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PENSANTES

Outros pensamentos, ideias e palavras que nos fazem pensar...

quinta-feira, maio 30, 2013

# Confessionário dum Padre

Sexta-feira, Maio 24, 2013
Uma senhora que precisava confessar-se

Não conheço a senhora que se sentou ao meu lado para se confessar,
numa paróquia vizinha. Diria que tem mais de setenta anos e mora, ou
vive sozinha. Depois de uns bons minutos a contar repetidamente as
mesmas coisas, na confissão, ficou em silêncio. Julguei que já tinha
exposto tudo o que sentia. Não me lembro de lhe ter ouvido pecados.
Ficou em silêncio. Um silêncio de espera, meu e dela. Por isso achei
que estava na hora da penitência e da bênção. Olhe, como penitência
vai rezar… e fui interrompido pelo pedido. Fale comigo, senhor padre.
O que ela precisava era ouvir alguém. Alguém que fizesse eco das suas
palavras. Alguém que olhasse para ela e não resistisse a estar com
ela. Já não tinha forças para mais diálogos. Por isso esperava que eu
não acabasse ali a sua conversa e pudesse sentir que era capaz de se
relacionar ainda, por mais idade, menos filhos e marido que tivesse.
Sem os olhos no relógio, nos minutos que passavam, achei que devia
falar-lhe do tempo, do sol, da vida com sol, mesmo quando chove e o
sol está escondido ou noutro lugar do planeta a brilhar, à espera de
voltar para as nossas vidas. E assim passou um tempo de confissão, que
não foi confissão, mas uma conversa de um Deus que está ali, para nós
e para dialogar connosco. As pessoas hoje em dia não têm com quem
conversar, fechadas nos seus problemas, ou num ecran de computador, ou
num qualquer quarto de uma qualquer casa desabitada. Vou aproveitar o
sol para uns dedos de conversa fiada.

Enviado por: Mónica Claro

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quarta-feira, maio 29, 2013

# A arte da lentidão

Talvez precisemos voltar a essa arte tão humana que é a lentidão. Os
nossos estilos de vida parecem irremediavelmente contaminados por uma
pressão que não dominamos; não há tempo a perder; queremos alcançar as
metas o mais rapidamente que formos capazes; os processos
desgastam-nos, as perguntas atrasam-nos, os sentimentos são um puro
desperdício: dizem-nos que temos de valorizar resultados, apenas
resultados.

À conta disso, os ritmos de atividade tornam-se impiedosamente
inaturais. Cada projeto que nos propõem é sempre mais absorvente e tem
a ambição de sobrepor-se a tudo. Os horários avançam impondo um recuo
da esfera privada. E mesmo estando aí é necessário permanecer
contactável e disponível a qualquer momento. Passamos a viver num open
space sem paredes nem margens, sem dias diferentes dos outros, sem
rituais reconfiguradores, num contínuo obsidiante, controlado ao
minuto. Damos por nós ofegantes, fazendo por fazer, atropelados por
agendas e jornadas sucessivas em que nos fazem sentir que já
amanhecemos atrasados.

Deveríamos, contudo, refletir sobre o que perdemos, sobre o que vai
ficando para trás, submerso ou em surdina, sobre o que deixamos de
saber quando permitimos que a aceleração nos condicione deste modo.
Com razão, num magnífico texto intitulado "A lentidão", Milan Kundera
escreve: «Quando as coisas acontecem depressa demais, ninguém pode ter
certeza de nada, de coisa nenhuma, nem de si mesmo.» E explica, em
seguida, que o grau de lentidão é diretamente proporcional à
intensidade da memória, enquanto o grau de velocidade é diretamente
proporcional à do esquecimento. Quer dizer: até a impressão de domínio
das várias frentes, até esta empolgante sensação de omnipotência que a
pressa nos dá é fictícia. A pressa condena-nos ao esquecimento.

Passamos pelas coisas sem as habitar, falamos com os outros sem os
ouvir, juntamos informação que nunca chegamos a aprofundar. Tudo
transita num galope ruidoso, veemente e efémero. Na verdade, a
velocidade com que vivemos impede-nos de viver. Uma alternativa será
resgatar a nossa relação com o tempo. Por tentativas, por pequenos
passos. Ora isso não acontece sem um abrandamento interno.
Precisamente porque a pressão de decidir é enorme, necessitamos de uma
lentidão que nos proteja das precipitações mecânicas, dos gestos
cegamente compulsivos, das palavras repetidas e banais. Precisamente
porque nos temos de desdobrar e multiplicar, necessitamos de
reaprender o aqui e o agora da presença, de reaprender o inteiro, o
intacto, o concentrado, o atento e o uno.

