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PENSANTES

Outros pensamentos, ideias e palavras que nos fazem pensar...

sexta-feira, janeiro 29, 2010

# Mole na casca... e duro por dentro

" É habitual insistir-se na nossa infinita capacidade de adaptação,
seja aonde for. Pergunto-me se não se trata antes do contrário. Se não
devíamos falar até da impossibilidade de deixarmos de ser quem somos,
tal a densidade interior que acumulámos. Não temos de nos adaptar por
aí além, porque já temos dentro e acumulados os infinitos aléns que
nos formaram. Aqui, neste recanto ocidental do continente,
sedimentaram-se, milénio após milénio, os variados povos que, do Norte
de África ou do Leste da Europa, tiveram forçosamente de parar numa
praia que só no século XV se transforma em cais de embarque. Aqui
chegaram outros, que depois vieram e continuaam a vir das mais
diversas procedências. Tanta gente em tão pouco espaço só pode
espraiar-se numa geografia universal. Assim foi e assim é. Por isso,
também, se é verdade que muitos outros povos manifestam capacidade
variável de adaptação fora da sua terra, nós manifestamos algo de
endógeno que já não é propriamente adaptação,antes conaturalidade.
    António José Saraiva comparou-nos a um fruto mole na casca e duro
por dentro. Tinha razão : temos por dentro muitíssimo mundo,
consolidado em sucessivas experiências, em que a convivência acabou
por ganhar às lutas. Por isso concentrámos geografias, para as
maleabilizar depois. E será talvez sob este aspecto que melhor nos
damos com Portugal ".

                                          D. Manuel Clemente, Bispo do
Porto, in " Portugal e os Portugueses ", Ed. Assírio & Alvim, Lisboa,
2008

quinta-feira, janeiro 28, 2010

# Amigo...

O amigo que consegue estar calado connosco num momento de confusão ou
desespero, que pode ficar ao pé de nós numa hora de desgosto e pesar,
que tolera não saber… não curar…é este o amigo que verdadeiramente
quer saber de nós.

Henri Nouwen (1932-1996)

sexta-feira, janeiro 08, 2010

# "Nem animais, nem estrangeiros": o racismo banaliza-se na Itália de Silvio Berlusconi

Livro do jornalista Gian Antonio Stella denuncia um crescente ambiente xenófobo e homofóbico

Um futebolista italiano tratado por "preto de merda", anúncios de imobiliário que estabelecem "nem animais, nem estrangeiros", imigrantes agredidos na noite de Ano Novo: os comportamentos xenófobos têm-se banalizado em Itália, e alguns evocam mesmo um "racismo institucional".

"A situação tem-se degradado. Todos os dias um negro é desancado. Isto não pode continuar assim", disse à AFP o jornalista Gian Antonio Stella, jornalista especializado nos movimentos de Direita e autor do livro "Negros, gays, judeus e companhia". A eterna guerra contra o outro, lançado no início de Dezembro.

Entre os últimos exemplos relevantes, a noite de São Silvestre: um etíope foi espancado no centro de Florença e um egípcio foi agredido aos gritos de "maricas de merda", segundo a organização Arcigay. Alguns dias antes, foi o "Natal Branco" organizado por um autarca da Liga Norte, partido anti-imigrantes e membro da coligação de Direita no poder. A operação visava recensear os estrangeiros de Coccaglio (3000 habitantes) e denunciar os clandestinos à autarquia.

A Liga Norte propôs igualmente reservar carruagens de comboios ou apoios sociais aos italianos. "A Liga decidiu explorar o sentimento de insegurança através da imigração", adiantou Sergio Romano, editorialista do "Corriere della Sera". "Como o primeiro-ministro Silvio Berlusconi tem necessidade do apoio da Liga, ela pode dizer o que quiser."

O chefe da Liga, Umberto Bossi, "qualificou os negros de "Bingo Bongo" várias vezes", adiantou Stella, referindo-se a um filme de 1982 em que Adriano Celentano interpretava um homem-macaco. "No estrangeiro, seria uma coisa impensável. Nenhum ministro francês, inglês ou alemão se permitiria falar assim porque esses países reflectiram sobre o seu passado, o que os italianos ainda não fizeram", adiantou ele, numa alusão às leis raciais de Benito Mussolini.

A Liga, por outro lado, defende-se de qualquer acusação de racismo: "Não somos racistas, de todo. Estamos de tal forma à margem desta problemática que não temos necessidade de falar dela", disse à AFP Nicoletta Maggi, porta-voz de Bossi.

Bernardino de Rubeis, autarca de Lampedusa, a pequena ilha perto da costa do Norte de África onde desembarcam regularmente imigrantes clandestinos, está também a ser julgado por declarações publicadas em 2008 no "La Repubblica": "Eu não quero ser racista, mas a cadeira dos pretos cheira mal mesmo se for lavada." Para Piero Soldini, responsável pela área de imigração no Cgil, o maior sindicato italiano, tudo isto está relacionado com "o racismo institucional e a banalização dos propósitos racistas" que, adiantou, "produzem um racismo popular e tolerado no seio da sociedade".

