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PENSANTES

Outros pensamentos, ideias e palavras que nos fazem pensar...

sexta-feira, novembro 30, 2012

# Ritmo de desflorestação da Amazónia caiu 76% desde 2005

http://www.publico.pt/ecosfera/noticia/desflorestacao-da-amazonia-cai-para-novo-minimo-historico-1575276#/0
Desflorestação da Amazónia cai para novo mínimo histórico
Ricardo Garcia 28/11/2012 - 10:36

O ritmo de desflorestação da Amazónia caiu 76% desde 2005. Área
destruída no último ano equivale à do pior ano de incêndios florestais
em Portugal.

Área da Amazónia destruída em 2011/12 equivale à do pior ano de
incêndios em Portugal

A desflorestação da Amazónia baixou para o seu menor nível desde 1988,
quando começou a ser feita uma monitorização regular por satélites. A
superfície destruída entre Agosto de 2011 e Julho de 2012 foi de 4656
quilómetros quadrados, o que equivale aproximadamente à área ardida em
Portugal em 2003, o pior ano de incêndios florestais no país.

Houve uma redução de 27% em relação ao ano anterior, em que o abate de
árvores tinha também chegado a um recorde mínimo, 6418 quilómetros
quadrados.

Os dados oficiais foram divulgados terça-feira pelo Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (INPE), a agência brasileira que acompanha a
evolução da desflorestação da Amazónia a partir de imagens de
satélites. O INPE possui dois sistemas de monitorização: o DETER, que
dá uma imagem mais imediata ao longo do ano, de modo a detectar sinais
de alerta, e o PRODES, que faz um retrato mais detalhado no final de
cada época. Os números agora divulgados são os do PRODES.

Os resultados surgem num momento em que a comunidade internacional
discute novos passos a dar na luta contra o aquecimento global, na
conferência climática anual das Nações Unidas, em Doha, Qatar. "Ouso
dizer que esta é a única boa notícia ambiental que o planeta teve
neste ano do ponto de vista de mudanças do clima", disse a ministra
brasileira do Ambiente, Izabella Teixeira, ao apresentar os resultados
em Brasília.

Há três anos, o Brasil assumiu o compromisso voluntário de reduzir em
36% o aumento das suas emissões de CO2 até 2020, em comparação o que
seria expectável. Uma grande fatia deste esforço seria, nos planos do
Governo, atingida com uma descida de 80% do nível de desflorestação,
em relação a 2005. Neste momento, já houve uma redução de 76%.

"Podemos mostrar em Doha que estamos a fazer a nossa parte para
reduzir emissões", continuou Izabella Teixeira. "O mundo deve
encontrar urgentemente uma solução para a questão das alterações
climáticas", acrescentou.


Cultura da soja

Nem tudo são, porém, boas notícias. Apesar da diminuição da área
desflorestada em geral, houve um aumento em três dos nove estados
brasileiros da chamada Amazónia legal: Acre (10% ), Amazonas (29%) e
Tocantins (33%). Já nos estados onde a floresta está a desaparecer em
maior superfície, houve grandes descidas. No Mato Grosso e no Pará,
que representam metade da área desflorestada em 2011/12 e dois terços
desde 1988, o ritmo abrandou 31% e 44% respectivamente. É sobretudo
nestes estados, e também em Rondónia, que a cultura da soja mais tem
avançado sobre a floresta nas últimas duas décadas.

O ritmo de destruição da Amazónia tem vindo a cair desde 2004, quando
desapareceram quase 28 mil quilómetros quadrados da mancha florestal.

Dados mais recentes, já do terceiro trimestre de 2012, lançaram a
preocupação de que esteja a haver uma nova subida. Entre Agosto e
Outubro de 2012, as árvores desapareceram de 1152 quilómetros
quadrados, um aumento de 125% em relação ao mesmo período de 2011,
segundo a organização não-governamental Imazon, que tem o seu próprio
sistema de monitorização.

quarta-feira, novembro 28, 2012

# "A Internet mudou a nossa percepção do tempo" Nicholas Carr

http://www.publico.pt/tecnologia/noticia/a-internet-mudou-a-nossa-percepcao-do-tempo-1573458

Nicholas Carr, finalista do Pulitzer, tem sido um crítico dos efeitos
da Internet no nosso cérebro. Diz que a velocidade e bombardeamento de
informação constante está a fazer-nos perder a capacidade de
concentração e a tornar-nos menos reflexivos. Quinta e última
entrevista da série sobre a Internet.


