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PENSANTES

Outros pensamentos, ideias e palavras que nos fazem pensar...

quarta-feira, fevereiro 26, 2014

# Um mês sem eutanásia, meu menino!

José Diogo Quintela, Expresso, 2014-02-23

A Bélgica legalizou a eutanásia infantil. Vai ser possível a uma
criança doente decidir que quer falecer. Julgo que a palavra de que o
leitor está à procura é "inveja". Aposto que nenhum pai belga foi
obrigado a ter este diálogo com a filha:
-- Vai para o banho.
-- Não quero! Odeio banho! Odeio-te!
Passada meia hora:
-- Sai do banho.
-- Não quero! Adoro banho! Odeio-te!
Na Bélgica isto não sucede. E não é só porque os belgas têm uma
relação bissexta com a higiene. É também porque, aparentemente, a
volubilidade infantil não é uma característica das crianças belgas.
Pelos vistos, os belgas conseguem fazer com que uma criança tome
decisões finais sobre assuntos de relativa importância. Tenho inveja
dos pais belgas. Principalmente no Natal. Crianças que têm a
capacidade de se decidirem pela eutanásia, de certeza que não fazem
uma birra no chão do Toys'R'us por não conseguirem escolher um
presente.

Deve ter que ver com a maturidade específica do povo belga. É
espantoso que seja mais fácil explicar a uma criança de Bruxelas que
talvez seja boa ideia falecer do que a uma criança de Lisboa que é
essencial não mastigar de boca aberta.

(A maturidade das crianças belgas é um facto historicamente
comprovado. Tanto que, quando apareceu na Bélgica uma criança que se
comportava infantilmente e se punha toda nua a fazer xixi para o ar,
acharam tão divertido que lhe construíram uma estátua.)

Também não se pode excluir a hipótese de os belgas terem feito uma
descoberta que os coloca na vanguarda da pedagogia. Hoje em dia é
difícil punir uma criança. Se queremos proibir-lhes qualquer coisa, é
complicado encontrar algo que efectivamente as chateie. Elas têm tudo:
se tirarmos a Playstation, têm a Wii; se tirarmos os desenhos
animados, têm o tablet; se tirarmos o telemóvel, têm iPod. Talvez a
eutanásia seja a resposta, a chantagem que funciona mesmo. É que a
eutanásia tem tudo para ser cobiçada: as crianças gostam de ser únicas
a ter um brinquedo e é improvável haver outro menino na escola deles
com eutanásia.
-- Pai, quero uma eutanásia!
-- Mas tu sabes o que é eutanásia?
-- Não. Mas sei que mais ninguém tem. O António disse que ia ter, mas
entretanto deixou de ir à escola.
Bem-aventurada a mãe belga que agora pode dizer: "Menina, ou comes a
sopa toda ou não há eutanásia para ninguém!" Ou: "Eutanásia? Com essas
notas?"
Agora, tirando a Bélgica e as suas bizarras crianças crescidas, isto
da eutanásia não vai funcionar lá muito bem noutros países. Ou os
petizes são muito jovens, susceptíveis de serem manipulados pelos
elaborados truques retóricos dos adultos (i.e., a oferta de uma
bolacha de chocolate); ou são mais velhos, naquela fase da
adolescência em que qualquer pergunta tem como resposta um enfadado
"tanto faz".
Pessoalmente, não me vejo a usar a eutanásia como ferramenta. Em
termos de educação, sou um liberal-zombeteiro didáctico, o que
significa que deixo a criança tomar as suas próprias decisões para,
quando elas se revelam em toda a sua estupidez, escarnecer: "Vês? Eu
não disse? Quem é que tinha razão?" Lamentavelmente, a eutanásia não
permite essa vanglória sobre a parva opção juvenil. De que me serve
deixá-la escolher mal, se depois não posso fazer pirraça?

http://o-povo.blogspot.pt/2014/02/um-mes-sem-eutanasia-meu-menino.html

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sábado, fevereiro 22, 2014

# Os bens relacionais

Que os bens e os males mais importantes para nós são as relações
interpessoais, sempre a sabedoria popular o soube. Mitos, literatura,
histórias e tradições outra coisa não fazem que dizê-lo desde há
milénios, falando de riquezas que vieram a tornar-se grandes males por
causa de relacionamentos errados e de pobreza material na qual o pouco
se multiplica porque partilhado em comunhão. Desde há algumas décadas
que começaram a notá-lo também os cientistas sociais e até mesmo
alguns economistas (o primeiro foi Benedetto Gui, em 1986), que
utilizam a expressão "bens relacionais" para indicar aquele tipo de
bens nos quais é a relação entre as pessoas que constitui o bem.

