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PENSANTES

Outros pensamentos, ideias e palavras que nos fazem pensar...

quarta-feira, outubro 30, 2019

# A vida quotidiana

JOSÉ TOLENTINO MENDONÇA
QUE COISA SÃO AS NUVENS

O QUOTIDIANO MUITAS VEZES SE PARECE A UM CAMPO FECHADO, A UMA ARENA
BAÇA ONDE TRAVAMOS, A CUSTO, A LUTA PELA SOBREVIVÊNCIA

Valoriza-se pouco a vida quotidiana. Sentimo-nos aprisionados pelas
rotinas, num rame-rame monocórdico capaz de nos fazer hibernar a nós e
ao universo. Ou vemo-nos então num vórtice ofegante de tarefas para as
quais só temos esforço, aceleração e cansaço, e não respostas. O
quotidiano muitas vezes se parece a um campo fechado, a uma arena baça
onde travamos, a custo, a luta pela sobrevivência (e apenas essa), no
meio dos obstáculos e contrastes que o tempo (esse lutador mais exímio
do que nós) nos vai lançando. "Quando penso no quotidiano, o infinito
parece-me uma coisa mais distante" — confidenciou-me, um dia, uma
amiga. E ela queixava-se de como o dia a dia pode ser disfuncional,
ensurdecedor, áspero e dissonante; de como sendo nossa, a existência
diária também nos despersonaliza e torna maquinais mesmo aqueles
gestos onde quereríamos tanto estar inteiros. É comum ouvir
testemunhos desta dilaceração, como se estivéssemos condenados a
descobrir o quotidiano como um domicílio afinal estranho e equívoco,
uma porta familiar que nos resiste, e que as nossas chaves abrirão
sempre com maior dificuldade. Ou, pior ainda, quando dos nossos
quotidianos passamos a anotar, com ressentimento, só o cinzentismo
uniforme e nervoso, o pulsar descontente, a energia medíocre e
incompleta, o que nos parece ser a sua insuportável banalidade, o seu
embotamento penoso, uma gaguez não de palavras, mas de entusiasmo e de
amor.

O quotidiano é o barco e a viagem. É o barro e a obra a construir. É o
espelho turvo, mas é também o lugar onde a promessa da visão nítida se
tateia

E, contudo, sem desmentir esta exigência que é também real, sem negar
o seu peso que amiúde nos vence, precisamos de nos reconciliar com o
quotidiano. Pois, na sua forma vulnerável e até contraditória, ele é o
lugar das aprendizagens mais amplas, dos encontros mais decisivos, das
experiências mais profundas e iluminantes. A vida, se a olharmos bem,
não é igual todos os dias. Os dias, se os abraçarmos bem, não são uma
antologia de momentos opacos e quebradiços. Os instantes não são
lampejos ocasionais sem sentido, nos quais não devemos confiar. O
quotidiano é o barco e a viagem. É o barro e a obra a construir. É o
espelho turvo, de que São Paulo fala no célebre hino da Carta aos
Coríntios, mas é também o lugar onde a promessa da visão nítida se
tateia. Por isso, em vez de sonolência ele pede-nos que abramos
verdadeiramente os olhos. Em vez de indiferença e recusa, ele espera
de nós empenho, fidelidade e esperança.

Lembro-me muitas vezes da forma como começa um dos contos de que mais
gosto de Sophia de Mello Breyner Andresen. O conto chama-se "O
Silêncio" e penso que é de tudo isto que fala: do que a vida
quotidiana nos pede e nos dá, do que ela leva de nós e daquilo que
deixa como legado. E legado não só à superfície, mas no âmago do
próprio viver. O texto não podia arrancar de forma mais exata, e tem a
cadência concisa e repetitiva de uma descrição ritual. Ei-lo: "Era
complicado. Primeiro deitou os restos de comida no lixo. Depois passou
os pratos e os talheres por água corrente debaixo da torneira. Depois
mergulhou-os numa bacia com sabão e com água quente e, com um
esfregão, limpou tudo muito bem. Depois tornou a aquecer a água e
deitou-a no lava-louças com duas medidas de Sonasol e de novo lavou
pratos, colheres, garfos e facas. Em seguida passou a loiça e os
talheres por água e pô-los a escorrer na banca de pedra. As suas mãos
tinham ficado ásperas, estava cansada de estar de pé e doíam-lhe um
pouco as costas. Mas sentia dentro de si uma grande limpeza como se em
vez de estar a estar a lavar a loiça estivesse a lavar a sua alma."

