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PENSANTES

Outros pensamentos, ideias e palavras que nos fazem pensar...

sexta-feira, outubro 26, 2007

# Ser adulto altamente contemporâneo...

Dizem que todos os dias temos que comer uma maçã por causa do ferro e
uma banana por causa do potássio. Também uma laranja, para a vitamina
C, meio melão para melhorar a digestão e uma chávena de chá verde sem
açúcar para prevenir a diabetes.

Todos os dias temos que beber dois litros de água (sim, e logo a
seguir mijá-los, que leva quase o dobro do tempo que os levei a
beber).

Todos os dias temos que tomar um Activia ou um iogurte para ter 'L.
Cassei Defensis', que ninguém sabe exactamente que porcaria é, mas
parece que se não ingeres um milhão e meio todos os dias, começas a
ver toda a gente com uma grande diarreia ou presos dos intestinos.

Cada dia uma aspirina, para prevenir os enfartes, mais um copo de
vinho tinto, para a mesma coisa. E outro de vinho branco, para o
sistema nervoso. E um de cerveja, que já não me lembro para que era.
Se os tomares todos juntos, mesmo que te dê um derrame cerebral na
hora, não te preocupes, pois o mais certo é que nem te dês conta
disso.

Todos os dias tens que comer fibras. Muita, muitíssima fibra até que
sejas capaz de defecar uma camisolona bem grossa.

Tens que fazer quatro a seis refeições diárias leves sem te esqueceres
de mastigar cem vezes cada garfada. Ora, fazendo um pequeno cálculo
apenas a comer vão-se assim de repente umas cinco horitas. Ah, depois
de cada refeição deves escovar bem os dentes, ou seja, depois do
Activia e da fibra, os dentes; depois da maçã, os dentes; depois da
banana, os dentes. Assim, enquanto tiveres dentes, não te podes
esquecer nunca de passar o fio dental massajador das gengivas e
bochechar com PLAX...

Melhor, amplifica a casa de banho e põe a aparelhagem de música lá,
porque entre a água, a fibra e os dentes vais passar muitas horas
(quase metade do dia) ali dentro.
Equipa-o também de jornais e revistas para te pores a par do que se
passa, enquanto estiveres sentado na sanita, porque com a quantidade
de fibra que estás a ingerir, são mais umas horitas diárias.

Temos que dormir oito horas e trabalhar outras oito, mais as cinco que
usamos a comer, faz vinte e uma. Restam três horas, isto se não surgir
nenhum imprevisto. Segundo as estatísticas, vemos três horas de
televisão diárias. Bem, já não podes, porque todos os dias devemos
caminhar pelo menos uma meia hora (convém regressares ao fim de 15
minutos, senão andas mas é 1 hora!).

E há que cuidar das amizades porque são como uma planta: temos que as
regar diariamente. E quando vais de férias também, suponho, senão as
plantas morrem nas férias. Para além disso, há que estar bem informado
e ler pelo menos um dos jornais diários e uma revista séria, para
comparar a informação.

Ah! E temos que ter sexo todos os dias mas sem cair na rotina: temos
que ser inovadores, criativos, renovar a sedução. Isso leva o seu
tempo. E já nem estamos a falar do sexo tântrico!! (a respeito disso,
relembro: depois de cada refeição temos que escovar os dentes!)

Também temos que arranjar tempo para a maquilhagem, a depilação/fazer
a barba, varrer a casa, lavar a roupa, lavar os pratos e já nem digo,
os que têm gatos, cães pássaros e uma catrefada de filhos...

No total, a mim dá-me umas 29 horas diárias, se nunca parares.

A única possibilidade que me ocorre, é fazer várias destas coisas ao
mesmo tempo: por exemplo, tomas duche com água fria e com a boca
aberta, e assim bebes logo os dois litros de água de uma vez. Enquanto
sais do banho com a escova de dentes na boca, vais fazendo o amor, o
sexo tântrico, parado, junto ao teu par, que de passagem vê TV e te
vai contando o que se passa, enquanto varre a casa.

Sobrou-te uma mão livre?
Telefona aos teus amigos e aos teus pais!

