/* Commented Backslash Hack hides rule from IE5-Mac \*/

PENSANTES

Outros pensamentos, ideias e palavras que nos fazem pensar...

sexta-feira, março 29, 2013

# Devemos as nossas vidas a decisões políticas...

Miguel Esteves Cardoso

«Se não fosse o NHS – o sistema de saúde do Reino Unido, onde
nasceram, muito prematuramente, as minhas filhas – elas não teriam
sobrevivido. Elas devem a vida ao NHS. E eu devo-lhe o amor e a
alegria de conhecer a Sara e a Tristana, para não falar no meu neto,
António, igualmente devedor, mais as netas e netos que aí vêm.

Se não fosse o SNS (Serviço Nacional de Saúde) eu teria morrido em
2005, com uma hepatite alcoólica causada unicamente por culpa minha.
Seria também coxo, quando me deram uma prótese para anca.

E, sobretudo, teria morrido, se o SNS não me tivesse dado o
antibiótico caríssimo (Linozelida) que me salvou do MRSA assassino que
me infectou durante a operação.

Se não fosse o SNS, a Maria João, o meu amor, estaria morta. Se não
fossem o IPO e o Hospital de Santa Maria, pagos pelo SNS, ela não
estaria viva, por duas vezes.

Sem a NHS e o SNS, eu seria um morto, sem mulher, filhas ou netos.
Estaríamos todos mortos ou condenados à inexistência.

Não é difícil chegar à conclusão, atingida desde os meus dezanove
anos, de que as melhores ideias de todas são a social-democracia e o
Estado-providência: não tanto no sentido ideológico como na prática.

A nossa família e as nossas famílias só existem e podem existir se não
tiverem morrido. Damos graças aos serviços nacionais de saúde – a esse
empenho ideológico e caríssimo – que nos tratam como se fizéssemos
parte deles.

Devemos as nossas vidas a decisões políticas tomadas por outros.»

Público, 23 de Março de 2013

--

---
Recebeu esta mensagem porque está inscrito no grupo "Pensantes" dos Grupos do Google.

Para anular a subscrição deste grupo e parar de receber emails deste grupo, envie um email para pensantes1+unsubscribe@googlegroups.com.
Para mais opções, consulte https://groups.google.com/groups/opt_out.

terça-feira, março 19, 2013

# No deslumbramento está escondido o sentido...

II - O Meu Olhar
 
O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de, vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...

Creio no mundo como num malmequer,

Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender ...

O Mundo não se fez para pensarmos nele

(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...

Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar ...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...

Alberto Caeiro, O guardador de Rebanhos, II

--
 
---
Recebeu esta mensagem porque está inscrito no grupo "Pensantes" dos Grupos do Google.
 
Para anular a subscrição deste grupo e parar de receber emails deste grupo, envie um email para pensantes1+unsubscribe@googlegroups.com.
Para mais opções, consulte https://groups.google.com/groups/opt_out.
 
 

segunda-feira, março 18, 2013

# ECONOMIA DO BEM COMUM - MODELO ALTERNATIVO?

Frei Bento Domingues, O.P.

1. Quando, perante uma situação insuportável, na Igreja ou na
sociedade, no âmbito teológico ou político, se diz que não há
alternativa, é sinal de que a ditadura não anda longe. Se não for
passagem para uma possível superação, o simples jogo dos "prós e
contras" não passa de um entretém. O importante é uma arquitectura que
supere e integre o que existe de fecundo entre posições que
enlouquecem no isolamento ou no choque frontal.

Na Doutrina Social da Igreja (DSI)[i], o tema do bem comum é
incontornável. Para João Paulo II, constituía mesmo o seu ponto-chave.

Para Friedrich A. Hayek, o bem comum é um conceito primitivo que
remonta aos instintos ancestrais de tribos de caçadores, no tempo em
que as pulsões colectivistas dominavam a consciência humana.

Ao contrário deste célebre autor, a noção de justiça social e de bem
comum têm outras fontes, bíblicas e greco-romanas, alimentadas por
alguns Padres da Igreja. Tomás de Aquino, na linha de Aristóteles, deu
a este conceito a função de princípio da sua arquitectura
ético-política.

Já Sto Agostinho[ii] via que a questão social não se resolve com
falsos elogios à caridade: "não devemos desejar que haja indigentes
para poder exercitar as obras de caridade. Dás pão ao faminto, mas
melhor seria que ninguém passasse fome e não fosse necessário socorrer
ninguém. […] Todas estas acções são motivadas pela misericórdia.
Esquece, porém, os indigentes e logo cessarão as obras de
misericórdia; mas acaso se extinguirá a caridade? Mais autenticamente
amas o homem feliz a quem não há necessidade de socorrer; mais puro
será este amor e muito mais sincero. Porque, se socorres o
necessitado, desejas elevar-te acima dele e que ele te fique sujeito,
porque recebe de ti um benefício. O necessitado, tu o ajudaste por
isso te crês como superior aquele a quem socorreste".

No pensamento de Tomás de Aquino, recolhido na DSI, o princípio dos
princípios é o destino universal dos bens, que não impede a
propriedade privada, mas não faz dela um absoluto. É, precisamente, o
conceito de bem comum que integra os direitos e os deveres das
pessoas, num todo, sem excluir ninguém. Pertence à virtude da justiça
garantir que os direitos e deveres de uns não neguem os direitos e
deveres de outros.