Lembro-me de uma história engraçada que ouvi contar à pintora Lourdes
de Castro. Quando em certos dias o telefone tocava repetidamente, e os
prazos apertavam e tudo, de repente, pedia uma velocidade maior do que
aquela que é sensato dar, ela e o Manuel Zimbro, seu marido, começavam
a andar teatralmente em câmara lenta pelo espaço da casa. E divergindo
dessa forma com a aceleração, riam-se, ganhavam tempo e distanciamento
crítico, buscavam outros modos, voltavam a sentir-se próximos,
refaziam-se.

Mesmo se a lentidão perdeu o estatuto nas nossas sociedades modernas e
ocidentais, ela continua a ser um antídoto contra a rasura
normalizadora. A lentidão ensaia uma fuga ao quadriculado; ousa
transcender o meramente funcional e utilitário; escolhe mais vezes
conviver com a vida silenciosa; anota os pequenos tráficos de sentido,
as trocas de sabor e as suas fascinantes minúcias, o manuseamento
diversificado e tão íntimo que pode ter luz.

José Tolentino Mendonça
In Expresso, 25.5.2013
28.05.13
http://www.snpcultura.org/a_arte_da_lentidao.html

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segunda-feira, maio 27, 2013

# A Inglaterra tem um novo império: o das offshores e paraísos fiscais

Por Cristina Ferreira
http://www.publico.pt/economia/noticia/o-sol-nunca-se-deita-para-o-imperio-britanico-de-offshores-e-paraisos-fiscais-1595512
25/05/2013
- 19:07

Investigação da Vanity Fair diz que "o Sol nunca se deita para o
império britânico de offshores e paraísos fiscais".

Grã-Bretanha é centro de uma rede de paraísos fiscais britânicos
interligados entre si Reuters

"Luta contra a evasão fiscal é a maneira mais fácil" de combater a austeridade

"Só as três dependências da coroa britânica [Caimão, as Ilhas Virgens
Britânicas [BVI] e as Bermudas] providenciaram $332,5 biliões de
financiamento para a City, a maioria não taxado".

"É uma surpresa para a maioria das pessoas que o mais importante
player do sistema global de offshores (livre de impostos e taxas) não
seja a Suíça, nem as Ilhas Caimão, mas sim a Grã-Bretanha, situada no
centro de uma rede de paraísos fiscais britânicos interligados entre
si, a lembrar os últimos resquícios do império."

O parágrafo consta de um trabalho da revista norte-americana Vanity
Fair, publicado na última edição de Abril, com o sugestivo título: A
Tale of two Londons [uma brincadeira à volta do conto (1859) de
Charles Dickens, a Tale of Two Cities].

Depois de, na terça-feira, a organização internacional
não-governamental (ONG) Oxfam ter estimado em 14 biliões de euros
(18,5 triliões de dólares) o dinheiro ocultado em paraísos fiscais
espalhados pelo mundo, ficou hoje a saber-se que há 12 offshores,
conectados com Portugal, associados a 22 proprietários ou gestores
(quatro portugueses) domiciliados em Lisboa, Porto, Estoril, Tavira e
Almancil.

Ficou hoje a saber-se que há 12 offshores, conectados com Portugal,
associados a 22 proprietários ou gestores (quatro portugueses)
domiciliados em Lisboa, Porto, Estoril, Tavira e Almancil.

A informação é hoje revelada pelo Expresso, em parceria com o Offshore
Leaks, e consta de uma mega investigação a paraísos fiscais. A
Offshore Leaks analisou 2,5 milhões de documentos secretos,
relacionados com 120 mil companhias e 170 países.

As notícias mais recentes ajudam a levantar a cortina opaca que
protege as grandes fortunas que "fogem" ao pagamento de impostos e
surgem numa altura em que, em Bruxelas, os chefes de Estado e de
governo europeus reuniram para adoptarem medidas de reforço da luta
contra a evasão e a fraude fiscal.

A Oxfam prevê que dois terços [9,5 biliões de euros] da verba
"ocultada" em paraísos fiscais (um total de 14 biliões de euros),
estejam em "territórios" offshore da União Europeia (UE). E que os
Estados tenham perdido de receita fiscal cerca de 120 mil milhões de
euros: o que equivale "a duas vezes o necessário para que cada pessoa
no mundo em pobreza extrema viva acima do limiar de 1,25 dólares por
dia".

