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PENSANTES

Outros pensamentos, ideias e palavras que nos fazem pensar...

segunda-feira, abril 29, 2013

# 10 Mandamentos do Mercado...

Mercadodiceia, ética e utopia

por ANSELMO BORGES

Primeiro, foi a Providência divina. Deus, na sua omnipotência e
infinita bondade, acompanha a humanidade no combate contra o mal –
Deus é o anti-Mal -, de tal modo que tem fundamento a esperança do
triunfo final do bem. Depois, pela secularização da Providência, a
própria história aparece como justificando-se a si própria, no quadro
de uma historiodiceia: "A história do mundo é o julgamento do mundo."
Finalmente, os mercados são a nova presença do divino, de tal modo que
através do seu jogo, mediante uma "mão invisível", tudo se conjuga
para que, embora cada um lute pelos seus próprios interesses, dessa
luta resulta o maior bem para todos. Sequência: teodiceia
(justificação de Deus frente ao mal), historiodiceia (justificação da
história), mercadodiceia (justificação dos mercados) – Adriano Moreira
utiliza a expressão: "Teologia do Mercado".

No quadro do neoliberalismo, o economista Riccardo Petrella resumiu as
novas Tábuas da Lei (sigo a síntese do teólogo Juan J. Tamayo):
não podes resistir à globalização dos mercados e das finanças – deves
adaptar-te a isso.
Deverás liberalizar completamente os mercados, renunciando à protecção
das economias nacionais.
Todo o poder pertence aos mercados: as autoridades políticas
transformar-se-ão em meras executoras das suas ordens.
Tenderás a eliminar qualquer forma de propriedade pública, ficando o
governo da sociedade nas mãos de empresas privadas.
Tens de ser o mais forte, se quiseres sobreviver no meio da
competitividade actual.
Renunciarás à defesa da justiça social, superstição estéril, e à
prática do altruísmo, igualmente estéril.
Defenderás a liberdade individual como valor absoluto, sem qualquer
referência ou dimensão social.
Defenderás o primado da economia e da finança sobre a ética e a
política. Praticarás a religião do mercado com todos os seus rituais,
sacramentos, pessoas, livros e tempos sagrados.
Não terás em conta as necessidades dos pobres e excluídos, gente a
mais, pois não gera riqueza.
Porás a Terra ao serviço do capital, que é quem maior rendimento pode
tirar dela, sem atender a considerações ecológicas, que só atrasam o
progresso.

Perante esta situação que leva à catástrofe, impõe-se uma alternativa,
que Tamayo sintetiza nalguns mandamentos, "orientados para a
construção da utopia de uma sociedade alternativa".

Ética da libertação, com o imperativo moral: "Liberta o pobre, o
oprimido." Ética da justiça: "Age com justiça nas relações com os teus
semelhantes e trabalha na construção de uma ordem internacional
justa." Num mundo onde impera o cálculo, o interesse próprio, ética da
gratuitidade: "Sê generoso. Tudo o que tens recebeste-o de graça. Não
faças negócio com o gratuito." Ética da compaixão: "Sê compassivo.
Colabora no alívio do sofrimento." Ética da alteridade e da
hospitalidade: "Reconhece, respeita e acolhe o outro como outro, como
diferente. A diferença enriquece-te." Ética da solidariedade: "Sê
cidadão do mundo. Trabalha por um mundo onde caibam todos." Num mundo
patriarcal, de discriminação de género, ética comunitária
fraterno-sororal: "Colabora na construção de uma comunidade de homens
e mulheres iguais, não clónicos." Ética da paz, inseparável da
justiça: "Se queres a paz, trabalha pela paz e pela justiça através da
não-violência activa." Ética da vida: "Defende a vida de todos os
viventes. Vive e ajuda a viver." Ética da incompatibilidade entre Deus
e o dinheiro, adorado como ídolo: "Partilha os bens. A tua acumulação
desregrada gera o empobrecimento dos que vivem à tua volta." Num mundo
onde impera a lei do mais forte, ética da debilidade: "Trabalha pela
integração dos excluídos, são teus irmãos." Ética do cuidado da
natureza: "A natureza é o teu lar, não a maltrates, não a destruas,
trata-a com respeito."

Utopia? Não é a função da utopia criticar o presente e transformá-lo?
Para evitar a tragédia daquela estória: "Era uma vez duas serpentes
que não gostavam uma da outra. Um dia encontraram-se num caminho muito
estreito e como não gostavam uma da outra devoraram-se mutuamente.
Quando cada uma devorou a outra não ficou nada." (Ana Hatherly).

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# Uma sociedade de trabalhadores sem trabalho

Hanna Arendt explica bem como este tempo a que nós chamamos, à falta
de nome definitivo, era moderna se funda na inversão de posições entre
a contemplação e a ação.

Os modos da existência contemplativa foram despojados da sua áurea (e,
em grande medida, dos seus direitos de cidadania) e só a vida ativa é
considerada legítima. O resultado foi a transformação efetiva de todo
o agregado humano numa sociedade de trabalhadores.

O trabalho passou a ser visto como o fator determinante para a
humanização, e o valor de cada pessoa vem descrito pelo valor
económico que lhe está associado. Mesmo os reis e os presidentes, os
médicos e os filósofos (etc, etc) passaram a olhar a sua atividade
como um ganha-pão. Deixou de haver lugar para itinerários de natureza
espiritual, artística ou política, dos quais pudessem brotar a
evidência de dimensões humanas que a atividade laboral não cobre.

Ao perdermos a certeza naquelas realidades que a crença ou as artes
iluminam, as nossas sociedades passaram a consolidar-se sempre mais
como uma esfera de trabalho, e a satisfação das necessidades vitais
impôs-se como o verdadeiro (para não dizer o exclusivo) elemento
polarizador da atividade humana.

Mas Arendt pressiona ainda a nossa ferida e escreve: a perda da fé
numa vida futura (ou numa vida diferente) não nos fez propriamente
ganhar a vida. Longe disso. Tudo ficou, simplesmente, afetado pela
instabilidade fundamental que carregamos. O que se desencadeou, no
fundo, foi uma corrida cega para a frente, para não pensar muito
nisso. Chegámos assim à hiperinflação do mundo do trabalho e à
banalização redentora do consumo. Vivemos para trabalhar e para
consumir. A vida e os bens que ela produz passaram a valer o mesmo não
sei quê, esquivo e imediato, como a chama de um fósforo.

E não é tudo, como agora se vê. O campo do trabalho vive hoje uma
convulsão que foge em muito ao nosso controlo e que nos obrigará a
curto prazo a uma revisão de paradigma civilizacional. Os irrazoáveis
números do desemprego testemunham a extensão da incerteza em que
naufragámos.

Mas, mesmo mantendo um trabalho, muitos veem-se obrigados a defendê-lo
a todo o custo, com uma sensação repetida de frustração,
irracionalidade e solidão. Os problemas dos limites colocam-se cada
vez mais. Acentua-se o fosso entre o que é possível e o que é pedido,
numa aceleração permanente contra o tempo. A implacabilidade do
sistema de trabalho cada vez menos respeita e acolhe a fragilidade da
vida. Os trabalhadores têm de ser perfeitos e neutros como as máquinas
que os rodeiam.

