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PENSANTES

Outros pensamentos, ideias e palavras que nos fazem pensar...

quarta-feira, junho 29, 2011

# Individualismo e solidão

Mais do que procurarem compreender-se um ao outro, punham-se de
acordo. Era tão simples. Bastava deixar que os problemas se
resolvessem por si. Desde o dia do casamento — já lá iam cinco anos —
um princípio fundamental tinha ficado assente: não discutiriam nunca.
Assim — pensavam eles — a paz no lar estaria garantida. E com a paz
viria a alegria e o êxito matrimonial. Além disso, a ausência de
qualquer tipo de controvérsias evitaria pela raiz a difícil tarefa de
perdoar e de pedir perdão.
Com esta filosofia de vida, pouco a pouco e sem darem por isso,
foram-se distanciando um do outro. Habituaram-se a uma desunião que
não reconheciam como tal. Consideravam que nunca "incomodar" o outro
era um sinal de verdadeiro amor. Pensavam que, pelo simples facto de
viverem debaixo do mesmo tecto, existiria sempre uma intensa união
entre eles.
No entanto, de um dia para o outro e sem se saber porquê, ela começou
a ter manifestações de tristeza. Eram desânimos impregnados de uma
sensação difusa de solidão. Não conseguia perceber a causa. "Não era a
sua vida um mar de rosas?" — perguntava-se. "Não estava ela isenta de
discussões? Então, porquê esta sensação tão estranha?". Não ficou
surpreendida com que o seu marido — sempre tão ocupado com as suas
coisas — ficasse imperturbado diante desta situação. Há muito tempo
que ela se acostumara a que ele não se metesse nos seus domínios
privados. Era esse um dos segredos da "felicidade" do casal.
Este relato ajuda-nos a pensar sobre a atitude individualista, tão
presente na nossa sociedade. Esta atitude é muitas vezes apresentada
como a grande panaceia para evitar todo o tipo de conflitos. "Vive e
deixa viver". "Não te rales com nada". "Sê tolerante com tudo, desde
que não te incomodem".
O problema é que o individualismo — verdadeiro cancro do
relacionamento humano — termina sempre por isolar as pessoas umas das
outras. É verdade que não é ideal que um casal esteja constantemente a
discutir. E menos ainda que o faça de um modo veemente e diante dos
filhos. No entanto, também é verdade que a ausência completa de
pequenos desentendimentos não manifesta saúde matrimonial. Muito pelo
contrário. Manifesta, isso sim, uma certa atitude de indiferença. E a
indiferença — "prima" do individualismo — acaba por gelar o amor
humano.
É ingénuo pensar que marido e mulher nunca terão de pedir desculpas um
ao outro. Isso é impossível. Cada um de nós, por muito que se esforce,
acaba sempre por ofender de algum modo aqueles que são mais próximos.
E não existem pessoas mais próximas uma da outra do que aquelas que
estão casadas. Por isso, a capacidade de perdoar e de pedir perdão —
unida, evidentemente, ao esforço real por não ofender o outro — é de
capital importância para a união de um casal. Perdoar é uma
demonstração de verdadeiro amor.
Como dizia Paul Johnson: «Os casamentos que duram constroem-se sobre
estratos arqueológicos de discussões esquecidas. Os segredos de um
casamento bem edificado são a paciência, a tolerância, o domínio de
si, a disposição para perdoar e — quando tudo isto falta — uma boa "má
memória". Também ajuda, obviamente, que o marido esteja disposto a
carregar com a culpa, como deve ser».
Pe. Rodrigo Lynce de Faria

segunda-feira, junho 20, 2011

# Frei Ventura na SIC de 13 Junho 2011

Vale bem a pena!
 