Bebe o vinho e a cerveja (depois de telefonares aos teus pais, vai
fazer-te falta!).
O iogurte com a maçã pode dar-te o teu par enquanto ele come a banana
com a Activia.
No dia seguinte troquem.

E menos mal que já crescemos, porque senão tínhamos que engolir mais
umas Cerelacs e um Danoninho Extra Cálcio todos os santos dias.
Úuuuf!

Mas se te restam 2 minutos, reenvia isto aos teus amigos (que temos
que regar como as plantas) enquanto comes uma colherzinha de Muesli ou
Al-Bran, que faz muito bem...

E agora vou deixar-te porque entre o iogurte, o meio melão o primeiro
litro de água e a terceira refeição do dia, já não faço a mínima ideia
o que é que estou a fazer porque preciso urgentemente de uma casa de
banho.

Ah, vou aproveitar e levo comigo a escova de dentes...

quinta-feira, outubro 25, 2007

# Artista deixa cão morrer propositadamente numa exposição

Cão morre numa exposição - Uma estranha forma de arte
O artista Habacuc deixou um cão morrer à fome durante uma exposição. Os defensores dos direitos do animais já lançaram uma petição online para que o artista seja banido da Bienal Centroamericana Honduras 2008.
Paula Cosme Pinto EXPRESSO
16:00 | Quarta-feira, 24 de Out de 2007

Dalia Chevez
O cão foi capturado num bairro pobre de Manágua
O artista Guillermo Vargas, mais conhecido por Habacuc, está a dar que falar em todo mundo. O motivo desta atenção não são as suas obras de arte, mas sim o facto de ter deixado propositadamente um cão morrer à fome durante a sua última exposição.

A "Exposição nº1" teve lugar em Agosto, em Manágua, na Nicarágua. À entrada, os visitantes podiam ler a frase "És o que lês", seguindo-se um cenário pouco comum: entre as obras do artista estava um cão, faminto e doente, amarrado por uma corda a um canto da sala.

Mesmo após alguns apelos dos visitantes para que o animal fosse libertado, o artista recusou-se a fazê-lo justificando que se tratava de uma homenagem a Natividad Canda, um nicaraguense que morreu depois de ter sido atacado por um rotweiller. Ironicamente, o cão acabou por morrer à fome em plena exposição quando o título da amostra estava escrito numa parede através de uma colagem feita à base de comida canina.

Os motivos do artista
"O importante para mim é constatar a hipocrisia alheia: um animal torna-se o centro das atenções quando o ponho num local onde toda a gente espera ver arte, mas deixa de o ser quando está na rua", justificou o artista ao jornal costa-riquenho La Nación. "O cão está mais vivo do que nunca porque continua a dar que falar".

O caso chocou os defensores dos direitos dos animais, que se juntaram numa petição online para que Habacuc seja excluído da Bienal Centroamericana Honduras 2008, onde deverá ser um dos representantes da Costa Rica. Mais de setenta mil pessoas já assinaram o documento, repudiando o trabalho de Vargas.

http://expresso.clix.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=ex.stories/149040

terça-feira, outubro 23, 2007

# Por um mundo diferente e melhor...

TED talks:

http://www.ted.com/index.php/talks/view/id/41

http://www.ted.com/index.php/talks/view/id/79

segunda-feira, outubro 22, 2007

# Fui desonesta e têm o direito de...

Velocista dopou-se antes de ganhar cinco medalhas olímpicas
Marion Jones entregou as suas medalhas olímpicas
09.10.2007 - 10h21 AFP, PUBLICO.PT


A atleta norte-americana Marion Jones, que admitiu na passada sexta-feira ter usado um esteróide indetectável durante dois anos, inclusive no período de preparação para os Jogos Olímpicos de Sydney 2000, entregou hoje as três medalhas de ouro e as duas de bronze que conquistou durante essas olimpíadas, anunciou hoje o Comité Olímpico americano.

"Ela [Marion Jones] desfez-se hoje das medalhas que conquistou de forma injusta nos Jogos Olímpicos de Sydney", declarou o director executivo do CO americano, em Colorado Springs, Jim Scherr.