O psicólogo americano Gregory Bateson descreve as atuais práticas das
grandes empresas como aquelas mães que dão com os filhos em
esquizofrénicos com a quantidade de "injunções paradoxais" que lhes
transmitem, sempre impossíveis de satisfazer, mas cada vez mais
imperativas. Aumentam os objetivos a alcançar com meios assumidamente
diminuídos. Quer-se maior qualidade e menor investimento. Estimula-se
a autonomia e a criatividade individual à medida que se reforça o peso
do controlo e a sofisticação extenuante dos processos. A racionalidade
opera em banda estreita e veiculada a um uso puramente instrumental.

A crise contemporânea da atividade produtiva coloca-nos perante uma
encruzilhada. E volto às palavras proféticas de Hanna Arendt: «O que
se nos depara é a perspetiva de uma sociedade de trabalhadores sem
trabalho, isto é, sem a única atividade que lhes resta». Precisamos
seriamente de conversar.

José Tolentino Mendonça
In Expresso, 27.4.2013
28.04.13

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quarta-feira, abril 24, 2013

# 46% da população de Nova Iorque vive na pobreza ou perto dela

Por João Pedro Pincha

24/04/2013 - 15:40
http://www.publico.pt/mundo/noticia/quase-metade-da-populacao-de-nova-iorque-vive-na-pobreza-ou-perto-dela-1592260

Percentagem de pobres aumentou entre 2008 e 2011, apesar de haver
menos pessoas desempregadas.

De acordo com um relatório da Câmara Municipal de Nova Iorque, nos
Estados Unidos, cerca de 46% da população daquela cidade era, em 2011,
pobre ou quase-pobre.

A autarquia nova-iorquina considera pobreza quando uma família de dois
adultos e duas crianças ganham menos de 30.949 dólares anuais (cerca
de 23.800 euros). Em 2011, estavam nesta situação 21,3% das pessoas de
Nova Iorque. Na situação de quase-pobreza — com mais de 30.949 dólares
e menos de 46.416 por ano — vive 24,6% da população.

A definição de pobreza para a cidade de Nova Iorque é diferente da que
vigora nos Estados Unidos, cujo limite são 22.811 dólares anuais
(cerca de 17.500 euros). Isto deve-se ao facto de o custo de vida ser
significativamente maior na Big Apple do que relativamente ao resto do
país. Os actuais parâmetros para a consideração do que é ou não
pobreza foram definidos em 2006 pela Comissão para as Oportunidades
Económicas (COE).

Apesar de a taxa de pessoas empregadas ter aumentado entre 2010 e
2011, a pobreza na cidade cresceu em média quatro pontos percentuais
entre 2008 e 2011. Os bairros mais afectados foram Queens (21,2% de
pobres) e Staten Island (15,3%, tendo resgistado um aumento de 3,9% no
espaço de quatro anos). Bronx continua a ser, contudo, a zona mais
afectada pela pobreza, com 26% de população nesta situação.

"A cidade que vemos em 2011 está num momento de mudança", disse o
autor do estudo, Mark Levitan, responsável pela COE, ao New York
Times. "Entre 2008 e 2010, a cidade estava profundamente imersa na
recessão. Em 2011, não demos a volta aos problemas, mas isso poderá
acontecer brevemente", acrescentou.

O estudo conclui que os apoios dados pela Câmara e o Estado de Nova
Iorque — alguns dos quais criticados — têm contribuído para manter a
pobreza nos níveis actuais. Mark Levitan pensa mesmo que, se não
houvesse senhas para comida, por exemplo, seria 25% a percentagem de
pobres e não 21,3%.

"Para já, estou optimista. Mas a longo prazo, vejo nuvens de
tempestade com pressão tremenda para a austeridade", disse o
responsável

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segunda-feira, abril 22, 2013

# O que faremos se o sistema já não conseguir criar trabalho?

Por Alexandra Prado Coelho 21/04/2013 - 00:00
http://www.publico.pt/destaque/jornal/o-que-faremos-se-o-sistema-ja-nao-conseguir-criar-trabalho-26412168

No capitalismo, é a relação com o trabalho que nos define, diz o
filósofo Anselm Jappe, em Lisboa a convite do Teatro Maria Matos. Mas
o sistema é um "castelo de cartas que começa a perder peças". E é
tempo de repensar o conceito de trabalho

O capitalismo distorceu a ideia de trabalho, desligando-a das
necessidades reais da sociedade. Trabalhamos a um ritmo cada vez mais
acelerado apenas para alimentar a lógica do sistema. Mas este parece
ter entrado numa rota de autodestruição porque, com a exclusão de cada
vez mais gente do mercado de trabalho, há também cada vez mais gente
excluída do consumo, afirma o filósofo Anselm Jappe, nascido em 1962
na Alemanha e que hoje vive entre França e Itália.

Jappe - que tem três livros editados em Portugal pela Antígona, entre
os quais As Aventuras da Mercadoria (2006) - faz uma conferência, na
próxima terça-feira, dia 23, no Teatro Maria Matos, no âmbito do ciclo
Transição. Na conferência (em português), com curadoria de António
Guerreiro, Jappe vai explicar por que devemos repensar o conceito de
trabalho.

A sua conferência chama-se Depois do Fim do Trabalho: A caminho de uma
humanidade supérflua? O fim do trabalho está no nosso horizonte?

Essa afirmação teria espantado muita gente há algumas décadas, porque
a sociedade moderna é por definição uma sociedade do trabalho, onde se
coloca sempre mais gente a trabalhar. Mas o trabalho, nesta lógica,
não é uma coisa que tenha existido sempre.

Existe desde quando?

Na Antiguidade, não existia uma palavra "trabalho" que incluísse todas
as actividades. Seria impossível imaginar, por exemplo, que a
actividade de um padre, de um camponês, ou de um escravo fossem
consideradas trabalho. Cada actividade servia para realizar um fim. O
que contava era esse fim - ter coisas para comer, realizar um serviço
de Deus, fazer uma campanha militar, etc. O que contava era a
satisfação de uma necessidade e o trabalho era o meio para isso.

Com a sociedade industrial, é o contrário, trabalhamos o mais possível
porque é o trabalho que nós dá o dinheiro, e toda a satisfação das
necessidades vem depois. É preciso trabalhar sempre mais para aumentar
a produção. Um trabalho é um gasto de energia que se mede em tempo. Se
eu faço uma mesa ou dou uma aula na universidade, são duas coisas
completamente diferentes, mas posso sempre dizer "trabalhei uma hora".
Esse tempo exprime-se numa quantidade de dinheiro.

Que é valorizada de forma diferente se for o trabalho de um professor
universitário ou de um operário.

Uma hora de um trabalhador especializado pode valer mais do que uma de
um não-especializado. É uma diferença quantitativa, mas não tem nada a
ver com o conteúdo da produção.

Temos uma sociedade industrial que se baseia no uso de máquinas e de
tecnologia, que servem para economizar trabalho. Seria lógico que
precisássemos de trabalhar menos porque teríamos todas as nossas
necessidades preenchidas com um mínimo de actividade. É exactamente o
contrário que acontece. Trabalhamos hoje muito mais do que antes.
Basta fazer uma comparação entre o nosso ritmo de vida e o dos nossos
avós.

Hoje tudo gira em torno do trabalho. Podemos ser trabalhadores ou
desempregados, mas somos sempre definidos pela nossa relação com o
trabalho.

No sistema capitalista, o valor não é dado pela utilidade das coisas,
mas pelo trabalho que foi necessário para as fazer. Quanto mais
trabalhamos para fazer uma coisa, mais isso acrescenta valor ao
produto. O lucro do capitalista provém de trabalharmos mais do que o
necessário, aquilo a que Marx chama mais-valia.