Uma excelente conversa muito profunda, sobre a vida e outras coisas da felicidade:
 
O Livro:

quinta-feira, junho 16, 2011

# “Geração à Rasca” ou “Geração Coragem”

Na missa da Bênção da Fitas dos Universitários de Lisboa tive a
oportunidade de ouvir o Cardeal Patriarca pôr em alternativa à
"geração à rasca" uma desejável "Geração Coragem". Que feliz
contraposição!
Ali perguntei-me, o que desejo para os meus filhos, para os meus
sobrinhos, para os amigos deles ou mesmo para todos os jovens? – "Que
sejam a geração coragem". É a resposta que rebenta dentro do peito de
qualquer das mães que ali estava.
"Coragem" é uma palavra que provém (seguindo uma busca breve que fiz)
do latim "cor" que significa "coração". E, no dizer do dicionário –
coragem é "firmeza de espírito, ânimo, valentia e perseverança". Mas
também a palavra "cor" tem no dicionário o sentido "coração, coragem,
afecto, desejo". Aliás, a antiga expressão popular "saber de cor"
significa que o coração era tido como o centro da capacidade de saber
e de memória. Em latim "cor" também significa " ânimo, qualidade
espiritual de bravura e tenacidade". Daí a palavra coragem ter vindo
do latim "coratium" de coratum (em francês "courage" de coração,
"coeur").
Quando ouvi aquela expressão "geração coragem" não resisti a perguntar
– serão estes jovens aqueles que agem com o coração? Estes os jovens
que ouvem o que lhes diz o coração? Que desejam para a vida? Nesta
fase tão marcante como é o final da licenciatura, quais as perguntas
que se formulam no coração de cada um? Por baixo da capa negra que
envergam, o que palpita?
Há uns anos atrás fui convidada para intervir num ciclo de
conferências de uma juventude partidária. Mandaram-me o programa das
conferências cujos temas eram – 1. Aborto (este era o "meu" tema); 2.
Casamento Gay; 3. Eutanásia; 4. Prostituição; 5. Drogas – Legalizar
Sim ou Não? – Nessa altura questionei-me dos objectivos de vida
daqueles jovens.  Que temas tão cinzentos? São estas as preocupações
dos nossos jovens?
Seis anos volvidos, talvez apenas alguns deles tenham estado na
manifestação da "geração à rasca"… ou talvez não!
E os "Jovens Coragem" (que agem com o coração) como ocupam o seu
pensar? Com a sua formação pessoal e profissional, o trabalho onde vão
servir, o resultado no desporto que praticam, a família que vão
constituir, a casa e o bairro onde vão viver, a educação dos filhos
que vão ter, a prestação cívica que vão dar, como constroem os tempos
lúdicos e de diversão…?
Naquele dia o Cardeal Patriarca deu-nos o mote.
A mim cabe-me a difícil e gratificante responsabilidade de olhar para
os que me estão confiados e indicar-lhes aquela fasquia de uma geração
que "age com o coração". Com esta imensa liberdade de ouvir o que o
coração lhes pede para fazer. Dizer sim a uma Verdade maior, realista,
alegre, exigente e até mesmo contra-corrente mas que faz caminhar para
a Felicidade. E não uma vida dominada pela "escravidão" dos temas que
são impostos, que nos fazem "dobrar" perante um poder que não tem
rosto e onde em última instância se vive na amargura, na tristeza e no
desespero.
As gerações não se fazem sozinhas. São fruto das circunstâncias que as
rodeiam, e das opções que cada "eu" vai tomando.
As especiais dificuldades de uma ou outra época têm ditado fibra,
génio e capacidades imprevisíveis. Não temos medo.
Naquele sábado de Maio, na majestosa Alameda da Universidade, ouvi o
meu Cardeal Patriarca, o Pastor daqueles milhares de jovens, chamar
pela Geração Coragem…

Isilda Pegado

# Cremes com protecção solar acima de 50 e à prova de água são puro marketing

16.06.2011 - 15:45 Por Ana Machado
http://www.publico.pt/Sociedade/cremes-com-proteccao-solar-acima-de-50-e-a-prova-de-agua-sao-puro-marketing_1499000

Os EUA estão a alterar a legislação sobre cremes de protecção solar.
Especialista português concorda que protecção acima de 50 e cremes à
prova de água são manobra de marketing.
Não arriscar uma exposição ao Sol entre as 11h00 e as 16h00 é a melhor
forma de protecção (Ricardo Silva (arquivo))

Os cremes de protecção solar devem explicar claramente como devem ser
aplicados, contra que radiação – UVA ou UVB – protegem e não devem
dizer que são resistentes à água. Estas são apenas algumas das
alterações que a Food and Drug Administration, a entidade reguladora
dos medicamentos nos EUA, quer ver nos rótulos dos protectores solares
americanos. E quer também que as marcas admitam que factores de
protecção acima do 50 são puro marketing.