Por bem relacional entendem-se hoje muitas coisas. Alguns chamam bens
relacionais aos serviços à pessoa cujo valor depende principalmente da
qualidade da relação. O bem-estar de um serão na pizzaria com os
amigos depende certamente da qualidade e do preço da pizza, da cerveja
e do local, mas sobretudo (80-90%) deriva da qualidade das relações
criadas - tanto que se surge um banal litígio, no final sentir-se-á
bem pouco 'bem-estar', ainda que a pizza tenha sido excelente. A
satisfação (ou insatisfação) que retiramos da assistência, da cura, e
até das consultas médicas, ou da escola, depende muito da qualidade
daquelas relações e encontros humanos. Um 'muito' que chega a ser
praticamente tudo, quando se trata de crianças, com longas estadias no
hospital ou do relacionamento com os nossos pais idosos.

Nos bens relacionais têm decisiva importância as motivações e
intenções das pessoas que 'produzem' - bem como das que 'consomem' -
estes bens. O 'porquê' é decisivo. Por exemplo, se o consultor ou o
segurador me pergunta pelos meus meninos e pela minha família 'porque'
se conseguir tornar familiar o clima, o contrato será mais simples (e
para ele mais conveniente) e se esta motivação se torna evidente a
meus olhos, aquele diálogo pré-comercial não gera qualquer bem
relacional (provavelmente, pelo contrário, gerará um 'mal
relacional'). O bem relacional, de facto, tem grande valor, que assim
resta enquanto não procurarmos atribuir-lhe um preço, trasformá-lo em
mercadoria e colocá-lo à venda. Morre, se perde o princípio ativo da
gratuidade. Os bens relacionais orientam e condicionam as nossas
escolhas, das mais pequenas e quotidianas às grandes e decisivas.

Bastaria pensar, de tanto em tanto, em quanto pesam os bens (e os
males) relacionais na qualidade do trabalho que fazemos, na decisão de
ficar ou deixar uma empresa. Mudamos para outro bairro e de vez em
quando passamos pelo antigo a tomar o pequeno almoço no velho café,
porque com a meia de leite e o bolo 'consumimos' também os bens feitos
de encontros, piadas ou mesmo comentários satíricos a propósito da
equipa de futebol dos amigos. Sem tomar em consideração a necessidade
deste tipo de nutrimento, não entenderemos, por exemplo, porque é que
tantos idosos e idosas saem de casa várias vezes ao dia para comprar
pão, hortaliça e leite: juntamente com estes produtos 'consomem' bens
relacionais, e nutrem-se com eles. Se eliminarmos a procura e a
necessidade de bens relacionais do horizonte da política (porque antes
desapareceu do horizonte dos técnicos e consultores), não
conseguiremos entender e viver as nossas cidades, a sua verdadeira
pobreza e riqueza, compreender os reais custos e benefícios, por
exemplo, das pequenas lojas da cidade. Estes bens relacionais não
esgotam, porém, a natureza relacional dos bens.

Cada bem, não apenas os hoje designados relacionais, têm inscrita em
si a marca de pessoas e relações humanas que o geraram. Peso, forma e
visibilidade desta marca variam de bem para bem, mas nunca desaparecem
de todo, para quem sabe e quer vê-los. Vistos por este prisma, todos
os bens são relacionais. Pense-se nos produtos de artesanato; na
cultura artesã - ainda bem viva e nunca inteiramente substituida pela
cultura industrial - um violino, uma peça de mobiliário, uma arcada
podiam ser reconhecidos antes mesmo de verificar a assinatura do autor
(frequentemente inexistente, por não ser necessária). Do objeto
passava-se facilmente ao sujeito, da criatura ao 'criador'. Mas onde a
marca pessoal tem máxima visibilidade, a ponto de não se distinguir já
o autor da obra, é na criação artística. Um artista nunca 'aliena'
completamente a sua obra ao vendê-la, porque naquela escultura está
contida uma parte da sua vida, do seu amor, da sua dor; e assim será
para sempre.

