,
E quando estiverem exaustos e sorridentes,
Ainda haja amor para recomeçar.
E se tudo isso acontecer,
Não tenho mais nada a te desejar.
Victor Hugo

Sent by: Maria Luisa Cardoso

quarta-feira, novembro 23, 2005

#Olhar para...

?Quando te doer olhar para trás e te dá medo olhar adiante, olha para a
esquerda ou para a direita e ali estarei, a teu lado?

"Abençoados os desatentos, pois levam a melhor até aos seus erros."
Nietzsche

"Quão ditoso o destino da irrepreensível vestal!
O mundo esquecendo, pelo mundo esquecido.
Eterno e solarengo brilho, o do espírito imaculado!
Cada prece aceite, cada anseio conformado."
Alexander Pope

..."E lutei, como luta um solitário, quando alguem lhe perturba a solidão,
fechado num ouriço de recusas.
Soltei a voz, arma que tu não usas, sempre silencioso na agressão..." -
Miguel torga

?...Nesta curva tão terna e lancinante que vai ser que já é o teu
desaparecimento digo-te adeus e como um adolescente tropeço de ternura por
ti.?

"Não se apresse em perdoar a misericórdia também corrompe"

Sent by: Rita Silva

#Dois textos da Madre Teresa deCalcutá

Não vos canseis a procurar a causa dos grandes problemas da humanidade;
contentai-vos em fazer o que puderdes fazer para os resolver levando a
vossa ajuda àqueles que necessitam dela. Alguns dizem-me que fazendo a
caridade aos outros retiramos aos estados as suas responsabilidades para
com os necessitados e os pobres. Eu não me preocupo nada com isso porque
não é amor aquilo que os Estados geralmente oferecem. Faço simplesmente
tudo aquilo que posso fazer, o resto não é da minha conta.

Deus foi tão bom para connosco! Trabalhar no amor é sempre um meio de nos
aproximarmos dEle. Olhai o que Cristo fez durante a Sua vida na terra!
Passou-a a fazer o bem (act 10, 38). Lembro às minhas irmãs que Ele passou
os três anos da Sua vida pública a tratar dos doentes, dos leprosos, das
crianças e de outros. É exactamente aquilo que nós fazemos quando pregamos
o Evangelho através das nossas acções.

Consideramos que servir os outros é um privilégio e tentamos fazê-lo a cada
instante com todo o nosso coração. Sabemos bem que a nossa acção não é mais
do que uma gota de água no oceano, mas, sem a nossa acção, faltaria essa
gota.

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As pessoas são irracionais, ilógicas e egocêntricas. Ame-as mesmo assim!
Se tiver sucesso nas suas realizações ganhará falsos amigos e verdadeiros
inimigos. Tenha sucesso mesmo assim!
O bem que fizer será esquecido amanhã. Faça o bem mesmo assim!
A honestidade e a franqueza tornam-no vulnerável. Seja honesto e franco
mesmo assim!
Aquilo que levou anos para construir pode ser destruído de um dia para o
outro. Construa mesmo assim!
Os pobres têm verdadeiramente necessidade de ajuda, mas alguns podem
atacá-lo se os ajudar. Ajude-os mesmo assim!
Se der ao mundo o melhor de si mesmo corre o risco de se magoar.Dê o que
tem de melhor. Mesmo assim!

segunda-feira, novembro 21, 2005

#Ausências

As ausências não se dizem, .........
Nos instantes em que as vemos no horizonte, apenas um sorriso, um olhar
profundo nos olhos,
diria mais do que horas poderiam dizer...

Mas como se faz quando a ausência do outro não nos permite ver os seus
olhos, a sua face?

Uns despedem-se ao telefone, por sistema, com séries de palavras seguidas,
como "ok,ok,ok, até logo, até logo", palavras que lançam no mínimo sempre
aos pares ou trios - "ciau, ciau, ciau"...
Como se a despedida não fosse parte dessa ligação que fica na ausência...

Essa ligação querida perdura no Até logo, ou no Até já... como se fosse
apenas o pedido de um intervalo na continuidade da sua presença...
E é isso mesmo. Apenas um intervalo, simplesmente, porque a presença deixa
de ser visível mas não deixa de continuar a ser sentida.

Mas dizemos Até já sobretudo quando não gostamos de intervalos, quando
queremos dizer que gostaríamos de estar com ele já ou daqui a pouco, e não
atirar para longe o nosso reencontro com um indefinido Adeus, ou beijos
"não coloridos" ou com um até breve...

Jorge Mayer

#Quem morre?

Morre lentamente
quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias os mesmos trajectos, quem não muda de marca
Não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente
quem faz da televisão o seu guru.

Morre lentamente
quem evita uma paixão,
quem prefere o negro sobre o branco
e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções,
justamente as que resgatam o brilho dos olhos,
sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.

Morre lentamente
quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
quem não se permite pelo menos uma vez na vida,
fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente
quem não viaja,
quem não lê,
quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo.

Morre lentamente
quem destrói o seu amor-próprio,
quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente,
quem passa os dias queixando-se da sua má sorte
ou da chuva incessante.

Morre lentamente,
quem abandona um projecto antes de iniciá-lo,
não pergunta sobre um assunto que desconhece
ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves,
recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior
que o simples facto de respirar. Somente a perseverança fará com que
conquistemos
um estágio esplêndido de felicidade.

Pablo Neruda

Sent by: Bruno Martinho

quinta-feira, novembro 17, 2005

#França começa a regressar à normalidade

Esta noite não se registaram confrontos com a polícia
França começa a regressar à normalidade
17.11.2005 - 13h55
http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1239187

A polícia francesa registou hoje o regresso à normalidade em toda a França,
depois de três semanas de tumultos, principalmente nos bairros dos
arredores das grandes cidades.

Este regresso à acalmia acontece num momento em que o Parlamento votou
favoravelmente a prorrogação por três meses do estado de emergência,
decretado no início de Novembro pelo Governo, em resposta aos episódios de
violência por todo o país. A situação continua tensa em alguns bairros com
grandes comunidades de imigrantes da África negra e do Magrebe.

Na noite de ontem para hoje, foram queimados 98 veículos, o número mais
baixo desde que começou a onda de motins, avança a direcção-geral da
polícia nacional francesa.

A mesma fonte avança que não foi registado nenhum confronto com a polícia,
não houve nenhum incêndio em edifícios nem se registaram feridos. As forças
no terreno totalizam perto de dez mil homens.

Em três semanas, cerca de nove mil veículos e dezenas de edifícios, entre
os quais escolas e lojas, foram queimados. O custo dos estragos pode chegar
às centenas de milhares de euros.

Até agora, dezenas de polícias, habitantes e jovens desordeiros ficaram
feridos. Perto de três mil pessoas foram detidas, entre as quais 400 foram
condenadas a penas de prisão efectiva. A pena mais pesada, quatro anos de
prisão, foi pronunciada contra um jovem que pegou fogo a uma armazém em
Arras.

#O atestadomédico

Leiam este texto escrito por um professor de filosofia que escreve
semanalmente para o jornal O Torrejano. Está fantástico.