O livro de Nicholas Carr The Shallows: What the Internet Is Doing to
Our Brains, foi finalista dos prémios Pulitzer de não-ficção. Como o
título indica, centra-se no impacto da Internet no nosso cérebro e nos
efeitos perversos do seu lado distractivo, errático e rápido.

Este é um tema a que se tem dedicado e que o levou a escrever um
ensaio amplamente divulgado no meio, "Is Google making us stupid?"
(pode ler-se na edição online da revista The Atlantic), onde relata a
sua experiência de leitura pós Internet e os efeitos na memória e
concentração. Autor ainda deThe Big Switch: Rewiring the World, from
Edison to Google (2008) e deDoes IT Matter? (2004), tem debatido o seu
ponto de vista em várias universidades pelo mundo.

O que é que o surpreendeu mais no avanço da Internet desde que a começou a usar?

O mais surpreendente foi a transformação de um meio de informação para
um meio de mensagens – particularmente nos últimos anos, as pessoas
tendem a usar a tecnologia para trocar mensagens pessoais, mais do que
para procurar informação.

Desde o princípio que o email foi uma parte importante da Internet,
mas aweb era mais usada para a visita a páginas, para encontrar
informação e explorar assuntos. À medida que usamos mais as redes
sociais, a Internet torna-se mais num meio para enviar e receber
mensagens. Não esperava que o uso da tecnologia mudasse tão
drasticamente.

E como é que esse aumento na troca de mensagens afecta a forma como
interagimos e pensamos?

A forma como a Internet se desenvolveu tornou-a mais distractiva,
exigindo às pessoas que retenham constantemente pequenas partes de
informação e que monitorizem pequenas correntes de informação. Uma das
grandes mudanças nos últimos anos, com o advento de novas redes como o
Facebook e o Twitter, e isso combinado com o aparecimento dos
smartphones e dos pequenos computadores, é que a forma como a Internet
funciona mudou. Portanto, passámos do modelo de ir a uma página web
ver o que tinha para oferecer para o modelo de informação que está a
correr constantemente e que aparece de vários sítios: do sms, do
email, das actualizações do Facebook e dos tweets. Isso encorajou as
pessoas a aceitar interrupções constantes, a fazer várias coisas ao
mesmo tempo. Perdemos a capacidade de afastar as distracções e de
sermos pensadores atentos, de nos concentrarmos no nosso raciocínio,
ou seja, a forma como a tecnologia evoluiu nos últimos anos tornou-se
mais distractiva; encoraja uma forma de pensar que é a de passar os
olhos pela informação e desencoraja um pensamento mais atento.

A geração que cresceu entre o mundo analógico e o digital está entre
essas duas formas de pensar e agir, mas quem é "nativo digital" está
já imerso nessa realidade multitasking [de tarefas múltiplas] e
distractiva que descreve. Isto não é mais uma mudança do que
propriamente uma perda na forma como essa geração pensa?

Não estou convencido de que exista essa separação clara e definida
entre uma geração e outra, a dos "nativos digitais" e a dos
"imigrantes digitais". A tecnologia é usada por mais velhos e mais
novos e os efeitos tendem a ser os mesmos para a maioria. A diferença
é que quanto mais cedo se está imerso na tecnologia – e é verdade que
a tecnologia está a ser usada por pessoas cada vez mais novas –,
maiores serão os efeitos na forma como aprendem a pensar. Uma das
coisas que se sabem é que as grandes mudanças no nosso cérebro
acontecem quando somos novos. Portanto, se as crianças estão imersas
numa tecnologia que encoraja o multitasking e o pensamento
distractivo, vão adaptar-se a isso e infelizmente não vão ter a
oportunidade ou o incentivo para desenvolver modos de pensar mais
contemplativos e reflexivos. Há o mito de que os "nativos digitais"
não sofrem os efeitos das novas tecnologias, porque se adaptam desde
cedo. Acontece que isso é completamente errado, são bastante
influenciados pelos aspectos positivos e negativos da tecnologia,
porque ela marca a forma como pensam desde o princípio.

Como é que imagina as principais mudanças na forma de pensar desta
geração daqui a dez anos?