Por outro lado, o capitalismo fez do trabalho o carburante da vida
social. Nas sociedades anteriores, essa vida social baseava-se em
questões como a dominação directa do solo, as ideias de honra ou as
ideias religiosas. Na sociedade moderna somos todos definidos pelo
trabalho.

Mas nas últimas décadas o trabalho começou a esgotar-se. Há cada vez
menos trabalho por causa da evolução tecnológica. Podia ser uma boa
notícia - vamos trabalhar menos e ter tudo o necessário. Mas é o
contrário que acontece. As pessoas vão para o desemprego, não há uma
verdadeira redistribuição da actividade, e os que estão no desemprego
são também afastados do consumo.

O que contraria a lógica do sistema.

Sim, os que já não podem trabalhar já não têm dinheiro para consumir.
É uma espécie de auto-abolição do capitalismo. Numa fábrica faz-se uma
camisa em cinco minutos quando anteriormente um artesão precisava de
uma hora. Isto significa que há menos trabalho investido na camisa.
Numa sociedade racional diríamos "vamos fazer a mesma camisa que
anteriormente, mas trabalhando apenas cinco minutos". Mas é o
contrário que acontece: obriga-se o operário a trabalhar mais, a fazer
mais camisas, e depois é preciso vendê-las. Se se produz cada vez
mais, é para contrariar o facto de que em cada mercadoria é investido
menos trabalho e portanto a mais-valia é mais reduzida.

Mas nem sempre a substituição dos humanos por máquinas retira valor ao
produto final. Se eu for tomar um café, ele pode ser-me servido por
uma pessoa ou ser retirado de uma máquina e mesmo assim eu pagar o
mesmo por ele.

É aí que está a contradição - se uma empresa substituir um trabalhador
por uma máquina, ela vai ganhar mais porque a máquina tem um custo
menor. As pessoas pagam o café como antes, mas a empresa gasta menos
em salários. Mas se todas as empresas fizerem o mesmo, é o próprio
sistema que perde porque há menos utilização da força de trabalho. As
empresas são contra o interesse do sistema. Foi assim desde o
princípio.

E, no entanto, as máquinas deixar-nos-iam mais tempo livre para nos
dedicar-se a outras actividades, eventualmente com maior utilidade.

Isso seria a situação ideal. Mas no sistema capitalista nem todas as
actividades são valorizadas, apenas as que podem reproduzir o capital
investido. O que fazemos para nós ou para os nossos amigos não é
considerado trabalho porque não entra na lógica do mercado. A
actividade útil para nós ou para os outros é muito diferente do que é
considerado trabalho no sistema capitalista. Podemos dizer de um casal
que ele trabalha numa fábrica, é trabalho, a mulher não trabalha,
ocupa-se dos filhos e do sogro que está doente. A definição do
trabalho não tem nada a ver com o conteúdo da actividade.

As actividades produtivas estão necessariamente ligadas à produção de
mercadorias?

Não, mas têm que entrar num ciclo em que o capital se reproduz.
Vejamos uma fábrica: o operário faz um carro, o carro é vendido no
mercado e isso representa um lucro para o capitalista, e portanto é um
trabalho produtivo. É preciso também limpar a fábrica, mas os que o
fazem não dão nenhum lucro, é apenas uma despesa necessária, que não
contribui em nada para o lucro, pelo contrário.

Tendemos a ver o capitalismo como um sistema alimentado por alguns e
imposto a outros. Mas não é assim que o vê.

O capitalismo tem uma lógica anónima, impessoal. Os capitalistas
executam apenas as leis de um sistema que os ultrapassa. Existe,
claro, responsabilidade individual, mas isso conta menos do que a
lógica de todo o sistema. Hoje há de novo uma forte tendência de
pensar que o problema é que há um grupo de pessoas que são demasiado
ávidas, os especuladores, banqueiros, etc., que exageram e põem em
risco todo o sistema baseado em trabalhadores honestos.

Há uma tendência para a personalização, que se encontra também muito
em movimentos como os Indignados ou o

Occupy Wall Street. Isto pode ser perigoso porque é um pouco o que
aconteceu nos anos 30 com o sistema fascista, em que a cólera social
se voltou contra um grupo de pessoas, nesse caso, contra a finança
judaica.

O verdadeiro problema é que não há uma distribuição das actividades em
função das necessidades sociais, como faria uma sociedade razoável,
mas há simplesmente esta necessidade de trabalhar seja no que for para
produzir coisas que não sabemos para que servem. Isso é algo que mesmo
a esquerda desvalorizara, porque se preocupou sempre muito com a
questão da justiça social, por perceber por que é que uns ganhavam
mais do que outros.

Se as pessoas tendem a personalizar, é porque é muito difícil lutar
contra um sistema sem rosto.

É mais fácil ir para a rua protestar contra os banqueiros. Mas é fácil
dizer que nós somos apenas as vítimas, quando a verdade é que todos
fazemos parte deste sistema, desta lógica.

Parece difícil estar fora do sistema.

Sim, participamos todos, por exemplo, na lógica da concorrência, é
algo que nos invadiu completamente. Estamos sempre a tentar
vender-nos, ser mais fortes do que os outros, ter sucesso no mercado.
Absorvemos completamente a lógica capitalista, que não é natural,
porque, no passado, a concorrência tinha um papel muito menor na vida
quotidiana.

Mas não considera positiva a ideia de que muita coisa depende das
nossas capacidades, e que não estamos condenados a um lugar
determinado, como num sistema de castas?

A modernidade apresentou-se como uma espécie de libertação em relação
ao sistema feudal, mas é uma liberdade aparente, porque é uma lógica
destruidora que leva as pessoas a fazerem tudo o que podem fazer, e a
considerar o mundo como uma espécie de material onde se podem realizar
as próprias aspirações. É verdade que o modernismo tem um dinamismo
que faltava às sociedades anteriores, mas a pouco e pouco este
dinamismo tornou-se uma espécie de individualismo que tomou conta das
pessoas nos países ocidentais.

Olhamos para nós próprios como empreendedores, como alguém que está
sempre em busca de oportunidades. É preciso fazer desporto para estar
em boa forma para trabalhar, ou frequentar meios em que se conheçam
pessoas que possam ajudar-nos a ter outro trabalho interessante.

Mas, pelo menos teoricamente, as coisas dependem mais da nossa vontade
individual.

A ideologia oficial diz que cada um pode fazer da sua vida o que quer,
que não somos marcados pelo facto de termos nascido na Suécia ou em
África, mas na realidade não é assim. Não é como no Monopólio, em que
todos começam com a mesma quantia. Não há uma igualdade de
oportunidades.

Mas mesmo que ela existisse, era preciso perguntarmo-nos o que
queríamos fazer. Uma sociedade razoável organizaria um acordo
colectivo sobre o que é necessário fazer para vivermos bem, e depois
pensaria como o optimizar com o mínimo de esforço possível, com cada
um a contribuir com a sua parte para a vida colectiva e durante o
resto do tempo a dedicar-se a fazer o que quisesse.

Existe um espaço fora do sistema?

É evidente que sofremos cada vez mais com esta situação. As pessoas
que trabalham sofrem, fala-se cada vez mais de suicídios ligados ao
trabalho, há uma pressão enorme nas grandes empresas, sabe-se que se
vai despedir no próximo ano metade das pessoas, e então todos
trabalham como loucos para agradar a este deus que é a lógica da
rentabilidade. E os que não trabalham sofrem porque são socialmente
desvalorizados.