2. Jacques Maritain[iii] teve o mérito de, nos anos 40, obrigar a
debater as relações entre a pessoa e o bem comum, não como
excluindo-se, mas como exigindo-se mutuamente. O primado da pessoa é o
primado de todas as pessoas, não é o privilégio de algumas. Pertence
aos governantes o cuidado do bem comum, para que a política não sirva
privilégios, mas a justiça.

Michael Novak[iv], em pleno triunfo do liberalismo, lembrou que a
democracia liberal tinha as suas raízes na tradição judaico-cristã e
não na teoria racionalista do século XVIII. Pretende que a noção de
bem comum é tão familiar aos antigos gregos, aos Padres da Igreja,
como à democracia norte americana. Matéria de discussão. De qualquer
modo, estamos longe de fazer da noção de bem comum um primitivismo
sobrevivendo mal na DSI.

3. Christian Felber[v] é uma personalidade singular. Professor de
economia na Universidade de Viena, escreve sobre economia e
sociologia, sem deixar de ser bailarino de dança contemporânea. É
membro fundador do movimento de justiça global Attac, na Áustria, e
iniciador da denominada Banca Democrática. Com um grupo de empresários
de sucesso, Felber desenvolveu um modelo conhecido como Economia do
Bem Comum ou Economia do bem estar público, como alternativa teórica
ao capitalismo de mercado e à economia planificada.

Este tipo de economia deve reger-se por uma série de princípios
básicos: confiança, honestidade, responsabilidade, cooperação,
solidariedade, generosidade e compaixão, entre outros. Para os seus
defensores, as empresas que se guiarem por estes valores deveriam
obter vantagens legais que lhes permitissem sobreviver onde imperam as
leis do lucro e da competição.

Hoje em dia, mede-se o êxito económico por indicadores monetários:
produto interno bruto e lucros que excluem os seres humanos e o seu
meio ambiente. Estes indicadores não dizem se há guerra, ditadura,
destruição do meio ambiente, etc. De igual modo, uma empresa que obtém
lucros – e deve-os obter - não diz em que condições vivem os seus
trabalhadores, o que produzem, ou como o produzem.

Pelo contrário, o balanço do bem comum de uma empresa mede-se pelo
modo como nela se vive: a dignidade humana, a solidariedade, a justiça
social, a sustentabilidade ecológica, a democracia com todos os que
nela participam e com os seus clientes.

Tudo isto poderia ser apenas o mundo de boas intenções. As suas
realizações em vários países mostram que são possíveis alternativas ao
capitalismo de mercado e à economia planificada.

O que Felber diz das abissais desigualdades de salário na Alemanha,
onde os altos executivos ganham 5.000 vezes mais do que o salário
mínimo legal, deveria ser proibido por lei. Não só na Alemanha.
(www.economia-del-bien-comun.org).
--------------------------------------------------------------------------------
[i] Compêndio da Doutrina Social da Igreja, Principia, 2005
[ii] Sobre a Epístola de S. João aos Partos, Tratado VIII, nº 5
[iii] La Personne et le Bien commun, 1946
[iv] Free Persons and the Common Good, Madison Books, 1989
[v] La economía del bien común, Versão Kindle, 2012
in Público

--

---
Recebeu esta mensagem porque está inscrito no grupo "Pensantes" dos Grupos do Google.

Para anular a subscrição deste grupo e parar de receber emails deste grupo, envie um email para pensantes1+unsubscribe@googlegroups.com.
Para mais opções, consulte https://groups.google.com/groups/opt_out.

sexta-feira, março 15, 2013

# Uma História por contar

Pedro Lomba Público, 14/03/2013

A história aparece em parte contada no mais recente livro de João
César das Neves As Dez Questões da Recuperação (Dom Quixote). Estou a
pensar em dois quadros esclarecedores sobre a evolução do crédito
bancário em Portugal a partir de 2008, para os quais oportunamente me
chamaram a atenção. Dizem muito sobre o que nos aconteceu.

Quando procuramos culpados para a crise, costumamos apontar (depois, é
claro, da crise do euro) a cupidez dos bancos que financiaram maus
negócios públicos, fintaram os reguladores (como o BPN) e se fizeram
pagar de uma forma absurda e improdutiva. A banca está no banco dos
réus, aqui e em todo o lado. Salvem as pessoas, não os bancos, é o que
se ouve. Não quero passar atestados de inocência a alguns dos bancos
portugueses que abusaram do crédito bancário em operações duvidosas e
tiveram o risco garantido pelo Estado. Temos tantos exemplos disso.
Mas o que aconteceu ao crédito bancário, analisado no livro de César
das Neves, não permite apenas atirar responsabilidades para cima dos
bancos. Permite-nos perceber que foi o próprio Estado, a partir de
certa altura, a levar o pandemónio para a actividade bancária.