Nos estádios de futebol, depois de gritos de macaco dirigidos aos jogadores negros, os apoiantes da Juventus chamaram "preto de merda" ao atacante do Inter de Milão Mário Balotelli, italiano de origem ganesa. Há também dezenas de ofertas de casa com carácter xenófobo que são todos os dias publicadas na imprensa: "Nem animais, nem estrangeiros" ou "Só italianos, chineses não". Um primeiro processo contra o jornal de pequenos anúncios Porta Portese, que publicou avisos em que eram excluídas as "pessoas de cor", foi já instaurado pelo comité nacional contra a discriminação.

08.01.2010 - 09:34 http://www.publico.pt/Mundo/nem-animais-nem-estrangeiros-o-racismo-banalizase-na-italia-de-silvio-berlusconi_1416811

segunda-feira, janeiro 04, 2010

# Se fosse possível, desligava todas as televisões do mundo

O começo da história é banal: Mitch Altman decidiu deixar o emprego em
2003 para dedicar a vida a algo de que "realmente gostasse". Menos
banal é aquilo de que Altman realmente gosta: desligar televisões

Se fosse possível, desligava todas as televisões do mundo. Foi a isso
que decidiu dedicar a vida – e é com isso que paga as contas todos os
meses.

Altman – um americano de 52 anos, com um curso de Engenharia
Electrónica e uma carreira de pequenas invenções – esteve em Lisboa,
em Dezembro, no Sapo Codebits, um evento que reúne anualmente amantes
da tecnologia e da programação informática. E era fácil encontrá-lo
entre as centenas de participantes: junto a uma bancada repleta de
material electrónico e dispositivos bizarros, não passava despercebido
graças ao cabelo quase pelos ombros (ao pouco cabelo que lhe resta,
pelo menos) pintado em várias cores.

A celebridade de Altman nos meandros da tecnologia começou em 2004,
quando se popularizou uma invenção que tinha em mente já desde 1993.
Foi em Outubro desse ano que a conhecida revista de tecnologia Wired
publicou online um artigo sobre o TV-B-Gone (que se pode traduzir por
"TV vai-te embora" ou "TV desaparece"). É um pequeno aparelho, não
muito diferente do comando de um carro, que tem apenas um botão e um
objectivo bem claro: desligar praticamente todos os modelos de
televisão que existem no mercado.

A aversão aos televisores é antiga. Altman já foi um viciado em
televisão e o pequeno ecrã servia para atenuar aquilo que descreve
como uma depressão que começou na infância e se arrastou até aos
primeiros anos da vida adulta. "Quando era criança, era completamente
deprimido", recorda ao P2. "Era um geek introvertido, gay, era mau a
fazer desporto, batiam-me na escola, os meus pais eram negligentes,
todas essas coisas." Quando foi para a universidade, a televisão
encarregou-se de preencher a maior parte das horas que passava
acordado.

Um dia, em 1980, Altman (que tinha então 23 anos) estava em casa a ver
uma reposição de uma série dos anos 60 e a pergunta surgiu: "Por que
estou a fazer isto? Eu nem sequer gosto de ver televisão." Desde aí,
já lá vão três décadas, assegura que, ao todo, não viu mais de 20
horas de televisão. "Acontece de vez em quando, se um amigo me convida
para ver um vídeo. Não é que a televisão seja má. Mas há coisas
melhores para fazer com o meu tempo."

O caminho para a fama

Quando em 2003 se demitiu de uma empresa de electrónica, depois de
quase duas décadas a trabalhar na meca da tecnologia que é Silicon
Valley, Altman não sabia que fazer. Durante os primeiros meses de
desempregado (a viver do dinheiro que amealhara, graças a um estilo de
vida "muito poupado"), dedicou-se a vários tipos de trabalho
voluntário em São Francisco, onde mora.

Depois de ter ajudado a construir pistas para bicicletas, montado
computadores para instituições de caridade e trabalhado em linhas de
apoio a seropositivos, avançou para a construção do primeiro protótipo
do TV-B-Gone. O aparelho funciona de forma simples: envia
sucessivamente vários sinais electrónicos para o televisor-alvo, até
encontrar o sinal certo para o fazer desligar. Os sinais para desligar
os modelos mais comuns são enviados primeiro.

O invento poderia não ter passado de uma pequena diversão. Mas, em
2004, um amigo de um amigo precisava de escrever um trabalho para
concluir um curso de Jornalismo. Escolheu como tema o TV-B-Gone e
entrevistou Altman numa loja da Best Buy, uma gigantesca cadeia de
equipamento electrónico. Enquanto a entrevista decorria, Altman
desligava sucessivamente as várias televisões expostas. Entrevistador
e entrevistado acharam piada e seguiram pela cidade a desligar
televisões em locais públicos: lavandarias, restaurantes, cafés. "Não
é ilegal nos EUA", assegura Altman, que se aconselhou com o irmão, que
é advogado.