Existe actualmente uma série de iniciativas ligadas ao decrescimento,
economias alternativas, grupos de trocas locais, ou de regresso ao
campo, trocas entre produtores biológicos. Tenho muito a
criticar-lhes, mas penso que, pelo menos, demonstram um interesse real
de encontrar um caminho que não seja apenas uma gestão alternativa da
mesma sociedade industrial baseada no dinheiro.

Durante muito tempo a esquerda limitou-se a propor uma distribuição
mais justa desses conteúdos. Hoje existe pelo menos a tentativa de
procurar ir para além disso. Mas há sempre outras forças sociais que,
pelo contrário, continuam a querer apanhar o último pedaço deste bolo
que é cada vez mais pequeno.

O capitalismo está moribundo?

Muitas vezes o ser humano não é rentável do ponto de vista do sistema,
e isso significa que vai também deixar de poder consumir. Na Europa
distribui-se ainda algum dinheiro pelos que já não são rentáveis, mas
também aí há uma pressão enorme para cortar, cortar. Há esta sensação
de que existem pessoas que são supérfluas do ponto de vista do
sistema. Para a Alemanha, a Grécia tornou-se um país supérfluo. E
dentro dos países há camadas da população às quais já não se sabe o
que fazer.

Os Governos falam num regresso ao crescimento, todos querem exportar
para os novos mercados emergentes.

Todos querem exportar, ninguém quer importar. Mas não é possível um
mundo em que todos exportem e ninguém importe. Aquilo a que chamamos o
milagre económico chinês baseia-se também nas exportações, sobretudo
para os EUA. Se os países pequenos entram na lógica liberal das
exportações, é terrível. Há países que em África produziam o
suficiente para se alimentarem - viviam modestamente, mas com o
suficiente - e quebraram tudo em nome das exportações, hoje só
produzem bananas e se de repente o mercado das bananas cair é toda a
economia que cai.

É preciso libertarmo-nos desta ideia de produzir em primeiro lugar
para um mercado mundial.

A globalização aproximou-nos de outras culturas. Se nos fechamos nas aldeias...

A mobilidade global é bastante unilateral. Nunca tivemos na Europa
fronteiras tão guardadas em relação a tudo o que é exterior. Há uma
mobilidade para os turistas, e uma mobilidade para os que têm que ir
procurar trabalho.

A alternativa não seria nem um regresso aos Estados-nações - isso
parece-me uma ideologia bastante perigosa. Uma sociedade
pós-capitalista deve ter uma base quotidiana nas realidades locais,
comermos maçãs que cresceram no pomar do vizinho e não na Nova
Zelândia. Isso, claro, não impede uma comunicação cultural e
intelectual com pessoas que vivem noutros locais. Há pessoas que optam
por trabalhar menos e reduzir as suas necessidades materiais,
organizando-se com outras para terem uma vida satisfatória que não
passa necessariamente pela compra de produtos ou serviços.

Mas disse que é crítico também desses movimentos. Porquê?

Porque pensam que é suficiente limitarem-se a essas medidas. Comprar
os nossos produtos no produtor biológico pode ser um primeiro passo.

Qual seria o segundo?

Um movimento social que ocupasse directamente os ateliers, as
fábricas. O capitalismo abandona muitas capacidades produtoras, porque
já não são rentáveis, mas estas poderiam ainda funcionar bem.

Está a falar de ocupações, de gestão comunitária, faz lembrar o 25 de Abril.

Há uma memória histórica que vale a pena recuperar. Evidentemente que
não vamos começar do zero.

Mas o sistema integrou rapidamente essas experiências.

Não quer dizer que as coisas se passem da mesma maneira, porque hoje
em dia o sistema está muito mais enfraquecido. Hoje vivemos um momento
inverso ao dos anos 70 e 80. O sistema está em recuo. Os que pertencem
ao ciclo produção-consumo são cada vez menos, mesmo nos países mais
ricos. Há um número cada vez maior de pessoas que não encontram lugar
dentro do sistema. Se uma fábrica foi abandonada porque foi
deslocalizada, seria possível tomá-la e fazer nela alguma coisa de
útil.

Uma mudança depende de uma espécie de contrário social prévio. É
necessário um número elevado de pessoas.

Vejo aí outro risco - isso pode facilmente tornar-se uma espécie de
gestão da pobreza. A pobreza está a aumentar e o Estado poderia muito
bem dar uma parcela da gestão social a este género de economia
alternativa, dizendo: "Desenrasquem-se".

É ridículo, por exemplo, ver as pessoas que recuperam no final do
mercado os legumes que foram deitados fora. Isso torna-se uma
valorização da sobrevivência no dia-a-dia que é absurda se se continua
ao nível social global a desperdiçar imenso. A ideia da simplicidade
voluntária pode abrir um discurso de valorização da pobreza.

Para criar um sistema pós-capitalista usamos modelos anteriores ou é
preciso inventar tudo?

O capitalismo cumpriu tão pouco as suas promessas que encontramos hoje
em alguns meios uma espécie de nostalgia de regresso ao passado. Mas é
certo que não vamos voltar atrás, o risco aí é o de arcaísmos
violentos. É claro que a solução só pode estar à nossa frente. Podemos
ter uma vida satisfatória com uma produção muito reduzida em relação
ao que temos hoje.

Vê o futuro ideal como um mundo em que as pessoas trabalham menos, o
trabalho é mais bem distribuído...

... em que se definem as necessidades, aquilo que queremos fazer na
vida e como o podemos realizar com o menor esforço possível. É preciso
começar a pensar a partir dos resultados e não do trabalho. Muitas das
necessidades de hoje são compensações pelo trabalho. Uma vida dedicada
apenas ao trabalho é tão pouco satisfatória que é preciso depois ter
compensações, televisão, carros, viagens, jogos de computador.

Até que ponto é que essa mudança passa pela política?

Quando pensamos em política, pensamos na ideia de que o Estado deve
garantir uma melhor distribuição das coisas. Mas vemos que a política
não é solução, porque depende estruturalmente do dinheiro. Como há
menos dinheiro à disposição do Estado para ser distribuído, o Estado
tem cada vez menos poder. A esquerda, os alter-mundialistas, evocam
sempre um papel mais forte do Estado. Como se o capital fosse o pólo
negativo e o Estado o positivo. Mas se o Estado já não pode cobrar
impostos, já não tem nada para redistribuir.

Sem Estado, como é que garantimos a protecção aos mais desfavorecidos?
Não há um risco de que a lógica local seja a da caridade da aldeia?

O Estado social ainda é muito jovem e começa já a ser desmantelado um
pouco por todo o lado. Existem muitos Estados onde não há praticamente
ajudas públicas. Enganamo-nos se pensamos que as preocupações sociais
são o coração do Estado.

Que organização social defende?

A auto-organização baseada nos bairros das cidades, unidades pequenas
que decidem da sua própria vida, e depois se organizam a um nível
federal com outras. Neste momento, o capitalismo é um castelo de
cartas que começa a perder as peças. Não é possível dizer quanto tempo
demorará a cair, mas os sinais são cada vez mais evidentes.