Apesar das expectativas abertas com o anúncio de que os europeus iam
reunir para discutir os temas offshore, os resultados do encontro de
quarta-feira, 22 de Maio, não foram animadores. Bruxelas atrasou para
Dezembro a decisão sobre a generalização da troca de dados financeiros
no espaço europeu.

Ao contrário da França, que tem defendido medidas europeias contra a
evasão fiscal, a Áustria e o Luxemburgo (com fiscalidades e regras de
reporte de excepção) fazem depender o seu aval a uma maior
transparência nas transacções financeiras, ao reforço da legislação na
Suíça, no Mónaco, em Andorra, em San Marino e no Liechtenstein,
territórios europeus, mas que não integram a UE.

A Alemanha, sede do segundo maior centro financeiro da Europa, também
olha para as intenções de Holande com desconfiança.

Desta vez, e apesar de Londres surgir, habitualmente, como a face
visível da resistência ao aumento da regulação financeira (bancos,
operações financeiras e offshores), as posições britânicas não
apareceram destacadas na comunicação social. Mas o trabalho da Vanity
Fair, que se estende por sete páginas, não deixa dúvidas de que
qualquer mudança à actual "arquitectura" da city londrina (uma
metrópole offshore) tenderá sempre a ser vista como uma ameaça à
"competitividade" da sua indústria financeira.

O título escolhido pela revista para ilustrar o mapa que acompanha o
artigo de Nicholas (Nick) Shaxson (autor de outra investigação sobre o
tema: Where the Money Lives) é elucidativo: "O Sol nunca se deita para
o império britânico de offshores e paraísos fiscais."

"A situação dúbia, meio dentro, meio fora (colónias sem o ser),
assegura um fundo de legalidade e de distância que permite à
Grã-Bretanha dizer "que nada pode fazer" quando um escândalo rebenta."
Esclarecedor, portanto.

"Um círculo interior formado por dependências da coroa britânica –
Jersey, Guernsey, Ilhas de Man. Um pouco mais longe estão os 14
territórios espalhados pelo mundo, metade são paraísos fiscais,
incluindo, por exemplo, gigantes offshores como as Ilhas Caimão, as
Ilhas Virgens Britânicas (BVI) e as Bermudas. Ainda mais longe
numerosos países da Commonwealth britânica e antigas colónias como
Hong Kong, com fundas e antigas ligações a Londres, continuam a
alimentar grandes fluxos financeiros questionáveis e sujos para dentro
da City", lê-se na Vanity Fair. "A situação dúbia, meio dentro, meio
fora (colónias sem o ser), assegura um fundo de legalidade e de
distância que permite à Grã-Bretanha dizer "que nada pode fazer"
quando um escândalo rebenta." Esclarecedor, portanto.

Ainda assim a revista norte-americana faz menção ao que já se sabe: as
enormes dificuldades em obter números sobre a circulação do dinheiro
pelos paraísos fiscais, o que justifica que os valores divulgados
pelas diferentes instituições nem sempre coincidam. Mas há pelo menos
uma certeza: uma parte significativa das grandes fortunas mundiais,
das empresas e dos fundos de investimento internacionais controlados a
partir das metrópoles financeiras acabam sediados em paraísos fiscais.

Territórios opacos onde o sigilo bancário e a complexidade das
estruturas societárias dificultam a identificação dos "offshore" e dos
seus beneficiários efectivos, assim como das verbas que por ali
circulam.

Depois de ressalvar que "a informação é pouca", Nick Shaxson garante
que no fim do primeiro semestre de 2009, "só as três dependências da
coroa britânica [Caimão, as Ilhas Virgens Britânicas (BVI) e as
Bermudas] providenciaram $332,5 biliões de financiamento para a City,
a maior parte é dinheiro estrangeiro não taxado".

"Quem realmente vive no One Hyde Park [Londres], o edifício
residencial mais caro do mundo? A maior parte dos proprietários das
habitações é gente que se esconde atrás de offshores, de paraísos
fiscais, o que nos dá o retrato dos novos super-ricos."

"Estas questões estão de tal modo fora de controlo que, em 2001, até a
Autoridade Fiscal britânica vendeu 600 edifícios a uma companhia, a
Mapeley Steps, registada no paraíso fiscal das Bermudas para evitar o
pagamento de taxas."