"Elas [as medalhas] estão em nossa posse e vão regressar à sede do Comité Internacional Olímpico (CIO), em Genebra, onde serão entregues aos verdadeiros vencedores dos Jogos", acrescentou Scherr.

O director executivo do CO americano precisou que Jones entregou em mão as suas medalhas ao seu advogado, em Austin. "As medalhas estão entregues", confirmou o causídico, Henry DePippo, à "People", acrescentando que a sua cliente "não irá fazer comentários sobre o assunto".

Serão igualmente retirados a Jones todos os seus títulos obtidos em competições depois do dia 1 de Setembro de 2000 e deverá restituir ao Comité Olímpico 100 mil dólares.

"É com imensa vergonha que me apresento perante vocês e lhes digo que traí a vossa confiança. Fui desonesta e têm o direito de estar zangados comigo. Desiludi a minha família, o meu país e a mim própria", afirmou nesta semana Marion Jones, mergulhada em lágrimas e apoiada pela sua mãe, à saída de um tribunal de Nova Iorque onde foi responder por duas acusações de falso testemunho a agentes federais: um numa investigação relacionada precisamente com a sua ligação ao mundo da dopagem e o outro num inquérito a um esquema de fraude bancária e lavagem de dinheiro em que esteve envolvido o seu ex-marido Tim Montgomery.

Perante o juiz, Jones admitiu que usou tetrahidrogestrinona (THG) "várias vezes antes dos Jogos Olímpicos e depois". A THG é um esteróide sintético desenvolvido pela BALCO (Bay Area Laboratory Co-Operative), empresa californiana produtora de suplementos nutricionais, e que esteve na origem do maior escândalo de doping no atletismo dos EUA.

segunda-feira, outubro 08, 2007

# Alterna a narina que utilizas....

APFN diz que "não desincentiva" o consumo
Instituto da Droga defende campanha nas escolas criticada por pais
08.10.2007 - 13h56 Lusa


O presidente do Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT) refutou hoje críticas da Associação Portuguesa das Famílias Numerosas (APFN) a uma campanha que decorre nas escolas, afirmando que esta não incentiva o uso da droga, apenas reconhece que possam existir alunos que consumam.

O IDT está a distribuir pelas escolas um conjunto de postais com alertas para os efeitos das diferentes drogas e com instruções para minorar as consequências do consumo. Porém, a APFN considerou que a campanha "não desincentiva" o consumo e por isso apelou à sua suspensão imediata.

Frases como "Não partilhes tubos ou outro material usado para snifar" e "alterna a narina que utilizas" constam dos postais que integram a campanha "Energia usa só a tua" e que a ANFN considera serem um incentivo ao consumo.

Em declarações à Lusa, o presidente do IDT, João Goulão, disse que a campanha é dissuasora, mas pela "positiva", começando logo pelo título. "A mensagem da diabolização da droga e de que a droga mata já está ultrapassada por questões de evidência científica", disse João Goulão, lembrando que o marketing desaconselha o uso do "não".

O presidente do IDT disse ainda que a campanha é pragmática e que tem uma mensagem preventiva, mas que não ignora o facto de haver pessoas que consomem e que devem ter informação apropriada.

O Ministério da Educação ainda não se pronunciou sobre a campanha e pelas queixas da APFN.

# Portugal tem uma casa e meia por cada família

Portugal tem uma casa e meia por cada família
http://jn.sapo.pt/2007/10/08/primeiro_plano/portugal_uma_casa_e_meia_cada_famili.html

A velocidade a que se constrói habitação nova tem vindo a diminuir, mas, ainda assim, as edificações não param e há cada vez mais casas (ocupadas ou vazias) em Portugal. No final do ano passado, o Instituto Nacional de Estatística (INE) indicava que havia, por todo o país, quase 5,5 milhões de casas, mas apenas 3,6 milhões de famílias (dados de 2001, os mais recentes).

O reconhecido excesso de habitação em Portugal, somado à subida dos juros desde 2005 e à estagnação da economia tem, de facto, levado a alguma moderação na construção de casas. Em 2002, ano em que a construção civil começou a entrar na crise da qual ainda não vê o fim, foram dados por concluídos 124 mil alojamentos. Em 2003, o número tinha caído para quase 90 mil. Nos dois anos seguintes, foram terminadas perto de 140 mil casas (70 mil por ano). Em 2006, os últimos dados disponibilizados pelo INE, já só tinham sido edificadas 58 mil casas - a um ritmo de 160 por dia.