As conexões do nosso cérebro formam-se durante esse período em que
lançamos as fundações do nosso modo de raciocinar que perdura o resto
das nossas vidas. Se a maior parte da nossa experiência se centra em
olhar para um ecrã, em particular um ecrã de computador, que encoraja
mudanças rápidas na nossa atenção, o multitaskinge a atenção
repartida, então esse passa o ser o modo como optimizamos o nosso
cérebro para agir – treinamo-nos a nós próprios para pensar dessa
forma. Por outro lado, se não dermos oportunidade para desenvolver
outros modos de pensar mais atentos que requerem concentração – o tipo
de pensamento que é encorajado, por exemplo, por um livro impresso,
porque não há mais nada além das páginas –, isso vai influenciar a
forma como pensamos e mais especificamente a estrutura do nosso
cérebro. Essencialmente, estamos a fazer uma escolha ao disponibilizar
a tecnologia para crianças cada vez mais novas, estamos a fazer com
que elas pensem de uma forma que diria superficial, dando informação a
toda a hora, dividindo a sua atenção. Não penso que isto seja a
primeira vez que isto acontece com a tecnologia, mas a sociedade devia
fazer julgamentos sobre a forma como usamos as nossas mentes baseados
no que a tecnologia tem de bom e de mau.

No seu livroThe Shallows: What the Internet Is Doing to Our Brains fez
uma analogia sobre as novas ferramentas com os mapas, que
transformaram a nossa noção de tempo e de espaço, e, por exemplo, o
relógio mecânico, que na altura também transformou a nossa noção do
tempo. Porque acha que a Internet tem mais influência na nossa forma
de pensar do que os mapas ou relógios tiveram na altura?

Acho que os mapas e os relógios não influenciaram completamente a
forma como pensamos, eles encorajam modos de pensar mais abstractos
sobre o mundo, mudaram a nossa percepção do espaço e de tempo. Olhando
para a Internet e para os computadores em geral: nunca tivemos
tecnologia que usássemos tão intensamente durante todo o dia, cada vez
mais pessoas usam smartphones. Que modos de pensamento a tecnologia
incentiva e que modos de pensamento desincentiva? Como disse, encoraja
um modelo de pensamento mais disperso e desencoraja um pensamento mais
atento. Algumas pessoas podem dizer que o pensamento mais tranquilo,
contemplativo, não é muito importante, que deveríamos tornar-nos mais
superficiais e obter informação mais rapidamente. Há outras pessoas,
como eu, que defendem que há certos aspectos da mente humana a que só
temos acesso quando prestamos atenção. Há provas de que a atenção é
crucial para a formação de memória, para o pensamento crítico e
conceptual e, por isso, essas formas de pensar são extremamente
importantes para aproveitar todo o potencial da mente humana.

Falando da memória a longo prazo, uma das coisas que os aparelhos nos
permitem fazer – o computador, o email, o telemóvel – é documentar e
arquivar as nossas conversas, relações, muito mais do que antes. Como
acha que a nossa relação com o passado vai ser afectada por isso?

Não tenho a certeza de que vá afectar o nosso passado. As pessoas
tiraram fotografias, e mais recentemente fizeram vídeos, e uma das
coisas que sabemos é que, quando estamos a registar estas coisas,
achamos que é muito importante, mas depois na verdade não olhamos para
elas, achamos um pouco chato revisitar as coisas do nosso passado. É
verdade que o Facebook e outros meios nos permitem armazenar mais
informações e imagens sobre a nossa vida, mas não tenho a certeza de
que as pessoas passem, de facto, muito tempo a olhar para elas….

Ter acesso imediato a factos, à informação e às nossas interacções
parece influenciar o modo como formamos memórias. Há estudos que
mostram que quanto mais se acredita que se vai encontrar algo através
do Google, menos provável é que nos lembremos disso. Não há nada de
errado nisso, sempre houve livros. O perigo aqui é que algumas pessoas
pensem que, se tudo estiver disponívelonline, não temos de nos lembrar
de nada, não temos de ter essa informação pessoal na nossa memória a
longo prazo. A questão é que a memória pessoal é diferente daquilo que
está online. Muita da riqueza do nosso pensamento vem da nossa
capacidade de deslocar informação – factos, emoções – da nossa memória
de curto prazo para a nossa memória a longo prazo. É através desse
processo – daquilo a que os psicólogos chamam "consolidação da
memória" – que ligamos aquilo que sabemos, aquilo que aprendemos, a
nossa experiência com outros factos e experiências. E são essas
conexões, essas conexões pessoais que fazemos entre toda a informação
que está na nossa memória, que nos permitem pensar conceptualmente, ir
além dos pequenos bocados de informação e factos que os computadores
fornecem e formar um conhecimento pessoal único – o que na verdade
desenvolve o eu pessoal. Por isso, há o perigo de confundirmos os
dados de computador e que estão onlinecom memória pessoal, que são
coisas diferentes e desempenham papéis diferentes. Mas se sacrificamos
a nossa memória pessoal porque acreditamos que podemos encontrar tudo
online, então perdemos a base do nosso pensamento mais profundo.

