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PENSANTES

Outros pensamentos, ideias e palavras que nos fazem pensar...

sexta-feira, maio 11, 2018

# Nomadélfia, «lei da fraternidade»: A terra que revive as primeiras comunidades cristãs

http://www.snpcultura.org/nomadelfia_lei_da_fraternidade.html

«Estamos a 12 km de Grosseto. Doze ou doze mil milhões de km? É
preciso perguntar, de tal maneira nos sentimos longe do mundo do
costume... Quem chega pela primeira vez tem dúvidas de que não é tudo
um quadro, retórica, belas pinturas, ilusão. Depois olha, escuta,
pergunta e fica atónito.»

Talvez estas palavras impressas nas páginas do jornal "Corriere della
Sera" nos anos 60, saídas da pena de um escritor agnóstico como Dino
Buzzati, que entre os seus contos tem um intitulado "O cão que viu
Deus", mesmo a tantos anos de distância, não se destinem a permanecer
sem eco; com efeito, continuam a indicar a surpresa pela existência de
uma comunidade onde a fraternidade não é conselho mas lei, deixando
ainda as pessoas atónitas, aturdidas.

Leva-nos até lá uma estrada branca orlada de ciprestes, fileiras de
vinhas bem cuidadas, campos semeados, as casas baixas de pedra dos
grupos familiares entre as oliveiras, uma azáfama de crianças com
bicicletas, as habitações comunais, no topo uma cruz branca, sinal de
um monaquismo social que encontrou raízes desde a primavera de 1949,
neste canto da Toscânia.

E a surpresa é a mesma que Buzzati relata como cronista escrupuloso
que chegou aqui em maio de 1965: «Um jornalista estrangeiro, que tem o
ar de não acreditar em nada, dirige-se a um menino e mostra-lhe outra
criança. "Aquele - pergunta-lhe com cara de provocação - é um irmão
teu?». «Porquê?», responde-lhe a criança; «também não é teu irmão?».

Nomadélfia, que do grego significa "lei da fraternidade", não é o
mundo irreal dos elfos do "Senhor dos Anéis", mas a possibilidade de
experimentar em pessoa um lugar de fraternidade e solidariedade que
tem como fundamento a realidade da vida cristã: o Evangelho.

Assim a quis o P. Zeno Saltini, que lançou a primeira pedra no
longínquo 1954, derivando-a das primeiras comunidades cristãs de que
falam os Atos dos Apóstolos, porque é precisamente da convicção de que
o Evangelho gera uma nova civilização, e que não era utopia a vida das
primeiras comunidades cristãs, a fonte de onde surgiu: «A multidão dos
que se haviam tornado crentes tinha um só coração e uma só alma, e
ninguém considerava propriedade aquilo que lhe pertencia, mas entre
eles tudo era comum».

«Uma verdadeira realidade social que é hoje uma pequena povoação de
300 pessoas, 50 famílias decididas viver juntas a fraternidade de
acordo com o código evangélico em todos os aspetos da vida e do
trabalho: familiar, social e político. Nem senhores nem servos, aqui
os bens são colocados em comum e as famílias estão disponíveis para
receber crianças para adoção.

Quatro ou cinco famílias juntas formam um "grupo familiar". As escolas
são internas e o ensino obrigatório foi estendido até aos 18 anos»,
explica Francisco, presidente de Nomadélfia, enquanto nos leva ao
túmulo do fundador, percorrendo o caminho que o papa Francisco fará
hoje, 10 de maio, para prestar homenagem à sua memória.

«Num mundo de palavras, é preciso responder com factos, o Evangelho
não é falatório. O P. Zeno era um homem visionário com consciência
lúcida, um homem muito simples e prático para quem mudar a civilização
significava partir de si mesmo.» No salão P. Zeno 113 crianças da
comunidade estão atarefadas com os presentes a oferecer ao papa, que
vem aqui para encontrar todos os habitantes, depois de conhecer um dos
grupos familiares.