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sexta-feira, abril 19, 2013

# A orquestra de jovens do Aterro no Paraguai

Um caminho de esperança!

http://vimeo.com/52711779

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quinta-feira, abril 18, 2013

# Herança liberal

Pedro Braz Teixeira, i-online 17 Abr 2013
Ainda que não o desejasse, Thatcher ajudou a criar as bases da actual
crise global
A ideologia sobre as políticas públicas tende a oscilar entre dois
pólos: o Estado e o mercado. A partir dos anos 30 do século passado, o
pêndulo estava claramente do lado do Estado, com uma clara preferência
por políticas intervencionistas.
Nos anos 70 deu-se uma clara alteração deste estado de coisas,
primeiro com os fracassos económicos do intervencionismo, com o
surgimento da estagflação: inflação e desemprego elevados; depois com
a valorização dos teóricos liberais, como Hayek e Friedman, prémios
Nobel da Economia em 1974 e 1976, respectivamente; e, finalmente, com
a ascensão ao poder de políticos liberais, como Thatcher e Reagan, em
1979 e 1981.
Thatcher lançou um programa de liberalização da economia, com
privatizações em massa, que acabaram por contagiar a generalidade dos
países, para além do contributo para a liberalização política,
nomeadamente para a queda dos regimes comunistas.
Julgo que se deve elogiar a inovação empresarial versus uma demasiado
frequente inércia burocrática do Estado. Por outro lado, se as
empresas se desviam do bem comum, que nem é o seu propósito central, é
também vulgar isso acontecer no Estado, onde o bem-estar geral deveria
ser acautelado.
Mas a vitória política - relativa - liberal, dos mercados sobre o
Estado, encerra em si uma dura ironia.
É que há várias estruturas de mercado possíveis, do extremo da
concorrência perfeita, passando pelos oligopólios (mercados com poucas
empresas, com poder de influenciar os preços), ao outro extremo, o
monopólio, em que o poder de mercado é máximo.
Do ponto de vista teórico, os mercados de concorrência perfeita
apresentam vantagens admiráveis, por produzirem os resultados mais
eficientes e por serem os mais equitativos. Já os mercados em
oligopólio e monopólio são muito menos interessantes, por produzirem
ineficiências e graves problemas de equidade.
Ou seja, a defesa do "mercado" só faz verdadeiramente sentido quando
falamos de mercados de concorrência perfeita ou perto disso, já que
nos outros casos é necessária uma forte intervenção do Estado (que só
em teoria é que funciona bem), para minorar as sérias deficiências que
as outras estruturas de mercado encerram.
Há aqui dois problemas. Por um lado, a sofisticação das economias e
dos produtos afasta-nos cada vez mais do paradigma da concorrência
perfeita. Por outro, deixadas a si próprias, as empresas farão tudo
para se desviar da concorrência perfeita, em que os lucros são
mínimos.
Assim, deixados a si próprios, os mercados tenderão, naturalmente, a
produzir os piores resultados, o mais afastados possível do caso em
que os mercados produzem as consequências socialmente mais
interessantes (em concorrência perfeita).
Gerou-se então um grave equívoco, que designei "dura ironia", em que,
quanto mais se defende a liberdade dos mercados (a menor intervenção
pública possível), mais nos afastamos das vantagens dos mercados.
O cúmulo desta "dura ironia" ocorreu com a liberalização financeira da
primeira década do século xxi. Ao permitir a criação de um sistema
financeiro e bancário "sombra", sujeito a uma regulamentação mínima,
permitiram-se os maiores desmandos, que deram origem à crise
financeira iniciada em 2007, que colocou o mundo na mais grave crise
económica desde a Grande Depressão, iniciada em 1929.
O sucesso político do liberalismo não só trouxe esta grande crise,
como trouxe mudanças profundas em termos sociais, com uma profunda
alteração dos valores sociais. Uma das mais graves foi a transformação
da ganância numa virtude, uma das novidades mais lamentáveis.
O mundo não pára e, havendo muitos aspectos interessantes a reter do
liberalismo, há também muitas correcções a fazer.
Director-executivo do Nova Finance Center, Nova School of Business and Economics

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quarta-feira, abril 17, 2013

# Cortar na despesa para defender o Estado social

Alexandre Homem Cristo, ionline 15 Abr 2013

A luta que interessa é a de garantir que os cortes que resolvem o
presente vêm acompanhados das reformas que preparam o futuro.

Os juízes do Tribunal Constitucional decidiram e, sim, está decidido.
De uma forma ou de outra, é preciso tapar o buraco de 1326 milhões de
euros (0,8% do PIB) que se abriu. Há quem diga que se está a
dramatizar. Que tudo não passa de teatro. Que 0,8% do PIB é coisa
pouca. Mas não é. E isso fica muito claro quando se pára de olhar para
a situação como se de um jogo se tratasse, e se começa a tentar
responder à pergunta que agora importa: onde ir buscar todo esse
dinheiro?

É certo que o país não aguenta mais aumentos nos impostos e o governo
sabe-o. Essa hipótese está, portanto, excluída. Restam os cortes no
Estado (na despesa pública). Como sempre, no plano abstracto, todos
concordam. Mas, no concreto, quando é preciso apontar os cortes a
dedo, tudo se complica. Confrontados com a questão se o governo deve
cortar na despesa pública ou aumentar impostos, os portugueses nem
hesitam: 82,1% escolhe os cortes no Estado. Só que, entre esses
inquiridos, apenas 0,7% apoia cortes na Educação e apenas 0,2% apoia
cortes na Saúde. De resto, aos olhos dos portugueses, só existe uma
coisa pior do que os impostos: o despedimento de funcionários
públicos. De facto, 65% dos portugueses não despediria funcionários
públicos mesmo que isso permitisse baixar impostos. Estes dados
constam em duas sondagens da Pitagórica, publicadas neste jornal
(Outubro e Novembro 2012) e, com as devidas distâncias temporais,
representam bem as duas dificuldades que temos pela frente. A de todos
quererem mais Estado Social sem, no entanto, o quererem pagar. E a
ilusão de que é possível fazer cortes indolores na despesa pública.

Nenhuma das dificuldades é nova. Mas apesar das evidências que as
derrotam diariamente, estas mesmas dificuldades ressuscitam a cada
novo obstáculo que o país enfrenta. Em particular, a ideia dos cortes
indolores que continua a somar adeptos. Acredita-se que basta dizer
"não" à austeridade, que tudo se resolve com uns cortes nos excessos
do Estado. Insiste-se que o governo adia os cortes no Estado,
apostando nos impostos para endireitar o país. E está--se, portanto,
duplamente enganado.
Em primeiro lugar, porque, entre 2011 e 2012, o governo aplicou um
corte na despesa pública de cerca de 10%. É um corte brutal e nunca
visto. E apesar de parte significativa ter sido feita à custa dos
salários (reduções, subsídios e aposentações), há muito neste corte de
despesa que é estrutural. Em segundo, porque, a terem existido cortes
indolores, esses já foram aplicados há muito tempo. Cortou-se no
financiamento das fundações, identificaram-se os observatórios e
fez-se o levantamento das viaturas ao serviço do Estado. E se o
carácter indolor destas medidas é apenas relativo (porque perde o
emprego quem perde o financiamento), certo é que a poupança que
produzem é demasiado pequena para satisfazer as necessidades do país.
O que sobra? Só o essencial. Saúde, Educação, prestações sociais, e
todos com orçamentos apertados. Na Educação (básico e secundário), por
exemplo, do Orçamento do Estado para 2013, 95% está destinado às
despesas correntes das escolas, incluindo os salários (67% do total).
As negociações serão, portanto, difíceis e os cortes dolorosos. Mas
desenganem-se os que pensam que a defesa do Estado Social se faz
combatendo estas novas medidas, que permitirão o financiamento das
funções sociais do Estado. A luta que interessa não é essa. É, sim, a
de garantir que os cortes que resolvem o presente vêm acompanhados das
reformas que preparam o futuro. Esse critério, que não cabe na folha
de excel, é aquele que mais importa.

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# Portugal? O futuro é inevitável!