Tudo somado, o país conta hoje com perto de 5,5 milhões de habitações, mas nem todas estão habitadas. Não há dados recentes sobre o estado do parque imobiliário, já que o último recenseamento do INE data de 2001, mas, nessa altura, o país contava com meio milhão de habitações vagas. Hoje o número deve ser maior a população estabilizou e, entretanto, centenas de milhar de novas casas foram construídas.

O panorama não é risonho. Portugal tem casas a mais e procura a menos, como bem sabe qualquer pessoa que esteja a tentar vender a sua. A subida dos juros deixou as famílias e até os próprios bancos mais cautelosos na altura de acordar um empréstimo e estão a chegar ao fim os tempos em que facilmente se sustentava dois créditos (ou um só de valor mais alto, para conseguir comprar uma casa melhor).

A estagnação da economia, por outro lado, implica que os salários reais pouco têm crescido e que o desemprego é cada vez maior. Ou seja, é mais difícil pedir dinheiro emprestado e os rendimentos próprios também não crescem. E do lado da procura há ainda outro factor a ter em conta a nova lei do arrendamento ainda não teve impacto positivo e uma das consequências disso é o facto de o valor das rendas novas ser muito semelhante ao dos empréstimos, pelo que arrendar não é uma alternativa financeiramente atractiva para quem procura habitação. Resultado: a procura de casas diminuiu fortemente.

Mas do lado da oferta, ou seja, de quem constrói, os preços sobem sempre sobe o custo dos terrenos e dos materiais, os impostos pagos, os juros pagos pelas construtoras aos bancos... Tudo razões a justificar que os proprietários preferem não vender as casas a baixar os preços.



Alexandra Figueira

# Social networking costs firms £130 million a day

http://www.bit-tech.net/news/2007/09/10/social_networking_costs_firms_130_million_a_day/1
Social networking costs firms £130 million a day

Author: Phil Cogar
Published: 10th Sep 2007

Facebook is one of the major culprits behind productivity loss at firms with internet access.
Do you spend time visiting popular social networking sites such as Facebook or MySpace when you're supposed to be working? Did you know that your leisure surfing is costing UK firms in upwards of £130 million a day? Well you are, at least according to a study of 3,500 UK companies done by employment law firm Peninsula.

A whopping 223 million hours are estimated to being lost every month by employees surfing the web.

"Why should employers allow their workers to waste two hours a day on Facebook when they are being paid to do a job?" said Mike Huss of Peninsula. "The figures that we have calculated are minimums and it's a problem that I foresee will escalate. Some companies are happy to let their workers use the internet for personal use, assuming that goals and targets are achieved.

Many companies today monitor their network traffic and ban sites that draw the most time away from productivity. Some of our own forum members have even had bit-tech banned at their workplace for spending time browsing through our project logs.

Instead of filtering out sites one by one, maybe IT departments will start banning the Internet as a whole and only allow access to a given set or work related sites in order to curtail a decline in worker productivity.

Do you spend lots of time at work reading our articles or browsing our tremendous project logs? If you're at work right now then sound out over in the forums. Don't worry, we won't tell your boss.

quarta-feira, outubro 03, 2007

# Quando me custa a União Europeia e o seu orçamento?

The executed EU budget for 2006 was EUR 106.6 billion, which is around 2.1% of EU public expenditure. It represents around EUR 63 cents per day (not even a cup of coffee in most of the Member States) for each of the then 464 million inhabitants of EU-25. For the whole 2006 this was EUR 230 per EU citizen.

Taxpayers' money is used by the Union to fund activities that all Member States and parliaments have agreed upon in the Treaties. A small amount – around 1% of the Union's national wealth, which is then spent mainly for its citizens and communities.

As much as 76% of the EU expenditure is managed by Member States themselves (under so-called shared management). It is up to the European Parliament, following the judgement of the Court of Auditors and on the recommendation of the Council, to decide whether the Commission has managed EU funds correctly.