Na nossa sociedade de mercado, depois de algumas décadas dominados por
produtos de massa anónimos e despersonalizados, verifica-se hoje uma
forte e crescente tendência para repersonalizar os bens. Pretende-se
fazer emergir os <<relacionamentos entre pessoas, escondidos na concha
de um relacionamento entre coisas>> (Marx, O Capital). Nos mercados,
prateleiras de lojas, na web, vemos mercadorias e serviços; mas por
baixo deles, invisíveis mas bem reais, estão relações de trabalho,
produção, poder, amor e dor humanos. Precisamos de treinar o olhar e
de aguçar o ouvido para conseguirmos ouvir vozes e ver rostos não
apenas do lado de lá do balcão da fruta ou na caixa de uma loja, mas
também atrás de frigoríficos, sapatos, fatos, computadores, porque
eles estão lá realmente. Uma bica tomada num café com máquinas de
venda automática, muito embora saboreado na companhia de amigos, não é
a mesma coisa que se tomava tempos atrás no bar da rua ao lado, mesmo
se feito com a mesma mistura de cafés e a mesma máquina. Tem um sabor
muito diferente, mas é preciso ter glândulas espirituais e civis para
notar esta diferença; glândulas que se estão atrofiando.

Precisamos de aprender a perguntar cada vez mais aos nossos bens (e
males), interrogá-los, dialogar com eles. Já não basta, não deverá
bastar, que nos falem de qualidade e preço. Queremos também que nos
contem histórias de pessoas e de ambiente, que nos falem de justiça,
de respeito, de direitos, que nos revelem o que é invisível aos olhos,
mas que para muitos de nós está tornando-se o essencial. Algo deste
invisível dizem-no já as etiquetas das embalagens e as marcas de
qualidade. Mas é pouco demais, porque nos bens existem ainda muitas
histórias importantes e decisivas que não conhecemos. As etiquetas não
dizem, ou dizem ainda muito pouco, se os salários pagos a
trabalhadores de plantações de cacau e de fábricas onde são produzidos
blue jeans são equitativos, nem onde se encontra a sede fiscal da
empresa; nada dizem sobre se foram dadas a mulheres e mães condições
para trabalhar bem; não dizem para que fins são orientados os lucros,
nem quantas e que ações de outras firmas se encontram no portafólio da
empresa que me vende aquele produto. As fileiras éticas dos produtos
são ainda muito curtas, terrivelmente curtas, e terminam onde começam
as coisas que contam e que cada vez mais contarão para a democracia.

A atual cultura capitalista está a levar-nos a atribuir crescente
importância a calorias, teor de sal e açúcar. Mas não podemos nem
devemos esquecer que existem calorias sociais, sais de justiça e
outros açúcares em excesso que provocam enfartes, obesidade e diabetes
civis e morais. Os bens são símbolos e, como todos os símbolos com a
sua presença-ausência, indicam-nos alguma coisa ou alguém presente e
vivo algures. Alguém e algo que podemos ignorar, fingir que não
existem, negar, esquecer. Mas não cessam de ser vivos e reais. E
continuam a falar-nos, a contar-nos histórias, a esperar por nós.

Luigino Bruni
In Avvenire
http://www.snpcultura.org/os_bens_relacionais.html

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segunda-feira, fevereiro 17, 2014

# Porquê apresentar a vida como um ato de combate, em vez de um ato de amor?

http://www.snpcultura.org/porque_apresentar_a_vida_como_ato_de_combate_em_vez_de_ato_amor.html

Segunda e última parte da apresentação de excertos do livro "A
biografia do silêncio" (Paulinas), que vai estar nas livrarias esta
segunda-feira, 17 de fevereiro. Os primeiros fragementos da obra de
Pablo d'Ors foram apresentados em pré-publicação na semana passada
(cf. Artigos relacionados).

