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PENSANTES

Outros pensamentos, ideias e palavras que nos fazem pensar...

terça-feira, janeiro 31, 2006

#Amáscara

Olho a tua cara e vejo as sementes que o tempo germinou. Os teus cabelos
alvos como a neve que cai lá fora.
No mais profundo dos teus olhos vejo a luz que ilumina as searas que
ceifaste e o brilho dos campos verdes orvalhados que acarinhaste.
De repente tudo se torna claro. Usas uma máscara.
Uma máscara de pele, de tempo. Antiga, trabalhada, sorridente, que a vida
talhou.
Será surpreendente ver que o teu coração bate hoje tão forte como ao longo
dos teus tempos?
Tu és resplandecente, linda.
A máscara desvanece-se para quem olhar o mais profundo dos teus olhos.
Disseste-me que tinhas 82 anos, e não sabes que não é verdade.

Jorge Mayer

segunda-feira, janeiro 30, 2006

#Abraça-me!

Abraça-me!
Tu, cujos braços são, para mim, como o Sol suave da manhã, diz-me que vais
aparecer para transformar o meu deserto num oásis de ternura e de
contentamento...
Tenho sede da tua água que não corre nos trilhos sinuosos das minhas horas,
farrapos de tempo que se repetem com enfastio, sem novidades!
Ouves o eco do meu sussurro?
Tu que moras para lá da cordilheira que os meus olhos mal conseguem
avistar...
Tu que te demoras nos domínios encantados de um sim já concebido, mas que
tarda em nascer!
Concentra-te nas novas, que os pássaros, frágeis, levam do meu país ao teu!
Isso...Fecha os olhos...e, recebe no teu esconderijo, as minhas mãos! Vês o
que elas carregam? Pétalas raras, de um reino distante, perfumadas com uma
entrega sincera, generosa, fiel!
Para as alcançares apenas tens de estender as tuas mãos e de partilhar
comigo os teus tesouros secretos!
Estou tão cansada! Onde estão os braços, nos quais, posso dormir com a
confiança de uma criança?
Talvez não existas...
Talvez sejas apenas uma miragem...

Mónica Claro

#Escritos de Entardecer

«?Como tu, junto ao Ganges sussurrante?»
António J. Branco

Onde o imaginário se estende em divagação nas tardes de entardecer e nos
dias de recordar. Onde o homem se senta de costas para terra e de frente
para a água corrente. Onde as plantas e os lagos do jardim guardam a
memória viva das recordações nostálgicas. Onde o menino recorda o adeus que
disse um dia, no cortejo de flores e de lágrimas que lhe abreviaram, por má
sorte, a vida que tinha para viver.
Cortejo de mágoas e de sonhos por cumprir.

Ali, na terra humedecida de suspiros e beijada pelas águas já salgadas de
um mar que um dia se fez Português. Ali, naquele canto avistado pelo verde
de um olhar perdido na imensidão do azul-marinho. Ali, no local que um dia
reuniu em simultâneo, a saudade dos que partiram e ternura pelos que
ficaram. Ali, onde as palavras brotaram alinhadas em frases de saudade,
escritas e debitadas em textos que um dia seriam lidos.

Textos de nada que em nada se tornaram.

No lugar que serviu de emoção ao crescimento das sensações desejadas e
experimentadas de um homem que um dia ousou sonhar. No lugar que deslizou
em corrente de cristais líquidos por entre a cascata de inverdades que o
som do clarim nunca mostrou. No lugar que ficou molhado pela espuma das
ondas silenciosas que rebentaram no areal disperso dos sons desacreditados.
No lugar desordenado das ideias prepotentes, assentes e vinculadas num só
eu.

Ideal desencantado de um espírito virtual, criativo e imaginário.

Escutando os uivos do vento que assobiava a canção dos aventureiros e
daqueles que buscavam a quimera sonhada por entre noites de lua nova.
Escutando o voltear das páginas que não foram escritas nem coladas em
livros de inventar. Escutando os uivos de vento que borbulhava em remoinho
por entre o pó levantado do chão na sombra dos que emudeceram. Escutando as
recordações que esmoreciam em cor cinzenta esvaída por entre emoções de
cada turbilhão de sentimentos.

Universo de vontades diluído em arco-íris de baço olhar.

Vivendo o último dia de uma vida que fora companheira permanente da criança
que quis ser homem. Vivendo o agigantar do sonho que se desenhou no olhar
do menino que cresceu saudoso da face que mal beijou. Vivendo o aroma do
evoluir de uma viagem começada e percorrida em passo de manhã chuvosa.
Vivendo o ruído de cada dia que em cada tarde findada, lhe lembrava o toque
de silêncio das manhãs que não surgiram.

Emoção de entardecer, com saudade de madrugada.

ajsbranco@mundos.info http://www.mundos.info 23-01-2006 12:59:30

Sent by: Bruno Martinho

sexta-feira, janeiro 27, 2006

#Tarrafal de Monte Trigo

Fechei os olhos e lembrei aquela terra distante e visível que era Tarrafal
de Monte Trigo, de onde vinha toda a água doce, que atravessando o mar,
saciava a sede da nossa vila.

Abri os olhos e não vi o mar, ou o Sol, vi as sombras de pessoas a andar
apressadamente na escuridão, como se ratos alguma vez pudessem ser. Vi
janelas sem casas.
O meu olhar deteve-se numa em que a luz o chamava. Era uma cerimónia, seria
um fazer sagrado? As velas iluminavam as suas frontes e as mãos tinham
prata que acalmaria o monstro que dentro reclama mais um dia.
Adiante vi um trio que se aquecia junto a uma fogueira, as labaredas eram
vivas, assim como a pulsação daquele que acalma o fogo que agora lhe corre
nas veias. Tantos deuses com monstros no mais profundo de si mesmos.
Monstros que outros deuses de ganância e de egoísmo criaram e ofereceram. O
veneno dos deuses não corre só nas veias, corre também nos passos, nos
olhos e nas almas.

Passei nos antípodas do Monte Trigo para estar noutro Tarrafal, onde se
saciam os monstros que os deuses criaram.

Jorge Mayer

quinta-feira, janeiro 26, 2006

#Felicidade e Felicidade Nacional Bruta (FNB) [textos extensos]

Do que é feita a felicidade

Na primeira vez que a repórter Mônica Manir trocou e-mails com o sociólogo
holandês Ruut Veenhoven, ele estava no Butão para uma conferência que
tratava da Felicidade Nacional Bruta, um inusitado índice nacional de
desenvolvimento criado nesse país asiático. É uma versão diferenciada do
Produto Interno Bruto e expressa o objetivo de levar ?a maior das
felicidades para o maior número de pessoas?.
Esse índice deixou Veenhoven com sorriso largo no rosto. Como professor de
condições sociais para a felicidade humana e editor do Jornal de Estudos da
Felicidade, o sociólogo não se cansa de decifrar esse sentimento ? ou
melhor, a satisfação pessoal com a vida como um todo, como ele o traduz.