César das Neves apresenta-nos dois factos sólidos desta "história
impressionante". A primeira é que até 2008-2009 os bancos portugueses
actuaram como instituições financeiras normais e prudentes na
concessão de crédito. Dirigiram o crédito bancário sobretudo para as
empresas e particulares em montantes razoáveis. A partir de 2008 a
crise internacional produziu, como seria de esperar, a redução do
acesso ao crédito. No entanto, se compararmos o crédito aos
particulares com o crédito total que na mesma altura começa a ser
concedido pelos bancos descobrimos uma significativa variação. Na
segunda metade de 2009 o valor do crédito total dispara. Ficamos
portanto com este cenário anormal: o crédito às empresas e pessoas em
descida, mas o crédito total bancário a subir furiosamente num
contexto económico adverso. Dois anos antes do resgate.

Não é difícil, seguindo César das Neves, imaginar o que se passou. Os
nossos bancos transferiram o crédito às empresas para crédito ao
Estado. O Estado vira-se em desespero para os bancos. As tendências de
crescimento do crédito ao Estado atingem os 60% em 2009 e mais de 100%
em Março de 2010. É assim que o Estado se aguenta, à deriva, apenas
porque não dispunha de alternativa.

Este ponto é suficientemente importante para percebermos que não foi
em 2011 que os mercados internacionais fecharam as torneiras para
Portugal. Isso já tinha acontecido, demonstra César das Neves, dois
anos antes. Apesar da perpétua negação da realidade. O Estado
desestabilizou em absoluto o crédito bancário e afastou-o das empresas
e da economia. Só quando os empréstimos da troika nos chegam em meados
de 2011, e por pressão dos mesmos bancos, é que a situação é
normalizada.
Fica explicado porque é que o poder político entendeu que era vital
para os seus interesses dominar a actividade do crédito de
instituições privadas. Mas não fica explicado porque é que os bancos
aquiesceram. Daí que César das Neves coloque a pergunta do milhão de
dólares: que misteriosas razões, e de qualquer maneira irracionais,
levaram as instituições financeiras a aceitar tão mansamente este
papel, vampirizadas pelos pedidos de crédito do sector público?
Chantagem política? Vantagens do negócio? Foram e temos sido nós,
contribuintes, a pagar esta aventura. Uma aventura que merecia ser
contada por inteiro.

--

---
Recebeu esta mensagem porque está inscrito no grupo "Pensantes" dos Grupos do Google.

Para anular a subscrição deste grupo e parar de receber emails deste grupo, envie um email para pensantes1+unsubscribe@googlegroups.com.
Para mais opções, consulte https://groups.google.com/groups/opt_out.

# Acreditar no pensamento mágico...

Estou farto desta nossa mania de acreditar nas falácias do pensamento mágico
José Manuel Fernandes Público, 15/03/2013

Agora todos querem crescimento, mas ninguém explica como. Pior: a era
do crescimento pode estar a acabar?

Afinal parece que estamos todos de acordo. Com crescimento económico
resolvem-se os nossos problemas. Diminui o desemprego, diminui o
défice e paga-se a dívida. Perfeito. Só é estranho porque não se
lembraram disso mais cedo. Ou talvez não.
Há no debate público em Portugal uma tendência para o pensamento
mágico: diz-se o que era bom que acontecesse e espera-se que aconteça
mesmo. Mesmo que se faça exactamente o oposto do necessário. A
redescoberta do crescimento como mezinha para todos os males é apenas
a mais recente manifestação desta doença cognitiva que confunde
desejos com realidade. Ora a realidade é muito mais dura e intratável
do que os desejos. Até porque o crescimento não é apenas uma quimera
portuguesa, está a tornar-se num problema em todo o mundo
desenvolvido.

Portugal tem há muito um problema de crescimento. Na primeira década
do euro, antes de estoirar a crise e chegar a troika, o nosso país
registou mesmo o terceiro pior crescimento de todo o mundo. Pior do
que nós só o Zimbabwe de Mugabe e a Itália de Berlusconi. Nessa
primeira década do euro houve em abundância tudo aquilo que os novos
arautos do crescimento hoje estão a pedir: crédito bancário abundante,
consumo esfusiante, investimento público abundante e muitos e variados
estímulos à economia. Isto, para além de um Estado social a crescer e
de uma dívida (tanto a pública como a privada) a caminho da
estratrosfera. Insistir nessas fórmulas, com estímulos ao consumo ou
programas de investimento públicos, e esperar que desta vez dêem
resultado, é apenas a forma mais desesperada e mais lunática de
pensamento mágico. Não é a única.

A semana passada o secretário de Estado do Orçamento, Luís Morais
Sarmento, foi ao Parlamento dizer que o Governo espera que a dívida
pública regresse ao tecto dos 60% do PIB lá para 2040, e isto se o
crescimento nominal do PIB anual for de 3,3%. Ouvi, e nem soube se
havia de rir ou de chorar. Mais uma vez um economista pegava em
números hipotéticos e projectava-os no futuro, acreditando que se pode
repetir o passado e regressar a ritmos de crescimento interessantes,
mesmo que distantes dos conhecidos no único período em dois séculos em
que a economia portuguesa cresceu a sério, a década de 1960 e o início
da década de 1970. Nada é menos seguro. Até porque é necessário ver o
que se está a passar na Europa e nos Estados Unidos.