Não admira, portanto, a vinda do papa a esta comunidade, que evoca um
vislumbre das longínquas Reduções Jesuítas, depois de ter colocado no
centro da "Gaudete et exsultate", a sua recente exortação apostólica
sobre a santidade, as bem-aventuranças evangélicas como cenário não só
para uma digna vida cristã.

Esta visita apostólica, 70 anos após o nascimento de Nomadélfia,
depois de evocar a memória de padres colocados em questão, mas
testemunhas autênticas do Evangelho, quer apontar como é possível
viver o cristianismo das bem-aventuranças. Porque basicamente
Nomadélfia diz isto: o cristianismo não é, de forma alguma, uma
utopia. A utopia está apenas diante do nosso egoísmo. E também diz que
não é conversa fiada, é um facto; e que é preciso fazer, antes de
dizer.

«Caso contrário, a nossa religião é só um minar o nome de Deus em
vão», dizia já em 1951 o P. David Maria Turoldo. Entre tanto
cristianismo adocicado, reduzido, suavizado, entrevê-se aqui um oásis
do cristianismo integral, com tudo o que implica de arriscado, de
perigoso, até de escandaloso, para o homem da civilização do
bem-estar.

O não crente Dino Buzzati confrontou-se e deixou-se interrogar
intimamente pela provocação evangélica de Nomadélfia. Chegará a
escrever que ela é «uma patente de Jesus», ficando desarmado diante do
espírito de comunhão e da espontaneidade das suas crianças.

«Nomadélfia, sem dizer uma única palavra, faz-nos a mais dolorosa
repreensão, faz-nos compreender como está errado o nosso modo de
viver, os afãs, os desejos, a vaidade, a corrida desesperada atrás do
vento. Ser rico, ser famoso, ser invejado. Que belo! Por muito que se
consiga, nunca é demais. Nunca saciados, nunca tranquílos! E pensar
que seria tão simples. A bondade. Querer-se bem. Eles conseguiram, e
nós não... É possível que homens de carne e sangue como nós tenham
conseguido realizar o Evangelho em plena alegria?... O sonho dos
santos tornou-se aqui realidade diária.»

«Hoje é necessário entender o que Nomadélfia significa para a Igreja,
e o que a Igreja significa para Nomadélfia», diz-nos o bispo Rodolfo
Cetoloni.

Quanto ao P. Zeno, o bispo de Grosseto encaminhou em 2013 o pedido à
Santa Sé para a introdução da causa de canonização, mas a resposta
negativa da Congregação para a Doutrina da Fé não permitiu conceder
até hoje o "nada obsta". Não é novidade. A 7 de agosto de 1978, no dia
a seguir à morte de Paulo VI, que tinha mostrado profundo apreço pelo
seu trabalho, o P. Zeno escreveu: «Quando Montini era cardeal de
Milão, disse à condessa Albertoni Pirelli, que ofereceu estas terras:
"Se Nomadélfia for bem sucedida, teremos de rever muitas coisas na
Igreja"».

Depois de rezar junto ao túmulo do fundador, o papa declarou que
«Nomadélfia é uma realidade profética que se propõe realizar uma nova
civilização».

«Perante os sofrimentos de crianças órfãs ou marcadas pela
necessidade, o P. Zeno compreendeu que a única linguagem que
compreendiam era a do amor. Por conseguinte, soube encontrar uma forma
peculiar de sociedade onde não há espaço para o isolamento ou a
solidão, mas vigora o princípio da colaboração entre famílias
diversas, em que os membros se reconhecem irmãos na fé», acentuou.

Em Nomadélfia «estabelecem-se laços bem mais sólidos do que os
parentais», apontou o papa, que lançou um apelo: «Diante de um mundo
por vezes hostil aos ideais pregados por Cristo, não hesiteis em
responder com o testemunho alegre e sereno da vissa vida, inspirada no
Evangelho».

Quando deixar Nomadélfia, Francisco retoma a viagem de helicóptero, em
direção a Loppiano, onde visita a "Cidadela Internacional" do
movimento dos Focolares, também caracterizada pela vida em comum
inspirada pelos Atos dos Apóstolos.