O sociólogo holandês Ruut Veenhoven, professor da cadeira de felicidade
humana trabalha na Universidade Erasmus de Roterdão e é editor do Jornal de
Estudos da Felicidade, ambos com sede na Holanda.

Em suas aulas, Veenhoven, 61 anos, propõe visões científicas sobre o
assunto, embora reconheça que de objetividade a felicidade tem pouco. ?O
fato de uma pessoa ser vibrante e amigável, por exemplo, não garante que
ela esteja satisfeita com seu dia-a-dia?, afirma.

Ainda assim, ele aposta nos números que indicam a liberdade política, o
acesso à educação e à segurança e o menor preconceito contra as minorias
como um cenário que tem tudo para gerar uma alegria legítima. Não descarta
as habilidades pessoais, como a desenvoltura e a energia, que ajudam nos
relacionamentos. E valoriza a sorte (e a internet, claro), que nos levou a
encontrá-lo em uma terra distante, encravada na cordilheira do Himalaia, de
onde respondeu a perguntas sobre esse bem maior.

BF ? A felicidade existe?
Ruut Veenhoven ? No sentido de satisfação com a própria vida, sim. A
maioria das pessoas tem idéia do quanto gosta da maneira como vive e essa
idéia é positiva para a grande parte delas. Isso acontece mais nas nações
que oferecem urbanização, informatização e onde o indivíduo é valorizado
como cidadão.

BF ? Existem graus de felicidade?
RV ? Sim, uma pessoa pode estar menos ou mais satisfeita com a vida. Essas
diferenças são expressas em uma escala de 1 a 10. Na pesquisa que
realizamos para avaliar a felicidade em 68 países, o grau de satisfação
apontado pelos brasileiros atingiu 7, que é um número médio. As populações
de Suíça, Dinamarca, Islândia, Luxemburgo e Canadá tiraram as notas mais
altas ? acima de 7,7. Rússia, Geórgia, Armênia, Ucrânia e Moldávia
atingiram as mais baixas -- menos de 4.

BF ? Segundo pesquisa feita de 1999 a 2001 pelo World Value Survey
(instituto americano), a Nigéria é o país mais feliz do mundo, seguida por
outras nações subdesenvolvidas, como El Salvador e Colômbia. Países
desenvolvidos, como Dinamarca e Holanda, não encabeçam a lista. Como o
senhor explica esse ranking?
RV ? Os dados detalhados desse estudo ainda não foram publicados e não tive
como checar os princípios que nortearam a pesquisa. Mas reafirmo que a
relação entre a felicidade e as condições da sociedade em que se vive são
fundamentais.

BF ? Como assim?
RV ? As pessoas são normalmente mais felizes em países que casam riqueza
econômica com democracia, educação, segurança e tolerância com as minorias.
A autonomia também conduz à felicidade. Em segundo lugar, vêm as
habilidades pessoais para lidar com problemas. Pessoas ativas e
extrovertidas levam vantagem sobre as demais, embora isso não seja regra.
Em terceiro lugar, conta o fator sorte. Mesmo quando se vive em uma
sociedade digna ou quando se sabe lidar com os problemas, um homem pode,
por exemplo, se sentir infeliz com a perda repentina de alguém querido.

BF ? A felicidade tem relação com a cultura ou é uma herança genética?
RV ? A felicidade depende da sociedade e conseqüentemente de aspectos
culturais. Mas há uma discussão sobre o papel dos fatores genéticos. Meu
colega Lykken (David Lykken, geneticista da Universidade de Minnesota, nos
Estados Unidos) acredita que a felicidade também é determinada pelos genes,
embora seu estudo considere a influência genética na personalidade e não
exatamente na felicidade. É certo que alguns traços de personalidade são
genéticos, como a propensão a ser ansioso. Mas os efeitos deles na
felicidade podem mudar ao longo da vida.

BF ? Estar apaixonado, acreditar em Deus, ganhar bem, ser bonito, ter
família são garantias de uma vida feliz?
RV ? Nenhuma dessas coisas ou situações garante a felicidade. Se um pai
perde um filho, ele provavelmente se sentirá infeliz apesar de todos os
recursos. Ao mesmo tempo, estudos mostram que tais condições aumentam a
dose de felicidade na maioria das vezes, especialmente a qualidade das
relações mais íntimas que cultivamos.

BF ? Quais são as pedras no caminho para a felicidade?
RV ? A maioria destes obstáculos é comum na vida: aprender como se
comportar, tornar-se independente, trabalhar para ganhar o sustento...
Nesse caminho, recebemos a ajuda de pais e professores, por exemplo. Se uma
pessoa tiver condição de escolher, o próximo obstáculo será descobrir que
tipo de estilo de vida combina melhor com o tipo de pessoa que se é. Essa
descoberta só pode ser feita por conta própria, por tentativa e erro.

BF ? A felicidade é passageira?
RV ? Estudos que acompanharam determinados grupos por um certo tempo
mostraram constância na felicidade. Quem se diz feliz hoje costuma dizer o
mesmo daqui a um mês. Outras pesquisas revelaram que as pessoas distinguem
entre o humor diário e essa satisfação com o todo. Ou seja, alguém pode
dizer que é feliz com o que tem, mas no momento se sente triste por causa
de algum problema pontual.

BF ? Quem reclama da vida não gosta do que tem?
RV ? Uma coisa não exclui a outra. Uma pessoa pode estar satisfeita com a
própria vida como um todo, mas permanecer atenta a déficits importantes.
Tanto a satisfação pessoal quanto a reclamação por uma vida melhor se
originam de uma reflexão profunda sobre os verdadeiros desejos. Além disso,
somente por meio do reconhecimento realista de uma dor aguda, seja do
corpo, seja da alma, é que podemos superar problemas.

BF ? Aceitar limitações e momentos difíceis abre portas para a felicidade?
RV ? Por um tempo, sim, mas muita aceitação pode inibir a luta por algo
melhor. A acomodação não tem nada a ver com a alegria plena.

BF ? A felicidade faz bem à saúde?
RV ? Sim. Pesquisas mostram que pessoas felizes vivem mais tempo,
provavelmente porque esse sentimento nos deixa menos vulneráveis às
doenças.

BF ? Homens e mulheres vêem esse sentimento de maneira diferente?
RV ? Muitos podem achar que as mulheres são mais infelizes nos países em
que são discriminadas, mas os homens também não se mostram satisfeitos com
a vida que têm nesses lugares. O que se sabe é que, independentemente da
nação, as mulheres jovens tendem a ser mais felizes que os homens jovens,
enquanto a relação se inverte com o passar dos anos. Isso se deve à
oportunidade (ou não) de casar. As jovens são mais procuradas e logo se
envolvem em relacionamentos sérios. Já os homens mais velhos são mais
cobiçados pelas mulheres. Como elas, em geral, vivem mais, acabam passando
seus últimos dias como viúvas e várias delas se dizem infelizes nessa
condição.