All EU institutions together (the Council, the European Parliament, the Commission, the Court of Justice, the Court of Auditors, European Economic and Social Committee, Committee of the Regions etc.) "cost" around EUR 5.5 cents per each Euro spent from the EU budget. [around 0,055% of the Union's national wealth].

http://ec.europa.eu/budget/reform/budget_glance/index_en.htm

segunda-feira, outubro 01, 2007

# Bush e Aznar em discurso directo - Como se arranja uma guerra?

01.10.2007 Exclusivo PÚBLICO/ El País
http://jornal.publico.clix.pt/default.asp?url=%2Fmain%2Easp%3Fdt%3D20071001%26page%3D19%26c%3DA

No encontro no rancho do Presidente americano, Bush diz a Aznar que ambos são guiados por um sentido histórico de responsabilidade.


BUSH: Somos a favor de conseguir uma segunda resolução no Conselho de Segurança e queríamos fazê-lo rapidamente. Queríamos anunciá-la segunda ou terça-feira [24 ou 25 de Fevereiro de 2003].

AZNAR: É melhor na terça-feira, depois da reunião do Conselho de Assuntos Gerais da União Europeia. É importante manter o momentum conseguido pela resolução da cimeira da UE [em Bruxelas, segunda-feira 17 de Fevereiro]. Nós preferíamos esperar até na terça-feira.

BUSH: Poderia ser na segunda à tarde, tendo em conta a diferença horária. De qualquer maneira, durante a próxima semana. Redige-se a resolução de modo a que não tenha elementos obrigatórios, que não mencione o uso da força, e que diga que Saddam Hussein tem sido incapaz de cumprir as suas obrigações. Este tipo de resolução pode ser votada por muita gente. Seria parecida com a que se conseguiu para o Kosovo [a 10 de Junho de 1999].

AZNAR: Apresentar-se-ia ao Conselho de Segurança antes e independentemente de uma declaração paralela?

CONDOLEEZA RICE: Na verdade não haveria declaração paralela. Estamos a pensar numa resolução tão simples quanto possível sem muitos pormenores de cumprimento que pudessem servir a Saddam Hussein para os utilizar como etapas e consequentemente não as cumprir. Estamos a falar com [Hans] Blix [chefe dos inspectores da ONU] e com outros da sua equipa para ter ideias que possam servir para introduzir a resolução.

BUSH: Saddam Hussein não vai mudar e continuará a jogar. Chegou o momento de nos desfazermos dele. É assim. Eu, pela parte que me toca, procurarei a partir de agora usar uma retórica o mais subtil possível, enquanto tentamos a aprovação da resolução. Se alguém veta [Rússia, China e França têm como os EUA e o Reino Unido poder de veto no CS da ONU] nós vamos. Saddam Hussein não está a desarmar. Temos de o agarrar já agora. Temos mostrado um grau incrível de paciência. Faltam duas semanas. Em duas semanas estaremos prontos, em termos militares. Creio que conseguiremos a segunda resolução. No Conselho de Segurança temos três africanos [Camarões, Angola e Guiné] os chilenos, os mexicanos. Falarei com todos eles, também com [Vladimir] Putin naturalmente. Estaremos em Bagdad no final de Março. Há 15 por cento de hipóteses de que nesse momento Saddam Hussein esteja morto ou tenha ido embora. Mas estas possibilidades só existem depois de termos mostrado a nossa resolução. Os egípcios estão a falar com Saddam Hussein. Parece que indicou que estaria disposto a exilar-se se o deixassem levar mil milhões de dólares e toda a informação que quisesse sobre armas de destruição maciça. [O líder líbio, Muammar] Kadhafi disse a [Silvio] Berlusconi que Saddam queria ir. [O Presidente egípcio, Hosni] Mubarak disse-nos que nestas circunstâncias há muitas possibilidades de que seja assassinado.
Gostaríamos de actual com mandato das Nações Unidas. Se actuarmos militarmente fá-lo-emos com grande precisão e focalizando muito os nossos objectivos. Temos feito chegar uma mensagem muito clara a Saddam Hussein: tratá-los-emos como criminosos de guerra. Sabemos que acumulou uma enorme quantidade de dinamite para fazer voar pontes e outras infra-estruturas e fazer saltar pelos ares os poços de petróleo. Temos previsto ocupar esses poços muito em breve. Também os sauditas nos ajudariam a pôr no mercado o petróleo que fosse necessário. Estamos a desenvolver um pacote muito forte de ajuda humanitária. Podemos vencer sem destruição. Estamos a planear já o Iraque pós-Saddam, e acredito que há boas bases para um futuro melhor. O Iraque tem uma boa burocracia e uma sociedade civil relativamente forte. Poderia organizar-se numa federação. Enquanto isso, estamos a fazer todos os possíveis para ter em conta as necessidades políticas dos nossos amigos e aliados.