Por esta altura, Altman recebeu 70 mil dólares (cerca de 47 mil euros,
ao câmbio actual) na sequência da venda de uma empresa que ajudara a
fundar. Foi uma minúscula fracção do valor do negócio, mas chegou para
o inventor mandar fabricar, na China, 20 mil TV-B-Gone. "Foi dinheiro
que caiu do céu. Foi um risco. Mas calculei que, se vendesse cinco mil
aparelhos a um preço de 15 dólares conseguia recuperar o investimento
ao fim de uns anos."

O artigo acabou por ser publicado no site da Wired – dificilmente se
poderia imaginar um sítio melhor para publicitar um invento como o
TV-B-Gone – e depressa começou a chuva de encomendas. Os 20 mil
aparelhos foram vendidos em poucas semanas.

O primeiro milhão

Altman fundou e é hoje o presidente e CEO da Cornfi eld Electronics.
Mas esta não é uma grande empresa e Altman está muito longe de ter
ganho um milhão de dólares a vender o TV-B-Gone. Vive num T0 ("um
apartamento minúsculo"), paga a 12 pessoas que trabalham para ele em
part-time (é preciso gerir o site, processar as encomendas, enviar os
aparelhos por correio) e fica com o que sobra. "Dá à justa para o meu
estilo de vida." Contudo, à média de 250 mil aparelhos por ano, a
marca do milhão de unidades vendidas já foi ultrapassada (o aparelho
para televisões americanas custa 20 dólares e o que desliga televisões
europeias, 25 dólares, ou 17 euros).

O negócio foi impulsionado pela enorme cobertura mediática que se
seguiu ao artigo da Wired, recorda Altman, que dá pequenos pulos na
cadeira quando fala do projecto – isto apesar de já ter dado
entrevistas a praticamente todas as grandes cadeias de televisão
americanas, da NBC à CNN. "Tive cobertura nas televisões por querer
desligar televisões! É o tipo de publicidade que não se consegue
comprar." Muitas pessoas compram o TV-BGone pelo lado "maléfico",
admite o inventor. "Querem desligar a televisão num bar onde toda a
gente está a ver desporto e ficar a ver o que acontece." É o tipo de
partida que o próprio Altman também já fez. Mas a motivação para
continuar a vender o TV-B-Gone é outra: "Quero que as pessoas façam
uma escolha consciente em relação ao que estão a fazer com o tempo que
têm. Muitas vezes, ver televisão não é uma escolha consciente. A
televisão é ligada automaticamente. E está sempre ligada."

Desligar televisões é o modo de vida de Altman, mas não é a única
actividade que o tornou uma minicelebridade entre aficionados da
electrónica. O inventor organiza vários workshops onde incentiva as
pessoas a desenvolver e montar os seus próprios aparelhos. E montar um
aparelho electrónico não é uma tarefa simples. Um dos pontos mais
delicados é soldar os componentes. E, ao falar disto, Altman fica tão
entusiasmado como quando fala do TV-B-Gone: "Consigo ensinar qualquer
pessoa a soldar! Já ensinei milhares de pessoas a soldar."
02.01.2010 - 16:04 Por João Pedro Pereira
http://www.publico.pt/Tecnologia/se-fosse-possivel-desligava-todas-as-televisoes-do-mundo_1416044

# Loja de Deus...

-Passeava pela rua, quando encontrei uma loja com o letreiro"Loja de Deus".
Entrei. Estava um anjo ao balcão. Maravilhado, perguntei:
- Anjo, o que vendes?
Ele respondeu:
- Todos os dons de Deus...
- E os preços são caros?
- Não! É tudo de graça!...
Dei uma volta pela loja e vi jarros, frascos, pacotes de esperança, caixas e caixinhas de salvação e de sabedoria...
Então, pensei um pouco e pedi:
- Por favor, quero muito amor de Deus, todo o Seu perdão, um grande pacote de fé, bastante felicidade e a salvação eterna para mim e para toda a minha família e amigos.
Com surpresa minha, o anjo preparou apenas um pequeno embrulho que cabia na minha mão. Sem perceber, perguntei:
- Como é possível meter tantas coisas num embrulho tão pequeno?
O anjo respondeu a sorrir:
- Meu querido irmão: na loja de Deus, não oferecemos os frutos, mas apenas as sementes...

# A alma e o tempo....

- "Conta-se que o Pe. António Vieira, nas suas viagens no interior do
Brasil era acompanhado por um conjunto de escravos índios que
carregavam os mantimentos e tudo o mais que era necessário ao
desempenho da missão. Numa dessas viagens e ao fim de pouco tempo de
caminho, os índios pararam, pousaram a carga no chão e sentaram-se.
Quando lhes perguntaram o que se passava, responderam:
- Os nossos corpos estão a ir tão depressa que perderam as nossas
almas. Estamos aqui parados, à espera que as nossas almas nos
apanhem".