Miguel Monjardino
Expresso, 13 de Abril de 2013

Um humilhante pedido de ajuda ao FMI. Empresas públicas altamente
deficitárias. Manifestações e greves dos sindicatos mais poderosos.
Impostos extremamente elevados. Desemprego a níveis inacreditáveis.
Uma moeda excessivamente forte a criar dificuldades às empresas
exportadoras. O futuro do estado social ameaçado. Elites nacionais
dependentes da despesa pública e dos favores de um estado altamente
centralizado e falido. Um sentimento generalizado de empobrecimento e
de decadência nacional. Um país paralisado do ponto de vista político.

Parece familiar, não é? Mas o país em questão não é Portugal. Estou a
falar da Inglaterra em 1979. Foi esta a situação que Margaret Thatcher
encontrou quando chegou a Downing Street há trinta e quatro anos. A
sua morte esta semana é uma boa oportunidade para compreendermos a
natureza dos desafios internos e europeus que temos pela frente.

Thatcher chegou ao governo com ideias políticas claras. O seu
objectivo não foi continuar a gerir um modelo económico que tinha
deixado de produzir resultados satisfatórios para a sociedade e
arruinado o país. A colaboração com Keith Joseph, Alfred Sherman, Alan
Walters e Peter Bauer e as ideias de Friedrich Hayek e Milton Friedman
levaram-na a propôr uma relação completamente diferente entre o
Estado, os indivíduos e o mercado. No centro das suas propostas estava
a liberdade individual, um governo competente e instituições fortes. A
liberalização, a privatização, a concorrência e a baixa dos impostos
foram peças essenciais do seu programa reformista.

A oposição da aristocracia sindical, social, universitária e de
praticamente todas as elites foi feroz mas Thatcher teve a coragem e a
tenacidade necessárias para mudar a ideologia do seu partido e nunca
perdeu uma eleição nacional. Os trabalhistas, conservadores e liberais
que lhe sucederam após a sua espectacular e merecida queda política em
1990 não mudaram o essencial deste programa.

O que é que tudo isto tem a ver com Portugal? Muito, acho eu. Veja-se
os nossos debates a nível doméstico. Os números mostram que o nosso
modelo económico deixou de produzir resultados minimamente
satisfatórios desde há quinze anos. Há muito que chegámos ao fim da
linha. A social-democracia portuguesa não tem nem as ideias nem os
recursos necessários para funcionar como deve ser. Precisamos de
encontrar um novo equilíbrio entre o Estado, os indivíduos, as
empresas e os mercados. Mas ninguém diria. Basta olhar para a imprensa
e para os canais de televisão nacionais para compreender que a maioria
da aristocracia nacional não está interessada em liderar um processo
de mudança que é inevitável. Portugal é um Parque Jurássico ao nível
da ideologia e das políticas públicas.

O cenário europeu não é melhor. Parte do problema tem a ver com as
políticas deflacionistas seguidas pelo norte da Europa. Mas, como
Vítor Bento e Joaquim Aguiar têm defendido, a outra parte está
relacionada com a incapacidade dos nossos decisores políticos mudarem
a sua maneira de pensar e agir no quadro da zona euro. A carreira
política de Thatcher acabou por causa da integração europeia. Londres
nunca conseguiu resolver o seu dilema nesta área. Em Portugal, vamos
pelo mesmo caminho.

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segunda-feira, abril 15, 2013

# Comer Consciente

http://youtube.googleapis.com/v/V0FvyIYeWOI

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domingo, abril 14, 2013

# Frase inspiradora de Mark Twain

"A bondade é o idioma que o surdo ouve e o cego vê."
Escritor norte-americano Mark Twain (1835-1910)

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terça-feira, abril 09, 2013

# Who Francis may be, based on who Bergoglio was

 

John L. Allen Jr.  |  Apr. 5, 2013 All Things Catholic

I spent this week in Argentina in search of insight into Pope Francis from the people who know him best as Jorge Mario Bergoglio, the man who was their archbishop for fifteen years.

For sure, the first impression here is deep national pride. Locals say there's probably never been a better-attended Holy Week in the history of Argentinian Catholicism than after Francis' election.

A Via Crucis procession in Rosario, the country's second city, usually draws 200,000 people, but this time it attracted 350,000; attendance at the cathedral in Buenos Aires was estimated to be two to three times greater than 2012. All across the country, church-goers reported standing-room-only crowds and long lines for confession.

The election of an Argentine pope seems to have had a soothing effect on the culture generally.

A talented young Argentinian journalist named Ines San Martin, my aide and translator this week, tells the following story.

She was on a bus in Buenos Aires when the driver and a passenger got into a shouting match, with the passenger demanding the driver's license number and threatening to call the police. Just as things seemed on the brink of falling apart, an elderly woman stood up and said: "What are you fighting about? We've got an Argentinian pope!"

Everyone smiled, including the two protagonists, and the tension just melted away.

Drilling deeper, however, it's clear that despite the insta-hagiography that always surrounds a new pope, Bergoglio was hardly a cultural icon in Argentina before his election. He kept a low profile, and many Argentines say they're getting to know him only now along with the rest of the world.

Perhaps the most spectacular example is Hebe de Bonafini, one of the co-founders of the famed "Mothers of the Plaza de Mayo" whose children disappeared during Argentina's "Dirty War." Over the years she's accused Bergoglio of representing fascism, once even leaving a bucket of urine in his cathedral in protest.

Five days after his election, Bonafini published an open letter to the new pope expressing astonishment over what she'd learned: "I'm surprised to hear many of my friends explain about your commitment to the slums … Don Francis, I didn't know about your pastoral work. I only knew that the leader of the church in Argentina lived in the cathedral, the cathedral towards which we've screamed, 'You kept quiet when they took [our children] away!'"

It also seems clear that Bergoglio wasn't perfect, despite the fact that it's hard right now to find many Argentines willing to say so out loud. For instance, vocations to the priesthood have been falling in Buenos Aires on his watch, despite the fact they're up in some other dioceses. Last year the archdiocese ordained just twelve new priests, as opposed to 40-50 per year when Bergoglio took over. (For the record, people say that Bergoglio did his best to support his priests and seminarians, taking a special interest in seminary life.)

The future pope also certainly had his critics. Some conservatives grouse that he was too committed to the social gospel and not enough to proclaiming the faith; some liberals saw him as an enemy of liberation theology and social emancipation. Others say Bergoglio could come off as fairly inscrutable and a bit "political."

More than once, I heard a version of the following quip: "I didn't know what he was really thinking … he is a Jesuit, you know!"

I've published articles and interviews along the way where this sort of material can be found at length. Pulling back from the details, I'll highlight here the three main conclusions I'll take away from this week-long swing.

A missionary church

First, there seems universal agreement that the heart of Francis' pastoral vision is a desire for a missionary church, a church that moves out into the streets to meet people where they are and to respond to their real needs, both human and spiritual. Over and over again, people who've lived and worked with Cardinal Jorge Mario Bergoglio cite some version of two of his favorite sayings:

  • "A church that stays in the sacristy too long gets sick" -- the idea being that remaining in an enclosed space, constantly breathing the same recycled stale air, is bad for the church's health. The church needs to get out into the wider world in order to stay vital and alive.
  • "Teachers of the faith need to get out of their cave" -- meaning that preaching to the choir is not the heart of the missionary enterprise, but rather making the faith relevant to people on the outside.

Within that missionary vision, Bergoglio always had a special preference for those on the margins of life.