O atestado médico

Imagine o meu caro que é professor, que é dia de exame do 12º ano e
vai ter de fazer uma vigilância.
Continue a imaginar.
O despertador avariou durante a noite. Ou fica preso no elevador. Ou o
seu filho, já à porta do infantário, vomitou o quente, pastoso, húmido
e fétido pequeno-almoço em cima da sua imaculada camisa.
Teve, portanto, de faltar à vigilância. Tem falta. Ora esta coisa de
um professor ficar com faltas injustificadas é complicada, por isso
convém justificá-la.
A questão agora é: como justificá-la? Passemos então à parte divertida.
A única justificação para o facto de ficar preso no elevador, do
despertador avariar ou de não poder ir para uma sala do exame com a
camisa vomitada, ababalhada e malcheirosa, é um atestado médico.
Qualquer pessoa com um pouco de bom senso percebe que quem precisa
aqui do atestado médico será o despertador ou o elevador. Mas não. Só
uma doença poderá justificar a sua ausência na sala do exame.
Vai ao médico. E, a partir deste momento, a situação deixa de ser
divertida para passar a ser hilariante.
Chega-se ao médico com o ar mais saudável deste mundo. Enfim, com o
sorriso de Jorge Gabriel misturado com o ar rosado do Gabriel Alves e
a felicidade do padre Melícias.
A partir deste momento mágico, gera-se um fenómeno que só pode ser
explicado através de noções básicas da psicopatologia da vida
quotidiana.
Os mesmos que explicam uma hipnose colectiva em Felgueiras, o
holocausto nazi ou o sucesso da TVI. O professor sabe que não está
doente. O médico sabe que ele não está doente. O presidente do
executivo sabe que ele não está doente. O director regional sabe que
ele não está doente. O Ministério da Educação sabe que ele não está
doente. O próprio legislador, que manda a um professor que fica preso
no elevador apresentar um atestado médico, também sabe que o professor
não está doente.
Ora, num país em que isto acontece, para além do despertador que não
toca, do elevador parado e da camisa vomitada, é o próprio país que
está doente.
Um país assim, onde a mentira é legislada, só pode mesmo ser um país
doente.
Vamos lá ver, a mentira em si não é patológica. Até pode ser racional,
útil e eficaz em certas ocasiões. O que já será patológico é o desejo
que temos de sermos enganados ou a capacidade para fingirmos que a
mentira é verdade.
Lá nesse aspecto somos um bom exemplo do que dizia Goebbels: uma
mentira várias vezes repetida transforma-se numa verdade.
Já Aristóteles percebia uma coisa muito engraçada: quando vamos ao
teatro, vamos com o desejo e uma predisposição para sermos enganados.
Mas isso é normal. Sabemos bem, depois de termos chorado baba e ranho
a ver o "ET", que este é um boneco e que temos de poupar a baba e o
ranho para outras ocasiões.
O problema é que em Portugal a ficção se confunde com a realidade.
Portugal é ele próprio uma produção fictícia, provavelmente mesmo
desde D. Afonso Henriques, que Deus me perdoe.
A começar pela política.
Os nossos políticos são descaradamente mentirosos. Só que ninguém leva
a mal porque já estamos habituados.
Aliás, em Portugal é-se penalizado por falar verdade, mesmo que seja
por boas razões, o que significa que em Portugal não há boas razões
para falar verdade.
Se eu, num ambiente formal, disser a uma pessoa que tem uma nódoa na
camisa, ela irá levar a mal. Fica ofendida.
Se eu digo isso é para a ajudar, para que possa disfarçar a nódoa e
não fazer má figura. Mas ela fica zangada comigo só porque eu vi a
nódoa, sabe que eu sei que tem a nódoa e porque assumi perante ela que
sei que tem a nódoa e que sei que ela sabe que eu sei.
Nós, portugueses, adoramos viver enganados, iludidos e achamos normal
que assim seja.
Por exemplo, lemos revistas sociais e ficamos derretidos (não falo do
cérebro, mas de um plano emocional) ao vermos casais felicíssimos e
com vidas de sonho.
Pronto, sabemos que aquilo é tudo mentira, que muitos deles
divorciam-se ao fim de três meses e que outros vivem um alcoolismo
disfarçado.
Mas adoramos fingir que aquilo é tudo verdade. Somos pobres, mas
vivemos como os alemães e os franceses.
Somos ignorantes e culturalmente miseráveis, mas somos doutores e
engenheiros.
Fazemos malabarismos e contorcionismos financeiros, mas vamos passar
férias a Fortaleza.
Fazemos estádios caríssimos para dois ou três jogos em 15 dias, temos
auto-estradas modernas e europeias, mas para ver passar, a seu lado,
entulho, lixo, mato por limpar, eucaliptos, floresta queimada,
barracões com chapas de zinco, casas horríveis e fábricas
desactivadas. Portugal mente compulsivamente.
Mente perante si próprio e mente perante o mundo.
Claro que não é um professor que falta à vigilância de um exame por
ficar preso no elevador que precisa de um atestado médico.
É Portugal que precisa, antes que comece a vomitar sobre si próprio.

José Ricardo Costa

Sent by: Vasco Soares

quarta-feira, novembro 16, 2005

#Construir umpaís... (EPC)

Precisa-se de matéria prima para construir um País

Eduardo Prado Coelho - in Público

A crença geral anterior era de que Santana Lopes não servia, bem como
Cavaco, Durão e Guterres. Agora dizemos que Sócrates não serve. E o que
vier depois de Sócrates também não servirá para nada. Por isso começo a
suspeitar que o problema não está no trapalhão que foi Santana Lopes ou na
farsa que é o Sócrates. O problema está em nós. Nós como povo.
Nós como matéria prima de um país. Porque pertenço a um país onde a
ESPERTEZA é a moeda sempre valorizada, tanto ou mais do que o euro. Um país
onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que
formar uma família baseada em valores e respeito aos demais. Pertenço a um
país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em
outros países, isto é, pondo umas caixas nos passeios
onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO-SE OS
DEMAIS ONDE ESTÃO.

Pertenço ao país onde as EMPRESAS PRIVADAS são fornecedoras particulares
dos seus empregados pouco
honestos, que levam para casa, como se fosse correcto, folhas de papel,
lápis, canetas, clips e tudo o que possa ser útil para os trabalhos de
escola dos filhos ... e para eles mesmos.
Pertenço a um país onde as pessoas se sentem espertas porque conseguiram
comprar um descodificador falso da TV Cabo, onde se frauda a declaração de
IRS para não pagar ou pagar menos impostos.
Pertenço a um país onde a falta de pontualidade é um
hábito. Onde os directores das empresas não valorizam o capital humano.
Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas
e depois reclamam do governo por não limpar
os esgotos. Onde pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros.
Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens dizem que é
"muito chato ter que ler") e não há consciência nem memória política,
histórica nem económica. Onde nossos políticos trabalham dois dias por
semana para aprovar projectos e leis que só servem para caçar os pobres,
arreliar a classe média e beneficiar a alguns.
Pertenço a um país onde as cartas de condução e as declarações médicas
podem ser "compradas", sem se fazer qualquer exame.
Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança
nos braços, ou um inválido, fica em pé no autocarro, enquanto a pessoa que
está sentada finge que dorme para não dar-lhe o lugar. Um país no qual a
prioridade de passagem é para o carro e não para o peão. Um país onde
fazemos muitas coisas erradas, mas estamos sempre a criticar os nossos
governantes.
Quanto mais analiso os defeitos de Santana Lopes e de
Sócrates, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem corrompi
um guarda de trânsito para não ser multado.
Quanto mais digo o quanto o Cavaco é culpado, melhor sou eu como português,
apesar de que ainda hoje pela manhã explorei um cliente que confiava em
mim, o que me ajudou a pagar algumas dívidas. Não. Não. Não. Já basta.