Nick Shaxson "arranca" o artigo da Vanity Fair sem deixar dúvidas:
"Quem realmente vive no One Hyde Park [Londres], o edifício
residencial mais caro do mundo? A maior parte dos proprietários das
habitações é gente que se esconde atrás de offshores, de paraísos
fiscais, o que nos dá o retrato dos novos super-ricos."

O construtor do One Hyde Park, Nick Candy, explicou que Londres "é a
cidade no topo do mundo e o melhor paraíso fiscal para alguns",
enquanto Mark Holling, co-autor do livro Londongrad, de 2009, que fala
da invasão russa, preferiu evidenciar: " Eles [russos] vêem a
capital/city como a mais segura, justa e honesta para parquear o seu
dinheiro e a justiça britânica nunca os extradita", nem "a polícia os
investiga", apesar de "se desconhecer a origem do seu dinheiro",
resultante das "privatizações pós-soviéticas corruptas"

A grande dimensão dos negócios/transacções em paraísos fiscais sob
administração britânica tem gerado contestação e constitui uma dor de
cabeça para o governo de David Cameron. Recentemente, num contexto em
que se pede austeridade aos consumidores britânicos, o parceiro de
coligação de Cameron, Lord Oakeshott, do partido Liberal-Democrata,
avisou: "[as triangulações entre offshores] É uma mancha na face da
Grã-Bretanha. Como pode Cameron pedir seriamente ao G8 para reforçar
as receitas fiscais se depois deixar as ilhas [paraísos fiscais
britânicos] usarem a lei para absorver milhões em dinheiro sujo?"

A acção da ex-primeira-ministra britânica, Margaret Thatcher, não foi
esquecida por Shaxson: "As reformas financeiras [de Thatcher],
nomeadamente, o Big Bang [desregulamentação], de 1986, fizeram
disparar o número de banqueiros na city o que expandiu as operações
financeiras" e atraiu investimento estrangeiro. Mas não só. A menor
regulação e a maior competição, traços distintivos da city londrina
thatcherista, não resultaram em maior transparência e qualidade nas
operações financeiras e estiveram na origem da crise anglo-saxónica de
2007/2008.

Hoje, sugerem-se grandes mudanças e prometem-se "grandes batalhas"
para meter a capital britânica na ordem. Mas será que a intenção de
Oakeshott de colocar um fim na circulação de dinheiro sujo na City
acabará algum um dia por sair da gaveta?

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quarta-feira, maio 22, 2013

# Taxar paraísos fiscais daria para acabar com pobreza extrema no mundo

http://www.publico.pt/economia/noticia/oxfam-garante-que-taxar-paraisos-fiscais-daria-para-acabar-com-pobreza-extrema-no-mundo-1595136

Por PÚBLICO e Lusa 22/05/2013 - 08:49

Contas desta organização não-governamental dizem que há 14 biliões de
euros escondidos, que representariam uma receita fiscal de 120 mil
milhões de euros.

Oxfam diz que dois terços do dinheiro colocado em paraísos fiscais tem
origem na UE. Reuteus

Os designados paraísos fiscais escondem 14 biliões de euros, o que
significa uma perda de receita fiscal para os governos em torno dos
120 mil milhões de euros. As contas são da Oxfam, uma organização
não-governamental internacional, que trabalha em 90 países e que
afirma que esse montante de impostos perdidos "daria para acabar duas
vezes com a pobreza extrema no mundo".

"O dinheiro perdido equivale a duas vezes o necessário para que cada
pessoa no mundo assolado pela pobreza extremna viva acima do limiar de
1,25 dólares por dia", salienta a mesma organização. "É escandaloso
que tanto dinheiro passe ao lado dos impostos, deixando livres aqueles
que mais podem pagar pelo bem público e pelo serviço público",
considera Kevin Roussell, membro da organização. "Muitos governos
garantem que não têm alternativa ao corte na despesa pública e na
ajuda ao desenvolvimento, mas nós encontrámos potencial suficiente na
taxação do dinheiro privado que se encontra escondido e que chegaria
para eliminar duas vezes a pobreza extrema", reforça.

A organização divulgou estes dados nesta quarta-feira, numa altura em
que os chefes de estado e governo da União Europeia (UE), que se vão
reunir nesta quarta-feira em Bruxelas, procuram reforçar a luta contra
a evasão e a fraude fiscal. Nas contas da Oxfam, a UE é responsável
por dois terços desta riqueza depositada em paraísos fiscais, como
LUxemburgo, Andorra e Malta.