De modo a ajudar-te

AZNAR: É muito importante contar com uma resolução. Não é a mesma coisa actual com ela ou actuar sem ela. Seria muito conveniente contar no Conselho de Segurança com uma maioria que apoiasse essa resolução. De facto, é mais importante contar com maioria do que se alguém emitir um veto. Achamos que o conteúdo dessa resolução deve dizer entre outras coisas que Saddam Hussein perdeu a sua oportunidade.

BUSH: Sim, claro. Seria melhor isso do que fazer uma referência aos "meios necessários" [referência à resolução tipo da ONU que autoriza a utilização de todos os meios necessários].

AZNAR: Saddam Hussein não cooperou, não desarmou, deveríamos fazer um resumo dos incumprimentos e enviar uma mensagem mais elaborada. Isso permitiria por exemplo que o México se mexesse [referência à posição contrária à segunda resolução, que Aznar ouviu da boca do Presidente Vicente Fox numa escala realizada na Cidade do México a 21 de Fevereiro].

BUSH: A resolução será feita de modo a ajudar-te. Tanto me faz o conteúdo.

AZNAR: Faremos com que te cheguem uns textos.

BUSH: Nós não temos nenhum texto. Só um critério: que Saddam Hussein desarme. Não podemos permitir que Saddam Hussein alargue o prazo até ao Verão. Ao fim e ao cabo teve quatro meses nesta última etapa e esse tempo é mais do que suficiente para se desarmar.

AZNAR: Ajudava-nos esse texto para sermos capazes de o patrocinar e sermos seus co-autores e conseguir que muita gente o apoiasse.

BUSH: Perfeito.

AZNAR: Na próxima quarta-feira [26 de Fevereiro] vejo [Jacques] Chirac. A resolução já terá começado a circular.

Cumprimentos a Chirac

BUSH: Parece-me muito bem. Chirac conhece perfeitamente a realidade. Os seus serviços de espionagem já lha explicaram. Os árabes estão a transmitir a Chirac uma mensagem muito clara: Saddam Hussein deve ir embora. O problema é que Chirac acha que é o Senhor Árabe e na realidade está a fazer-lhes a vida impossível. Mas não quero ter nenhuma rivalidade com Chirac. Temos pontos de vista diferentes. Dá-lhe os melhores cumprimentos da minha parte! Quanto menos rivalidade ele sentir que há entre nós, melhor para todos.

AZNAR: Como se combina a resolução e o relatório dos inspectores?

RICE: Na verdade não haverá relatório a 28 de Fevereiro. Os inspectores apresentam um relatório escrito a 1 de Março, e a sua comparência perante o Conselho de Segurança não acontecerá antes de 6 ou 7 de Março de 2003. Não esperamos grande coisa desse relatório. Como nos anteriores, Blix dará uma no cravo e outra na ferradura. Tenho a impressão de que Blix será agora mais negativo do que antes sobre a vontade dos iraquianos. Depois da comparência dos inspectores no Conselho de Segurança devemos prever o voto sobre a resolução uma semana depois. Os iraquianos, entretanto, tentarão explicar que vão cumprindo as suas obrigações. Nem é certo nem será suficiente, ainda que anunciem a destruição de alguns mísseis.

BUSH: Isto é como a tortura chinesa da água. Temos de lhe pôr fim.

AZNAR: Estou de acordo. Mas seria bom contar com o máximo de gente possível. Tem um pouco de paciência.