Para conhecer melhor este projeto basta ir a:
https://www.nomadelfia.it

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quinta-feira, maio 10, 2018

# Matar um idoso com Alzheimer não é “eutanásia”: é homicídio

http://o-povo.blogspot.pt/2018/05/matar-um-idoso-com-alzheimer-nao-e.html

HENRIQUE RAPOSO RR ONLINE 04.05.2018

Em Portugal, muitos idosos são abandonados pelas próprias famílias nos
hospitais. Com uma lei da eutanásia, esses idosos correm sérios riscos
de serem assassinados, tal como os idosos belgas e holandeses.

A eutanásia e o suicídio assistido entram no campo do mal absoluto
quando abrem a porta à dor ou incapacidade psíquica. É uma rampa
deslizante sem fim à vista mas que está à vista de todos na Bélgica e
na Holanda. Na Holanda, só no ano passado foram mortas 166 pessoas com
demência. Como é que esta barbaridade já é possível na realidade? Como
é que esta atrocidade foi concebível no campo das ideias morais? Como
é que se pode aplicar a eutanásia a pessoas que por definição são
incapazes de tomar decisões conscientes e racionais, como são os casos
dos doentes com demência (Alzheimer), autismo, esquizofrenia?

As leis da eutanásia consagram que o acto tem de partir de uma escolha
consciente e livre. Ora, se o indivíduo em questão não tem consciência
ou livre arbítrio porque o próprio hardware da sua mente é incapaz de
processar informação e decisões, como é que pode haver ali um pedido
válido de eutanásia? Não pode. Contudo, na Bélgica e Holanda, pessoas
com autismo e Alzheimer têm sido mortas através da lei da eutanásia.
Isto é um escândalo que devia envergonhar estes dois países e lançar
um debate europeu. É esta a modernidade europeia? Uma eutanásia não
pedida é uma contradição nos termos, é um buraco negro ético que
esconde a verdadeira palavra: homicídio. Há dias, aqui na Renascença,
uma médica portuguesa, Andreia Cunha, a trabalhar na Bélgica denunciou
a situação: "havia mais de mil eutanásias não pedidas – ou
seja,ilegais, fora do quadro da lei (...) as autoridades não fazem
nada". Porque é que as autoridades não fazem nada? Porque são as
próprias famílias que avançam para a morte do seu familiar
incapacitado; são os próprios filhos ou sobrinhos que decidem que a
vida do pai ou tio não merece ser vivida. Debaixo da desistência moral
do hospital, a família decide desfazer-se do fardo. Sim, cuidar de um
doente mental é objectivamente um fardo, mas nenhum código moral pode
aceitar como legítima a aceleração da morte do fardo. Aliás, os
códigos morais existem para bloquearem estas tentações que podem
afectar qualquer um de nós.

Não me coloco de fora. Se algum dos meus familiares desenvolver
demência, como é que eu vou reagir? Com acesso a uma liberalização da
morte, será que eu seguiria o exemplo daqueles 166 filhos e sobrinhos
holandeses que mataram os pais e tios através da lei da eutanásia? Sei
que o Alzheimer corrói por completo a mente e a personalidade, fica-se
com a impressão de que a pessoa que sempre conhecemos já não está ali.
Neste quadro hipotético, iria eu sentir culpa por autorizar a morte de
alguém tão "ausente"? Um código moral não pode abrir as portas a estas
tentações. Mas esta tentação marca já a realidade holandesa e belga.
Andreia Cunha volta a explicar: "O paciente não está consciente, não
pede eutanásia, e é abreviada a vida daquela pessoa porque a família
considera que não vai haver melhoria da situação e portanto pode-se
acelerar ou é o próprio médico que toma a iniciativa".