BF ? O senhor é uma pessoa feliz?
RV ? Sou tão feliz quanto a média dos cidadãos da Holanda. Isto é: numa
escala de 1 a 10, eu daria 8 para minha felicidade. E não sei realmente
dizer por quê. Se as pessoas conhecessem a origem de sua felicidade, minha
pesquisa não faria sentido.

Lugar de ser feliz
A Felicidade Nacional Bruta, um dos objetos de estudo de Ruut Veenhoven, é
a proposta de um país com cerca de 2 milhões de habitantes que quer se
modernizar sem perder de vista a qualidade de vida e o bem-estar da
população. Localizado entre China e Índia, o Butão aos poucos coloca os pés
no avanço tecnológico (em 1999, era o único país do mundo que ainda não via
TV), mas preferiu optar por um índice que tivesse mais a ver com suas
tradições budistas do que com o materialismo ocidental. A Felicidade
Nacional Bruta, que se contrapõe ao Produto Interno Bruto, vai medir o grau
de satisfação dos cidadãos diante de um desenvolvimento socioeconômico
igual para todos.

Sim para a felicidade, não para a ilusão
Ruut Veenhoven levantou alguns mitos relacionados à felicidade que a
ciência já derrubou. Portanto, não alimentar essas ilusões, que são tidas
como verdades, pode aumentar sua satisfação com a vida.
? Vive-se melhor no campo do que na cidade. Para os cientistas, felicidade
não é ter uma casinha e uma colina. A insatisfação com a vida no campo leva
gente de todos os cantos do mundo a migrar para áreas urbanas.
? A sociedade moderna é um poço de infelicidade. Não é verdade, porém os
mais satisfeitos são os que gozam da urbanização, da informatização, da
industrialização e da individualização, condições sociais típicas dos
países mais desenvolvidos.
? Família plena é família com crianças. Casais sem filhos têm uma visão
mais positiva e otimista da vida do que aqueles que deixam herdeiros.
? Quanto mais velho, mais triste. Estudos mostram que a idade não determina
o grau de felicidade, assim como a aposentadoria não é necessariamente um
passaporte para um dia-a-dia sem sentido.

http://bonsfluidos.abril.com.br/livre/edicoes/0060/canal3c/a.shtml

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ECONOMISTAS JAPONESES DEFENDEM ÍNDICE DE
"FELICIDADE NACIONAL BRUTA"

Um grupo de economistas japoneses defendeu recentemente que o seu país
deveria preocupar-se menos com o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB)
e inspirar-se no exemplo do Butão, um pequeno reino dos Himalaias, que mede
o seu progresso com base num outro tipo de indicador: a Felicidade Nacional
Bruta (FNB).
"O Japão tem muito que aprender com o Butão nesta matéria", afirmou
Takayoshi Kusago, ex-economista do Banco Mundial e professor da
Universidade de Osaka, durante o simpósio subordinado a este tema,
organizado em Tóquio no início de Outubro.

Apesar de o PIB do Butão ser de apenas 500 milhões de dólares, quase nove
mil vezes inferior ao do Japão (4,4 mil milhões de dólares), desde 1970 que
o pequeno reino budista se preocupa sobretudo com o crescimento do índice
que mede a felicidade individual dos cidadãos. A "FNB" leva em conta
factores como o desenvolvimento socio-económico duradouro e equitativo, a
preservação do meio ambiente, a conservação e promoção da cultura e a
boa governação.

"Em busca de um modelo de desenvolvimento, o Butão não encontrou qualquer
índice que estivesse de acordo com os valores e aspirações do país,
constatando que o mundo estava dividido entre nações ricas e em nações
pobres", explicou o economista butanês Karma Galay.
Os economistas japoneses admitem que no respeitante ao índice de FNB, os
progressos do Butão são muito superiores aos do Japão, onde a taxa de
suicídio é uma das mais elevadas do mundo e não raramente ocorrem mortes
por excesso de trabalho. Os economistas destacaram ainda o facto de as
crianças do Butão serem praticamente especialistas em questões de meio
ambiente, matéria que, na opinião de Shunichi Murata, professor da
Universidade Kansei Gakuin, é "muito melhor do que se ensina geralmente aos
meninos japoneses".

AFP - In "A Página da Educação", Nov. 2005, pg. 27
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Editorial: Felicidade nacional bruta
http://ultimosegundo.ig.com.br/materias/nytimes/2137001-2137500/2137271/2137271_1.xml

11:16 06/10 The New York Times

Os Estados Unidos são um país feliz? Em julho de 1776, quando Thomas
Jefferson reivindicou a busca da felicidade como um direito humano básico,
pode ter sido a última vez que a felicidade foi oficialmente proposta como
um objetivo nacional.

Mas no Butão, a questão de felicidade nacional ainda está em pauta, graças
ao monarca que insistiu, há quase uma geração, que a felicidade bruta
nacional é mais importante do que o produto nacional bruto.

Um cínico economista pode argumentar que uma nação com o produto nacional
bruto tão pequeno quanto o de Butão pode se dar ao luxo de se preocupar com
a felicidade nacional bruta, e que o melhor jeito de aumentar a FNB é
aumentando o PNB.

Mas essa é uma afirmação não verificada, e há muitas evidências que sugerem
que não é necessariamente verdade. Nosso senso de felicidade é criado por
muitas coisas que não são necessariamente medidas em termos puramente
econômicos, incluindo o senso de comunidade e objetivo, a quantidade e
conteúdo de nosso tempo livre e mesmo nosso senso de estabilidade ecológica
e ambiental do mundo ao nosso redor.

Falar sobre a felicidade nacional bruta pode soar puramente uma utopia, em
parte porque nós fomos ensinados a acreditar que a felicidade é
essencialmente uma emoção pessoal, não um atributo de uma comunidade ou
país.

Mas pensar na felicidade como um quociente de fatores culturais e
ambientais pode nos ajudar a entender a crescente desconexão entre a
prosperidade americana e o senso de bem-estar dos EUA.

Alguns sociólogos se preocupam que o esforço para quantificar a felicidade
possa realmente prejudicar a busca por ela. Mas há um outro jeito de
considerar a questão. O mundo se parece com o que ele é ? como se estivesse
sendo devorado por espécies deploráveis ? em parte por causa das limitadas
suposições econômicas que governam o comportamento das corporações e
nações.