in Semanário Expresso, 11.10.2019 p.153

http://leitor.expresso.pt/semanario/semanario2452/html/revista-e/que-coisa-sao-as-nuvens/a-vida-quotidiana

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segunda-feira, outubro 28, 2019

# Portugal é o terceiro país da UE com mais riqueza em paraísos fiscais

https://observador.pt/2019/10/24/portugal-e-o-terceiro-pais-com-mais-riqueza-em-paraisos-fiscais/

Cerca de um quarto do Produto Interno Bruto português é desviado para
offshores e, com isso, são perdidas receitas fiscais num valor
equivalente a 1% do PIB.

Vera Novais 24 oct 2019, 09:58

Chipre, Malta e Portugal são os países que mais transferem riqueza
para offshores

Os portugueses desviaram cerca de 50 mil milhões de euros para
offshores entre 2001 e 2016, tornando-se o terceiro país da União
Europeia que mais riqueza transferiu para paraísos fiscais, noticiou o
Jornal de Negócios com base num estudo da Comissão Europeia.

Cerca de um quarto (23,9%) do Produto Interno Bruto (PIB) português é
desviado para offshores, sendo superado apenas por países como o
Chipre (38%) e Malta (31%).

Estes três países também são os que mais perdem em receita fiscal por
causa das transferências para os paraísos fiscais, segundo a
estimativa da CE. Só Portugal terá perdido 1,3 mil milhões de euros
entre 2004 e 2016, cerca de 1% do PIB português.

"Menos receita fiscal significa menos serviços públicos ou taxas de
IVA mais altas para o cidadão comum", diz Johan Langerock, assessor de
políticas fiscais e desigualdade da Oxfam.

O recurso a estes paraísos fiscais deve-se muitas vezes às tentativas
de evasão fiscal, para evitar ter a riqueza sujeita a impostos, mas no
caso de Portugal e de outros que tiveram ajuda financeira pode
dever-se também à incerteza económica e à necessidade de proteger a
riqueza.

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quinta-feira, outubro 17, 2019

# Crianças são as mais afetadas pela pobreza em Portugal e há cerca de 330 mil em risco

https://observador.pt/2019/10/17/criancas-sao-as-mais-afetadas-pela-pobreza-em-portugal-e-ha-cerca-de-330-mil-em-risco/

O grupo até aos 18 anos é o mais afetado, o que significa que há mais
crianças pobres do que adultos ou idosos em Portugal dizem os dados o
INE no Dia Internacional contra erradicação da pobreza.

Agência Lusa 17 oct 2019, 10:05

"As crianças continuam a ser efetivamente o grupo populacional mais
afetado pela pobreza", diz Manuel Sarmento

LUIS TEJIDO/EPA

Cerca de 330 mil crianças estão em risco de pobreza em Portugal, sendo
que o grupo etário até aos 18 anos é o mais afetado, o que significa
que há mais crianças pobres do que adultos ou idosos.

Os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE),
relativos a 2017, mostram que o risco de pobreza entre as crianças e
jovens até aos 18 anos era de 19%, o que, num universo de mais de
1.729.675 menores, representa perto de 330 mil crianças.

Em declarações à agência Lusa, o investigador e docente da
Universidade do Minho, especialista em sociologia da infância, Manuel
Sarmento confirmou que o setor da população entre os zero e os 18 anos
é o grupo mais afetado pela pobreza em termos percentuais. "O que
significa que há mais crianças pobres do que adultos pobres ou idosos
pobres", apontou.

Uma constatação confirmada com as estatísticas do INE, que revelam que
a taxa de risco de pobreza no grupo etário entre os 18 e os 64 anos
era de 16,7%, enquanto na população com mais de 65 anos chegava aos
17,7%.

"As crianças continuam a ser efetivamente o grupo populacional mais
afetado pela pobreza, designadamente o que se chama pobreza monetária,
ou seja, que vivem em agregados familiares cujo rendimento 'per
capita' é inferior a 60% da mediana do rendimento nacional 'per
capita'", explicou Manuel Sarmento.