Eis, portanto, a mais perfeita porta do inferno: um mal absoluto com
respeitabilidade legal. Uma lei geral da eutanásia permite às famílias
um alívio do fardo que é cuidar de um idoso com demência; o opróbrio é
desviado da família para o estado, do filho para o médico, da moral
para a técnica, da ética para a burocracia. Debaixo da cobardia moral
e da fraqueza financeira do estado, a família desresponsabiliza-se,
escudando-se numa lei que permite assassinar idosos dementes debaixo
da capa legal da "eutanásia". É assim que a novilíngua adquire uma
nova e repugnante forma. Forma, essa, que ameaça chegar a Portugal.
Hoje em dia, em Portugal, muitos idosos são abandonados pelas próprias
famílias nos hospitais. Com uma lei da eutanásia, esses idosos correm
sérios riscos de serem assassinados, tal como os idosos belgas e
holandeses.

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sexta-feira, maio 04, 2018

# Bons cidadãos vs maus cidadãos. Como a China está a excluir quem não interessa

[Ver vídeo]

http://rr.sapo.pt/video/170803/bons-cidadaos-vs-maus-cidadaos-como-a-china-esta-a-excluir-quem-nao-interessa

04 mai, 2018 - 06:03 • Inês Rocha

Imagine viver num mundo em que os responsáveis políticos podem decidir
se é bom ou mau cidadão consoante as compras que faz, os hobbies que
tem, com quem se dá e que tipo de mensagens que publica nas redes
sociais. Dados que são transformados numa pontuação, que condena quem
não cumpre ao isolamento. Já pode parar de imaginar: o sistema de
crédito social já é uma realidade na China, e promete ampliar, nos
próximos anos, a ditadura do Partido Comunista chinês.

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quinta-feira, maio 03, 2018

# O discurso de Macron

1. O Collège des Bernardins tornou-se um lugar de cultura para
grandes encontros e debates em Paris. Foi lá que, no passado dia 9, o
presidente francês, Emmanuel Macron, falou, a convite da Conferência
dos Bispos de França, para 400 personalidades representando o mundo
católico francês. E fez um discurso inédito, verdadeiramente
histórico, sobre a relação da Igreja e do Estado, digno de quem, para
lá de toda a sua outra preparação académica, estudou Filosofia com um
dos grandes filósofos do século XX, Paul Ricoeur. Um discurso
obrigatório para qualquer político que, acima da intriga política e do
enredo em estratégias rasteiras de interesses pessoais e partidários,
tenha aspiração a estadista. Precisará de conseguir mais de uma hora
de silêncio e reflexão, pois o discurso é longo.

https://youtu.be/jhg_Rk5eacg

Uns breves apontamentos.

2 O discurso é perpassado pela necessidade de "reparar" o vínculo
entre o Estado e a Igreja que "se deteriorou", o apelo a maior
empenhamento dos católicos na política, a reflexão sobre a união do
temporal e do espiritual.

2.1. As raízes cristãs da Europa são uma "evidência histórica". Aliás,
"não são as raízes que nos importam. O que importa é a seiva", e está
"convencido de que a seiva católica deve contribuir ainda e sempre
para fazer viver a nossa nação" e a Europa. Aqui, coloca-se a questão
nuclear das relações entre a Igreja e o Estado, e Macron foi exemplar:
"Eu considero que a laicidade não tem certamente por função negar o
espiritual em nome do temporal nem arrancar das nossas sociedades a
parte sagrada que alimenta tantos dos nossos concidadãos. Como chefe
do Estado, eu sou o garante do direito de crer ou de não crer, mas não
sou nem o inventor nem o promotor de uma religião de Estado que
substitui a transcendência divina por um credo republicano." Já em
Janeiro, na apresentação de cumprimentos às autoridades religiosas,
tinha criticado uma concepção de laicidade confundida com laicismo,
que pretende uma espécie de "vazio metafísico" e confina a religião à
esfera privada: "A República não pede a ninguém que esqueça a sua fé",
disse então.