Estas suposições normalmente excluem, por exemplo, os custos dos estragos
ambientais, sociais ou culturais. Uma compreensão mais clara do que deixa
os homens felizes ? não meramente consumidores mais ávidos ou trabalhadores
mais produtivos ? pode ajudar a começar a reformar estas suposições, de
modo que se obtenha um resultado moderado e aprimorado nas vidas que
conduzimos e o mundo onde vivemos.

#EsteVerão

Este Verão ensina-me
a amar as minhas cicatrizes
a enfeitar-me com marcas de estrangulamento no pescoço

Este Verão ensina-me
a fechar à chave a amargura e fico
bem roliça e anafada pareço bem tratada

Este Verão ensina-me
a gritar o bel canto

Este Verão ensina-me
que a solidão descansa
e cresce numa mão

Este Verão ensina-me
a não confundir um corpo disponível
com o desejo de felicidade

Este Verão ensina-me
a ser para cada pedra um espelho de água

Este Verão ensina-me
a amar grandes bolas de sabão e pequenas
antes de rebentarem

Este Verão ensina-me
que tudo sem nós
por si continua

Este Verão ensina-me
um rosto gelado feliz

Este Verão ensina-me
tenho que ser eu a bater no tambor
quando quiser dançar

este Verão ensina-me
a ser sem felicidade sem tristeza por uns
segundos aliada de Deus

Este Verão ensina-me
a acordar de manhã. Grata. Sozinha.

Este Verão ensina-me
que a folha do limoeiro só deita cheiro
quando a desfazemos entre os dedos.

Ulla Hahn

Sent by: Luísa Collaço

quarta-feira, janeiro 25, 2006

#Frases para digerir

"Só se desilude quem se ilude."

"As expectativas matam a liberdade do outro."

"O Amor é de uso pessoal."

"Será que somos como o caracol, com uma armadura e bem protegidos por fora,
mas moles por dentro, sem estrutura, sem esqueleto?"

"O mundo foi feito por Deus, a holanda foi feita por nós." (Ditado
Holandês)

"O que nos espera é o céu, o inferno é para quem quer."

Quando tiveres uma lágrima de tristeza, parte-a ao meio,
Dá-me metade e chorarei contigo.
Quando eu tiver um sorriso de alegria dou-te inteiro só para te ver feliz!

Sent by: Jorge Mayer / Bruno Martinho

#Sonho

Pelo sonho é que vamos,
comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.

Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemo
se ao que é do dia a dia.

Chegamos? Não chegamos?

- Partimos. Vamos. Somos.

Sebastião da Gama

Sent by: Flora Cousso

terça-feira, janeiro 24, 2006

#A mente humana

A MENTE HUMANA E AS SUAS PROGRAMAÇÕES

"Quem pensa em fracassar, já fracassou mesmo antes de tentar".

A mente humana grava e executa tudo que lhe é enviado, seja através
de palavras, pensamentos ou actos, seus ou de terceiros, sejam positivos
ou negativos, basta que sejam aceites. Essa acção sempre acontecerá,
independentemente de trazer ou não resultados positivos para cada um de
nós.

Um cientista de Phoenix (Arizona) quis provar essa teoria. Para
tal precisava de um voluntário que admitisse chegar às últimas
consequências. Acabou por conseguir um numa cadeia estadual: era um
condenado à morte que seria executado na cadeia de St. Louis no estado de
Missouri onde existe a pena de morte.

O cientista propôs-lhe o seguinte: se ele aceitasse participar de
uma experiência científica, podería comutar a sua pena/sentença; para essa
experiência ele tería de aceitar que fosse feito um corte no seu pulso,
corte esse que sería suficientemente profundo para gotejar o seu sangue
até a ultima gota final. Contudo, e porque era uma experiência, ele teria
uma hipótese de sobreviver, caso o sangue coagulasse. Se isso acontecesse,
ele seria libertado, caso contrário, ele iría falecer pela perda do
sangue, porém, teria uma morte sem sofrimento e sem dor.

O condenado aceitou, pois achou que era preferível a morrer na
cadeira eléctrica, e assim ainda teria uma hipótese de sobreviver.

O condenado foi colocado numa cama alta, idêntica às dos
Hospitais, e de seguida amarraram o seu corpo para que ele não se movesse.
Depois de passarem um pouco de desinfectante e éter na pele do braço,
fizeram um pequeno corte no seu pulso e debaixo do pulso, colocaram uma
pequena vasilha de alumínio. Disseram ao condenado que ouviria o gotejar
de seu sangue na vasilha. O corte foi superficial e não atingiu nenhuma
artéria ou veia, mas foi o suficiente para ele sentisse que o seu pulso
fora cortado.

Sem que ele soubesse, debaixo da cama tinha um frasco de soro com
uma pequena válvula. Ao cortarem o pulso, e quando ajeitaram a vasilha,
abriram a válvula do frasco de forma a que ele pingasse o soro sobre a
vasilha para que o condenado acreditasse que era o seu sangue que caía na
vasilha de alumínio.

De 10 em 10 minutos, o cientista, sem que o condenado visse,
fechava um pouco mais a válvula do frasco e o condenado pensava que era o
seu sangue que estava a diminuir. Com o passar do tempo, o condenado
empalideceu e ficou mais fraco. Quando os cientistas fecharam por completo
a válvula, o condenado teve uma paragem cardíaca e faleceu, sem, contudo,
ter perdido sequer uma gota de sangue.

O cientista conseguiu provar que a mente humana cumpre,
rigorosamente, tudo que lhe é enviado e aceita para seu hospedeiro o que
quer que seja, positivo ou negativo, e que a morte pode ser orgânica ou
psíquica, induzida pelo próprio pensamento.

Esta história é um alerta para que aprendamos a filtrar o que
enviamos para a nossa mente, pois ela não distingue a realidade da
fantasia, o certo do errado, etc., simplesmente grava e cumpre o que lhe é
enviado.