"Os líderes da UE na sua reunião deveriam colocar-se de acordo para
agir de imediato de forma a acabar com a evasão fiscal, mas antes
precisam de colocar a sua própria casa em ordem", defendeu a
organização, no mesmo comunicado.

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quarta-feira, maio 15, 2013

# Para uma vida sem arrependimentos

http://www.snpcultura.org/para_uma_vida_sem_arrependimentos.html

Uma enfermeira australiana – Bronnie Ware – escreveu um livro
original. Tendo-se dedicado a doentes terminais, colecionou as suas
queixas, os seus arrependimentos e os seus sonhos não realizados.

Tinha a consciência de que aquilo que foi ouvindo de uns e de outros
ao longo de alguns anos era muito mais do que meros desabafos: ela
estava diante de sentimentos profundos, de dores que magoavam, de
vidas não vividas.

Para que o livro não se tornasse apenas um amontoado de depoimentos,
organizou-os em grandes grupos, aos quais denominou «Os cinco maiores
arrependimentos à beira da morte». São eles:

1.º - «Eu gostaria de ter tido a coragem de viver a vida que eu
quisesse, não a vida que os outros esperavam que eu vivesse.» Segundo
Ware, esse foi o arrependimento mais comum. Diante da proximidade da
morte, muitos olhavam para trás e tomavam consciência do que gostariam
de ter feito e não fizeram, sempre preocupados com imposições externas
ou com o desejo de querer agradar. Por outras palavras, poderiam
escolher para a lápide de sua sepultura a frase: "A vida que poderia
ter sido e não foi".

2.º - «Eu gostaria de não ter trabalhado tanto.» Essa afirmação nascia
especialmente da boca de homens que tinham passado a vida envolvidos
pelo trabalho, pela luta para aumentar o seu património ou para serem
sempre mais famosos. Percebiam, de repente, que não haviam acompanhado
a infância e a juventude dos seus filhos, que a família tinha ficado
sempre em segundo plano, embora procurassem convencer-se, enquanto
estavam na sua roda viva, que era para a esposa e os filhos que tudo
faziam.

3.º - «Eu queria ter tido a coragem de expressar meus sentimentos.»
Alguns arrependiam-se por não terem sido capazes de expressar o seu
amor e o seu carinho, ou por não terem sido capazes de fazer elogios a
quem os merecia. Outros guardavam ressentimentos antigos, fazendo de
seu coração um "frigorífico" onde a sua amargura estava congelada,
sempre pronta a manifestar-se. Agora, perguntavam-se: «Para quê? De
que adiantou isso?».

4.º - «Eu gostaria de ter tido mais tempo para meus amigos.» Muitos
descobriram que não haviam cultivado velhas e sinceras amizades, e que
não era naquela fase final da vida que iriam conseguir novos amigos.

5.º - «Eu gostaria de ter-me permitido ser mais feliz.» Expresso isso
com as minhas palavras: o grande erro de muitas pessoas consiste em
estragar a vida com mesquinharias, com insatisfações não superadas,
com o fechar-se em si mesmas, num egoísmo que mata a alegria.

Percebe-se que a autora do livro, não sei se premeditadamente, não
entrou no campo espiritual, religioso. Por isso, sem pretender
completar o seu interessante trabalho, mas como expressão do que penso
e acredito, faço duas observações envolvidas pela perspectiva da fé.

A primeira diz respeito a Santo Agostinho. Para que todos o situem no
tempo, lembro que morreu no ano 430. Depois de uma vida atribulada em
busca da verdade, escreveu os caminhos que percorreu até encontrá-la,
no livro autobiográfico "Confissões".

Começou por constatar: «Criaste-nos para ti, Senhor, e inquieto está o
nosso coração enquanto não repousa em ti». E concluiu: «Tarde te amei,
Beleza tão antiga e tão nova; tarde te amei! Tu estavas dentro de mim
e eu te buscava fora de mim. (...) Tu estavas comigo, mas eu não
estava contigo. (...) Saboreei-te, e agora tenho fome e sede de ti.
Tocaste-me, e inflamei-me na tua paz».

A segunda observação é de Jesus Cristo, e ele apresentou-a sob a forma
de uma pergunta: «De que adianta a alguém ganhar o mundo inteiro, se
vier a perder a própria vida?» (Mateus 16,26).