<<Iniciar-se na meditação pressupõe que se tenha chegado ao ponto de já
não nos permitirmos culpar as circunstâncias ou os outros. Quando
estivermos nesse ponto, deveremos sentar-nos e meditar.>>

<<Quando se medita, trabalha-se com o material da nossa própria
vulnerabilidade. E sempre temos a impressão de que estamos a começar a
partir do zero: a nossa casa parece que nunca mais acaba de se
construir; pois até acreditamos que estamos a reforçar os alicerces.
Na meditação não há, pelo menos aparentemente, uma deslocação
significativa de um lado para o outro; o que há é uma espécie de
instalação num não-lugar. Esse não-lugar é o agora, o instante é a
instância.>>

<<Graças à meditação, descobri que nenhuma carga é minha enquanto não a
puser aos ombros.>>

<<Quando nos sentamos em silêncio, obtemos um espelho da nossa vida e,
ao mesmo tempo, um modo para melhorá-la. A observação, a contemplação,
é efetiva. Observar uma coisa não a muda, mas muda-nos a nós.
Portanto, a mudança é o melhor barómetro da vitalidade de uma vida.>>

<<As emoções e os estados anímicos têm o seu funcionamento próprio; mas
nós somos infinitamente mais poderosos que eles, se a tal nos
propusermos. (...) A força da nossa soberania é avassaladora.>>

<<Em geral, entre tantas marionetas ilusórias, não conseguimos
distinguir o que é real. Por isso, a tarefa de quem se senta a meditar
é, fundamentalmente, de limpeza interior. O cenário vazio assusta-nos;
dá-nos a impressão de que nos aborrecemos nessa desolação. Mas esse
vazio é a nossa identidade mais radical, pois não é senão uma pura
capacidade de acolhimento.>>

<<A descoberta da desilusão é o nosso principal mestre. Tudo o que me
desilude é meu amigo.>>

<<Ajudar alguém é fazer com que veja que os seus esforços estão
garantidamente desencaminhados. É dizer-lhe: "Sofres porque esbarras
de frente contra um muro. Mas esbarras contra um muro porque não é por
aí que deves passar." Não deveríamos chocar com a maioria dos muros em
que embatemos. Esses muros não deveriam estar onde estão e nem
deveríamos tê-los construído.>>

<<Todas as nossas ideias devem morrer para que, por fim, reine a vida.
E todas quer dizer todas, até a ideia que podemos ter da meditação.>>

<<A dor deixa de ser tão dolorosa quando nos acostumamos a ela. Não sei
bem como cheguei a esta conclusão, nem sei como consegui ser tão
perseverante na minha prática diária de meditação, a que sou tão fiel
desde há um pouco mais de um quinquénio, como o sou à prática da
escrita desde há, aproximadamente, duas décadas.>>

<<A promessa da meditação é a mais misteriosa de todas quantas conheço,
pois não é uma promessa para algo em particular: nem para a glória,
nem para o poder, nem para o prazer... Talvez seja uma promessa para a
unidade, ou para uma espécie de custosa serenidade, ou para a lucidez,
ou... palavras!>>

<<Assim como o espetador que não gosta de um espetáculo pode abandonar
a sua poltrona e, simplesmente, ir-se embora, o verdadeiro homem de
meditação permanece no seu lugar mesmo quando a película projetada no
seu interior não lhe agrada absolutamente nada. É sobretudo então que
deve permanecer.>>

<<A meditação em silêncio e quietude é o caminho mais direto e mais
radical para o nosso interior (não recorre à imaginação ou à música,
por exemplo, como acontece noutras vias).>>

<<Quase todos os frutos da meditação se recebem fora da meditação.
Alguns destes frutos são, por exemplo, uma maior aceitação da vida tal
qual é, uma assunção mais cabal dos seus limites e dos seus achaques
ou dores que se arrastam, uma maior benevolência para com os
semelhantes, uma atenção mais cuidada às necessidades alheias, um
superior apreço pelos animais e pela natureza, uma visão do mundo mais
global e menos analítica, uma crescente abertura ao diferente, à
humildade, à confiança em si mesmo, à serenidade... A lista poderia
alargar-se.>>

<<Uma das principais ameaças a todo este processo de purificação
interior radica na crença - que, na realidade, é sustentada por quem
não meditou ou o fez muito pouco - de que toda esta preocupação com o
eu não serve para ajudar os outros.>>