Como "matéria prima" de um país, temos muitas coisas boas, mas falta muito
para sermos os homens e as mulheres que nosso país precisa. Esses
defeitos, essa "CHICO-ESPERTERTICE PORTUGUESA" congénita, essa
desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até
converter-se em casos escandalosos na política, essa falta de qualidade
humana, mais do que Santana, Guterres, Cavaco ou Sócrates, é que é real e
honestamente ruim, porque todos eles são portugueses como nós, ELEITOS POR
NÓS. Nascidos aqui, não em outra parte...
Fico triste. Porque, ainda que Sócrates fosse embora hoje mesmo, o próximo
que o suceder terá que continuar
trabalhando com a mesma matéria prima defeituosa que, como povo, somos
nós mesmos. E não poderá fazer nada... Não tenho nenhuma garantia de que
alguém possa fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho
destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém
servirá. Nem serviu Santana, nem serviu Guterres, não serviu Cavaco, e nem
serve Sócrates, nem servirá o que vier. Qual é a alternativa?
Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força
e por meio do terror? Aqui faz falta outra coisa.
E enquanto essa "outra coisa" não comece a surgir de cima, ou de cima para
baixo, ou do centro para os lados,
ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente
estancados....igualmente abusados!
É muito bom ser português. Mas quando essa portugalidade autóctone começa a
ser um empecilho às nossas
possibilidades de desenvolvimento como Nação, então tudo muda...
Não esperemos acender uma vela a todos os santos, a ver se nos mandam um
messias.
Nós temos que mudar. Um novo governante com os mesmos portugueses nada
poderá fazer. Está muito claro... Somos nós que temos que mudar. Sim, creio
que isto encaixa muito bem em tudo o que anda a nos acontecer: desculpamos
a mediocridade de programas de televisão nefastos e francamente tolerantes
com o fracasso. É a indústria da desculpa e da estupidez.
Agora, depois desta mensagem, francamente decidi procurar o responsável,
não para castigá-lo, senão para exigir-lhe (sim, exigir-lhe) que melhore
seu comportamento e que não se faça de mouco, de desentendido. Sim, decidi
procurar o responsável e ESTOU SEGURO QUE O ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NO
ESPELHO. AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO EM OUTRO LADO.
E você, o que pensa?.... MEDITE!

Sent by: Rui Oliveira

terça-feira, novembro 15, 2005

#Ínfimos fragmentos...

"Estava eu sentado, perto do mar, a ouvir com pouca atenção um amigo meu
que falava arrebatadamente de um assunto qualquer, que me era apenas
fastidioso. Sem ter consciência disso, pus-me a olhar para uma pequena
quantidade de areia que entretanto apanhara com a mão; de súbito vi a
beleza requintada de cada um daqueles pequenos grãos; apercebia-me de que
cada pequena partícula, em vez de ser desinteressante, era feito de acordo
com um padrão geométrico perfeito, com ângulos bem definidos, cada um deles
dardejando uma luz intensa; cada um daqueles pequenos cristais tinha o
brilho de um arco-íris... Os raios atravessavam-se uns aos outros,
constituindo pequenos padrões, duma beleza tal que me deixava sem
respiração... Foi então que, subitamente, a minha consciência como que se
iluminou por dentro e percebi, duma forma viva, que todo o universo é feito
de partículas de material, partículas que por mais desinteressantes ou
desprovidas de vida que possam parecer, nunca deixam de estar carregadas
daquela beleza intensa e vital. Durante um segundo ou dois, o mundo
pareceu-me uma chama de glória. E uma vez extinta essa chama, ficou-me
qualquer coisa que nunca mais esqueci que me faz pensar constantemente na
beleza que encerra cada um dos mais ínfimos fragmentos de matéria à nossa
volta."

Aldous Huxley

sexta-feira, novembro 11, 2005

#Frases...

Creio que uma folha de erva não vale menos que a jornada das estrelas...
Walt Whitman

A vida é como uma cebola: tiras-lhe uma camada de cada vez e às vezes
choras.
H. Sandburg

O exercicio do silencio é tao importante quanto a prática da palavra.

You gave me a glimps of a real life and then you ask me to carry on with
the false one
Idade da Inocência

O maior erro do ser humano é tentar tirar da cabeça o que não sai do
coração.

O pessimista queixa-se do vento, o optimista espera que ele mude e o
realista ajuda as velas

É preciso viver, não apenas existir.
Plutarco

Os anos ensinam muitas coisas que os dias desconhecem.
Autor desconhecido

É pena que a natureza fizesse de ti um só indivíduo. Porque havia matéria
para um homem digno e para um patife.
Goethe

Conhecer alguém aqui e ali que pensa e sente como nós, e que embora
distante, está perto em espírito, eis o que faz da Terra um jardim
habitado.
Goethe

A verdadeira amizade é como a fosforescência: nota-se melhor quando tudo
ficou às escuras.
Tagore

A verdadeira amizade chega quando o silêncio entre duas pessoas parece
ameno.
Autor desconhecido

A viagem mais importante que podemos fazer na vida é encontrar pessoas pelo
caminho.
Autor desconhecido

A amizade é uma predisposição recíproca que torna dois seres igualmente
ciosos da felicidade um do outro.
Platão

Se um coração é grande, nenhuma ingratidão o fecha, nenhuma indiferença o
cansa.
Leon Tolstoi

Jamais desesperes, mesmo perante as mais sombrias aflições de sua vida,
pois
das nuvens mais negras cai água límpida e fecunda.
Provérbio chinês

Amar não é mais que morrer em si para renascer no outro.
Autor desconhecido

O talento é feito na solidão; o carácter, nos embates do mundo.
Goethe

Os poderosos podem matar uma, duas ou até três rosas, mas jamais poderão
deter a primavera.
Che Guevara

Acreditar em algo e não o viver é desonesto.
Gandhi

Sent by: RS

Pensamentos...

A vida revela-se ao mundo como uma alegria. Há alegria no jogo eternamente
variado dos seus matizes, na música das suas vozes, na dança dos seus
movimentos. A morte não pode ser verdade enquanto não desaparecer a alegria
do coração do ser humano.
Tagore, escritor indiano

Quem conhece os outros é inteligente,
Quem conhece a si mesmo é iluminado,
Quem vence os outros é forte,
Quem vence a si mesmo é invencivel.
Autor chines

Destruimos sempre aquilo que mais amamos em campo aberto, ou numa
emboscada;
alguns com a leveza do carinho outros com a dureza da palavra;
os cobardes destroem com 1 beijo, os valentes destroem com a espada.
Autor: Oscar Wilde

Pelo sonho é que vamos
comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.
Autor: Sebastiao da Gama

Sent by: RS

quinta-feira, novembro 10, 2005

#Na semana passada mostreià minha mãe um texto...