Durante muitos milénios a economia mundial quase não cresceu, e mesmo
os surtos de desenvolvimento localizados, como o associado ao Império
Romano, incorporaram taxas de crescimento hoje negligenciáveis (0,2%
ao ano). As coisas só começaram a mudar com a Revolução Industrial,
mas nas primeiras décadas depois da máquina a vapor não faltaram as
figuras ilustres que, mesmo reconhecendo o aumento da riqueza, previam
que nove décimos da população iriam continuar a viver na miséria mais
extrema, a miséria tão bem descrita nas obras de Dickens. Neste ponto
tanto convergiam figuras como Malthus e Marx, como David Ricardo e
John Stuart Mill. Só no fim do século XIX um outro economista, Alfred
Marshall (que seria mais tarde professor e patrono de Keynes),
associou o desenvolvimento tecnológico e do comércio ao crescente
bem-estar das populações. A evolução da higiene e da ciência médica
proporcionaram, ao mesmo tempo, uma extraordinária evolução na
esperança de vida, e a população mundial começou a crescer como nunca
antes sucedera. Entre o apogeu do Império Romano e a viagem de Colombo
o nosso planeta ganhou mais 200 milhões de habitantes - hoje
acrescenta 200 milhões todos os três anos. E tem-no feito dando mais
qualidade de vida aos que vão chegando. Falta saber até quando.

No início do século XX outro economista, Schumpeter, identificou o
segredo que sustentava a máquina do progresso: a inovação, e a
"destruição criativa" que ela gera nas sociedades abertas. Foi a
inovação que permitiu o constante aumento de produtividade de
economias que serviam sociedades cada vez mais numerosas e mais
afluentes. Nessa altura, em Inglaterra, o PIB crescia ao ritmo de 1%
ao ano por pessoa. Cinquenta anos depois chegaria a crescer ao ritmo
de 2,5% ao ano e por pessoa nos Estados Unidos. Isto significava que a
riqueza duplicava em cada geração, um ritmo alucinante que agora está
a ser ultrapassado pela China - mas que se perdeu há décadas no mundo
desenvolvido. Há algumas semanas a The Economist dedicava a sua capa,
o seu editorial e o dossier de abertura precisamente a este tema e
interrogava-se se a máquina de ideias que proporcionou o milagre
global dos últimos dois séculos não se esgotou. É a pergunta
pertinente, tão ou mais pertinente quanto os problemas ambientais e
climáticos também colocam sérios problemas à lógica do crescimento
infinito.

Ao fim de quase 70 anos de paz e de algumas décadas de saltos
inimagináveis na qualidade de vida na Europa e nos Estados Unidos, as
nossas sociedades parecem ter desaprendido de viver sem crescimento.
Criaram sistemas de protecção social que só são sustentáveis com
ritmos de crescimento relativamente elevados - muito mais elevados do
que os que conhecemos na última década, mesmo antes da crise. Todos os
modelos económicos de sustentabilidade das finanças públicas, dos
sistemas de pensões ou dos seguros de doença pressupõem - na Europa
como nos Estados Unidos - taxas de crescimento da economia semelhantes
às dos modelos de Luís Morais Sarmento. Taxas de crescimento que mesmo
na mais inovadora das economias ocidentais, a dos Estados Unidos, ou
na mais eficiente, a alemã, não se estão a registar. O que nos obriga
a colocar a pergunta que ninguém coloca: não será a actual crise
financeira apenas um sintoma da crise mais global de máquinas de criar
riqueza que emperraram?

O que se está a passar no nosso país é um bom exemplo de alguns destes
problemas. Primeiro, porque é muito visível como é difícil, senão
impossível, fazer recuar os níveis de vida colectivos. Se lermos
apenas os jornais e virmos as televisões, ficamos a saber que o país
está à beira da implosão social, que há miséria por todo o lado e que
recuámos décadas (esta semana li mesmo algures que teríamos recuado
aos níveis da I República...). O ambiente é pesado e o pessimismo
asfixiante. As queixas são generalizadas e não sou ninguém para as
desmentir - só proponho colocá-las em perspectiva: consultando as
séries da Pordata, verifiquei que em 2012 os níveis do PIB, do PIB per
capita, do consumo público e do consumo privado recuara para patamares
que oscilam entre os registados em 2002 e 2004, uma época em que
ninguém dizia estarmos a viver qualquer apocalipse. Em contrapartida,
o que caiu mesmo foi o investimento e a poupança, o que mostra que
estamos com os níveis de consumo de há dez anos, mas com muito menos
capacidade de investir para voltar a crescer. E como para investir é
necessário haver poupança (ou então há mais dívida), é difícil ver
como "estímulos ao consumo" possam fazer mais do que aquelas aspirinas
que mascaram as doenças mais graves mas nada curam.