<<O nosso problema na vida é precisamente este: as hesitações, os
medos, as dúvidas sistemáticas, o medo de viver. É mais inteligente
lançar-se na aventura. A meditação desmascara os nossos mecanismos de
proteção, projeta-os em tamanho gigante no ecrã da nossa consciência,
mostra-nos tudo o que per demos por culpa dessas salvaguardas
fomentadas pelas convenções sociais e pressões de todos os géneros.>>

<<Como qualquer outro método sério de análise interior, a meditação
silenciosa e em quietude sublinha a falácia de atribuir ao outro o que
só a nós corresponde. Na realidade, basta querer alguma coisa com
suficiente intensidade para a conseguir. Parece utopia, mas não há
nada tão indestrutível como um homem convencido. Nenhum obstáculo é
intransponível quando há verdadeira fé. A meditação fortalece tal fé
e, com olhar ardente, derrete os obstáculos que se vão encontrando
pelo caminho como se fossem blocos de gelo incapazes de resistir ao
fogo de uma paixão.>>

<<No tribunal da nossa consciência temos de prestar contas do que
recebemos. Do que vamos deixar no mundo, antes de morrer e de o
abandonar.>>

<<Porquê apresentar a vida como um ato de combate, em vez de um ato de
amor? Basta um ano de meditação perseverante, ou até meio ano, para
nos apercebermos de que podemos viver de outra forma. A meditação abre
uma brecha na estrutura da nossa personalidade, até que, de tanto
meditar, a brecha se alarga e a velha personalidade rompe-se e, como
uma flor, começa a nascer uma nova. Meditar é assistir a esse
fascinante e tremendo processo de morte e renascimento.>>

<<O caminho da meditação é o do desapego, o da rutura dos esquemas
mentais ou preconceitos: é uma desnudação progressiva até acabar por
comprovar que se está muito melhor nu.>>

<<O principal fruto da meditação é tornar-nos magnânimos, quer dizer,
dilatar-nos a alma, começando imediatamente a caber nela mais cores,
mais pessoas, mais formas e figuras... Na realidade, um ser humano é
tanto mais nobre quanto maior for a sua capacidade de hospedagem ou de
acolhimento. Quanto mais vazios de nós estivermos, mais caberá dentro
de nós. O vazio de si, o esquecimento de si, é diretamente
proporcional ao amor aos outros.>>

<<Depois de ter sido tocado ou infetado, tentado ou arrastado; depois
de estar apaixonado ou aflito, sou eu quem decide - como senhor - de
que modo hei de viver essa carícia ou essa bofetada, esse grito ou
esse gemido; como reagir a essa corrente ou responder a essa chamada.>>

<<Nenhum homem se perderá irremediavelmente se frequentar a sua
consciência e viajar pelo seu território interior. Dentro de nós há um
reduto onde podemos sentir-nos seguros: uma ermida ou um esconderijo
onde nos podemos esconder porque foram construídos com essa
finalidade. Quanto mais se entra lá, mais se descobre que é espaçoso e
que está bem equipado. Na verdade, lá não falta nada. É um sítio onde
se pode morar.>>

<<A meditação fortalece a necessária desconfiança no mundo exterior e a
incompreensível confiança no nosso verdadeiro mundo, que costumamos
desconhecer. Quando meditamos, as nossas feições suavizam-se e a nossa
expressão transfigura-se. Continuamos aqui, nesta terra, mas é como se
já nem lhe pertencêssemos. Moramos noutro país, pouco frequentado, e
atravessamos os campos de batalha sem ser feridos. Embora as flechas
se cravem em nós e as balas penetrem nas nossas carnes, essas balas
não nos derrubam nem essas flechas fazem com que brote sangue...
Saímos desses campos de batalha crivados, mas vivos; caminhando e
sorrindo porque não sucumbimos e demonstrámos a nossa eternidade.
Meditamos para sermos mais fortes do que a morte.>>

In A biografia do silêncio, ed. Paulinas
16.02.14

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segunda-feira, fevereiro 10, 2014

# As mesmas notícias de uma forma completamente nova num jornal diferente!

E se as notícias fossem mais assim?