Na semana passada, mostrei à minha mãe um texto que tinha acabado de
escrever. A minha mãe foi buscar os óculos e sentou-se. Segurou as folhas e
começou a ler. Eu esperava que acabasse e, às vezes, olhava para ela.
Durante o tempo em que esteve a ler, vi o seu rosto a mudar muitas vezes de
expressão. Depois da última linha, pousou as folhas sobre a mesa e olhou
para mim sobre as lentes dos óculos como se não precisasse de dizer nada,
como se fosse óbvio aquilo que tinha para dizer. Depois desse instante,
disse-me "não podes publicar isto." Como se perguntasse, disse-me "o que é
que as pessoas vão pensar?" Eu olhei para a minha mãe e ri-me.
Expliquei-lhe que ela não estava a entender bem. Tentei explicar-lhe que,
obviamente, as pessoas ao lerem "eu" não iriam pensar que estava mesmo a
falar de mim. Do mesmo modo, ao lerem "a minha mãe" não iriam pensar que
estava mesmo a falar dela. A minha mãe tem o cabelo muito encaracolado e
eu, como exemplo, mostrei-lhe uma frase que dizia "a minha mãe tem o cabelo
muito liso". A minha mãe disse-me "mas essas pessoas não me conhecem e vão
pensar que tenho o cabelo liso e que digo essas coisas que aqui
escreveste". Eu perguntei-lhe porque é que ela se importava tanto com a
opinião de pessoas que não a conhecem. A minha mãe passou as mãos pelos
cabelos e disse que as pessoas que encontra na rua também não a conhecem
mas que, mesmo assim, não deixa de se pentear quando sai à rua.
Nada disto é verdade. A minha mãe não disse nada disto. Eu mostrei- -lhe o
texto, ela leu-o e disse-me "as pessoas vão pensar que eu tenho o cabelos
encaracolado e que brigo contigo por causa dos textos que escreves". Eu
disse-lhe que não fazia mal porque ambos sabíamos que ela tem os cabelos
lisos e que nunca brigou comigo por causa de nenhum texto. Ela ficou meio
triste e disse "sim, nós sabemos isso, mas as pessoas vão pensar de outra
maneira". Eu tentei consolá-la, passei- -lhe a mão pelos cabelos e
mostrei-lhe as frases onde estava escrito: "Nada disto é verdade. A minha
mãe não disse nada disto." A minha mãe perguntou-me se eu acreditava mesmo
que as pessoas iam achar que eu e ela não tínhamos dito tudo o que estava
descrito naquele texto só porque tinha escrito em duas frases em que dizia
que nada daquilo era verdade. Nesse momento, como se me deixasse a pensar
nisso, a minha mãe levantou-se e foi fumar um cigarro para a janela.
Que eu saiba, a minha mãe nunca fumou um cigarro na vida. Só com um grande
esforço da imaginação, consigo pensar na ideia de algum dia a minha mãe
acender um cigarro e fumá-lo. Quando lhe mostrei o texto que tinha acabado
de escrever, a minha mãe disse-me "nem penses em publicar isto". Poucas
vezes vi os seus olhos tão furiosos. Disse-me "se eu souber que publicaste
isto, esqueço-me que tenho filho e nunca mais te quero ver a pisar o chão
desta casa". Olhei para ela sem entender de onde vinha toda aquela fúria.
Continuou a falar. Era por causa de ter escrito que ela tinha ido fumar um
cigarro para a janela. Falou em falta de respeito. Disse-me "não te
esqueças que já tenho cinquenta e três anos, não sou nenhuma rapariga da
tua idade". Disse-me "se te esqueceres disso, pelo menos não te esqueças
que sou tua mãe". Voltou a falar em falta de respeito e, quando saiu, bateu
a porta com toda a força.
"O que é que as pessoas vão pensar?", sussurou a minha mãe. "De certeza,
vão achar que eu ando por aí com ataques de fúria, a bater com as portas".
Olhou para mim preocupada e disse "pensarem que eu ando a fumar ainda é o
menos". A sua preocupação era um sentimento constante que permanecia no seu
rosto. "De certeza que as pessoas vão pensar que eu estou sempre a pensar
naquilo que elas poderão ficar a pensar". Tentei explicar-lhe que,
obviamente, as pessoas ao lerem "eu" não iriam pensar que estava mesmo a
falar de mim. Do mesmo modo, ao lerem "a minha mãe" não iriam pensar que
estava mesmo a falar dela. Tentei convecê-la que, num texto como aquele,
"eu", "a minha mãe" eram conceitos abstractos, eram personagens de um mundo
onde eu e a minha mãe entrávamos apenas muito ligeiramente. Expliquei-lhe
que só eu e ela pensávamos de facto um no outro enquanto líamos aquelas
palavras. As outras pessoas não nos conhecem, por isso ao lerem "eu"
pensarão em si próprias, ao lerem "a minha mãe" pensarão nas suas próprias
mães. Eu gosto muito da minha mãe. Saber que a minha mãe está preocupada
cria em mim uma angústia muito grande. Por essa razão, segurei as páginas e
apontei para a frase onde estava escrito: "Eu gosto muito da minha mãe." A
minha mãe olhou para mim e sorriu um sorriso inocente.
Quando acabou de ler, a minha mãe pousou as folhas sobre a mesa, pousou os
óculos sobre as folhas, olhou para mim e riu-se. "Que texto mais estranho
que tu escreveste", disse-me. Por contágio, ri-me também, mas fui parando
devagar porque não entendia bem a razão porque me ria. Perguntei-lhe porque
achava o texto "estranho". A minha mãe disse-me que quem o lesse ficaria
sem saber se ela tem o cabelo encaracolado ou se tem o cabelo liso, se fuma
ou não, se é nervosa ou calma, se fica preocupada com aquilo que as outras
pessoas pensam ou não. Eu disse-lhe que isso não tornava o texto estranho,
disse-lhe que as pessoas ficariam sem saber isso mas que, de qualquer modo,
isso seria sempre algo que nunca poderiam saber através de qualquer texto.
A minha mãe perguntou-me "então, para que é que escreveste este texto?"
Senti-me ofendido e humilhado. Não era evidente o motivo porque tinha
escrito aquele texto?
A minha mãe, a minha mãe, a minha mãe. Atirou as páginas para cima da mesa
e disse "estou muito decepcionada contigo". Fiz olhos de criança e
perguntei-lhe porquê. "Então tu queres que as pessoas pensem que sou uma
mãe que fica decepcionada com o filho só porque escreveu um texto?" Olhei
para ela sem entender. "O que é que as pessoas vão pensar?" Ainda com olhos
de criança, tentei iniciar uma frase que não sabia muito bem qual poderia
ser. A minha mãe, com o mesmo olhar severo, perguntou-me "então tu queres
que as pessoas pensem que sou uma mãe com um olhar severo que se preocupa
com as coisas que as outras pessoas pensam depois de ler um texto?" Eu não
sabia o que dizer ou o que pensar. A minha mãe gritou "então tu queres que
as pessoas pensem que eu sou uma mãe que começa a gritar só por causa de um
texto em que as pessoas pensam que estou a gritar por causa de elas
pensarem que estou a gritar?" A minha mãe olhava para mim e já tinha
acabado de dizer o que tinha para dizer. Finalmente, entendia-a. A minha
mãe era muito mais do que uma mãe com um olhar severo ou com um olhar doce.
A minha mãe era muito mais do que uma mãe com os cabelos encaracolados ou
lisos. Dizer apenas que a minha mãe se preocupa com as coisas que as outras
pessoas podem pensar é dizer muito pouco sobre a minha mãe. Finalmente,
entendi-a. Agarrei as folhas. Nunca as publiquei em lado nenhum. Em vez
disso, agarrei-as e rasguei-as em muitos quadrados pequenos de papel. O que
é que as pessoas poderiam pensar? Eu próprio não sei o que pensar sobre
esse texto que nunca publiquei. Era estranho. Não sei se era um texto sobre
a minha mãe. Não sei se era um texto que não era sobre a minha mãe. Ainda
assim, lembro-me da primeira frase desse texto: "Na semana passada, mostrei
à minha mãe um texto que tinha acabado de escrever."