É muito fácil falar de crescimento. Todos estão de acordo. Até porque
somos criaturas de sociedades habituadas ao crescimento. É muito mais
difícil dizer como se faz crescer o país por caminhos obrigatoriamente
diferentes dos seguidos na última década. Para além de que há dois
temas tabu. Um tem a ver com a única receita que se tem mostrado
eficaz no combate à estagnação económica, a baixa de impostos, pois
ela implica cortes permanentes na despesa pública, e esses ninguém
quer, como se viu nos últimos meses. O outro tem a ver com a crise da
inovação e do crescimento em todo o mundo desenvolvido, uma crise que
nos devia fazer pensar em novos consensos sociais mais sustentáveis no
tempo. Em Portugal prefere-se, em alternativa, o pensamento mágico e
demasiada gente se sente com direito a almoços grátis. É uma tragédia,
mas é assim. Somos assim.
P.S. - Francisco? Só posso dizer que gosto. Muito.

--

---
Recebeu esta mensagem porque está inscrito no grupo "Pensantes" dos Grupos do Google.

Para anular a subscrição deste grupo e parar de receber emails deste grupo, envie um email para pensantes1+unsubscribe@googlegroups.com.
Para mais opções, consulte https://groups.google.com/groups/opt_out.

quinta-feira, março 14, 2013

# Bono at TED 2013: Eradicating extreme poverty doesn’t have to be a dream

Ver o TED em:

http://www.one.org/c/international/actnow/4625/


On February 26th, Bono spoke at TED to show the progress in the fight
against extreme poverty... and what we need to do next. Bono shares
the new facts about fighting global poverty: "Forget the rock opera,
forget the bombast, my usual tricks. The only thing singing today will
be the facts."

By becoming a "factivist," we can learn what needs to be done to end
extreme poverty within the next generation. And the facts are beyond
promising. Since 2000:


Eight million AIDS patients have been receiving retroviral drugs

Malaria deaths have been cut by 75% in some countries

Child mortality rate of kids under 5 is down by 2.65 million deaths a year

Extreme poverty declined from 43% in 1990 to 33% in 2000 to 21% by 2010

Extreme poverty has been cut in half in the last 20 years, and the
facts show that we can get it to virtually zero within a generation --
but only if we act.

"Let's think about that," he says. "Have you read anything, anywhere
in the last week that is as remotely as important as that number? It's
great news, and it drives me nuts most people don't know this."

"If you live on less than $1.25 a day, this is not just data. This is
everything. If you're a parent who wants the best for your kids, and I
am, this rapid transition is a route out of despair and into hope."

--

---
Recebeu esta mensagem porque está inscrito no grupo "Pensantes" dos Grupos do Google.

Para anular a subscrição deste grupo e parar de receber emails deste grupo, envie um email para pensantes1+unsubscribe@googlegroups.com.
Para mais opções, consulte https://groups.google.com/groups/opt_out.

# O pequeno ponto azul... tem tudo!

http://www.youtube.com/watch?v=EjpSa7umAd8

--
 
---
Recebeu esta mensagem porque está inscrito no grupo "Pensantes" dos Grupos do Google.
 
Para anular a subscrição deste grupo e parar de receber emails deste grupo, envie um email para pensantes1+unsubscribe@googlegroups.com.
Para mais opções, consulte https://groups.google.com/groups/opt_out.
 
 

quarta-feira, março 13, 2013

# Child marriages: 39,000 every day (14 milllion/year)

http://www.who.int/mediacentre/news/releases/2013/child_marriage_20130307/en/index.html

More than 140 million girls will marry between 2011 and 2020
Organização Mundial de Saúde

Joint news release Every Woman Every Child/Girls Not
Brides/PMNCH/United Nations Foundation/UNFPA/UNICEF/UN Women/WHO/World
Vision/World YWCA/

7 March 2013 | NEW YORK -Between 2011 and 2020, more than 140 million
girls will become child brides, according to United Nations Population
Fund (UNFPA).

If current levels of child marriages hold, 14.2 million girls annually
or 39 000 daily will marry too young.

Furthermore, of the 140 million girls who will marry before they are
18, 50 million will be under the age of 15.

Despite the physical damage and the persistent discrimination to young
girls, little progress has been made toward ending the practice of
child marriage. In fact, the problem threatens to increase with the
expanding youth population in developing world.

"Child marriage is an appalling violation of human rights and robs
girls of their education, health and long-term prospects," says
Babatunde Osotimehin, M.D, Executive Director, UNFPA. "A girl who is
married as a child is one whose potential will not be fulfilled. Since
many parents and communities also want the very best for their
daughters, we must work together and end child marriage."

Girls married young are more vulnerable to intimate partner violence
and sexual abuse than those who marry later.

"Complications of pregnancy and childbirth are the leading cause of
death in young women aged 15–19. Young girls who marry later and delay
pregnancy beyond their adolescence have more chances to stay
healthier, to better their education and build a better life for
themselves and their families," says Flavia Bustreo, M.D., Assistant
Director-General for Family, Women's and Children's Health at the
World Health Organization. "We have the means at our disposal to work
together to stop child marriage."

On March 7, a special session of the UN Commission on the Status of
Women (CSW) will focus on child marriage. The Governments of
Bangladesh, Canada and Malawi will jointly sponsor the session. It is
held in support of Every Woman Every Child, a movement spearheaded by
U.N. Secretary-General Ban Ki-moon which aims to save the lives of 16
million women and children by 2015.

That session will address the problems created by early marriages and
ways to prevent them. Mereso Kiluso, a Tanzanian mother of five now in
her 20s, who was married at 14 to an abusive man in his 70s, will
describe her experience.