http://www.philosophersmail.com/

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# Does The News Do Us Any Good?

http://www.youtube.com/watch?v=-f4OFCaTsTM&list=TLCUzZ3_PuqsitUH3bxa_yALIUO8ae0Qf1

do Alain de Botoon

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sexta-feira, fevereiro 07, 2014

# Feminismo fanático...?

Aborta se for menina (ou o aborto como machismo)

Henrique Raposo 8:00 Sexta feira, 7 de fevereiro de 2014

A notícia parecia demasiado aguda para ser verdade, parecia um
daqueles excessos de realidade que só podem ser ficção, o delírio de
uma realidade paralela feita em cima do joelho. Mas é mesmo verdade.
Todos nós já sabíamos que milhões de chineses e indianos têm o hábito
repelente de seguir o seguinte mote misógino: "aborta se for menina".
É uma espécie de genocídio de género ainda antes do nascimento. Por
aquelas bandas, há cerca de 120 rapazes por 100 raparigas devido ao
aborto massivo de bebés do género feminino. Ora, o que nós não
sabíamos é que este fenómeno macabro está a ganhar força no Reino
Unido, junto das comunidades de imigrantes . E, se isto acontece no
Reino Unido, provavelmente também acontecerá noutros países europeus
com comunidades chinesas ou indianas. É um problema europeu.

Quando abortam só porque vão ter uma bebé e não um bebé, estas pessoas
estão a cometer um crime. Não há outra maneira de pôr as coisas. Isto
é usar o aborto para fazer uma espécie de eugenia machista. Matar aos
três ou quatro meses um ser humano só porque não tem pilinha é crime,
deve ser crime, tem de ser crime, um crime eugenista e misógino. Mas
qual tem sido a reacção das feministas perante este evidente ataque à
condição feminina? Bom, a reacção das auto-intituladas rainhas do
feminismo tem sido quase tão repelente como o fenómeno em si. Estas
mulheres diabolizam os concursos de beleza, a pornografia, a
"mercantilização da imagem da mulher", a cirurgia plástica, mas não
abrem a boca para criticar a maior barbaridade que as mulheres sofrem
neste momento. Porquê? Porque o "direito ao aborto", dizem, é superior
a tudo.

No Guardian, a vanguarda feminista afirmou que "não interessa saber o
motivo pelo qual uma mulher quer pôr termo à sua gravidez. Se é para
escolher o sexo, isso é a sua escolha". Eis o fanatismo no seu
melhor. Além da intrínseca desumanidade deste raciocínio eugenista,
convém reparar na contradição absurda destas feministas: se permitimos
que uma mulher aborte só porque não quer ter uma menina, o aborto
passa a ser o maior instrumento do machismo mais abjecto, aquele que
nem sequer deixa que uma bebé venha ao mundo só porque é uma bebé e
não um pilinhas.

Ler mais: http://expresso.sapo.pt/aborta-se-for-menina-ou-o-aborto-como-machismo=f854743#ixzz2sd7qLKZo

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quinta-feira, fevereiro 06, 2014

# Macedónia aprova castração química de pedófilos reincidentes

Desde 2004, mais de 230 pessoas já foram condenadas na Macedónia por
abuso sexual de menores

O parlamento da Macedónia aprovou hoje uma lei que introduz a
castração química de pedófilos reincidentes e agrava as penas de
detenção para prisão perpétua.

O ministro para a Política Social, Dime Spasov, disse que a castração
química, através da administração de drogas que reduzem a libido e a
atividade sexual, será "efetuada semestralmente em locais
especializados".

De acordo com o projeto, os agressores sexuais que pratiquem o crime
pela primeira vez serão condenados a entre 15 e 40 anos de prisão e
poderão optar pela castração química em troca de uma redução da pena.

A Rússia, Dinamarca e Polónia são alguns dos países que já
introduziram a castração química.

Em 2012, a Antiga República Jugoslava da Macedónia (Fyrom, o nome
oficial) tornou-se no primeiro país a elaborar um registo na Internet
de pedófilos condenados, com fotos, nomes e moradas dos que cumpriram
penas de prisão.