Hoje a Internet, como observa, está refém da velocidade e da
"alimentação" constante. Como é que os media podem tirar vantagens de
outro tipo de velocidade da Internet?

Uma das coisas mais interessantes que a Internet está a mudar é a
nossa percepção do tempo – está a fazer-nos esperar por respostas e
informação muito rápidas e a treinar-nos para que, cada vez que
clicamos num link, termos informação no segundo seguinte. Quando
enviamos um sms, um email, esperamos uma resposta muito rápida. Esta
mudança da forma como percepcionamos o tempo e a nossa necessidade de
resposta imediata influencia definitivamente a forma como usamos os
media em geral. Esperamos muito mais estímulos e respostas muito mais
rápidas do que as que tivemos no passado. Por um lado, há muitas
coisas boas nisso. Por outro, isso desafia as organizações dedicadas a
notícias. A distinção na qualidade, nas fontes de informação torna-se
cada vez menos importante, porque as pessoas apenas querem muita coisa
e rapidamente – e torna-se difícil para as empresas demedia se
distinguirem umas das outras e dizerem às pessoas para abrandar e
passarem mais tempo em cada coisa que publicam. Não sei como é que a
indústria dos media se vai adaptar e fazer a transição, porque ainda
estamos no meio do processo.

Disse concordar com os críticos do Facebook e do Twitter que vêem
estas redes sociais como meios para satisfazer a nossa vaidade e
necessidade de auto-expressão. Como é que responde a outra corrente
que as descreve como um bem valioso que mobiliza pessoas e produz
conteúdo, tirando vantagem das pessoas que têm tempo livre para
fazerem coisas a favor da comunidade?

Concordo com muitos desses argumentos. Uma das coisas boas da Internet
é que permite às pessoas expressarem-se de mais formas do que no
passado. Não sou contra a auto-expressão. O que acontece,
particularmente com o Facebook, é que se tornou menos sobre
auto-expressão profunda e tornou-se mais uma gestão de imagem,
auto-promoção, é a ansiedade de estar constantemente em conversa e a
actualizar o perfil. De alguma maneira somos tão puxados pela nossa
auto-imagem que estas ferramentas nos incentivam a pensar na forma
como nos apresentamos a nós próprios, como se fôssemos uma criação
mediática a toda a hora. E isso pode interferir com uma auto-expressão
profunda. Mas cada rede é diferente – a forma como evoluíram fez com
que se tivessem tornado mais uma auto-expressão rápida do que
profunda.

Ainda é crítico de projectos como a Wikipédia?

Quando escrevi isso em 2005, a Wikipédia não era especialmente boa,
embora recebesse já todo o tipo de elogios. Mas tenho de reconhecer
que se tornou muito melhor. Em muitos aspectos é uma produção incrível
de pessoas que se interessam por democratizar a informação. Melhorou e
desempenha um papel muito importante de distribuição de informação
grátis para pessoas que, de outro modo, teriam dificuldade em chegar a
ela. Acho que há sempre o perigo de se tornar a única fonte de
informação, em vez de ser apenas o ponto de partida.