Fonte: (adaptado de) Revista "Super Interessante", Julho 2002

Sent by Inês

#Uma Ministra da Familia com sete filhos (Alemanha)

Ursula von der Leyen, 47 anos, é a ministra para a Família no novo
governo alemão, e tem bons predicados para ocupar o cargo: médica e mãe de
sete filhos, conseguiu também fazer carreira na política. Num governo onde
existem quatro mulheres sem filhos, o seu caso chama a atenção. Markus
Wehner entrevistou-a para o "Frankfurter Allgemeine Zeitung" (27-12-2005).
- Na Alemanha, uma ministra com sete filhos é considerada uma provocação.
- Na verdade, os muitos filhos que me foram concedidos são, para algumas
pessoas, uma provocação. Mas há também muitas pessoas que dizem: "Que
bonito que ainda haja alguém a viver essa experiência e ainda por cima com
um cargo político". Alguns comparam a sua situação com a minha e afirmam:
"Nós próprios temos de fazer sacrifícios com um ou dois filhos". A época
mais difícil para o meu marido e para mim foi o início da nossa vida
profissional como médicos jovens no hospital, com turnos nocturnos e
diurnos, com filhos pequenos que precisavam da nossa dedicação, e também
com a inexperiência de jovens pais aliada a rendimentos modestos. Nessa
época, havia alturas em que me sentia realmente desesperada.
- Agora temos no governo quatro mulheres sem filhos e apenas a senhora
ministra contribui para a quota de filhos. Não será isto sinal de que é
difícil conciliar carreira profissional e filhos?
- É certo que temos um governo que reflecte a realidade da Alemanha. Ao
contrário de muitos outros países europeus à nossa volta, na Alemanha, o
facto de não se ter filhos já não é considerado uma carência. Gostaria de
deixar claro que se trata de uma febre cultural. Mas a renúncia a ter
filhos também se transformou, na Alemanha, em requisito para uma brilhante
carreira profissional. E isto constitui um verdadeiro drama.
- A renúncia a ter filhos é o preço que muitas mulheres têm de pagar pela
sua emancipação?
- De forma alguma. Simplesmente ainda não conseguimos harmonizar uma boa
formação e a entrada no mundo laboral com a educação dos filhos. E existe
outro aspecto importante: temos de focar mais a nossa atenção no pai porque
está provado que são os homens, mais que as mulheres, que excluem os filhos
quando planeiam as suas vidas.
- O culto da figura do "solteiro independente" não é também um factor
importante na renúncia aos filhos?
- É verdade que acentuou esta influência. Mas, ao mesmo tempo, algumas
empresas reconhecem que, quando se procuram jovens com uma boa formação, é
necessário também prestar atenção ao desejo dessas pessoas em ter filhos.
As capacidades de liderança - capacidade de trabalho, de organização,
sentido de responsabilidade - adquirem-se fundamentalmente, não na
profissão, mas na família e em cargos não remunerados. Uma empresa que
pretenda fazer surgir personalidades com sentido de liderança mas ao mesmo
tempo humanamente ricas, deverá preocupar-se em que essas pessoas tenham
tempo e lugar para serem também pais ou mães.
- Mas a realidade é outra.
- Tem razão. No entanto, a política também deve fazer a sua parte, criando
uma infra-estrutura variada e flexível que possibilite dar atenção aos
filhos, e procurando que a política económica seja uma ajuda real na etapa
em que se têm os filhos, que é normalmente a mais crítica. Por este motivo,
neste governo de coligação, decidimos conceder especial importância às
famílias jovens, com relevo para um subsídio para os pais a partir de 2007.

ACEPRENSA (tradução para a Aldeia de Lara Gisela Dias)
ACEPRENSA, http://paginasfamilia.no.sapo.pt/ministramae.htm

Sent by: [Povo]

segunda-feira, janeiro 23, 2006

#Médico norueguês admite ter falseado várias investigações sobre cancro da boca

Em várias publicações da especialidade
Médico norueguês admite ter falseado várias investigações sobre cancro da
boca
23.01.2006 - 13h06
http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1245615

Um médico norueguês acusado de ter publicado investigações falsas sobre
cancro da boca na revista "The Lancet" admitiu ter falseado outros artigos
que enviou para várias prestigiadas revistas internacionais.

Jon Sudboe, médico no Centro Oncológico de Oslo, reconheceu ter viciado os
dados não só nos trabalhos que publicou na conhecida revista médica
britânica como noutros dois artigos - um no "The New England Journal of
Medicine" e outro no "The Journal of Clinical Oncology".

"Além do artigo do 'Lancet', [Sudboe] disse que outros dois artigos contêm
informações ou conclusões sem fundamento", declarou o seu advogado, Erling
Lyngtveit, ao jornal "Aftenposten".

Em Outubro passado, o médico afirmou na "Lancet" que o consumo prolongado
de anti-inflamatórios não-esteróides (AINS), como a Aspirina, permitia
prevenir o surgimento do cancro da boca mas aumentava os riscos cardíacos.

Noutro artigo, publicado em Abril de 2004 na revista "The New England
Journal of Medicine", Sudboe dizia que a ablação das primeiras células
cancerosas das cavidades bucais não tinha efeitos na taxa de mortalidade
dos pacientes.

Todavia, reconhece agora que não dispunha de estatísticas relevantes sobre
essa taxa de mortalidade.

Finalmente, em Março de 2005, no "The Journal of Clinical Oncology",
escreveu sobre a possibilidade de determinar se seria possível calcular a
probabilidade de os grandes fumadores contraírem cancro da boca.

Neste caso, admitiu ter inventado o resultado de análises sanguíneas
pretensamente efectuadas em pacientes para saber se eles continuavam a
fumar.

sexta-feira, janeiro 20, 2006

#Ary dos Santos [1937 - m. 18 Janeiro de 1984]

Faz hoje anos que faleceu um grande e interventivo poeta... Aqui ficam dois
pequenos registos, caso não conheçam nada dele:

"Meu amor, meu amor"

Meu amor meu amor
meu corpo em movimento
minha voz à procura
do seu próprio lamento.

Meu limão de amargura meu punhal a escrever
nós parámos o tempo não sabemos morrer
e nascemos nascemos
do nosso entristecer.

Meu amor meu amor
meu nó e sofrimento
minha mó de ternura
minha nau de tormento

este mar não tem cura este céu não tem ar
nós parámos o vento não sabemos nadar
e morremos morremos
devagar devagar.

José Carlos Ary dos Santos

"Queixa e imprecações dum condenado à morte"

Por existir me cegam,
Me estrangulam,
Me julgam,
Me condenam,
Me esfacelam.
Por me sonhar em vez de ser me insultam,
Por não dormir me culpam
E me dão o silêncio por carrasco
E a solidão por cela.
Por lhes falar, proíbem-me as palavras,
Por lhes doer, censuram-me o desejo
E marcam-me o destino a vergastadas
Pois não ousam morder o meu corpo de beijos.

Passo a passo os encontro no caminho
Que os deuses e o sangue me traçaram.
E negando-me, bebem do meu vinho
E roubam um lugar na minha cama
E comem deste pão que as minhas mãos infames amassaram.
Com angústia e com lama.

Passo a passo os encontro no caminho.
Mas eu sigo sozinho!
Dono dos ventos que me arremessaram,
Senhor dos tempos que me destruíram,
Herói dos homens que me derrubaram,
Macho das coisas que me possuíram.

Andando entre eles invento as passadas
Que hão-de em triunfo conduzir-me à morte
E as horas que sei que me estão contadas,
Deslumbram-me e correm, sem que isso me importe.

Sou eu que me chamo nas vozes que oiço,
Sou eu quem se ri nos dentes que ranjo,
Sou eu quem me corto a mim mesmo o pescoço,
Sou eu que sou doido, sou eu que sou anjo.