Traduzindo isso em palavras muito pobres, posso dizer: onde ficaram as
vaidades de muitos, os bens que acumularam – muitas vezes de maneira
não honesta –, os prazeres que dominaram suas vidas? O que fica de uma
vida, além do amor semeado?

Oportuno é, pois, o pensamento que bem poderia servir de título para
um livro: "A vida é-nos dada para procurar Deus; a morte, para
encontrá-lo; e a eternidade, para possuí-lo".

D. Murilo Krieger
Arcebispo de S. Salvador da Bahia, Primaz do Brasil
In Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
14.05.13

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sexta-feira, maio 03, 2013

# Trabalhar não pode ser castigo

Numa altura em que ter trabalho é mais do que uma bênção, diversos
estudos comprovam que o grau de insatisfação com o mesmo nunca esteve
tão elevado. Para o filósofo Roman Krznaric, "entrámos numa nova era
de realização pessoal, na qual o grande sonho é trocar o dinheiro pelo
significado". E esse é o tema de um livro apaixonante e que nos obriga
a repensar muitos dos dilemas que enfrentamos todos os dias

HELENA OLIVEIRA Ver, 2013-05-02
"O trabalho é um mal necessário a ser evitado" – Mark Twain

Nos tempos que correm, e sempre que alguém se queixa do trabalho em
excesso, de chefes insuportáveis, de horários abusivos ou se pronuncia
a popular frase "não aguento mais o meu emprego", há sempre alguém que
nos olha com um ar furibundo e que diz: "dá é graças por ter
trabalho". O que, face ao flagelo que assistimos no mercado laboral, é
uma verdade indiscutível.
Todavia, esqueçamos por alguns instantes a falta de emprego e
concentremo-nos na falta de vontade para nos erguermos todos os dias
da cama para ir trabalhar. Ao longo de séculos, o trabalho sempre foi
encarado como uma necessidade feia e não como uma fonte de identidade.
Todavia, e como argumenta o filósofo Roman Krznaric, "entrámos numa
nova era de realização pessoal, na qual o grande sonho é trocar o
dinheiro pelo significado". Apesar de serem decerto muitos os leitores
que discordam desta nova máxima filosófica, a verdade é que, de acordo
com vários estudos, o grau de insatisfação das pessoas relativamente
ao trabalho que têm, está a crescer significativamente. A maioria das
pesquisas feitas no Ocidente revela que, pelo menos metade dos
entrevistados é infeliz no seu local de trabalho. Num estudo feito
somente na Europa, a percentagem dos insatisfeitos cresce para os 60%.
Nos Estados Unidos, a satisfação com o trabalho atingiu, desde que há
registos, o nível mais baixo de sempre: 45%.
Dados os números, não parece de todo má ideia dedicar um livro à
procura do significado para o trabalho e foi o que fez Roman Krznaric,
no seguimento das obras que têm a chancela da The School of Life, o
empreendimento cultural fundado pelo famoso Alain de Botton, escritor
de ensaios que têm sido descritos como "filosofia para a vida de todos
os dias". How to Find Fullfiling Work não é um livro grande, mas tem
todos os ingredientes para ser um grande livro. Escrito com base numa
agradável e inteligente mistura de factos históricos, psicologia e
entrevistas enriquecedoras, desconstrói muitos dos mais comuns dilemas
relacionados com o trabalho e com a carreira, tal como a
sobre-abundância (ou escassez) de opções de emprego, os compromissos
prematuros que somos obrigados a fazer em tenra idade sobre as nossas
opções de carreira, a "psicologia do medo" que nos mantém aprisionados
a um trabalho que odiamos, como avaliar se determinado trabalho tem ou
não significado ou sobre o tipo de recompensas que dele retiramos. Mas
se está à espera de mais um livrinho de auto-ajuda, de consumo rápido
e dicas mágicas, este não é o caso. Mais do que dar respostas, a obra
de Krznaric faz perguntas. Mas também nos força a tentarmos
respondê-las.
Especialização versus tocar sete instrumentos
A insatisfação vocacional que parece estar a aumentar em todo o mundo
pode ter as suas raízes no culto da especialização iniciado de forma
substancial com a Revolução Industrial. Ao longo dos dois últimos
séculos, ser-se especializado em alguma coisa consistia na melhor
forma de utilizarmos os nossos talentos e ganharmos, em simultâneo, um
status social reconhecido que derivava directamente da nossa área de
especialização. "Ser-se especialista em…" sempre constituiu o orgulho