# Irredutíveis

Pedro Lomba
Público 27/11/2012

Tenho alguma dificuldade em perceber aqueles que dedicam o seu tempo a
censurar as empresas "rentistas" e monopolistas do regime, mas não
dizem uma palavra quando o assunto atinge outras classes de
"rentistas" e "monopolistas", profissionais de que se sentem próximos
por motivos ideológicos. O monopólio, ou melhor, a isenção de uma
actividade inteira à livre concorrência, tanto pode afectar uma
empresa extractiva como uma classe profissional.
Tomemos o caso dos estivadores que tanto têm dado nas vistas nos
últimos meses com greves consecutivas nalguns portos do país. Governo,
trabalhadores portuários e UGT chegaram a acordo a 12 de Setembro. Mas
alguns sindicatos de estivadores, ligados à CGTP, rejeitaram mudanças
no trabalho portuário. Uma parte deles, cerca de 400, continua em
greve contra as alterações que, com a cobertura da troika, o Governo e
parceiros sociais definiram para o trabalho portuário. Os estivadores
insistem e fizeram ontem mais um pré-anúncio de greve.
Vistos de fora, os estivadores parecem um grupo desaustinado e, como
dizem os jornais, "irredutível". Mas por que é que os estivadores
permanecem "irredutíveis"? Basta pesquisar um pouco sobre a situação
do trabalho portuário para perceber a origem dessa irredutibilidade.
Para começar, o contrato de trabalho portuário impõe a posse de
carteira profissional ao trabalhador portuário. A liberdade contratual
é aqui uma ficção. Na prática qualquer contratação fica nas mãos dos
sindicatos. Esta transformação dos sindicatos dos estivadores em quase
ordens é também responsável pelo regime exclusivista com que as
actividades de movimentação de cargas são definidas. Toda e qualquer
actividade relativa às mercadorias (por exemplo, o controlo das
entradas e saídas) está abrangida pela definição legal das
movimentações de cargas.
Em terceiro lugar, os sindicatos de estivadores conseguiram
disciplinar a organização do trabalho beneficiando por sistema a
antiguidade do trabalhador. A forma como está organizado o trabalho
portuário implica a prioridade em "chamar ao trabalho" os estivadores
"históricos", todos contratados antes de 1993 e todos no topo das suas
carreiras. Só depois se pode passar para os estivadores posteriores a
1993. Passa-se o mesmo com os turnos. No essencial, o trabalho
portuário acaba por ser pago em regime de trabalho suplementar. O
sistema de prioridades assegura aos trabalhadores mais antigos serem
chamados para todos os turnos, permitindo-lhes uma acumulação de mais
de 1500 horas por ano em trabalho suplementar remunerado.
É a este regime inconcebivelmente intervencionista que se chama, na
linguagem dos especialistas, a "factura portuária". O esquema das
horas suplementares, das prioridades no trabalho e as limitações à
entrada de novos trabalhadores sem a carteira tornaram o trabalho
portuário uma absoluta excepção entre excepções. Resta que estas
regras nem resultam da lei, mas de convenções colectivas de trabalho.
E ai de qualquer governo que se disponha a rever este estado de
coisas. As greves em Lisboa, Setúbal, Aveiro e Figueira da Foz fizeram
com que mais de 70% da carga transportada passe agora por Sines e
Leixões. Os sindicatos dos "irredutíveis" representam 45% da
mão-de-obra para apenas 28,4% de carga. Evidentemente, os portos
nacionais ficam mais caros para a concorrência. E a fuga de cargas é
uma ameaça séria. Os estivadores conhecem a realidade e por isso
mantêm a chantagem. De excepção em excepção, permitimos durante
décadas uma sociedade de monopólios económicos, jurídicos ou laborais.
E todos irredutíveis.

segunda-feira, novembro 26, 2012

# Arábia Saudita. Sistema informa maridos da saída das mulheres do país

http://www.ionline.pt/mundo/arabia-saudita-sistema-informa-maridos-da-saida-das-mulheres-pais
Por Cláudia Reis, publicado em 26 Nov 2012 - 16:30 | Actualizado há 2
horas 20 minutos

Na Arábia Saudita os maridos vão poder saber quando as mulheres
atravessam as fronteiras do país graças a um sistema que faz com que
seja possível detectar de forma electrónica a sua localização.

O alerta foi dado por um homem que recebeu uma mensagem no telemóvel,
por parte das autoridades para a Imigração, dando indicações de que a
sua mulher tinha deixado o aeroporto internacional de Riyadh. O mais
engraçado nesta história foi o facto de a mulher estar a viajar
precisamente com o marido.

No país, as mulheres são tratadas como menores, necessitando de uma
autorização do homem que tem a sua guarda se quiserem estudar,
trabalhar ou mesmo viajar.

sexta-feira, novembro 23, 2012

# A esperança cura, a desesperança adoece-nos

http://www.snpcultura.org/esperanca_cura_desesperanca_adoece.html

«A esperança cura, enquanto a desesperança adoece-nos», considera o
padre José Tolentino Mendonça em entrevista publicada esta
quarta-feira no jornal "Destak".

O diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura acentua a
importância da oração: «Devemos rezar para abrir o coração à vontade
de Deus. Rezar para viver bem, em plenitude, todos os momentos da
vida, inclusivamente os de contradição, de ferida, de doença, de
crise. Rezar para que sejamos capazes de tirar partido desses
momentos».

Para o vice-reitor da Universidade Católica é preciso dar mais tempo
ao encontro com outros e com Deus: «O nosso ativismo às vezes é uma
barreira na relação. Precisamos de uma pedagogia da audição, de nos
escutarmos mais uns aos outros: há demasiada vida calada, vida
submersa».



O amor e a amizade têm a mesma raiz?