Sou eu que passeio as correntes e as asas
Por sobre as cidades que vou destruindo,
Sou eu o incêndio que lhes devora as casas,
O ladrão que entra quando estão dormindo.

Sou eu quem de noite lhes perturba o sono,
Lhes frustra o amor, lhes aperta a garganta.
Sou eu que os enforco numa corda de sonho
Que apodrece e cai mal o sol se levanta.

Sou eu quem de dia lhes cicia o tédio,
O tédio que pensam, que bebem e comem,
O tédio de serem sem nenhum remédio
A perfeita imagem do que for um homem.

Sou eu que partindo aos poucos lhes deixo
Uma herança de pragas e animais nocivos.
Sou eu que morrendo lhes segredo o horror
de serem inúteis e ficarem vivos.

Ary dos Santos

Sent by: Flora Cousso

#Adeus

Como se houvesse uma tempestade
escurecendo os teus cabelos
ou, se preferes, a minha boca nos teus olhos
carregada de flor e dos teus dedos;

como se houvesse uma criança cega
aos tropeções dentro de ti,
eu falei em neve, e tu calavas
a voz onde contigo me perdi.

Como se a noite viesse e te levasse,
eu era só fome o que sentia;
digo-te adeus, como se não voltasse
ao país onde o teu corpo principia.

Como se houvesse nuvens sobre nuvens,
e sobre as nuvens mar perfeito
ou, se preferes, a tua boca clara
singrando largamente no meu peito

Eugénio de Andrade

Sent by: Flora Cousso

quinta-feira, janeiro 19, 2006

#Odeà alegria

Alegria folha verde caída da janela,
minúscula claridade recém-nascida,
elefante sonoro,
rutilante moeda,
às vezes pequena faísca,
mas sempre melhor do que isso:
o pão diário,
a esperança satisfeita,
o dever cumprido.
Alegria,
porque fui mal aconselhado,
desprezei-te.
A lua desencaminhou-me.
Os antigos poetas vendaram-me os olhos e junto de cada coisa um halo
sombrio deixei.
Sobre a flor como coroa negra,
sobre a boca amada um triste beijo.
Mas ainda não é tarde.
Deixa que me arrependa.
Pensei apenas que se queimava o meu coração na sarça do tormento,
se a chuva molhava as minhas vestes na comarca roxa do luto,
se fechava os olhos à rosa e bulia na ferida,
se partilhava todas as dores,
eu ajudava, assim, os homens.
Não fui correcto.
Enganei-me no caminho,
mas hoje chamo por ti, alegria.

És necessária como a terra.

És pura como o pão.

Como a água dum rio és sonora.

Voando repartes o mel como uma abelha.

Alegria,
eu fui um jovem taciturno,
achei que a tua cabeleira era escandalosa.

Mas não era verdade,
soube-o quando no meu peito a sua torrente rebentou.

Hoje, alegria,
encontrada na rua,
longe de qualquer livro,
acompanha-me:

contigo quero ir de casa em casa,
de aldeia em aldeia,
de bandeira em bandeira.
Tu não és só para mim.
Iremos às ilhas e aos mares.
Iremos às minas e aos bosques.

E nem só os solitários lenhadores as pobres lavadeiras
ou os agrestes, veneráveis canteiros,
me hão-de receber com os teus frutos,
mas também os congregados,
os reunidos,
o sindicatos marítimos ou madeireiros,
os valentes rapazes em luta.

Ir pelo mundo contigo!
Com o meu canto!
Com o voo entreaberto da estrela,
e com o júbilo da espuma!

Com todos cumprirei o prometido porque a todos devo a minha alegria.
E ninguém fique surpreendido por eu querer entregar aos homens
os bens da terra pois lutando aprendi que é meu dever terrestre propagar a
alegria.
Assim, cumpro o meu destino com o meu canto.

PABLO NERUDA
(de Odes Elementares, tradução de Luís Pignatelli, publicações Dom Quixote,
1977; 2ª ed.: 1998)

In: http://ruialme.blogspot.com/

quarta-feira, janeiro 18, 2006

#Portugal dos Pequeninos

"Somos pequeninos, e gostamos disso. É assim que somos. Cada um de nós vive
numa bolha Actimel que lhe sacode o "próximo" dos ombros."
"Temos a boa educação a espreguiçar-se no bolso de trás das calças."
"Todos temos os nossos problemas, doa a quem doer. Se repararem bem, ter
civismo e boa educação, ainda não se paga. Há-de lá chegar, mas enquanto
chega e não chega, aproveitem. Pode ser a melhor coisa que fazem por quem
tropeçar nos vossos olhos.
Para compensar tudo isto, tomamos medidas, e tornamo-nos irreverentes
conformistas. Dos que arrepanham um estalo num lado da face e passam Nivea
na outra, para preparar o que aí vier. E revoltamo-nos... mas por acabar o
Nivea.
Somos directos e fortes, mas nas mesas de café. Aí, mudamos o mundo.
Elegemos presidentes, rasgamos as costas dos amigos, acendemos promessas de
murros e contra-murros nas montras do "ai se fosse comigo...". Mas
recolhida essa mesa, somos, uma vez mais, pequeninos. Engolimos tudo,
fazemos a digestão e abraçamos o amigo das costas rasgadas. Mas fechamos os
olhos, que a carne ainda está ali bem viva.
Somos inertes. Queremos que o mundo mude, mas pela mão do outro, "que hoje
não me ficava em caminho".
Para a próxima passem Nivea e dêem a outra face, mas à vossa mão.
E já agora, vasculhem o bolso de trás das calças.

Acordem."

Bruno Nogueira

Sent by: Rita Silva

terça-feira, janeiro 17, 2006

#O valor...

"O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade
com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas
inexplicáveis, e pessoas incomparáveis."
Fernando Pessoa

"Os pobres que buscamos podem morar perto ou longe de nós. Podem ser
material ou espiritualmente pobres. Podem estar famintos de pão ou de
amizade. Podem precisar de roupas ou do senso de riqueza que o amor de Deus
representa para eles. Podem precisar do abrigo de uma casa feita de tijolos
e cimento ou da confiança de possuírem um lugar em nossos corações."
Madre Teresa de Calcutá

segunda-feira, janeiro 16, 2006

#O mundo de hoje...

Ariel Sharon abriu os olhos por alguns segundos

16.01.2006 - 12h34
http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1244873

O primeiro-ministro israelita, Ariel Sharon, abriu hoje os olhos por alguns
segundos, avançam os médicos que o acompanham no hospital Hadassah Ein
Kerem, em Jerusálem.

"Ele ouviu uma gravação do filho mais novo e vimos lágrimas nos seus
olhos", disse à AFP, sob a condição de anonimato, um dos médicos da equipa
que está a acompanhar Sharon.