Em primeiro, para serem aprovados como protectores solares os cremes
devem ser de protecção contra os dois tipos de radiação solar, o UVA,
mais associado ao envelhecimento da pele e ao aparecimento de
carcinomas, e o UVB, mais ligado à queimadura solar.

"Estas alterações aos rótulos dos protectores solares são importantes
para ajudar os consumidores a terem a informação de que precisam na
hora de se defenderem a eles e às suas famílias", frisa o comunicado
da entidade.

Os cremes com um factor de protecção entre o 2 e o 14 terão de
informar ainda que não são suficientes para evitar o cancro da pele ou
o envelhecimento precoce. Mas não basta comprar um creme entre o
factor de protecção 15 e 50 para se expor ao Sol: "Os consumidores não
devem encarar o creme como a única barreira de protecção da pele.
Também devem ser informados que se deve limitar a exposição ao Sol".

E acrescentam ainda que os cremes que anunciam um factor de protecção
superior a 50 não protegem mais do que os de 50, uma vez que não está
cientificamente provado que tal é verdade.

As novas medidas impostas pela FDA, num país onde ocorrem dois milhões
de novos casos por ano, serão aplicadas dentro de um ano.

Américo Figueiredo, presidente da Sociedade Portuguesa de Dermatologia
e Venereologia, afirma que as novas regras da FDA não são
surpreendentes para os dermatologistas. Mas que seria também
conveniente que em Portugal os consumidores tivessem acesso a esta
informação quando compram um destes produtos.

"Já existem entre os especialistas no geral essa percepção de que
factores de percepção acima dos 50 é puro marketing", diz o
especialista que explica que um factor de protecção de 50 dá uma
protecção de cerca de 98 por cento contra a radiação, o que é difícil
de superar. E que a diferença entre um factor 30 e um 50 é pouca.

Mas há mais coisas que se deve saber antes de utilizar um protector
solar: "Os fabricantes deviam explicar que quantidade se deve pôr para
atingir este nível de protecção. Se seguisse à regra o que era
indicado tinha de colocar no meu corpo cerca de 30 gramas de creme de
cada vez, o que é muito. Logo vou ter menos protecção do que a
anunciada."

E também dá razão à FDA sobre outro aspecto referido nas novas regras,
que pede às marcas para que deixem de referir a resistência à agua
destes produtos. "Não há nenhum à prova de água. Pode haver uns mais
resistentes que outros. Mas as pessoas devem saber que depois de
saírem da água devem aplicar protector de novo".

Pelo sim pelo não, Américo Figueiredo, que critica o facto dos
protectores solares serem, na nossa legislação, equiparados a
cosméticos e produtos de higiene pessoal, recomenda que se sigam as
regras básicas para a protecção contra os efeitos nocivos do Sol na
pele: "As crianças até um ano não devem ser expostas ao Sol. Após isso
devem usar cremes minerais. E quer as crianças quer os adultos nunca
se devem expor ao Sol entre as 11h00 e as 16h00".

A radiação solar é a principal causa de carcinoma da pele entre os
portugueses. "E a incidência tem vindo a aumentar, especialmente entre
as classes mais altas, que se expõem mais", alerta o especialista. Em
Portugal ocorrem dez mil novos casos de cancro da pele por ano, entre
eles mil melanomas, a forma mais agressiva.

quarta-feira, junho 15, 2011

# Metade do peixe consumido no mundo é criada em viveiros

15.06.2011 Helena Geraldes http://ecosfera.publico.pt/noticia.aspx?id=1498847

Cerca de metade do peixe e crustáceos consumidos no mundo, 47 por
cento, é criada em viveiros, conclui um estudo divulgado ontem em
Washington e em Banguecoque. A aquacultura, diz ainda, é menos nociva
para o Ambiente do que a criação de gado.