O nosso coração é só um, e nesse coração habitam sentimentos que têm a
mesma raiz de afeto, de relação com o outro e connosco mesmos, mas a
expressão desses sentimentos e a sua intensidade é diferente. São
primos.



Quis reabilitar a amizade?

Hoje a palavra amor corre o risco de se tornar gasta. Para tudo
utilizamos amor, como se não houvesse uma gramática para declinar os
sentimentos profundos do nosso coração. Ama-se o chocolate, o pai, a
mãe, o marido, a música que está no top. O que neste livro proponho é
uma viagem espiritual e cultural, em que se mostra como a amizade tem
sido uma constante decisiva na história da humanidade.



Diz que Deus, como um grande amigo, só deseja que sejamos nós
próprios. Mas mandaram-nos ser como os santos...

Os modelos são importantes na educação. Quando a mãe dá a papa a uma
criança, abre também a boca, num mimetismo. O bem faz bem, e o
contacto, a admiração por quem viveu uma vida plena é um estímulo.
Outra coisa é hipotecar aquilo que se é, em nome de um ideal. A ideia
de perfeição é um equívoco, a formação não é colocar-nos numa forma,
mas uma inspiração. É preciso mudar a forma como se vive e transmite o
cristianismo.



Vivemos presos da culpa?

Quando escrevi esta Teologia da Amizade ["Nenhum caminho será longo",
ed. Paulinas] foi sobretudo para isso, para dizer que Deus não se
intromete, não invade. Dá-nos liberdade, alegra-se com as nossas
alegrias, ampara as nossas dores, e é capaz de dizer uma palavra que
nos reorienta, mas faz isto com aquela discrição que é típica da
amizade. É muito importante pensar a relação com Deus como de amizade.



O problema é que, no fundo, imaginamos Deus à nossa imagem e
semelhança. Eu, por exemplo, não concebo um Deus sem sentido de
humor...

E Deus tem sentido de humor (risos). Aliás, um dos capítulos é sobre o
humor de Deus, porque é impossível falar de amor e amizade sem falar
da capacidade de nos rirmos de nós próprios, da alegria profunda e
quotidiana das nossas vidas.



Também não é bombeiro.

É muito importante não ficarmos numa lógica providencialista, como se
Deus fosse o resolve tudo da nossa vida, o "ai ai" a quem apelamos
continuamente. Devemos manter com Ele uma relação criativa, sincera,
feita de perguntas. Não podemos reduzir a oração a uma lista de
pedidos.



Uma carta ao Pai Natal?

Mas Deus não é o Pai Natal. Temos de relacionar com ele as nossas
vidas, não as nossas necessidades.



Para não ficarmos presos «no porque é que permite que alguns sofram e
outros não»?

Exatamente, exatamente. A lógica do providencialismo primeiro parece
uma grande afirmação de Deus, mas realmente é um nó cego, porque
depressa se torna num Deus terrível, aparentemente indiferente ao
sofrimento do mundo.



Se as orações não devem ser uma carta ao Pai Natal, devem ser o quê,
nomeadamente em momentos difíceis?

Devemos rezar para abrir o coração à vontade de Deus. Rezar para viver
bem, em plenitude, todos os momentos da vida, inclusivamente os de
contradição, de ferida, de doença, de crise. Rezar para que sejamos
capazes de tirar partido desses momentos. A esperança cura, enquanto a
desesperança adoece-nos. Kierkegaard dizia que a angústia é doença
mortal e cada vez mais vemos que é assim. A paz e a serenidade que o
caminho espiritual pode oferecer são uma terapia.



Os amigos conhecem-se bem. Mas na prática a maioria de nós tem uma
licenciatura nisto ou naquilo, mas apenas a 4.ª classe do catecismo…

Os crentes em Portugal são uma minoria. Hoje em dia são mais os
católicos culturais, que interiorizaram os valores do cristianismo, do
que os católicos da prática, da pertença. E a Igreja e os cristãos têm
o dever da explicação, não podem dar por adquirido que um determinado
conhecimento se transmite, que faz parte da gramática cultural, porque
não faz, deixou de fazer. Hoje, Portugal é uma terra de missão.



Como é que isto aconteceu?

Julgo que, entre outras coisas, o facto de o cristianismo ter sido a
religião social teve e tem o seu preço. Não era uma adesão de coração,
era uma tradição. Mas a fome de Deus, de infinito, de sentido, de
razões de viver, isso existe no coração das pessoas.



Diz que o cristianismo é a chave da cultura ocidental. Sem essa chave
não percebemos o nosso passado?