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# A cultura de ódio

https://observador.pt/opiniao/a-cultura-de-odio/ 14 oct 2019, 07:26

Em 1714 Bernard Mandeville entrou para a história das ideias com a
publicação de A Fábula das Abelhas: vícios privados, benefícios
públicos. Considerado um dos livros fundamentais da economia política
liberal, diz sobretudo muito sobre a moralidade do homem moderno.
Partindo da separação moderna entre esfera pública e esfera privada, o
argumento de Mandeville passa por considerar que os vícios privados
são essenciais para a prosperidade económica, gerando benefícios
públicos e coletivos – num argumento mais radical do que o do
interesse próprio de Adam Smith. Ao recuperar a dicotomia entre vícios
e virtudes e valorizando os primeiros, Mandeville permite-nos uma
compreensão particular do espírito moderno. O espírito dos antigos
consistia na busca pela vida virtuosa, a partir da comunidade, e o
pensamento cristão manteve durante mais de mil anos a mesma ideia numa
lógica de pecados capitais a evitar. Mas com a modernidade os vícios
adquiriram aceitabilidade, primeiro privada e, mais tarde, pública.

Hoje assistimos ao culminar de uma expansão de vícios privados para a
esfera pública. É o caso da ira e a tentativa de sustentar
racionalmente discursos de ódio. Embora marque toda a modernidade,
esse discurso floresceu com especial ênfase no mundo académico durante
os anos 60 do século XX. É o nascimento da nova esquerda e a conceção
radical de que o sistema existente é a encarnação de todo o mal,
estando para lá da possibilidade de redenção. Todas as aflições
públicas e privadas são manifestações desse sistema que é preciso
combater ativamente: deve ser totalmente destruído para que seja
possível construir um novo mundo. Nos Estados Unidos esse discurso
ganhou forma numa espécie de ira provavelmente inédita: contra o
próprio país e tudo aquilo que ele representa – capitalismo,
imperialismo, guerra, desigualdades, injustiça. Um sentimento que se
foi alargando a outras academias e que atinge o seu auge com o 11 de
setembro. A professora canadiana Janice Fiamengo refere essa data como
o seu momento de rutura com a cultura que dominava a academia e que
determinara o seu feminismo radical anterior. Quando viu os colegas
manifestarem satisfação com o ataque às torres gémeas percebeu que
havia algo de profundamente errado com aquelas pessoas e aquela
cultura.

Os últimos vinte anos ampliaram o discurso de ódio. Hoje deve odiar-se
tudo e publicamente. O capitalismo, o imperialismo e todos os
conflitos com os quais não concordamos. A cultura do patriarcado e
todos os homens, pois todos são potencialmente violentos. Mas, em
especial, o homem branco. Todos os que não usam as palavras certas.
Todos os filmes e livros que não coloquem a mulher no papel principal
e contenham um elenco preenchido de minorias, velhas e novas, mesmo
que à custa de erros históricos. Todo o humor, a não ser que não tenha
piada. Todos os que não aceitam cegamente a responsabilidade humana
nas alterações climáticas. Todos os que não levam a vida a sério.
Todos os que comem carne. Todos os que fazem piadas inadmissíveis,
mesmo que seja por amizade. As gerações mais velhas, mesmo que se
tenham sempre esforçado para que os filhos tivessem uma vida melhor. E
tudo isto agravado pela maior de todas as invenções da humanidade, as
redes sociais, com o seu destilar de ódio permanente desde as caixas
de comentário aos tweets irados, assentes numa lógica de vitimização.

Em algum momento, passamos a aceitar como normal esta cultura de ódio.
Pior do que isso, passamos a valorizá-la. E é por isso que aplaudimos
os olhos e as palavras iradas da jovem Greta, os comentários daqueles
que querem decidir sobre quem pode ocupar o espaço político, os antis
de toda a espécie, os cordões sanitários, manifestos e cartas abertas,
os que acusam os outros de mil e uma fobias, a absoluta falta de
empatia para quem ousa olhar para o mundo com outros olhos.