Em 2008, a Ásia forneceu 91 por cento do pescado criado em aquacultura
nos lagos, rios e águas costeiras em todo o mundo, revela o relatório
"Blue Frontiers: Managing the environmental costs of aquaculture", das
organizações não governamentais Conservation International e WorldFish
Center. A Europa produz 4,4 por cento.

De acordo com o relatório, a carpa é a espécie mais produzida na Ásia,
o salmão na Europa e na América Latina.

A enguia, salmão e camarão estão entre as espécies de aquacultura com
maior impacto ambiental, devido "ao alto consumo de energia e à grande
quantidade de peixe usado como ração"; do lado oposto está a criação
de moluscos (mexilhões e ostras), mariscos, algas marinhas (aquelas
mais abaixo na cadeia alimentar e que não necessitam de alimentação
adicional).

"Com o pescado disponível na natureza a atingir níveis alarmantes e
sem precedentes de esgotamento, a produção cultivada precisa ser
considerada como uma alternativa", alertou, em comunicado, Sebastian
Troeng, vice-presidente de conservação marinha da Conservation
International. De facto, as Nações Unidas estimam que mais de 84 por
cento dos stocks piscícolas do planeta estão esgotados ou
sobre-explorados.

Ainda assim, "há inúmeras preocupações bem fundamentadas sobre a
aquacultura em relação aos seus impactos nos ecossistemas marinhos e
na pesca extractiva", salienta Troeng.

Aquacultura com menos impactos ambientais que pecuária

Depois de dois anos de estudos, o relatório conclui que, ainda tenha
um impacto ambiental, "a aquacultura é mais eficiente do que outras
formas de produção de proteína animal, como a pecuária", nomeadamente
a criação de gado bovino e suíno. "Os produtos da aquacultura
contribuem menos para as emissões globais de nitrogénio e fósforo do
que a carne suína e bovina, o que reduz o impacto nas alterações
climáticas por quilo de alimento produzido", explicam os autores, em
comunicado.

Tendo em conta que a procura por produtos de aquacultura "continuará a
crescer ao longo das próximas duas décadas", os autores do relatório
pedem uma gestão mais sustentável dos viveiros e de redução dos
impactos ambientais.

"Deve haver uma troca mais ampla de conhecimento e tecnologia, com
directrizes políticas e acções para promover a sustentabilidade e o
investimento na pesquisa para preencher as lacunas de conhecimento",
comentou, Stephen Hall, director-geral do WorldFish Center e principal
autor do relatório. "Esses esforços podem levar a uma indústria mais
sustentável ecologicamente, um objectivo importante, caso queiramos
responder à futura procura mundial de pescado".

quarta-feira, junho 08, 2011

# O preço da pressa por MEC

Público 2011-06-08 Miguel Esteves Cardoso

O castigo de ser feliz é o tempo passar depressa. O castigo de ser
triste é o tempo não passar. A recompensa de não conseguir ser nem
triste nem feliz, permanecendo indiferente, é o tempo passar devagar.
Se todos os dias nascemos - os que temos a sorte de amar, mais a
suspeita de sermos, talvez, amados - todos os dias morremos cedo de
mais.
Se me perguntassem quanto tempo passei com a Maria João, nos últimos
15 anos, eu teria muitas dificuldades em não responder 15 dias ou até
15 minutos, por não saber mostrar e justificar até esse pouco tempo
que passámos.
Ainda ontem acordámos às oito da manhã. Mas, às sete da tarde, apesar
de termos passado o dia juntos, pareceu-nos que nos tinham roubado o
dia inteiro; que tínhamos acabado de nos conhecermos.
Passo do amor à política, por amor ao meu país. A despedida do
conhecido e comprovado José Sócrates deveria ter sido tão
generosamente saudada como foi recebida a vitória do simpático mas
inexperiente Passos Coelho.
O tempo, a ocasião e a sorte parecem ser coisas parecidas - mas são
coisas muito diferentes. O ponto de vista, conforme o lugar onde se
esteja e de onde se veja, importa mais do que o sentimento ou o juízo.
É sinal de ser-se feliz achar que o tempo nos foi roubado e que é
pouco o tempo que tivemos e pouco o tempo que nos resta.
Não se pode dar importância de mais ao presente, seja amoroso,
político ou financeiro. A pressa não é uma escolha: é uma
consequência. E um preço.