BUSH: A minha paciência está esgotada. Não penso passar da metade de Março.

AZNAR: Não te peço que tenhas uma paciência infinita. Simplesmente que faças o possível para que tudo se enquadre.

BUSH: Países como o México, Chile, Angola e Camarões devem saber que o que está em jogo é a segurança dos EUA e agir em relação a nós com um sentido de amizade. [O Presidente Ricardo] Lagos deve saber que o Acordo de Comércio Livre com o Chile está pendente de confirmação no Senado e que uma atitude negativa neste tema poderia pôr em perigo essa ratificação. Angola está a receber fundos do Millenium Account [fundo de ajuda da Casa Branca] e também podem ficar comprometidos se não se mostrarem positivos. E [Vladimir] Putin deve saber que com a sua atitude está a pôr em perigo as relações da Rússia com os Estados Unidos.

AZNAR: Tony queria chegar até 14 de Março.

BUSH: Eu prefiro o dia 10. Isto é como o jogo do polícia mau e do polícia bom. Eu não me importo de ser o polícia mau e que Blair seja o bom.

Milosevic, Madre Teresa

AZNAR: É verdade que é possível que Saddam se exile?

BUSH: Sim, existe essa possibilidade. E até que seja assassinado.

AZNAR: Exílio com alguma garantia?

BUSH: Nenhuma garantia. É um ladrão, um criminoso de guerra. Comparado com Saddam, [Slobodan] Milosevic seria uma Madre Teresa. Quando entrarmos vamos descobrir muito mais crimes e vamos levá-lo ao Tribunal Internacional de Justiça de Haia. Saddam Hussein acredita que escapou. Crê que a França e a Alemanha conseguiram congelar as suas responsabilidades. E acredita que as manifestações da semana passada [sábado 15 de Fevereiro] o protegem. E que eu estou muito debilitado. Mas as pessoas que o rodeiam sabem que as coisas são diferentes. Sabem que o seu futuro está no exílio ou num caixão. Por isso é tão importante manter esta pressão sobre ele. Kadhafi disse-nos indirectamente que só isso é que pode acabar com ele. A única estratégia de Saddam Hussein é atrasar, atrasar, atrasar.

AZNAR: Na realidade, o maior sucesso era ganhar o jogo sem disparar um só tiro e entrando em Bagdad.

BUSH: Para mim seria a solução perfeita. Eu não quero a guerra. Sei o que são as guerras. Sei a destruição e a morte que trazem. Eu sou o que tem de consolar as mães e as viúvas dos mortos. Claro, para nós essa seria a melhor solução. Para além de tudo, poupávamos 50 mil milhões de dólares.

AZNAR: Precisamos que nos ajudes com a nossa opinião pública.

BUSH: Faremos tudo o que pudermos. Quarta-feira vou falar sobre a situação no Médio Oriente, propondo um novo esquema de paz que conheces, e sobre as armas de destruição maciça, os benefícios de uma sociedade livre, e situarei a história do Iraque num contexto mais amplo. Talvez vos sirva.

AZNAR: O que estamos a fazer é uma mudança muito profunda para Espanha e para os espanhóis. Estamos a mudar as políticas que o país tem seguido nos últimos 200 anos.

BUSH: Eu sou guiado por um sentido histórico da responsabilidade, como tu. Quando daqui a alguns anos a História nos julgar não quero que as pessoas se perguntem por que é que Bush, ou Aznar ou Blair não enfrentaram as suas responsabilidades. No final, o que as pessoas querem é gozar de liberdade. Há pouco tempo, na Roménia, recordaram-me o exemplo de [Nicolae] Ceausescu: bastou que uma mulher lhe chamasse mentiroso para que todo o edifício repressivo viesse a baixo. É o poder imparável da liberdade, Estou convencido de que conseguirei a resolução.

AZNAR: Óptimo.

Moreno e muçulmano

BUSH: Eu tomei a decisão de ir ao Conselho de Segurança. Apesar das divergências na minha Administração, disse à minha gente que tínhamos de trabalhar com os nossos amigos. Será estupendo contar com uma segunda resolução.

AZNAR: A única coisa que me preocupa é o teu optimismo.