"His vision was for the church to reach out to those who have been tossed onto a sort of existential garbage heap," said Federico Wals, a 32-year-old layman who served as Bergoglio's spokesperson since 2007. "He was especially concerned for those about whom society didn't seem to care, such as single mothers, the poor, the elderly, the unemployed."

Perhaps the signature pastoral innovation associated with the Bergoglio years is his emphasis on putting priests into the slums and shantytowns of Buenos Aires, known here as the villa miseria. He didn't just want priests visiting the slums -- he wanted them living there, sharing the lives of the people so they'll understand what the gospel means to them.

Here's the payoff from this insight.

I arrived in Argentina under the assumption that what we've seen from Pope Francis so far is mostly a matter of style, and that the real substance of his papacy is yet to come.

That is, things like spurning the papal limo, living in the Casa Santa Marta, and going to a youth prison for Holy Thursday struck me as preliminaries to the real heavy lifting -- filling key Vatican positions, or responding to the child sexual abuse crisis and threats to religious freedom in various parts of the world.

People who know the pope best, however, insist that his opening act is a whole program of governance in miniature.

Bishop Jorge Eduardo Lozano of Gualeguaychú, Argentina, a close friend of Bergoglio who worked under him as an auxiliary in Buenos Aires for six years, told me that these gestures of humility and simplicity haven't just been about the pope's own personality.

"They're actually an expression of his magisterium," Lozano said Thursday afternoon, speaking at the headquarters of the Argentinian bishops' conference.

"He's sending a message to other cardinals, bishops and priests that this is what we need to do – to reach out to people, not being content to wait for them to come to us," Lozano said. "More broadly, he's sending the same message to all Catholics everywhere."

In other words, Lozano insisted, these gestures aren't just a charm offensive but an expression of a whole pastoral plan, offering a clear signal about where the new pope intends to carry the church.

Not a conservative

Second, most early profiles of Pope Francis describe him as a theological and political conservative, largely based on two points of his biography: that he resisted some expressions of liberation theology as a Jesuit provincial in the 1970s, and that he's had a rocky relationship with the center-left government of Argentine President Cristina Kirchner, especially over the issue of gay marriage.

While both things are true, people who know the lay of the land here insist there's little meaningful sense in which Bergoglio could be described as a "conservative", at least as measured by the standards of the church. They make three points:

  • Bergoglio is one of the least ideological people you'll ever meet, more interested in concrete situations than in grand political theories.
  • The most serious opposition to Bergoglio from within the Catholic fold in Argentina consistently came from the right, not the left.
  • Despite a checkered personal history with the Kirchner family, Bergoglio had good relations with other members of Argentina's current government, and is open to dialogue with all political forces.

Guillermo Villarreal, for instance, is a veteran journalist who covered Bergoglio for the Catholic Information Agency of Argentina, a church-sponsored news service.

He told me that during the six years that Bergoglio served as president of the bishops' conference, from 2005 to 2011, he had an impressive record in being able to broker consensus, losing only one vote over that span -- a disagreement in 2009 and 2010 over how hard a line to take against Argentina's gay marriage bill.

According to Villarreal, Archbishop Héctor Rubén Aguer of La Plata, Argentina, was the leader of the hawks, while Bergoglio supported a less confrontational line. The issue wasn't whether to sign off on gay marriage, but how incendiary the rhetoric against it ought to be, and whether the church could signal support for other measures to protect the civil rights of same-sex couples.

Given that history, Villarreal said, most Catholics in Argentina wouldn't think of Bergoglio as representing the right wing of the country's bishops.

Alicia Oliveira, a former judge and critic of Argentina's military regime during the 1970s, says that for more traditionalist circles in Argentina, Bergoglio always seemed "very light, very leftist," so much so that she believes conservative elements in the country's hierarchy may have mobilized to block his election to the papacy eight years ago. (Not so much this time, she believes, but only because he wasn't mentioned nearly as prominently as a candidate.)

Mariano de Vedia, who covers religion and politics for La Nación, added another piece to the picture.

The only other Jesuit prelate in the country, he explained, is retired Bishop Joaquín Piña Batllevell of Puerto Iguazú. Back in 2006, Governor Carlos Rovira of the Misiones province where the diocese is located was seeking to jury-rig the provincial constitution in order to stay in power indefinitely.

Piña became the leader of a local movement called the United Front for Dignity, which fielded candidates for a constitutional assembly to block Rovira's ambitions. It was seen as a progressive pro-democracy uprising, basically a left-of-center enterprise.

According to de Vedia, it's widely believed that Piña was operating with the behind-the-scenes blessing of his fellow Jesuit Bergoglio -- another reason, he said, that people in the know would not regard Bergoglio as a "conservative."

Perhaps the most interesting read on where Bergoglio stands came from Juan Carr, a renowned social activist in Argentina and a 2012 Nobel Peace Prize nominee.

In Latin American Catholicism, he told me April 3, "I've noticed a growing split between a church completely focused on the spiritual side, and a church that's completely committed to the social issues but without addressing the devotional needs of the people."

"Bergoglio is a rare figure who transcends that divide, embracing both."

What does all this mean going forward?

According to Fr. Pedro Brunori, an Opus Dei priest who served for ten years as director of the Vatican Information Service and who's now back in Argentina as a hospital and university chaplain, it's likely that the most significant opposition to Francis over time will come from the Catholic right rather than the left.

Some conservatives, Brunori predicted in an April 2 interview, may well see the "simplification" of Catholic life under Francis as "eliminating something of the essence of the church."

A strong governor

While people in other parts of the Catholic world may be wondering if Francis can get control of the bureaucracy in Rome and bring it to heel, that doesn't seem to be a major concern of anyone who watched him work in Argentina.

As Maria Elena Bergoglio, the pope's 64-year-old sister told me on April 3, her brother is "plenty tough enough" to lead.

Three characteristics of his administrative style stand out.

First, there's little filter between Bergoglio and the people involved in the decisions he has to make. Those who've watched him work say that when he's facing a tough choice, he'll pick up the phone himself and collect information from various quarters, usually without letting any particular person know who else he's consulting. He'll listen carefully, think and pray about it, and then come to his own conclusion.

Bergoglio's penchant for collecting and analyzing information on his own means that he's less dependent on aides and intermediaries than many CEOs in other walks of life. Wals said that in Buenos Aires, Bergoglio was basically "his own right hand."

Among other things, that may suggest the breathless anticipation in Rome over who Francis picks as the next Secretary of State may be slightly exaggerated -- this may well turn out to be a pope who's his own "prime minister."

Second, he's a man comfortable exercising authority. Lozano said that during the twice-monthly meetings Bergoglio held with his six auxiliary bishops in Buenos Aires, he would always go around the table and solicit advice, and he took it to heart. When it came time to decide, however, things weren't put up for a vote -- Bergoglio made the call, and never seemed anxious or overwrought about it.

Third, Bergoglio may be a peace-loving man of the people, but he's no naïf about the use of power to make his vision stick.

Wals, for instance, noted that the new pope's very first episcopal appointment was the choice of 65-year-old Mario Aurelio Poli of Santa Rosa as his successor in Buenos Aires. That move came on March 28, just fifteen days after Francis was elected -- among other things, a sign that the wheels may grind more quickly under this pope.

Further, Poli is another former Bergoglio auxiliary, and Wals said the appointment is clear sign of "continuity" with the pope's broad pastoral outlook.

In the same way, Bergoglio also didn't shrink from holding people accountable. Villarreal, for instance, said he's familiar with at least one instance in which a priest wasn't toeing the line, and after giving him a chance to straighten out, Bergoglio didn't blink about sending him packing.