segunda-feira, junho 06, 2011

# Véu islâmico retirou sonho olímpico às mulheres iranianas

06.06.2011 - 14:04 Reuters http://desporto.publico.pt/noticia.aspx?id=1497772

Imediatamente antes do início do jogo de qualificação diante da
Jordânia, chegava a notícia: a selecção feminina do Irão tinha sido
banida pela FIFA por causa do véu islâmico.

O sonho de o Irão ter uma equipa a competir no torneio de futebol
feminino nos Jogos Olímpicos de 2012, em Londres, foi destroçado por
uma decisão inesperada: o véu islâmico que as jogadoras usam durante
as partidas infringe as regras da FIFA. A notícia foi conhecida
instantes antes do início do jogo de qualificação diante da Jordânia,
e a partida já não se realizou. No relvado, as jogadores já tinham
alinhado para o começo da partida, e algumas receberam com lágrimas e
consternação o facto de serem impedidas de jogar.

As futebolistas iranianas jogam com um fato de corpo inteiro e um
lenço na cabeça. A responsável pelo futebol feminino da Federação
iraniana, Farideh Shojaei, disse à agência Reuters que já tinham sido
feitas alterações ao equipamento das mulheres no ano passado, após uma
decisão da FIFA. "Fizemos as correcções solicitadas e já jogámos um
encontro depois", disse a responsável, sublinhando que se acreditava
que tivesse sido aprovado pelo organismo dirigido por Joseph Blatter.

"Não fomos impedidas de jogar a ronda seguinte, e eles não encontraram
nada errado. Isso significou que não havia obstáculos no nosso
caminho, e que podíamos participar nos Jogos Olímpicos", acrescentou a
mesma responsável.

Nas regras da FIFA para o torneio de futebol em Londres 2012 pode
ler-se que "jogadores e árbitros não devem exibir mensagens de cariz
político, religioso, comercial ou pessoal, ou slogans em qualquer
língua ou forma nos equipamentos de jogo".

Mas para cumprir o código de vestuário islâmico, obrigatório no Irão,
as futebolistas iranianas jogam com fatos de corpo inteiro e a cabeça
coberta por um lenço. "[O presidente da Federação iraniana, Ali]
Kafashian, levou-o à FIFA e mostrou-o ao senhor Blatter. E ficou
provado que estava de acordo com o regulamento da FIFA, que diz que o
equipamento deve ser despojado de política ou religião", apontou
Shojaei.

"Na verdade, este equipamento não é religioso nem político, nem fará
com que alguém se magoe em campo. Eles provaram isso, o senhor Blatter
aceitou-o e nós participámos nos Jogos Olímpicos", vincou a
responsável da Federação iraniana.

Qualquer que venha a ser o resultado da queixa do Irão, é improvável
que a equipa, penalizada com uma derrota por 3-0 por não ter alinhado
no jogo de qualificação em Amã, na Jordânia, consiga qualificar-se
para 2012, admitiu Shojaei. "É extremamente difícil prever qual será o
desfecho desta situação, mas acho improvável porque os jogos
preliminares não se vão repetir", apontou.

"Os países que investiram, gastaram tempo e dinheiro e participaram na
segunda ronda vão claramente recusar-se a repetir estes jogos,
especialmente se nesta semana vier a saber-se que equipa chega à fase
final. Por isso é extremamente improvável", acrescentou a mesma
responsável. A FIFA não fez qualquer comentário sobre o caso.

sexta-feira, junho 03, 2011

# Refrigerantes estão a substituir o consumo de água entre crianças dos seis aos nove anos

Combate à obesidade
03.06.2011 - 13:32 Por Catarina Gomes
http://www.publico.pt/Sociedade/criancas-estao-a-substituir-a-agua-por-refrigerantes_1497347