de muitos, mesmo que, para tal, existissem custos, pois o que parece
sobressair na natureza humana são "eus múltiplos" e parecem ser mais
felizes aqueles que apostam na multiplicidade de talentos.
Mas a verdade é que a veneração dos "especialistas" tem vindo a ser
uma norma no mercado laboral desde há 200 anos. E, tal como advertia o
arquitecto e inventor futurista Richard Buckminster Fuller –
presidente da MENSA, a famosa e mais antiga associação de génios – e
famoso também por exortar contra a especialização, Krznaric também o
faz, argumentando que este culto "rouba" uma parte essencial do ser
humano: a fluidez da personalidade e a sua multiplicidade.
Num excerto do livro republicado na BrainPickings, o autor escreve:
"A especialização pode ser óptima caso se possua competências
particularmente indicadas para determinada área ou se existir uma
paixão por um determinado nicho, sendo que, e obviamente, possui
também o benefício de a pessoa em causa se sentir orgulhosa por ser um
especialista. Mas existe também o perigo de o especialista se tornar
insatisfeito, dada a repetição inerente a muitas profissões
especializadas. Adicionalmente, a nossa cultura de especialização
entra em conflito com algo que muitos de nós reconhecemos
intuitivamente, mas que os conselheiros de carreira só agora estão a
começar a perceber… O facto de termos talentos, valores, interesses e
experiências multifacetadas e complexas, o que também significa que
nos podemos sentir completamente realizados enquanto web designers, ou
como polícias ou a gerir uma mercearia de produtos naturais".
A vocação não é algo que encontramos, mas que cultivamos
"Sem trabalho, toda a vida começa a apodrecer, mas quando o trabalho é
feito sem alma, a vida asfixia e morre", escreveu Albert Camus, citado
por Krznaric. E encontrar um trabalho com alma transformou-se em uma
das grandes aspirações da nossa era. E, como escreve o autor, temos de
reconhecer que "uma vocação não é algo que descobrimos, mas que
cultivamos".
Krznaric afirma que, geralmente, as pessoas encaram a vocação como
algo "para o qual nascemos". Mas o autor prefere uma definição
diferente, algo mais próximo às origens históricas do conceito: "uma
vocação é uma carreira que não só nos oferece um sentimento de
realização – com significado, que nos 'faz correr' e sentirmo-nos
livres – mas que possui igualmente um objectivo conclusivo ou um
propósito claro pelo qual lutamos, o qual conduz as nossas vidas e nos
motiva a sairmos da cama pela manhã".
Em termos históricos, este desejo por um trabalho que nos preencha,
que ofereça um sentimento profundo de propósito e que reflicta os
nossos valores, paixões e personalidade, é uma invenção moderna. Como
relembra o autor, ao longo de muitos séculos, a maioria dos habitantes
do mundo ocidental esteve demasiado ocupada a lutar para ir ao
encontro das suas necessidades de sobrevivência, não tendo sequer
tempo para se preocupar em encontrar uma carreira na qual pudesse dar
uso aos seus talentos ou que contribuísse para o seu bem-estar
interior. Mas na actualidade, e "com a disseminação da prosperidade
material, as nossas mentes ficaram mais libertas para esperar muito
mais daquilo que é a aventura da vida", escreve.
Nesta "troca" do dinheiro pelo significado, Krznaric sublinha as duas
principais aflições do local de trabalho moderno – "a praga da
insatisfação laboral" e a "incerteza sobre como escolher a carreira
certa".
E enquadra a problemática a partir de duas abordagens possíveis. A
primeira, que intitula de "sorri e aguenta" representa a noção de que
devemos controlar as nossas expectativas e reconhecer que o trabalho,
para a vasta maioria das pessoas, é uma rotina pesada e que sempre o
será. Voltando às raízes históricas, o autor recorda que a palavra
"labor" vem do latim e significa fadiga ou labuta, sendo que a palavra
francesa "travail"deriva de tripalium, um antigo instrumento romano de
tortura, feito com três paus. E esta é mensagem subjacente à abordagem
do "sorri e aguenta", que significa que há que aceitar o inevitável,
fazer qualquer que seja o tipo de trabalho que encontremos desde que
este satisfaça as nossas necessidades financeiras e, na melhor das
hipóteses, nos deixe tempo livre suficiente para gozar a nossa "vida
real" fora dos constrangimentos dos horários laborais. A melhor forma