Given all that, what sort of reform might one expect from Francis?

In our conversation Thursday evening, Lozano laid out a reform agenda for his friend -- not in the sense of pressuring him, but rather by way of explaining what one might expect given the kind of leader he knows Francis to be.

Lozano said that any structural reform Francis may execute will be in service to his concern with promoting a missionary church. It won't be reform merely for the sake of efficiency, but to "clear away obstacles to carrying the gospel to the world." Lozano then ticked off five such challenges:

  • "The use of money," meaning not just balancing the Vatican's budget, but making sure it's clear where institutions such as the Vatican Bank get their money and what's done with those funds.

    (On that score, Wals predicted Francis may actually close the Vatican Bank based on his history in Buenos Aires. When Bergoglio took over in the late 1990s, Wals said, the archdiocese was a part owner of several local banks. Bergoglio quickly sold those shares and put the church's money into private banks as a normal client.)
     
  • "A purification of heart, especially among those closest to the pope," to fight the temptations of clericalism and careerism.
     
  • Making sure the various departments of the Vatican are of service to bishops' conferences and local churches, to some extent reversing what Lozano described as a "very strong centralization" in recent years. He cited the handling of annulment cases and the translation of liturgical texts as matters that could be better handled at lower levels.
     
  • "Continuing the process of transparency" with regard to cases of sexual abuse of minors by Catholic clergy.

    (Francis seemed to begin that Friday by telling German Archbishop Gerhard Müller, prefect of the Congregation for the Doctrine of the Faith, to pursue "protective measures for minors, help for those who suffered violence in the past, [and] the necessary produces regarding the guilty parties," as well as prompting bishops' conferences "to formulate and enact the necessary directives in this field which is so important for the witness of the church and its credibility."
     
  • Promoting the New Evangelization by "better understanding contemporary culture," especially the way the process of globalization is unfolding differently in various parts of the world.
     
  • A "better inculturation" of the language the church uses and the pastoral strategies it employs.

"These are all things I've talked about with him over the years, and that we've discussed among the bishops," Lozano said. "If he calls me, I'll give him the full list!"

[John L. Allen Jr. is NCR senior correspondent. His email address is jallen@ncronline.org. You can follow him on Twitter @JohnLAllenJr.]

in NCR

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# Fwd: O sal da vida

 

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# Fwd: "A minha experiência de confessar" - Confessionário dum Padre

http://blogspot.pt - Confessionário dum Padre
 
Sexta-feira, Março 22, 2013

A minha experiência de confessar

Veio uma e sentou. Outra e sentou-se. Uma de cada vez. Sentaram-se várias senhoras, ao meu lado, para se confessarem. Cada uma com as suas vidas. No meio de tanta outra gente que não se confessa, ainda há quem tire um pouco da sua vida para tirar-lhe peso, e para o entregar a Deus, através do sacramento da Confissão. Ainda há quem busque a esperança que vem do saber-nos olhados por Deus com misericórdia. Foi assim ontem e hoje, dois dias, duas experiências, que tocaram a minha vida no mais íntimo de si. Nesta certeza de que, nós padres, somos um vaso muito frágil, às vezes algo partido, onde Deus deposita a sua água viva para refrescar quem dele beber. Aconteceu ontem numa paróquia envelhecida pelo tempo. Daquelas que são feitas de pedras antigas trabalhadas com vasos nos varandins. E no meio do desfiar de pequenos nadas daquelas muitas mulheres e alguns homens que se abeiraram da confissão, senti-me pequenino. Ouvia cada palavra como se aquelas fragilidades, aqueles pecados, fossem apenas a virtude que eu queria ter na minha vida. Porque eram uma manifestação de fé simples e humilde. Porque, na simplicidade daquelas confissões, eu me achava indigno da tamanha bondade que o sacramento da confissão tem por si. Tinha dificuldade em perceber como Deus me podia usar a mim, pois que ao lado daquela gente eu era um aprendiz. E hoje, ao confessar umas dezenas de crianças da catequese, ainda mais pequeno me senti. Elas, com o seu tamanhito de palmo e meio, fizeram-me crer que possuíam mais três ou quatro palmos que eu. Sei que eu estava na cadeira que concedia a absolvição e elas na cadeira dos absolvidos. Mas fiquei com a sensação de que as cadeiras estavam trocadas ou poderiam estar. Por mais teologias que saibamos. Por mais liturgias e pastorais, normas canónicas e sacramentais. Por mais certezas de fé que a nossa vocação sacerdotal tenha, na hora em que o perdão de Deus age através de nós, somos apenas uma frágil criatura, pequenina, que é somente instrumento, e mais nada. Inquieto por não me saber merecedor, depois destas horas em que estive a confessar, agigantou-se em mim a certeza de que sou muito pequenino.

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quinta-feira, abril 04, 2013

# Sete em cada dez mulheres sofrem de disfunção sexual

Por PÚBLICO 04/04/2013 - 13:25

Mais de metade das mulheres em idade reprodutiva que participaram num
estudo da Universidade do Minho disseram não conseguir atingir o
orgasmo.

Enric Vives-Rubio

Sete em cada dez mulheres sofrem de disfunção sexual, na maior parte
dos casos relacionada com problemas em atingir o orgasmo. E apenas
metade dessas mulheres encara isso como um problema, alerta Bárbara
Ribeiro, autora do estudo "Disfunção Sexual Feminina em Idade
Reprodutiva", da Escola de Ciências da Saúde da Universidade do Minho.

Mais de metade das mulheres em idade reprodutiva ouvidas para o estudo
disseram que não conseguem atingir o orgasmo. Um terço justificam-no
com o factor "stress", mas também foram apontados outros como "dores
durante o acto sexual, vaginismo [contracções dolorosas e espasmódicas
do músculo constritor da vagina] e experiências sexuais indesejadas".

A disfunção sexual feminina, explica a autora do estudo, está
relacionada com "uma alteração em qualquer uma das fases do ciclo de
resposta sexual (o desejo, a excitação e o orgasmo)" ou com
"perturbações dolorosas associadas ao acto sexual".

Mas além de metade das mulheres que sofrem de disfunção sexual não
verem isso como um problema, as restantes "tendem a desvalorizar os
sintomas", diz Bárbara Ribeiro. Isto porque "muitas delas ainda não
encaram uma vida sexual plena como parte integrante da sua satisfação
pessoal" e atribuem mais valor a outros factores como a vida familiar.
Noutros casos isso deve-se também a "desconhecimento da respectiva
sexualidade".

A autora sublinha, porém, que é importante ter em conta a opinião de
cada mulher e que a disfunção sexual feminina pode não ser de facto um
problema desde que não afecte a qualidade de vida.

O estudo mostra ainda que a contracepção hormonal diminui o desejo
sexual das mulheres: "A frequência com que estas mulheres têm relações
sexuais diminui de 12 para oito vezes por mês". Além disso, parece
haver "relações directas" entre a contracepção hormonal, a perturbação
do desejo, a aversão sexual e as experiências sexuais indesejadas. Ou
seja, "93% das participantes vítimas de violação apresentam disfunção
sexual e aquelas que usam contraceptivo hormonal têm uma probabilidade
2,6 vezes superior de vir a sofrer de diminuição do desejo sexual,
quando comparadas às que recorrem a outro método contraceptivo".

As mulheres que participaram no estudo têm idades entre os 18 e os 57
anos (a média é de 36) e são utentes de centros de saúde do distrito
de Braga. Perto de dois terços são casadas, 23,3% têm o 12.º ano de
escolaridade e 72,6% trabalham.

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