Os números falam por si: menos de dois por cento das crianças
portuguesas dos seis aos nove anos bebem água quatro ou mais vezes por
semana, mas quando se fala de refrigerantes o número sobe para 76 por
cento. Escola está a combater a obesidade, mas as famílias não (Foto:
Daniel Rocha)

Para o coordenador da Plataforma contra a Obesidade, Pedro Graça, os
dados nacionais de um novo estudo europeu sobre obesidade infantil
permitem ainda concluir que as escolas estão cada vez mais a cumprir o
seu papel na prevenção do excesso de peso, mas não as famílias. "É
altura de olharmos para dentro dos frigoríficos das nossas casas",
diz.

Olhar para os gráficos do tipo de alimentos mais consumidos pelos mais
novos, constantes na European Childhood Obesity Surveillance
Initiative, é quase como ver a pirâmide dos alimentos virada ao
contrário: aquilo que mais devia ser bebido e comido, porque tem menos
calorias, como a água, e maior valor nutricional, como o pão, o leite,
a fruta fresca ou a sopa, está entre o menos ingerido; pelo contrário,
as pizzas, batatas fritas, hambúrgueres, salsichas, snacks ou pipocas
têm consumos superiores a 90 por cento.

Trata-se dos primeiros dados nacionais recolhidos no âmbito do
primeiro sistema europeu de vigilância nutricional infantil, criado
por iniciativa da Organização Mundial da Saúde (OMS). Foi avaliada, em
2007 e 2008, uma amostra representativa de 3812 crianças portuguesas
dos seis aos nove anos do 1.º e 2.º ano, de 181 escolas. De acordo com
os critérios da OMS, 37,8 por cento destes miúdos têm excesso de peso
e 15,2 por cento são mesmo obesos, números que confirmam outros
estudos já feitos, refere o nutricionista Pedro Graça.

O "esforço" das escolas

Um dos dados novos do estudo é o facto de a escola parecer estar a
cumprir mais o seu papel na prevenção do excesso de peso. Se é verdade
que os números gerais parecem indicar que "o consumo de refrigerantes
está a substituir a água", nota Pedro Graça, "as escolas já estão a
disponibilizar alimentos saudáveis": a água (55,6 por cento), o leite
(55 por cento), a fruta fresca (33,3 por cento) e os legumes (26,7 por
cento) foram os alimentos mais preponderantes nos recintos escolares,
ao contrário dos refrigerantes, os menos disponibilizados.

Outros dados que parecem confirmar "o esforço das escolas": as
máquinas de venda automática só foram encontradas em 2,2 por cento dos
estabelecimentos de ensino e cerca de 95 por cento das escolas referiu
não ter nenhum tipo de publicidade que pudesse prejudicar a
alimentação saudável e equilibrada das crianças. Quando se fala de
obesidade infantil, "diabolizam-se quase sempre as mesmas coisas",
refere o responsável. O que o estudo permite constatar é que, enquanto
"a escola protege, o consumo feito em casa contraria o esforço dentro
do espaço escolar".

"O que se passa fora da escola é da responsabilidade da família. Há
uma dicotomia entre o esforço a nível escolar e não esforço das
famílias." Pedro Graça diz que as famílias têm que perceber que "é
preciso investir algum tempo na alimentação, dedicar algum tempo às
compras de alimentos frescos, à sua confecção".

Olhando para a actividade física, repete-se o padrão. Oitenta por
cento das escolas disponibilizam 90 ou mais minutos de exercício por
semana, mas em casa as famílias não estão a ajudar os mais novos a
mexerem-se mais: ao fim-de-semana, nalgumas regiões do país, chega a
duplicar o número de horas que os mais novos passam em frente à
televisão (em média, 3,91 horas/dia) e a jogar no computador (em média
2,33 horas/dia), comparativamente com os dias de semana.

"Este é um tempo que devia ser mais passado ao ar livre, a passear, e
passam ainda mais horas inactivos. É um contra-senso. As famílias
precisam de arranjar uma ou duas horas para ter actividade física ao
fim-de-semana."