José Luis Peixoto

Sent by: Flora Cousso

terça-feira, novembro 08, 2005

#O mal da mentira

Para os que não sabem, o Miguel Esteves Cardoso (MEC) teve em tempos um
site conhecido como o pastilhas. Basicamente consistia numa série de
crónicas, cursiosidades, sites interessantes etc, etc, que o MEC ia
colocando sobre a forma de ansióliticos, anti-depressivos, etc, etc. O site
tinha muitos seguidores - designados por "doentes" - e a"febre" era tal
ordem que chegaram a organizar diversos encontros. Basicamente era uma
comunidade virtual, como tantas outras que há por aí.
Uma vez, por altura do dia 1 de Abril, O MEC colocou uma mentira tão
credível, que muitos cairam como "patinhos". A graçola fez com que ele
ficasse com problemas de consciência e, para se redimir, escreveu a crónica
que se segue.
No meu entender, o MEC acertou, mais uma vez, em cheio... Ora leiam:

O mal da mentira
A experiência do Dia das Mentiras ensinou-me uma coisa fundamental. Muitos
doentes, todos com um invejável desportivismo, confessaram terem caído como
patinhos.
Mas caíram? Não me parece. Aquilo que aconteceu - e está na base de
qualquer mentira - é que confiaram em mim. Se a falsa notícia tem
aparecido, no dia 1 de Abril, noutro órgão de comunicação, teria sido logo
detectada. As mentiras são repugnantes porque queremos confiar nas pessoas
com quem sentimos afinidades. Quando um amigo ou um amante nos mente aquilo
que está a fazer é gastar aquela amizade ou aquele amor. E pior do que
isso: está a gastar um capital, feito de cumplicidades e ternuras,
acumulado com grande custo ao longo das aventuras conjuntas, que não é
dele. O capital da amizade e do amor pertence aos dois em igual medida.
Nem se pode dividir. Eu não posso gastar a "minha parte" porque não existem
partes. Metade de um ser vivo não é um ser vivo. Serrando uma pessoa ou uma
amizade ao meio produz duas coisas mortas. Quando se mente a um amigo
está-se a roubar. E quem rouba, desperdiça. Aquilo que dói numa mentira,
dito coloquialmente nas acusações inteiramente legítimas que depois se
fazem é isto:
"Foste capaz de pôr em risco a nossa amizade por uma coisa destas?"
Qualquer coisa é pequena comparada com a riqueza de um amor.
Suponhamos que uma ex-namorada me telefona. Eu atendo e mando-a pentear
macacos. Quando me encontro com a minha mulher e ela me pergunta se alguém
telefonou eu escolho mentir e oculto-lhe o telefonema. Claro que arranjo
mil desculpas para a minha mentira. Que não valeria a pena; que ela só iria
ficar chateada; que estragaria a noite; que ela provavelmente pensaria que
não foi bem como eu disse. Que não foi bem como eu disse. Aqui está a
raiz. A honestidade ou é total ou não presta. Se eu tiro um ponto aqui e
esguicho um bocadinho de lixívia ali, como posso depois queixar-me que a
pessoa a quem conto um episódio acredite que foi tal e qual assim?
Continuemos. Considero que a minha mentira foi "branca"; ou seja, que não
prejudicou ninguém. Se eu fôr particularmente estúpido ou pretensioso até
posso fingir comigo mesmo que foi "para o bem dela". Porque ela é ciumenta;
porque é nervosa e não sei mais o quê. Passadas umas semanas a minha mulher
encontra a dita ex-namorada. Esta diz-lhe: "Bem, o teu marido anda muito
mal disposto! Telefonei-lhe no outro dia para lhe perguntar uma coisa e ele
mandou-me pentear macacos! Ele anda muito em baixo; é?" Que figura faz a
minha mulher? Péssima. Não tanto por causa da figura, que pode não
interessar nada (mas, nestas coisas do amor e do passado, interessa muito),
mas por causa da surpresa. A partir desse momento, mesmo com a melhor das
intenções, está tudo estragado. Estou a falar de um caso relativamente
anódino porque a maioria das mentiras versa acontecimentos bem mais
importantes. E porque não é preciso uma mentira ser grave para se perceber
o mal que faz e o preço enorme, muitas vezes irrecuperável, que se paga. A
minha mulher chega a casa e quer saber porque lhe menti. Mas já nem vale a
pena responder. Porque ela já não acredita - e tem toda a razão em não
acreditar.
Ela pergunta: "Porque me disseste que ninguém tinha telefonado?"
Ela pergunta: "Porque é que me escondeste o telefonema dela?"
E eu estou, com muita justiça, lixado. Porque nenhuma resposta serve. Se eu
digo "Foi para não te arreliar escusadamente" estou a insultá-la. Ela é uma
pessoa; não uma flor de estufa ou uma criancinha. Ou mesmo que fosse!
É que uma pessoa que mente numa coisa não é capaz de mentir em todas - mas
é como se fosse. A partir desse momento, quando é que a minha mulher vai
confiar em mim quando digo que não telefonou ninguém? Nunca mais. Ou seja:
por causa de uma suposta "mentirinha", as ex-namoradas começam a
telefonar-me todos os dias. Sem excepção. É difícil confiar numa pessoa e
não é apenas uma questão de fé. A confiança mede-se com provas. Podem não
ser provas procuradas e propositadamente exibidas. Mas tem de haver uma
série de incidentes em que eu digo uma coisa que parece inverosímil e que
depois são confirmadas como verdadeiras para se estabelecer a confiança. O
horror da mentira é este: posso dizer a verdade absoluta 999 vezes
seguidas. Mas, quando minto à milésima, não é só aquela prova de confiança
que perco: são milhares. Mil para trás e milhares para a frente. É por isso
que mentir, para além de uma cobardia, é uma estupidez extraordinária. E
extra-ordinária. Estamos a esbanjar milhares de verdades, ditas no passado
e por dizer no futuro, por uma única mentirinha. É um péssimo negócio. Quem
sai mais enganado e mal servido é o mentiroso. Mas ambas as pessoas e, mais
triste ainda, a relação entre elas, perdem uma quantidade infinitamente
maior de qualidades, das quais a principal é a confiança, ao pé das quais
os benefícios temporários de uma mentira são irrisórios. Não: desprezíveis.
Mas há mais. Eu, quando minto, desprezo-me a mim próprio. Digo a mim mesmo
que não sou capaz de lidar com a verdade; que não tenho estofo ou
integridade para aguentar as consequências das minhas acções. Não se pode
ser "quase sempre" verdadeiro. Eu posso achar que consigo. Mas para a outra
pessoa, amiga ou amada, quem é capaz de mentir é capaz de mentir. E pronto.
E tem razão!
(A sinceridade é outra coisa, já que, em termos de opiniões sem relação com
factos e ocorrências, muitas vezes vale mais a pena ficar calado).
Mesmo ao escrever a minha falsa notícia, apesar de a ter rodeado de
pastilhas sobre o Dia das Mentiras, podem ter a certeza que me lixei um
bocadinho e que me sinto sujo por causa disso.
Mesmo mostrar a habilidade para mentir, mesmo sendo essencial num escritor
que escreve ficção, quando se faz num contexto de verdade que é a crónica,
é destruir a confiança estabelecida entre mim e os meus queridos doentes.
Isto nada tem a ver com o facto de ninguém gostar de ser enganado. Até
porque não é verdade. Há um prazer em ser enganado quando o que engana é
uma ilusão mútua, que não pode ser negada pela realidade ou posta em causa
pela experiência de terceiros. Tem a ver - cá está ela outra vez - com a
confiança. As pessoas acreditam porque confiam. E confiam porque querem
confiar. Mesmo uma brincadeira como aquela da AACS e do "Expresso" é nociva
porque parte de uma confiança estabelecida; utiliza-a e sacrifica-a; sendo
feita apenas por uma das partes, numa relação que é só uma. Que não tem
partes. Muito mais haverá a dizer sobre a mentira. Mas não posso deixar de
concluir com a verdade mais importante de todas, que vem da filosofia, do
tempo em que a filosofia era a sabedoria sobre tudo, antes de se dividir em
matemática, física, biologia e tudo o mais.
Essa verdade é que, mesmo que ninguém mentisse neste mundo e todos
confiassem uns nos outros e se amassem profundamente - mesmo assim
saberíamos muito pouco.
Num mundo onde ninguém sabe quase nada, mentir é cuspir nessa nossa
condição. A verdade - seja na forma de informação ou de revelação - tem de
ser partilhada, se não queremos morrer todos estúpidos.
Ou, pior ainda, se não queremos viver todos estupidamente.
Desculpem-me, queridos doentes, a mentira de 1 de Abril. Foi por uma boa
causa - esta crónica não poderia ser escrita sem ela - mas a verdade é que
nunca há boas causas para mentir.
Não pudessem vocês agora perguntar se eu não estarei agora a mentir outra
vez. Não estou. Mas já existe pelo menos uma prova que sou capaz de mentir.
E isso é muito mau.