Desde 2004, mais de 230 pessoas já foram condenadas na Macedónia por
abuso sexual de menores.

http://www.ionline.pt/artigos/mundo/macedonia-aprova-castracao-quimica-pedofilos-reincidentes

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segunda-feira, fevereiro 03, 2014

# Portugal entre países desenvolvidos com menor níveis de consumo de comida rápida

"Países com explorações agrícolas de tamanho menor tendem a registar
aumentos menores no consumo de comidas rápidas e na obesidade",
esclarece o professor Roberto de Vogli

Portugal, nos países desenvolvidos, está entre aqueles que apresentam
menor obesidade e menor consumo de fastfood, segundo um estudo
divulgado Organização Mundial da Saúde (OMS), que estuda a obesidade,
hábitos de consumo e a liberalização comercial de bens alimentares.

Este é o primeiro estudo que investiga o papel da liberalização dos
mercados no consumo de comida rápida ("fastfood") e no aumento do
índice de massa corporal (IMC), incluindo pela primeira vez o número
de transações da chamada "fastfood".

"Portugal encontra-se entre os países com menor níveis de consumo de
comida rápida e com menor IMC", diz o estudo da OMS, que toma por
referência dados de 2008, para os diferentes países, altura em que
Portugal apresentou o segundo menor número de "transações 'per
capita', entre os países selecionados neste estudo", segundo o
professor Roberto De Vogli, da Universidade da Califórnia (UC Davis),
principal autor do relatório.

O estudo analisou os dados de 1999 a 2008, de 25 países da Organização
para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), com o objetivo
de observar o vínculo entre a obesidade e a liberalização do mercado
de bens alimentares.

"O nosso estudo indica que todos países conheceram um aumento no
consumo de comidas rápidas e do IMC [dos seus cidadãos], mas os países
que desregularam gradualmente e minimamente as suas economias,
conheceram um incremento mais lento do consumo de comida rápida e do
IMC", disse à Lusa Roberto De Vogli.

No caso de Portugal, a economia, ao longo deste período, esteve ainda
protegida em termos de regulação alimentar, o que minimizou o aumento
da obesidade e do consumo de "fastfood". "Portugal é a quarta economia
mas regulada entre os países da OCDE", disse o professor, tendo em
conta o período em causa.

Portugal aplicou políticas de mercado mais restritivas, sendo possível
estabelecer uma relação com um impacto menor, nos níveis de obesidade,
ao contrário de outros países do estudo, dominados por oligopólios
alimentares, nos quais as políticas de liberalização, incluem entre
outros, menos subsídios agrícolas, menos taxas, menos controlo dos
preços e fiscalizações débeis, em termos alimentares.

Roberto De Vogli, em declarações à Lusa, explica, por exemplo, que
"Portugal tem um IMC muito inferior aos países anglo-saxónicos, como
os Estados Unidos, Canadá e Austrália, com mercados mais desregulados,
e onde o consumo de comida rápida e a prevalência da obesidade são
superiores".

Por outro lado, as explorações agrícolas em Portugal tendem a ser mais
pequenas, sendo geralmente mais saudáveis, em relação aos países com
economias dominadas por grandes grupos económicos agroalimentares.

"Países com explorações agrícolas de tamanho menor tendem a registar
aumentos menores no consumo de comidas rápidas e na obesidade",
esclarece o professor Roberto de Vogli.

O investigador adianta, no entanto, que "é preciso mais investigação",
para se chegar a uma conclusão efetiva, sobre a relação dos fatores,
embora tudo indique que "um sistema de agricultura baseado em pequenas
explorações e com setores mais protegidos", em termos de regulação e
fiscalização, "possa explicar por que motivo o consumo de comida
rápida é baixo em Portugal".

As conclusões gerais deste estudo indicam que existe uma relação
direta entre políticas pró liberalização dos mercados, o aumento de
consumo de comida rápida e de obesidade.

O estudo apela, por isso, à aplicação de medidas que melhorem a
etiquetagem dos alimentos e que limitem a produção e o comércio de
alimentos processados, como a chamada "fastfood", e a sua publicidade.

http://www.ionline.pt/artigos/portugal/portugal-entre-paises-desenvolvidos-menor-niveis-consumo-comida-rapida/pag/-1

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