É fácil de perceber. Como Amos Oz afirma no seu texto sobre o
fanatismo (Contra o Fanatismo, Edições Asa, 2007), é da natureza do
fanático preocupar-se com o outro, que é sempre a sua obsessão. O
fanático acredita que pode salvar o outro, libertando-o pela
conversão, impondo-lhe a sua verdade que é a única verdade. E é aqui
que reside o perigo: o fanático ativista sente-se moralmente superior
porque reivindica um acesso privilegiado à verdade e essa atitude de
superioridade impede a valorização do dissenso e a obtenção de
consensos. Perder o fanatismo é abrir as portas à ambiguidade, é
reconhecer um mundo que não é a preto e branco, é aceitar a diferença
e admitir a legitimidade daquele que pensa de forma distinta. É saber
ouvir. Mas uma cultura de ódio é surda e é, por essa razão, a maior
ameaça a uma sociedade democrática.

Professora da Universidade da Beira Interior

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# DGS recomenda suplementos de vitaminas e minerais para bebés e grávidas vegetarianas

https://observador.pt/2019/10/16/dgs-recomenda-suplementos-de-vitaminas-e-minerais-para-bebes-e-gravidas-vegetarianas/

A Direção-geral da Saúde recomenda suplementos de vitaminas e minerais
para bebés e grávidas com alimentação vegetariana e lembra que a dieta
não omnívora no primeiro ano de vida deve estar sempre sob supervisão
médica.

"A existência de um número crescente de progenitores que praticam e
pretendem que o lactente pratique outras dietas, nomeadamente
vegetarianas, leva à necessidade de saber adequar, com a máxima
segurança possível, a alimentação do lactente a uma alimentação não
omnívora", recordam os autores das linhas de orientação para
profissionais sobre a alimentação saudável dos zero aos seis anos.

Os especialistas dizem que a alimentação vegetariana durante o
primeiro ano de vida é possível, mas avisam que "quanto mais
restritiva for a dieta maior o risco de carências nutricionais com
repercussão no crescimento, maturação e desenvolvimento" e defendem
que "deve ser estritamente cumprida a suplementação vitamínica e
mineral recomendada".

O défice em vitamina B12, "associado a compromisso irreversível do
desenvolvimento cerebral, do crescimento e ainda à anemia
megaloblástica", e a carência de vitamina D e cálcio, "que compromete
o crescimento e a saúde óssea e o desenvolvimento muscular", e de
ferro, associada ao desenvolvimento neuro-cognitivo e motor, são
algumas das limitações a ter em conta.

Num recém-nascido/lactente, filho de mãe vegetariana, a realizar
aleitamento materno, "deve ser rigorosamente vigiada a suplementação
materna em vitaminas e minerais, bem como efetuada suplementação ao
lactente", aconselham.

"É uma opção que carece de alguns cuidados, pode ter risco e deve ser
acompanhada devidamente pelo profissional de saúde. É muito importante
que a gravidez seja vigiada, aliás, um dos requisitos para a gravidez
saudável é a sua vigilância", considera a diretora-geral da Saúde,
Graça Freitas.

Em declarações à agência Lusa, a responsável sublinha que os primeiros
1000 dias de vida — desde a conceção até ao final do segundo ano de
idade — é uma altura "extremamente exigente do ponto de vista
nutricional". Os autores destas linhas orientadoras para profissionais
de saúde educadores recomendam ainda que, quando inicia outros
alimentos além do leite materno, a criança deve ter uma oferta
variada, de preferência sem açúcar nem sal, e em doses pequenas, e que
a refeição não deve ser prolongada além dos 30 minutos.

Para as crianças nos primeiros anos de vida, mais do que o valor
energético total, importa o adequado aporte em micronutrientes e a
aprendizagem dos hábitos e comportamentos que condicionam o consumo
alimentar ao longo da vida, recordam. Em caso de dúvida, aconselham,
"a Roda da Alimentação Mediterrânica é um bom guia do que deverá ser
ofertado às crianças".

Os especialistas recomendam ainda a prática de atividade física desde
cedo, combatendo o sedentarismo, a defendem que os aparelhos
eletrónicos "nunca devem ser usados durante a refeição, nem durante os
dois primeiros anos de vida". Após o 3.º ano de vida, a sua utilização
lúdica e educativa deve ser excecional e não ultrapassar uma hora
diária.

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