If child marriage is not properly addressed, UN Millennium Development
Goals 4 & 5 – calling for a three-fourths reduction in maternal
mortality and a two-thirds reduction in child deaths by 2015 – will
not be met.

Child marriage – defined as marriage before the age of 18 – applies to
both boys and girls, but the practice is far more common among young
girls.

Child marriage is a global issue but rates vary dramatically, both
within and between countries. In both proportions and numbers, most
child marriages take place in rural sub-Saharan Africa and South Asia.

In South Asia, nearly half of young women and in sub-Saharan Africa
more than one third of young women are married by their 18th birthday.

The 10 countries with the highest rates of child marriage are: Niger,
75%; Chad and Central African Republic, 68%; Bangladesh, 66%; Guinea,
63%; Mozambique, 56%; Mali, 55%; Burkina Faso and South Sudan, 52%;
and Malawi, 50%.

In terms of absolute numbers, because of the size of its population,
India has the most child marriages and a in 47% of all marriages the
bride is a child.

What progress has been made to stop the practice has been in urban
areas where families see greater work and education opportunities for
young girls.

A violation of the rights of girls

"No girl should be robbed of her childhood, her education and health,
and her aspirations. Yet today millions of girls are denied their
rights each year when they are married as child brides", says Michelle
Bachelet, M.D., Executive Director of UN Women.

Child marriage is increasingly recognized as a violation of the rights
of girls for the following reasons:
effectively ending their education
blocking any opportunity to gain vocational and life skills
exposing them to the risks of too-early pregnancy, child bearing, and
motherhood before they are physically and psychologically ready
increasing their risk of intimate partner sexual violence and HIV infection.

"Child marriage is a huge problem in poor communities," says
Nyaradzayi Gumbonzvanda, General Secretary of the World YWCA. "Early
marriage and child marriage robs the future. Girls lose the
opportunity for education. They lose the opportunity to choose their
partner and must live with that pain for the rest of their lives."

The World YWCA will present a petition to CSW urging the group to pass
a special resolution calling for an end to child marriage. Signatories
believe that by working collaboratively, member states and concerned
groups can end child marriage by 2030.

Despite the fact that 158 countries have set the legal age for
marriage at 18 years, laws are rarely enforced since the practice of
marrying young children is upheld by tradition and social norms.

The detrimental effects of early child marriage

"Child marriage makes girls far more vulnerable to the profound health
risks of early pregnancy and childbirth – just as their babies are
more vulnerable to complications associated with premature labor,"
notes Anthony Lake, Executive Director of UNICEF.

According to the UN, complications from pregnancy and childbirth are
the leading causes of death for girls aged 15-19 years in developing
countries. Of the 16 million adolescent girls who give birth every
year, about 90% are already married. UNICEF estimates some 50 000 die,
almost all in low- and middle-income countries. Still births and
newborn deaths are 50% higher among mothers under 20 than in women who
get pregnant in their 20s.

In many poor countries, most young girls, regardless of age, are
forced to demonstrate their fertility once they are married.

"These children, because that's what they are, are discouraged from
using contraceptives or might have to ask their husbands' permission,
or they have no knowledge of or access to what they need," says Carole
Presern, PhD, Executive Director of The Partnership for Maternal,
Newborn & Child Health and a midwife.

Violence common in child marriages

Loss of girlhood and health problems related to early pregnancy are
not the only hazards confronting young brides.

Even though some parents believe early marriage will protect their
daughters from sexual violence, the reverse is often true, according
to UN studies.

Young girls who marry before the age of 18 have a greater risk of
becoming victims of intimate partner violence than those who marry at
an older age. This is especially true when the age gap between the
child bride and spouse is large.

"Child marriage marks an abrupt and often violent introduction to
sexual relations," says Claudia Garcia Moreno, M.D., of WHO, a leading
expert in violence against women. "The young girls are powerless to
refuse sex and lack the resources or legal and social support to leave
an abusive marriage."

A complex issue with deep roots

Child marriage, which has existed for centuries, is a complex issue,
rooted deeply in gender inequality, tradition and poverty. The
practice is most common in rural and impoverished areas, where
prospects for girls can be limited. In many cases, parents arrange
these marriages and young girls have no choice.

Poor families marry off young daughters to reduce the number of
children they need to feed, clothe and educate. In some cultures, a
major incentive is the price prospective husbands will pay for young
brides.

Social pressures within a community can lead families to wed young
children. For example, some cultures believe marrying girls before
they reach puberty will bring blessings on families. Some societies
believe that early marriage will protect young girls from sexual
attacks and violence and see it as a way to insure that their daughter
will not become pregnant out of wedlock and bring dishonour to the
family.

Too many families marry their daughters simply because early marriage
is the only option they know.

"Many faith leaders and their communities are already working to end
child marriage and other forms of violence against children. Changing
stubborn behavior is immensely challenging, so we must go further to
positively influence beliefs and actions," says Tim Costello, Chief
Executive of World Vision Australia.

Malawi's work to end child marriage

In Malawi, one of the world's poorest countries, at least half of
young women are married before the age of 18. The country is working
to end the practice "to allow the girl child to continue with
education, to become a learned citizen who can contribute to the
development and economy of the country," says Mrs Catherine Gotani
Hara, Malawi's Minister of Health.