Por outro lado, é necessário respeitar os âmbitos das duas esferas,
pois não compete à Igreja dirigir a acção política. Por exemplo,
quanto às questões de bioética, Macron decidiu que o debate deve ser
enriquecido com a posição de responsáveis religiosos e, "ao escutar a
Igreja, não encolhemos os ombros. Escutamo-la com interesse, com
respeito e até podemos fazer nossos muitos dos seus pontos de vista.
Mas esta voz da Igreja, sabemo--lo (os bispos e eu), não pode ser
imperativa (injonctive), só pode ser questionadora". Nestes temas e
noutros, como os que se referem aos refugiados, questões sem soluções
evidentes, impõe-se conciliar os princípios e o real, com a mediação
da "prudência", "numa tensão constante", assumindo um "humanismo
realista". Não vivemos no Estado de cristandade, mas a Igreja também
não pode ser reduzida ao âmbito da privacidade e dos seus templos. "O
Estado e a Igreja pertencem a duas ordens institucionais diferentes,
que não exercem o seu mandato no mesmo plano", mas "ambas exercem uma
autoridade e mesmo uma jurisdição". A partilha não deve atender apenas
à "solidez de certas certezas". "Devemos ousar fundar a nossa relação
na partilha de incertezas, isto é, a partilha das perguntas, e de modo
particular as questões do homem."

2.2. Lamentou que "durante muitos anos os políticos tenham
desconhecido profundamente os católicos de França", e confessou que
ele, "por razões ao mesmo tempo biográficas, pessoais e intelectuais,
tem uma ideia mais alta dos católicos". O questionamento da Igreja
Católica "tem interesse para toda a França porque assenta numa ideia
do homem, do seu destino, da sua vocação". "A República espera muito
dos católicos. Espera exactamente que lhe façais três dons, três
dádivas: o dom da vossa sabedoria, o dom do vosso compromisso, o dom
da vossa liberdade."

A sabedoria. "Temos de dar um rumo à nossa acção, e este rumo é o
homem. Ora, não é possível avançar nesta via sem cruzar o caminho do
catolicismo." "Vós considerais que o nosso dever é proteger a vida, em
particular quando essa vida é indefesa." Impõe-se um diálogo humanista
entre a Igreja e o Estado. "Escutamos uma voz que retira a sua força
do real e a sua clareza de um pensamento em que a razão dialoga com
uma concepção transcendente do homem." "A parte católica da França, no
horizonte secular, instila a questão intranquila da salvação."

O compromisso. "O que agrava o nosso país é o relativismo. E até o
niilismo." Mas "vós sois hoje uma componente maior desta parte da
nação que decidiu ocupar-se da outra parte": os doentes, os que vivem
na solidão, os prisioneiros, os vulneráveis, os abandonados. "Mas eu
vim fazer-vos um apelo a mais. Penso que a política precisa da vossa
energia. Ela precisa da energia de quem dá sentido à acção e coloca no
seu coração uma forma de esperança."

A liberdade. "A primeira liberdade que a Igreja pode oferecer é ser
intempestiva. Ela deve ser um daqueles pontos fixos de que a nossa
humanidade tem necessidade no meio deste mundo oscilante. Espero que a
Igreja nos ofereça também a liberdade de palavra, que tem muitas vezes
a particularidade de lembrar os deveres do homem para consigo, para
com o próximo, para com o nosso planeta." Liberdade ainda de "iniciar,
manter e reforçar o diálogo livre, de que o mundo tanto precisa, com o
islão. Não há nada mais urgente hoje do que aumentar o conhecimento
mútuo dos povos, das culturas e das religiões". "Por fim, há uma
liberdade que a Igreja deve oferecer-nos: a liberdade espiritual. Os
nossos contemporâneos, crentes ou não, têm necessidade de ouvir falar
de uma outra perspectiva sobre o homem, diferente da perspectiva
material. Precisam de matar uma outra sede: a sede de absoluto".

Anselmo Borges
DN 20/04/2018
https://www.dn.pt/opiniao/opiniao-dn/anselmo-borges/interior/o-discurso-de-macron-9272943.html

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