Outra fonte médica confirmou que Sharon abriu os olhos por alguns segundos.

Contactado pela AFP, Yael Bossem Lévy, um porta-voz do hospital, afirmou
também que o chefe de Estado pestanejou, mas referiu que esse
"comportamento não tem um significado médico muito imporante". "Apenas os
membros da sua família testemunharam", afirmou.

Segundo o site do diário "Yédiot Aharonot", Sharon abriu os olhos por duas
vezes.

#Prosa sem tempo

QUANDO ME AMEI DE VERDADE
Charles Chaplin

Quando me amei de verdade, compreendi que, em qualquer circunstância, eu
estava no lugar certo, na hora certa, no momento exato.
Então, pude relaxar.
Hoje, sei que isso tem nome ... auto-estima.

Quando me amei de verdade, pude perceber que minha angústia, meu
sofrimento emocional, não passa de um sinal de que estou indo contra
minhas verdades.
Hoje, sei que isso é... autenticidade.

Quando me amei de verdade, parei de desejar que minha vida fosse diferente
e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento.
Hoje, chamo isso de ..... amadurecimento.

Quando me amei de verdade, comecei a perceber como é ofensivo tentar
forçar alguma situação ou alguém apenas para realizar aquilo que desejo,
mesmo sabendo que não é o momento ou a pessoa não está preparada,
inclusive eu mesmo.
Hoje, sei que o nome disso é... respeito.

Quando me amei de verdade, comecei a me livrar de tudo que não fosse
saudável, pessoas, tarefas, tudo e qualquer coisa que me pusesse para
baixo.
De início, minha razão chamou essa atitude de egoísmo.
Hoje sei que se chama... amor-próprio.

Quando me amei de verdade, deixei de temer meu tempo livre e desisti de
fazer grandes planos, abandonei os projetos megalômanos de futuro.
Agora, faço o que acho certo, o que gosto, quando quero e no meu próprio
ritmo.
Hoje sei que isso é... simplicidade.

Quando me amei de verdade, desisti de querer ter sempre razão e, com isso,
errei menos vezes.
Hoje, descobri a... humildade.

Quando me amei de verdade, desisti de ficar revivendo o passado e de me
preocupar com o futuro. Agora, me mantenho no presente, que é quando a
vida acontece.
Hoje, vivo um dia de cada vez.
Isso é... plenitude.

Quando me amei de verdade, percebi que minha mente pode me atormentar e me
decepcionar. Mas quando eu a coloco a serviço do meu coração, ela se torna
uma grande e valiosa aliada.
Tudo isso é... saber viver!

"Não devemos ter medo dos confrontos.
Até os planetas se chocam
e do caos nascem as estrelas."

Sent by: Maria Rita Correia

sexta-feira, janeiro 13, 2006

Aceh - Datragédia vem a paz esquecida

Mais um passo para a concretização do acordo de paz
Forças de segurança indonésias iniciam retirada de Aceh
29.12.2005 - 12h30
http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1243191&idCanal=18

As forças de segurança da Indonésia concretizaram hoje a retirada da
província de Aceh conforme o acordo de paz assinado no dia 15 de Agosto em
Helsínquia, avança um porta-voz da Missão Internacional de Observação da
Paz (AMM) liderada pela UE.

?Os soldados vão partir (...) é a última fase da retirada?, disse à AFP
Faye Belnis, precisando que as tropas do Governo devem deixar a província,
de barco, durante o dia de hoje.

Segundo o acordo de paz, todos os efectivos (militares e polícias)
exteriores a Aceh devem partir antes do dia 31 de Dezembro de 2005.

Esta retirada ? no total, mais de 25 mil homens desde Setembro ? acontece
dois dias depois de os antigos rebeldes independentistas do Movimento de
Aceh Livre (GAM) terem anunciado a dissolução das suas forças armadas.

Por seu lado, os rebeldes tinham depositado as suas últimas armas, no dia
19 de Dezembro, sob o controlo de observadores internacionais.

Segundo a porta-voz da AMM, o número exacto de tropas que vão deixar hoje a
província é incerto, mas deve situar-se nos 2500 efectivos, segundo o
comandante militar indonésio. Cerca de dois mil polícias habitualmente
destacados em redor de Aceh devem partir no sábado, segundo a mesma fonte.

O acordo de Helsínquia só foi possível por causa da tragédia provocada pelo
tsunami de 26 de Dezembro do ano passado, que impôs a abertura desta região
às agências humanitárias estrangeiras. A província de Aceh estava
praticamente inacessível e era palco de uma guerra violenta esquecida pela
opinião pública mundial.

#O milagrediário

"Philosophers have explained space. They have not explained time.
It is the inexplicable raw material of everything. With it, all is
possible; without it, nothing. The supply of time is truly a daily miracle,
an affair genuinely astonishing when one examines it. You wake up in the
morning, and lo! your purse is magically filled with twenty-four hours of
the unmanufactured tissue of the universe of your life! It is yours.
It is the most precious of possessions. A highly singular commodity,
showered upon you in a manner as singular as the commodity itself! For
remark! No one can take it from you. It is unstealable. And no one receives
either more or less than you receive. Talk about an ideal democracy! In the
realm of time there is no aristocracy of wealth, and no aristocracy of
intellect. Genius is never rewarded by even an extra hour a day. And there
is no punishment. Waste your infinitely precious commodity as much as you
will, and the supply will never be withheld from you."

Bennett, Arnold

Sent by: Ana Rita Silva

quinta-feira, janeiro 12, 2006

#Sabedoria popular

"Todas as pessoas querem viver durante muito tempo, mas ninguém quer ser
apelidado de velho". Provérbio finlandês

"Mesmo que tenhas muito sal em casa não deves cozinhar a tua comida
demasiado salgada".
Provérvio basco

"Espera até que seja noite antes de exclamares que foi um bom dia!".
Provérbio francês

"O cão que está sempre a ladrar recebe pouca atenção".
Provérbio argentino

"Estar apaixonado é sentir o Sol dos dois lados".
Provérbio finlandês

Sent by: Mónica Claro

#É urgente

É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.

Eugénio de Andrade

Sent by: Luisa Cardoso

#Magia das coisas...

Alguém me disse um dia,
Que passamos a vida
A arrancar a magia das coisas.

Mas o que eu acho é que a magia foge sozinha.
Vive desesperada
De dia confunde-se com tudo
De noite transforma-se em nada
Ela também tem direito de se sentir cansada,
Perdida, falhada.
Mas é magia
E sem ela o mundo acaba?