Another reason for Malawi's effort is the high teenage pregnancy rate
and the fact that teenage pregnancies contribute to 20-30% of maternal
deaths in the country. "By ending early marriages we can avert up to
30% of maternal deaths and also reduce the neonatal mortality rate,"
she says.

The Minister reports that Malawi has taken a number of steps aimed at
ending the practice of child marriage. These include:
providing free universal access to primary education;
working with chiefs to sensitize their communities on the importance
of sending children to school, with an emphasis on the girl child;
implementing a policy that allows girls who become pregnant during
school to go back to school after delivery to continue their
education;
working with parliamentarians to raise the age at marriage to 18 years
by 2014; and
providing Youth Friendly Health Services. This outreach empowers
youths with the information that would enable them to make informed
choices about their reproductive health.

UN Millennium Development Goals

Ending child marriage is closely related to UN Secretary-General Ban
Ki-moon's Every Woman Every Child initiative and to efforts to reach
Millennium Development Goals (MDGs) 3, 4 and 5 to promote gender
equality, to reduce child mortality and to improve maternal health.

The continued occurrence of child marriage has hindered the
achievement of these MDGs, especially in sub-Saharan Africa and south
Asia.

"I urge governments, community and religious leaders, civil society,
the private sector, and families—especially men and boys—to do their
part to let girls be girls, not brides," says the Secretary-General.

Ending child marriage would also help countries achieve other MDGs
aimed at eradicating poverty, achieving universal education and
combating HIV/AIDS, malaria and other diseases, and should also figure
within a renewed development agenda.

"The needs of adolescent girls were overlooked in the Millennium
Development Goals; they must have a central place in any new goals set
by the international community," said Lakshmi Sundaram, Global
Coordinator of Girls Not Brides. "By using the rate of child marriage
as an indicator to monitor progress against new goals, we can make
sure that governments address the practice and focus on ensuring the
welfare of their girls."

Strategies for ending child marriage recommended to the Commission on
the Status of Women include:
supporting and enforcing legislation to increase the minimum age of
marriage for girls to 18 years;
providing equal access to quality primary and secondary education for
both girls and boys;
mobilizing girls, boys, parents and leaders to change practices that
discriminate against girls and to create social, economic, and civic
opportunities for girls and young women;
providing girls who are already married with options for schooling,
employment and livelihood skills, sexual and reproductive health
information and services (including HIV prevention), and offering
recourse from violence in the home;
addressing the root causes of child marriage, including poverty,
gender inequality and discrimination, the low value placed on girls
and violence against girls.

--

---
Recebeu esta mensagem porque está inscrito no grupo "Pensantes" dos Grupos do Google.

Para anular a subscrição deste grupo e parar de receber emails deste grupo, envie um email para pensantes1+unsubscribe@googlegroups.com.
Para mais opções, consulte https://groups.google.com/groups/opt_out.

terça-feira, março 12, 2013

# É cuidando que se ganha...

http://psicologaheloisalima.com/2013/03/11/e-cuidando-que-se-ganha-paulo-geraldo/#more-486


É CUIDANDO QUE SE GANHA (Paulo Geraldo)

"E chegando a noite devagar,
Descontrair sua razão, soltar de leve o coração.
Procurar alguém, o seu bem verdadeiro tão somente,
Que vai saber simplesmente o que e bom pra você."

In: Simplesmente – de Paulinho Nogueira

"Os direitos das crianças, os direitos das mulheres, os direitos das
minorias. Os meus direitos, os teus direitos, os nossos direitos, os
direitos de todos. O direito ao bom nome, o direito à livre expressão,
os direitos de autor. O direito de ter direitos. O estojo onde me
sinto confortável, o teu ninho de comodidade… Não me incomodes e eu
não te incomodo.

Faz o que quiseres desde que não me pises. E não te metas na minha
vida… Mas a verdade é que não é possível fazer seja o que for com
pessoas, tendo isto como fundamento. Aquilo que juntou os homens não
foram os direitos. Os homens não fizeram aldeias, vilas e cidades para
virem a ter direitos. Fizeram famílias porque amavam, e o amor conduz
naturalmente à união. E as famílias juntaram-se a outras famílias para
virem a ser uma família maior.

Para se protegerem uns aos outros. Para tornarem mutuamente mais
agradável os anos passados no planeta. Porque é fantástico termos ao
nosso lado muitas pessoas que nos ajudam a crescer e a quem podemos
tornar felizes.

O problema agora é que os homens já não percebem por que vivem juntos.
Prezaram um certo tipo de independência – que é uma maneira de serem
sozinhos. Tendo esquecido por que razão se juntaram, estorvam-se uns
aos outros. São rivais: nas filas de trânsito, no supermercado, no
trabalho. Na família. Há muitos que se sentem incomodados
simultaneamente pelo fato de terem pais e pelo fato de terem filhos…

Aquele que envelheceu e já não pode valer-se a si mesmo é um incomodo
para o que ainda não envelheceu. Aquele que fuma é um estorvo para o
que não fuma. E aquele que não fuma estorva o fumador. O que está
doente incomoda aquele que ainda é saudável. O que quer ouvir música é
um estorvo para o que prefere o silêncio.