Sent by: Flora Cousso

#Filme Bonecas Russas

Amigos,

aconselho vivamente uma ida ao cinema para ver o filme "Bonecas Russas", é
muito bom!
O filme ultrapassa totalmente o filme que o antecedeu (e nem nos lembramos
ou precisamos de conhecer) o Residência Espanhola.

Felicidade,
Jorge

SINOPSE
Cinco anos depois das suas aventuras em Barcelona, Xavier (Romain Duris), o
herói de "A Residência Espanhola", vive agora em Paris e conseguiu realizar
o seu sonho de infância: é escritor. No entanto, sente-se um pouco perdido,
pois ganhar a vida como escritor não é assim tão fácil como ele poderia
supor.
Para além disso, a sua busca pela mulher perfeita fá-lo saltar de namorada
em namorada, numa série de relações inconsequentes. Vai mantendo também
pequenos trabalhos para conseguir sobreviver, de jornalista a argumentista
de televisão e a babysitter do filho da ex-namorada. Com tanta coisa junta,
Xavier tem dificuldade em concentrar-se. Mas uma viagem a Londres e a São
Petersburgo vai permitir-lhe reconciliar o trabalho, a escrita e o amor.

sexta-feira, novembro 04, 2005

#Só o nosso tempo é nosso...

Catarina Beato

O maior factor de ?stress? dos gestores é incontornável. A sabedoria está
em deixar por fazer o que é menos importante.
Até a Cinderela teve que gerir o tempo para conquistar o seu príncipe. E
afinal todos queremos concretizar os nossos objectivos antes de nos
transformarmos em gigantes abóboras.
O feriado transformou esta semana em apenas quatro dias úteis. Eu não tinha
tempo para fechar o artigo previsto. Não podia comprar tempo. Não podia
acrescentar tempo ao tempo nem alterar o rumo do tempo. Decidi escrever
sobre a gestão deste recurso escasso, irreversível e irrecuperável - o
tempo
O tempo, ou a falta dele, não é um problema meu. É o maior factor de stress
dos gestores. E da sociedade moderna em geral. Porque nos sentimos
prisioneiros do mais importante recurso ao dispor nas nossas vidas
profissionais e pessoais.
É um facto: precisamos de tempo para tudo. E não podemos modificar o tempo.
Mas se não o controlamos podemos geri-lo?
Num texto adaptado por Guiomar Gabriel do gabinete de apoio psicopedagógico
da Faculdade de Ciência da Universidade de Lisboa a resposta é simples:
ninguém gere o tempo. ?Aquilo a que chamamos gestão do tempo não é mais do
que saber colocar mais energia onde é mais importante e colocar menos
energia onde é menos importante?, explica Fernando Miguel Pereira Alves,
docente do Instituto de Economia e Gestão reforça a ideia que a gestão do
tempo pode resumir-se em duas questões principais: ?É importante? É
urgente??
A avaliação destes dois factores é preponderante para a determinação da
nossa estratégia. ?Para além nobre arte de fazer com que as coisas sejam
feitas, existe a nobre arte de deixar as coisas por fazer. A sabedoria está
na eliminação do não-essencial.? Um provérbio chinês resume o problema.
Concluí então que o segredo está em não desperdiçar tempo. O tempo é mais
uma fonte de energia não renovável. E atenção porque não desperdiçar é
diferente de poupar. O tempo não utilizado não se guarda para o dia
seguinte. Mas podemos utilizar os 1440 minutos do nosso dia. Um por um.
Numa interessante analogia sugeriam-me imaginar uma herança de um tio muito
rico em que diariamente eram transferidos para a minha conta 1440?. Cada
euro não usado seria retirado da conta à meia noite.
Continuei a analisar algumas dicas dos especialistas. ?Coloque as coisas
sempre no mesmo sítio. O mesmo bolso. A mesma prateleira?, sugere Fernando
Miguel Pereira Alves. A simplicidade desta ideia ganha dimensão se
pensarmos que um cidadão dos Estados Unidos gasta, em média, um ano da sua
vida à procura de coisas que não se recorda onde deixou. O professor propõe
ainda que tenhamos em mente, ou em formato papel, um lista de pequenas
tarefas concretizáveis em 5/10 minutos. Se tivermos que esperar por um
amigo, pelo próximo autocarro ou numa fila de trânsito terá sempre uma
forma de ocupar este tempo.
Assim, se elaborar um plano de todas as actividades é o primeiro passo para
uma gestão do tempo, não é suficiente. Há que considerar os possíveis
contratempos. Adaptar o tempo tendo em conta o método de trabalho e sempre
com uma margem de segurança para eventuais imprevistos. Um dos erros mais
comuns é o optimismo no planeamento do tempo. É muito difícil ser realista
quanto ao tempo que necessitamos para levar a cabo alguma tarefa. Erramos
por sub-estimação.
Organizar, apontar tarefas e compromissos de acordo com as prioridades, e a
capacidade de delegar são outras das propostas.
Dar resposta às solicitações é importante, mas isso não implica esquecer a
família ou os amigos. A gestão do tempo para além da vida profissional
passa também pela vida pessoal e familiar. O plano do tempo deve cobrir
todo o dia e não somente as horas de trabalho. Mesmo que o trabalho seja
também uma fonte de prazer. São os momentos de lazer que muitas vezes nos
recarregam baterias para continuar e ajudar a enfrentar um novo dia.
Trabalhar mais tempo não é sinónimo de trabalhar mais ou melhor. Está
provado cientificamente.
Para os que, sozinhos, não são capazes de organizar o seu tempo, existe
ajuda profissional. Em Portugal, são várias as instituições que
disponibilizam cursos de gestão de tempo. Para além dos próprios cursos de
gestão que incluem uma cadeira que aborda esta problemática.
Na realidade não podemos gerir o tempo, podemos apenas gerir-nos a nós
próprios. E esta capacidade evidente na correcta gestão do tempo, aliada a
um controlo mais eficaz das situações stressantes, conduz a uma maior
produtividade, e maior bem-estar físico e emocional. Ou seja, ficamos a
ganhar. Com as mesmas 24 horas e os mesmo 1440 minutos do nosso dia podemos
?ganhar? tempo. Não será uma conquista quantitativa mas será, com certeza,
uma mais valia na nossa qualidade de vida.
Não se perde tempo a aprender a geri-lo. Descobri que, afinal, se a
Cinderela tivesse seguido todos estes conselhos e fosse uma verdadeira
gestora de tempo teria conseguido antes das doze badaladas deixar o número
de telemóvel ao Príncipe. E não teria perdido o sapatinho de cristal pelo
caminho.
E se vendesse todo o seu tempo?
Todas as coisas nos são alheias; só o nosso tempo é nosso.? - Séneca
TC, o herói ou anti-herói desta narrativa em forma de fábula, descobre que
vendeu todo o seu tempo. ?Aquela que lhe tinham dito que era a hipoteca da
sua vida tinha tido como resultado uma hipoteca da sua vida.? É só mais um
?vendedor de tempo? da sociedade actual.
O livro é um acto de rebelião contra a cedência permanente de tempo aos
outros.
De facto, a queixa que o cidadão ocidental mais frequentemente faz é
precisamente a de falta de tempo.
Nunca devemos esquecer que, apesar de tudo indicar o contrário, somos nós
os verdadeiros donos do tempo. É esta a conclusão desta história.