de vivermos com esta realidade, diz Krznaric, é a partir da filosofia
da aceitação e da resignação.
Todavia, o filósofo afirma que é possível enveredar por uma segunda
abordagem e aspirar a algo mais do que um "trabalho normal" cuja
função principal é a de pagar as nossas contas.
Olhando para a história recente, o autor identifica dois momentos
cruciais que contribuíram substancialmente para a conceptualização da
cultura laboral moderna: a emancipação feminina a qual, a seu ver,
consistiu numa vitória acompanhada por diversos dilemas tanto para as
mulheres como para os homens, na sua tentativa de encontrarem um
equilíbrio para as exigências da vida familiar e das carreiras que
ambicionam e, uma hipótese menos explorada, a (in)capacidade de
encontrarmos um verdadeiro "chamamento" no modelo industrial da
educação:
"A forma como a educação nos pode aprisionar em determinadas carreiras
ou, pelo menos condicionar substancialmente o caminho que percorremos,
não seria tão problemática se fossemos excelentes juízes dos nossos
futuros interesses e singularidades". Ou seja, Krznaric interroga, não
sendo de todo pioneiro na questão, que aos 16 anos ou até na casa dos
vinte, o que é que sabemos sobre que tipo de carreira irá estimular a
nossa mente ou oferecer uma vocação com significado? Para o filósofo,
a ausência de experiência de vida – e de nós mesmos – não nos permite
tomar uma decisão inteligente, mesmo com a ajuda dos melhores
conselheiros de carreira.
Significado e propósito ou o que idealmente deveria definir o trabalho
Krznaric identifica cinco chaves cruciais que oferecem significado ao
trabalho ou à carreira: ganhar dinheiro, atingir um determinado
status, fazer a diferença, seguir as nossas paixões e utilizar os
nossos talentos. Mas demonstra também que nem todos estes elementos
são criados de forma igualitária.
Concordando com os movimentos zen que surgiram na década de 1970 e
tendo em conta a proliferação de estudos sobre a relação directa entre
dinheiro e felicidade das últimas décadas – que defendem que o
primeiro, por si só, é um motivador pobre para atingir a segunda –
Krznaric cita também o trabalho do filósofo alemão Arthur Schopenhauer
(1788-1860), cujo livro mais conhecido "The World as Will and
Representation", defendia que o mundo em que vivemos era conduzido por
uma contínua insatisfação. Krznaric dá razão a Schoppenhauer quando
este afirmava que o desejo pelo dinheiro estava disseminado, mas
discorda da premissa em que este o relacionava directamente com a
felicidade. A ausência de uma relação clara e positiva entre o aumento
de rendimentos e o aumento de felicidade tem sido um tema sobremaneira
explorado pelas ciências sociais modernas. E as evidências
provenientes destes estudos comprovam, assim, que o dinheiro como
motivador constitui "o primeiro profeta falso da realização pessoal".
O segundo é, para o autor, o prestígio: "podemos facilmente vermo-nos
a seguir uma carreira que a sociedade considera prestigiante, mas na
qual não nos devotamos intrinsecamente a nós mesmos". E Krznaric
adiciona à expressão 'prestígio + status', o "respeito", o qual define
como "ser-se apreciado por aquilo que pessoalmente imprimimos ao
trabalho e sermos valorizados por esse contributo" – exortando para
que "na nossa cruzada para encontrarmos um trabalho que nos realize,
devermos procurar um que nos ofereça não só boas perspectivas de
status, mas também boas perspectivas de respeito".
"Em vez de termos a esperança de criar uma união harmoniosa entre a
procura do dinheiro e dos valores, talvez fossemos mais afortunados se
procurássemos antes uma combinação de valores com talentos", escreve.
E, tal como Aristóteles afirmava, "é no ponto onde as necessidades do
mundo e os seus talentos se cruzam que se encontra a vocação".
Ou tal, como o ditado atribuído a Confúcio nos ensina, "escolha um
trabalhe que ame e nunca terá que trabalhar um único dia da sua vida".

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quinta-feira, maio 02, 2013

# Milagre da vida visto na ressonância magnética

Milagre da vida, visto na ressonância magnética. Incrível e mágico.

É um vídeo notável!
http://www.ted.com/talks/lang/pt-br/alexander_tsiaras_conception_to_birth_visualized.html

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