BUSH: Estou optimista porque acredito que estou certo. Coube-nos fazer frente a uma séria ameaça contra a paz. Irrita-me muitíssimo ver a insensibilidade dos europeus face ao sofrimento que Saddam Hussein inflige aos iraquianos. Talvez porque é moreno, longínquo e muçulmano, muitos europeus pensam que está tudo bem com ele. Não esquecerei o que me disse uma vez [Javier] Solana: é porque os americanos pensam que os europeus são antisemitas e incapazes de enfrentar as suas responsabilidades. Essa atitude defensiva é terrível. Tenho de reconhecer que com Kofi Annan tenho relações magníficas.

AZNAR: Partilha as tuas preocupações éticas.

BUSH: Quanto mais os europeus me atacam mais forte sou nos EUA.

AZNAR:Teremos de tornar a tua força compatível com o apreço dos europeus.

# A média dos lobos

'Os Lobos' simbolizam, no conceito deste artigo, os alunos que superam dificuldades que outros não têm de superar, seja a desestruturação familiar, sejam as limitações financeiras dos pais
Se a nossa selecção de râguebi fosse um aluno do 12º ano, que média teria tido para entrar na Universidade?
A Nova Zelândia seria o aluno de 20 - o único que entraria em Medicina... -, a Escócia o aluno de 18, a Itália o aluno de 16, a Roménia e Portugal os alunos de 14.
Bons alunos, certamente, por isso chegámos ao Mundial, mas alunos de 14. Há outros melhores e outros muito melhores ainda.
A questão é esta: qual a atitude da sociedade e do Estado perante estes jovens que atingem médias que, no meu tempo, nos faziam dispensar do exame nacional de acesso à Faculdade e nos asseguravam o ensino universitário gratuito?
Nos termos das regras de acesso à Universidade pública em vigor, só a Nova Zelândia estaria em condições de optar pelo curso que quisesse. A Escócia, uma das melhores do mundo, já estaria dependente do curso que escolhesse e das médias dos outros alunos.
A selecção dos 'Lobos' seria recambiada para uma universidade privada, boa, má ou péssima, conforme a área que escolhesse.
'Os Lobos' simbolizam, no conceito deste artigo, os alunos que superam dificuldades que outros não têm de superar, seja a desestruturação familiar, sejam as limitações financeiras dos pais, seja a incapacidade de serem acompanhados por professores auxiliares (explicadores) ou pelos próprios pais (a maioria sem qualificações para poder acrescentar-lhes valor), ou seja, mesmo, uma capacidade intelectual ou de concentração inferior à dos melhores alunos.
Em primeiro lugar, o Estado deve considerar os alunos com média superior a 14 como um valioso activo social. As empresas que o digam. Um aluno de 14 não é um perdedor, é um vencedor.
Em segundo lugar, é crítico na gestão de recursos humanos fixar objectivos à medida das pessoas, cuja realização dependa do esforço individual de cada um.
É desumano o que sucedeu este ano com a súbita subida das médias de acesso: os alunos tinham objectivos traçados, motivaram-se, esforçaram-se, cumpriram os objectivos de referência (nuns casos médias acima de 18!) e foram excluídos do Ensino público ou das suas primeiras opções.
O Estado, não havendo lugar na Universidade pública, deve conceder aos alunos com mais de 14 uma bolsa de mérito.
O Estado pode criar escalões dentro deste princípio: um aluno de 18 tem, por definição e pleno direito, sempre lugar na Universidade pública (arranjar-lhe lugar é um problema do Estado e não do aluno!); o aluno de 16 deve ter direito a uma bolsa de 100%, um aluno de 14 deve ter direito a uma bolsa de, pelo menos, 50%.
Uma democracia social estruturada só para a Nova Zelândia não é democracia, porque constitui uma violência para a média dos seres humanos. Ajustar os sistemas sociais pelo desempenho dos campeões é um caminho perverso.
Um país, para mais atrasado no domínio das qualificações, que tem o atrevimento de não assegurar os sonhos dos alunos de 18, de pôr na corda bamba os alunos de 16 e de desprezar os alunos de 14 é um país injusto e incompetente.

António Pinto Leite
Expresso 070929