O Vendedor de Tempo
Autor: Fernando Trias de Bes
Colecção: Vectores de Liderança
Editora: Pergaminho

Banco do Tempo
Todos queríamos poder ?levantar? tempo num qualquer caixa Multibanco. Ou
guardar o tempo que sobrasse e pô-lo a render juros. Este é um sonho que
teremos que adiar. Mas já existe um Banco de Tempo.
É semelhante a qualquer outro, com agências, contas, cheques e depósitos.
Deposita-se, dá-se, tempo ou disponibilidade para prestar um conjunto de
tarefas, medidas em unidades de tempo - horas, minutos - que é levantado,
recebido, sob as mais diferentes formas, quando necessário.
?Temos 17 sucursais, espalhadas de Norte a Sul do País, onde as pessoas se
podem inscrever e oferecer-se para fazer tarefas. Por exemplo, há alguém
que se disponibiliza a ir buscar os filhos de outra pessoa à escola. Quando
os vai devolver aos pais diz quanto tempo demorou - por exemplo, duas horas
- e recebe um cheque com esse valor. Deposita-o e pode depois usá-lo quando
e como entender?, explica Eliana Madeira, técnica de projectos do Banco.
?As pessoas nem sempre fazem um bom uso do tempo. Desta forma, podem ser
solidárias e, ao mesmo tempo, receber ajuda quando precisam.? Porque a vida
é uma corrida contra o tempo.

Aprender a gerir o tempo: versão escrita e video.
- ?30 Maneiras de ganhar tempo?
VHS para compra ou aluguer VideoGest
- ?A armadilha do tempo?
Versão baseada no best-seller ?The Time
- ?Trap?, escrito pelo Dr. Alex Mackenzie.
DVD e VHS para compra ou aluguer
VideoGest
- ?O tempo da sua vida?
?Se Você está a desperdiçar o seu tempo, está a desperdiçar a sua vida? -
Alan Lakein, MBA em Harvard, autor do best-seller ?How to Get Control of
Your Time and Your Life?.
DVD e VHS para compra ou aluguer
VideoGest
- ?Gestão do Tempo?
Autor: Polly Bird
Colecção: Espírito de Negócios
Editora: Actual Editora
- ?Gerir o tempo?
Autor: Kate Keenan
Colecção: Mini-guia do gestor
Editora: Texto Editora
- ?Gerir o Tempo?
Autor: Katie Jones
Colecção: Manual de auto-confiança
Editora: Livros e Livros

Diplomas para gestores de tempo
- Gerir o seu tempo e controlar o stress
Centro de Formação Profissional para o Comercio e Afins (CECOA)
Duração: 45 Horas / Pós-laboral
- Gerir o tempo e organizar o trabalho; desenvolvimento da eficácia pessoal
CENERTC Centro de Energia e Tecnologia
Duração: 1 dia
- Gestão do Tempo
MBA consultores
Duração: 30 Horas / Dia inteiro
- Gestão do tempo e performance individual
AGESFAL - Manegement Institute
Duração: 14 Horas / 2 dias
- Gestão do Tempo e do Stress
Duração: 15 Horas / destinado a docentes
- Gestão Eficaz do Tempo
Duração: 5 Horas
(Formação Interna da) Faculdade de Engenheira da Universidade do Porto

Sent by: Bruno Martinho

#França: oitava noite consecutiva de violência nos subúrbios de Paris

Os confrontos entre a polícia e os habitantes de bairros pobres dos
subúrbios de Paris prosseguiram ontem, pela oitava noite consecutiva.
De acordo com as autoridades, 400 viaturas foram incendiadas e 27
autocarros foram destruídos, mas registaram-se menos confrontos
directos.

Os confrontos começaram há uma semana, na sequência da morte de dois
jovens, que morreram electrocutados numa central eléctrica em que se
terão refugiado para fugir da polícia. As circunstâncias da morte dos
dois adolescentes vão ser alvo de um inquérito, anunciou ontem o
procurador de Bobigny.

Um dos acontecimentos mais marcantes da noite passada foi um incêndio
num terminal de autocarros em Trappes, na zona oeste de Paris, que
destruiu 27 autocarros.

A violência espalhou-se por dezenas de localidades à volta da capital
francesa, com confrontos particularmente graves entre grupos de jovens
e polícias em Seine-Saint-Dennis.