Sem as chaves cristãs entramos no Museu de Arte Antiga e sentimo-nos
como se estivéssemos perante as estátuas na ilha de Páscoa, tudo
parece um enigma. Hoje há um debate, um debate laico, em que se pensa
se da mesma forma que na escola se ensina a Odisseia e a Ilíada, não
se devia ler também a Bíblia. A Bíblia é um código para abrir a
cultura ocidental. Não possuir esse código é ficar como um deserdado,
expropriado de um património humano e cultural de excelência. Sem
perceber uma pintura, sem perceber Gil Vicente, Camões…



Diz que os cristão voltam a sê-lo por decisão pessoal...

Sim, e isso é uma nota de grande esperança, uma nova oportunidade.
Quando se faz uma opção há um caminho, um compromisso, que não vem por
um automatismo sociológico qualquer.



Fala de Marta e Maria. Sempre garanti à minha mãe que Jesus preferia a
que ficava a falar com ele. Diga-me que tenho razão.

(risos) Todos temos um pouco de Marta e de Maria. Não é que o trabalho
dos tachos não seja necessário, mas como dizia Ruy Cinatti, "Quem não
me deu amor, não me deu nada" . Cada pessoa que nos visita traz
consigo uma história, e a melhor dádiva que podemos dar é tempo para
que o outro se conte, e se diga. O nosso ativismo às vezes é uma
barreira na relação. Precisamos de uma pedagogia da audição, de nos
escutarmos mais uns aos outros: há demasiada vida calada, vida
submersa.

Entrevista de Isabel Stilwell
In Destak, 21.11.2012
22.11.12

quinta-feira, novembro 22, 2012

# Brincar na rua é importante para que crianças aprendam a lidar com o risco

Por Agência Lusa, publicado em 22 Nov 2012 - 09:03
http://www.ionline.pt/portugal/brincar-na-rua-importante-criancas-aprendam-lidar-risco

As crianças estão a brincar menos na rua, o que facilita a obesidade e
as impede de aprender a lidar com o risco, refere um investigador,
alertando que um pequeno arranhão agora pode ser uma grande segurança
no futuro.

As brincadeiras dos mais novos têm mudado e atualmente não passam
tanto pelas ruas devido aos receios dos pais relativamente à
segurança, mas também ao apelo das novas tecnologias, mais adequadas
ao espaço da casa.

Esta alteração tem consequências na preparação física das crianças,
com a falta de movimento a criar condições para o aumento do peso e
para dificuldades em lidar com situações de risco.

Rui Matos, coordenador do Centro de Investigação em Motricidade Humana
do Instituto Politécnico de Leiria disse hoje à agência Lusa que "as
crianças estão menos na rua, o que tem a ver com os medos dos pais,
mas também com a realidade atual, com muito mais automóveis e risco de
atropelamento, e questões de segurança".

Para o investigador e subdiretor da Escola Superior de Educação e
Ciências Sociais do Instituto Politécnico de Leiria, "resguardá-los do
perigo é bom, o problema é que eles [os pais] os resguardam de uma
coisa mais simples que é o risco".

E, se a criança "não se mexeu muito, pode não haver risco ou perigo
agora, mas vai haver mais à frente, isto é, uma criança que não
experimenta, que não arrisca um pouquinho (...), mais tarde quando
precisar na vida real de se libertar de alguma situação eventualmente
até perigosa, talvez não tenha as capacidades motoras para o fazer,
não tem equilíbrio, agilidade e para mim esse é o verdadeiro risco",
defendeu Rui Matos.

"As pessoas, os pais, na sua boa fé, querem que não se aleijem agora,
mas um pequeno aleijão agora pode ser uma grande segurança no futuro e
esquecemos facilmente disso", salientou.

O coordenador do Centro de Investigação em Motricidade Humana falava à
Lusa a propósito do 1.º Seminário Brincar em Portugal, que vai
decorrer em Leiria sexta-feira e sábado, com o tema "A Psicologia e a
Pedagogia por detrás do brincar.

O Instituto Politécnico de Leiria vai desenvolver um projeto para
incentivar os mais novos a irem a pé para as escolas, embora
acompanhados por um adulto, com o objetivo de "pô-los a andar, para
prevenir a obesidade, mas também para conhecer a cidade".

"Nós, os investigadores, mostramos o perigo que é não deixar as
crianças arriscar. Deixá-las arriscar num ambiente de relativa
segurança é fundamental para se adaptarem às situações", disse Rui
Matos, acrescentando que "a criança tem de aprender a cair e a dominar
o seu corpo para cair o menos possível".