Podemos falar do seu nome baixinho
Ou gritar bem alto
Falar dela a alguém com ar sério
Ou usá-la para fazer sorrir
Podemos escondê-la na palma da mão
Soltá-la na areia
Podemos metê-la num bolso vizinho
Guardar metade no nosso
Dá-la inteira
Podemos tapar os olhos
E não pensar mais nela

Mas magia não é coisa
Não é grão de areia
Não se espreme
Não se solta
Não se sente
Não se chateia
A magia não se guarda
Nem metade, nem inteira
Tem vida própria
Tem manias?não é fácil?
?.sorrateira.

É ela quem dorme na esquina da casa,
Nas tábuas de outros
Debaixo da ponte?
É ela que come das mãos alheias
É ela quem bebe dos restos da fonte

A magia
Brilha no escuro
Deseja ser vista
Faz-se luz
Vive escondida,
Olha para fora?desconfiada
Quer ser falada?sentida
Quer falar e ser amada

É afinal mais que magia?
Calada ?vivida?.cantada
Sofrida?triste?perdida
Talvez exista só para ser contemplada?
Talvez exista apenas para fazer parte da vida.

?Deus cuida dos pobres através de nós.? (Madre Teresa de Calcutá)
Ele dá-nos a força e a luz?para que no lugar de
pobres?famintos?desesperados?sem abrigo?possamos sentir a magia de todas as
coisas?e é esta magia que nos pede sempre para voltar.

Joana Simões

sexta-feira, janeiro 06, 2006

#Momento de poesia

"Se me ponho a trabalhar
e escrevo ou desenho,
logo me sinto tão atrasado
no que devo à eternidade,
que começo a empurrar pra diante o tempo
e empurro-o, empurro-o à bruta
como empurra um atrasado,
até que cansado me julgo satisfeito;
e o efeito da fadiga
é muito igual à ilusão da satisfação!
Em troca, se vou passear por aí
sou tão inteligente a ver tudo o que não é comigo,
compreendo tão bem o que não me diz respeito,
sinto-me tão chefe do que é fora de mim,
dou conselhos tão bíblicos aos aflitos
de uma aflição que não é a minha,
dou-me tão perfeitamente conta do que
se passa fora da minhas muralhas
como sou cego ao ler-me ao espelho,
que, sinceramente não sei qual
seja melhor,
se estar sozinho em casa a dar à manivela do mundo,
se ir por aí a ser o rei invisível de tudo o que não é meu".

Almada Negreiros, de 1941

Sent by: Mónica Claro

#Carta a Diogneto

Um texto interessante do séc. II

"Os cristãos não se distinguem dos outros homens nem pela pátria, nem pela
língua, nem por um género de vida especial.Efectivamente, eles não têm
cidades próprias, não usam uma linguagem peculiar e a sua vida nada tem de
excêntrico. A sua doutrina não procede da imaginação fantasista de
espíritos exaltados, nem se apoiam, como outros, em qualquer teoria
simplesmente humana.Vivem em cidades gregas ou bárbaras, segundo as
circunstâncias de cada um e seguem costumes da terra, quer no modo de
vestir, quer nos alimentos que tomam, quer em outros usos; mas a sua
maneira de viver é sempre admirável e passa aos olhos de todos por um
prodígio. Cada qual habita a sua pátria, mas vivem todos como de passagem;
em tudo participam como os outros cidadãos, mas tudo suportam como se não
tivessem pátria. Toda a terra estrangeira é sua pátria e toda a pátria lhes
é estrangeira. Casam-se como toda a gente e criam os seus filhos, mas não
se desfazem dos recém-gerados.São de carne, mas não vivem segundo a carne.
Habitam a terra, mas a sua cidade é o Céu. Obedecem às leis estabelecidas,
mas pelo seu modo de vida superam as leis. Amam toda a gente e muitos os
perseguem. São pobres e enriquecem os outros; tudo lhes falta e tudo lhes
sobra. São desprezados, mas no desprezo encontram a sua glória; são
caluniados, mas transparece o testemunho da sua justiça. Amaldiçoam-nos e
eles abençoam. Sofrem afrontas e pagam com honras.Numa palavra: Os cristãos
são no mundo o que a alma é no corpo. A alma encontra-se em todos os
membros do corpo; os cristãos estão em todas as cidades do mundo. A alma
habita no corpo, mas não provém do corpo; os cristãos habitam no mundo, mas
não são do mundo.A alma ama o corpo e os seus membros, mas o corpo odeia a
alma; e os cristãos amam aqueles que os odeiam. A alma está encerrada no
corpo, mas contém o corpo; os cristãos encontram-se detidos no mundo como
um cárcere, mas são eles que sustêm o mundo.A alma imortal habita numa
tenda mortal; os cristãos vivem como peregrinos em mo­radas corruptíveis,
esperando a incorrupti­bilidade dos Céus.A alma aperfeiçoa-se com a
mortificação na comida e na bebida; os cristãos, constan­temente
mortificados, multiplicam-se cada vez mais.Tão nobre é o posto que Deus
lhes assinalou, que não lhes é possível desertar!" (Da Epístola a Diogneto,
Século II)

Sent by: Jorge Mayer

quarta-feira, janeiro 04, 2006

#Consequências da meritocracia

Quanto mais queremos, mais desesperamos. A meritocracia gera uma
insatisfação insaciável que acabará por arrasar o mais leve traço de
humanidade. O que não deixa de ser uma lástima. Se as pessoas voltassem a
ler os clássicos, sobretudo Montaigne, saberiam que o fim último da vida
não é a excelência. Mas a felicidade!"

Anónimo

Sent by: Bruno Martinho

terça-feira, janeiro 03, 2006

#Solidão

A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a dor do ser que
se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da
vida humana.

A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si
mesmo,
o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de
socorro.

O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e
ferir-se,
o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse queima como uma
lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a
angústia do mundo que o reflete. Ele é o que se recusa às verdadeiras
fontes de emoção, as que são o patrimônio de todos, e, encerrado em seu
duro privilégio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre.

Vinicius de Morais

Sent by: Maria Luisa Cardoso

segunda-feira, janeiro 02, 2006

#O tesouro

Quando houver cansaço,
descansa na alegria do teu segredo.
Quando estiveres triste,
lembra o tesouro lindo que vivencias.
Quando te aborrecerem, perdoa-lhes:
eles não têm a tua riqueza.
Quando tiveres vontade de chorar,
eu quero ouvir-te.
Quando te apetecer gritar,
sintoniza baixinho a música da amizade
...é linda!
Quando estiveres saturada,
sim eu estou à tua espera.
Nessa altura não te esqueças do teu tesouro.
Quando a alegria te invadir,
aproveita para a pôres ao serviço.
Sairá um trabalho maravilhoso!

A.R.L.

Sent by: Mónica Claro

#E por vezes

E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos E por vezes

encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes

ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos

E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se envolam tantos anos.

David Mourão Ferreira

Sent by: Maria Luisa Cardoso