Os homens vivem perto uns dos outros, mas são sós. É uma estranha
vizinhança. Como já não amam, tentam prolongar a união – talvez por
hábito, talvez por medo, talvez por interesses – sem aquilo que tinha
sido a causa da união.

Mas o convívio motivado por motivos desse gênero não pode subsistir.
Não tem consistência nem alma. Não consegue passar de aparência de
convívio. Usaram-se direitos e leis para tentar manter aquilo que não
pode ser mantido apenas dessa forma. Para permitir que vários egoísmos
se desenvolvessem lado a lado.

Em muitos aspectos, a nossa sociedade ocidental faz lembrar um
quase-cadáver mantido por uma máquina que lhe faz artificialmente a
respiração. Que lhe mantém funções que ele já não é capaz de realizar
por si mesmo. Falta muito pouco para que aquele corpo comece a
desagregar-se, porque já não tem alma.

Só o amor pode manter aquilo que deve a existência ao amor. E o amor
não tem nada a ver com direitos. Leva a não pensar em si mesmo, ao
sacrifício saboroso pelo outro, a esquecer os próprios interesses. O
amor pede apenas o direito de não ter direitos. Quer perder-se no
outro, morrer dando vida, gastar-se iluminando e aquecendo. Troca-se
de bom grado por um sorriso feliz de quem ama.

O amor faz pelo outro muito mais do que aquilo que as leis dos homens
lhe dão direito a receber. Faz muito mais que a justiça. É uma lei
maior, que não está gravada em papéis, mas nos corações. Não terás
necessidade de pensar no que te faz falta, se viveres rodeado por
pessoas que resolveram tornar-te feliz. Assim, terás mais facilidade
para, pelo teu lado, pensares no bem dos outros.

Se tiveres à tua volta pessoas que só pensam em si mesmas e nos seus
interesses egoístas, terás de erguer os teus direitos como uma muralha
que te defenda. Mete-te na vida dos outros. E mete a vida dos outros
na tua vida. É claro que devemos fazer isso, porque a vida deles é a
nossa vida. Se as alegrias dos outros não forem as nossas grandes
alegrias, nunca teremos verdadeiramente alegria. Se as dores dos
outros não forem dores nossas, teremos dores muito piores.

Eu sei: tens medo de que não te retribuam; achas que se pensares nos
outros eles não pensarão em ti; que poderás ficar diminuído por seres
sempre tu a ceder… Mas quem foi que te disse que o amor era um
negócio? Onde aprendeste que era uma atividade centrada em ti mesmo,
destinada a dar-te satisfação?

O amor é um mau negócio: é, como escreveu Camões num soneto
lindíssimo, «cuidar que se ganha em se perder». É uma loucura que leva
a acreditar que enriquecemos quando nos damos; que só somos nós mesmos
quando não queremos saber de nós.

E, descansa, nenhum outro comportamento é tão contagioso."

Paulo Geraldo é professor de Língua Portuguesa em Portugal e
responsável pelo site Aldeia.

--

---
Recebeu esta mensagem porque está inscrito no grupo "Pensantes" dos Grupos do Google.

Para anular a subscrição deste grupo e parar de receber emails deste grupo, envie um email para pensantes1+unsubscribe@googlegroups.com.
Para mais opções, consulte https://groups.google.com/groups/opt_out.

segunda-feira, março 11, 2013

# It's a girl

De acordo com as Nações Unidas, cerca de 200 milhões de meninas estão "desaparecidas", um número superior ao de mortes nas duas guerras mundiais. Muitas delas foram assassinadas ou abandonadas simplesmente pelo fato de serem do sexo feminino. China e Índia, por exemplo, eliminam mais meninas do que a quantidade de mulheres nascidas anualmente na América do Norte. Esse é o tema de It's a Girl.
 

--
 
---
Recebeu esta mensagem porque está inscrito no grupo "Pensantes" dos Grupos do Google.
 
Para anular a subscrição deste grupo e parar de receber emails deste grupo, envie um email para pensantes1+unsubscribe@googlegroups.com.
Para mais opções, consulte https://groups.google.com/groups/opt_out.
 
 

sábado, março 09, 2013

# Entrevistas com Viktor Frankl

Para mim umas das maiores referências do séc. XX.
 
4minutos
 
30 minutos

--
 
---
Recebeu esta mensagem porque está inscrito no grupo "Pensantes" dos Grupos do Google.
 
Para anular a subscrição deste grupo e parar de receber emails deste grupo, envie um email para pensantes1+unsubscribe@googlegroups.com.
Para mais opções, consulte https://groups.google.com/groups/opt_out.
 
 

sexta-feira, março 08, 2013

# Frase do dia

As mulheres que procuram ser iguais aos homens são muito pouco ambiciosas
Timothy Leary
(psicólogo americano, professor de Harvard (1920-1996)

--

---
Recebeu esta mensagem porque está inscrito no grupo "Pensantes" dos Grupos do Google.

Para anular a subscrição deste grupo e parar de receber emails deste grupo, envie um email para pensantes1+unsubscribe@googlegroups.com.
Para mais opções, consulte https://groups.google.com/groups/opt_out.