A situação nos subúrbios de Paris foi ontem tema de várias reuniões
interministeriais na residência oficial do primeiro-ministro, no
palácio de Matignon, no âmbito do plano de acção prometido por
Dominique de Villepin para as zonas urbanas mais sensíveis.

http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1237788&idCanal=90

#Parisjá está a arder

Paris está, de facto, a arder. Mas, estes fogos postos são um pequeno
rastilho aceso dos fogos que estão para vir. Quem deixar o centro de Paris
e as suas conotações fantasistas e românticas pintadas de Sena e Torre
Eiffel, de cafés e boulevards, de croissants e gastronomia, e decidir
apanhar a rede de metro suburbana e deixar-se arrastar pela viagem à
«grande banlieue parisienne», sabe que o aguarda o inferno no fim da linha.
É como passar de um mundo para outro, nos antípodas. Os subúrbios de Paris,
onde moram tantos imigrantes, entre eles os portugueses, são uma massa de
desumana arquitectura, talhada e arrumada de propósito para mostrar a quem
lá vive a sua alienação e a sua diferença desintegrada. É uma arquitectura
monstruosa e apocalíptica, de corredores desabrigados e materiais frios,
sem vida comunitária. Lugares onde as pessoas vivem como em gaiolas,
atomizadas, isoladas, reduzidas à ínfima espécie da sua condição menor.
Por mais que a França igualitária, republicana, fraternal e idealista,
criadora dos Direitos do Homem e herdeira espiritual do Iluminismo queira
pensar e repensar o fenómeno da integração dos imigrantes e da suas
políticas, o facto saliente é este: ninguém, salvo escassíssimas excepções,
está integrado. Magrebinos, negros, árabes, os grupos mais representados,
quase todos eles um subproduto residual do colonianismo francês e das suas
guerras de libertação, sabem à partida que podem trabalhar em França, viver
em Paris, mas, viverão sempre à sombra da luz que ilumina os brancos e os
filhos da terra e do sangue. O racismo francês, latente ou explícito,
contaminou sempre a sociedade francesa, uma das sociedades mais
chauvinistas e xenófobas do mundo, apesar da capa «cultural» e das manias
snobs dos intelectuais que gostam de «descobrir» culturas marginais mas,
nunca, de as integrar de pelo direito como francesas ou europeias. A
integração cultural, falsa, assente em meia dúzia de participações
controladas dos estrangeiros «escolhidos», não oculta nem pode ocultar a
separação profunda e radical entre o Estado francês e os grupos étnicos que
lhe são estranhos, pelos hábitos, as tradições, a pobreza, a ignorância e a
cor da pele.
Esta gente, remetida para guetos donde só saem para trabalhar, espera na
ansiedade, na raiva e no desespero. Paris não é Londres nem Nova Iorque,
que acolheram sociedades multirraciais sem fracturas nem degradações tão
humilhantes como as que atingem os imigrantes em França. Paris não é,
sequer, Berlim. É uma capital de luxo e bem-estar, cercada de arame farpado
e favela melhorada. Nem Sarkozy, nem Villepin, nem os decrépitos partidos
franceses e os seus dirigentes, mais um Chirac decadente e na recta final,
estão preparados para enfrentar este magno problema, que requer mais do
cargas policiais e manifestações de força e autoridade. Estes imigrantes
desafectados tornar-se-ão, no seu abandono, um perigo sociológico e uma
subcultura de crime e desvio da norma.
Clara Ferreira Alves
Sent by: Bruno Martinho

quinta-feira, novembro 03, 2005

#Frases Gabriel Garcia Marquez

?Um verdadeiro amigo é aquele que pega na tua mão e te toca o coração.?

?Quero-te não por quem és, mas por quem sou quando estou contigo.?

?Ninguém merece as tuas lágrimas , e quem as merecer não te fará chorar.?

?Só porque alguém não te ama como tu queres, não significa que não te ame
com toda a sua alma.?

?A pior forma de se sentir a falta de uma pessoa é estar sentada ao seu
lado
e saber que nunca a vais poder ter.?

?Nunca deixes de sorrir, nem sequer quando estás triste porque nunca sabes
quem se poderá apaixonar pelo teu sorriso.?

?Podes ser simplesmente uma pessoa para o mundo, mas para alguém o mundo és

tu.?

?Não passes o tempo com alguém que não esteja disposto a passá-lo contigo.?

?Quem sabe Deus quer que conheças muita gente errada antes de conheceres a

pessoa certa, para que quando a finalmente conheceres, saibas estar
agradecido.?

?Não chores porque acabou, sorri porque aconteceu.?

?Haverá sempre quem te desiluda, assim o que tens de fazer é seguir
confiando e só ser mais cuidadoso em quem confias duas vezes .?

?Não te esforces tanto, as melhores coisas acontecem quando menos as
esperas.?

Sent by: Rita Silva

#Cacos...

"A vida é uma pilha de pratos a caírem no chão. Vai a gente muito devagar
da sala à cozinha, com aquela loiça toda de dias, de semanas, de meses em
equilíbrio uns sobre os outros a tilintarem e a tremerem, mais dúzias de
garfos e facas escorregando lá em cima, no meio dos restos de comida e dos
restos de infância, de espinhas de peixe de pequenas mentiras e de folhas
de alface de domingos felizes, e nisto, sabe-se lá porquê os anos
entortam-se, uma saudade escorrega (?), os dias, as semanas, os meses
deslizam uns a seguir aos outros, devagar primeiro, depressa depois, tudo
junto por fim, e eis a vida em cacos no linóleo."

António Lobo Antunes in Segundo Livro de Crónicas

quarta-feira, novembro 02, 2005

#Evitar o Sofrimento

Privamo-nos para mantermos a nossa integridade, poupamos a nossa saúde, a
nossa capacidade de gozar a vida, as nossas emoções, guardamo-nos para
alguma coisa sem sequer sabermos o que essa coisa é. E este hábito de
reprimirmos constantemente as nossas pulsões naturais é o que faz de nós
seres tão refinados. Porque é que não nos apaixonamos todos os meses de
novo? Porque, por altura de cada separação, uma parte dos nossos corações
fica desfeita. Assim, esforçamo-nos mais por evitar o sofrimento do que na
busca do prazer.

Sigmund Freud, in 'As Palavras de Freud'

Sent by: Flora Cousso

#PensamentosAnónimos

" A paz que procuramos está no silêncio que não fazemos!"

"Se não puder se destacar pelo talento, vença pelo esforço."

"As pessoas q mais admiro são aquelas que perseguem o seu sonho, estão
seguramente destinadas à felicidade."

"Escreve as mágoas na areia e os favores na rocha"

"Se o meu silêncio não te diz nada as minhas palavras são inúteis"

"Uma longa viagem começa com um único passo."

"É preciso pensar para acertar, calar para resistir e agir para vencer !"

"É mais alegre contarmos as estrelas do céu do que as pedras do caminho."

"É fácil apagar as pegadas; difícil, porém, é caminhar sem pisar o chão."

"Na busca desesperada de ter, o homem esquece de ser."

"As duas coisas infinitas: o Universo e a tolice dos homens."

"Em cada um de nós há um segredo, uma paisagem interior com planícies
invioláveis, vales de silêncio e paraísos secretos."

"Realidade é o pesadelo do mundo dos sonhos."

"Nunca faças aposta. Se sabes que vais ganhar és um patife, e se não sabes
és um tonto."

"Pelo erros dos outros, o homem sensato corrige os seus".

"Um amigo é uma alma em dois corações."

"Enquanto não souberes morrer e renascer, Serás um viajante aflito a errar
na terra escura."

Sent by: Manuela Silva et al.