O investigador recordou que, quando os atuais adultos eram crianças,
não tinham os brinquedos que existem agora, usavam mais o corpo para a
brincadeira, havia mais movimento.

"O que vemos atualmente em muitas brincadeiras, é as crianças, mais do
que a brincar com os brinquedos, a ver os brinquedos brincar, ou seja,
temos muitos brinquedos eletrónicos que brincam por si só, movem-se e
deslocam-se, em vez de ser alguém a empurrá-los ou a interagir mais
diretamente com eles", frisou.

"Parece-me que as crianças são mais passivas, menos ativas, e isso tem
consequências, e já se está a notar aos mais variados níveis, como a
obesidade infantil", acrescentou.

quarta-feira, novembro 21, 2012

# Novas infecções por VIH descem para metade em 25 países

http://www.publico.pt/Mundo/novas-infeccoes-por-vih-descem-para-metade-em-25-paises-1573350
21.11.2012 - 11:10 Por Natália Faria

Portugal integra o grupo de países onde a cobertura dos testes VIH a
nível nacional varia entre os 50% e os 74% (Foto: Reuters)

As novas infecções por VIH/sida baixaram 50% em 25 países, segundo um
relatório da ONUSIDA. Apesar desta quebra, 2,5 milhões de pessoas
foram infectadas em todo o mundo, em 2011.

A aceleração da luta contra a Sida na região africana, mais afectada
pela epidemia, está longe de significar que a batalha está ganha no
resto do globo. Na Europa, por exemplo, cerca de 900 mil pessoas
viviam com o VIH em 2011, mais do que as 640 mil de dez anos antes.
Ainda na Europa, o programa conjunto das Nações Unidas sobre VIH
estima que cerca de 30 mil pessoas contraíram o vírus em 2011,
ligeiramente acima das 29 mil de 2001.

Apesar disso, as mortes relacionadas com a doença têm-se mantido
estáveis. Diminuíram de 7800 em 2005 para sete mil em 2011.

A prevalência de VIH entre homossexuais continua a desempenhar um
papel substancial nas epidemias nacionais de VIH. E Portugal surge
como um dos países em que a prevalência de VIH entre os homossexuais é
de pelo menos 10%, comparada com uma prevalência nacional de 0,6% ou
menos. A boa notícia é que Portugal integra o grupo de países onde a
cobertura dos testes VIH a nível nacional varia entre os 50% e os 74%.

No caso português, o último relatório da Coordenação Nacional para a
Infecção VIH/sida dava conta da existência, em Dezembro de 2011, de
41.035 casos acumulados de VIH/sida nos diferentes estádios de
infecção. Na mesma altura, havia 16.880 casos de doença, dos quais 303
tinham sido diagnosticados em 2011.

terça-feira, novembro 20, 2012

# Os chimpanzés e orangotangos têm uma curva da felicidade

20.11.2012 - 11:48 Por Teresa Firmino
http://www.publico.pt/Ciências/os-chimpanzes-e-orangotangos-tem-uma-curva-da-felicidade-tal-e-qual-como-nos-1573208

Os orangotangos têm a sua crise de meia-idade por volta dos 35 anos
(Adek Berry/AFP)


Somos mais felizes no início da vida, ficamos menos satisfeitos a
meio e voltamos a ser mais felizes quando somos mais velhos. Este
padrão da felicidade, que num gráfico tem a forma de U, com o ponto
mais baixo na crise da meia-idade, entre os 45 e 50 anos, não parece
escolher países, nem homens ou mulheres, nem ricos ou pobres. Acontece
simplesmente e ninguém sabe ao certo porquê. À procura de uma eventual
raiz evolutiva para a felicidade, uma equipa de cientistas estudou 508
grandes símios – 336 chimpanzés e 172 orangotangos – e verificou, pela
primeira vez, que eles, tal como nós, têm uma curva da felicidade.




Nos humanos, os estudos sobre a felicidade, ou bem-estar, ao longo da
vida têm apontado para o padrão em forma de U, como relatou em 2008 a
equipa do economista Andrew Oswald, da Universidade de Warwick (Reino
Unido), que analisou as respostas de mais de dois milhões de pessoas
em 80 países, incluindo países desenvolvidos (Portugal também) e em
vias de desenvolvimento (ver "A curva da felicidade ao longo da vida
tem a forma de um U, os portugueses são mais felizes aos 66 anos",
PÚBLICO de 30/10/2008).

"Acontece aos homens e às mulheres, aos solteiros e aos casados, aos
ricos e aos pobres, aos que têm filhos e aos que não têm", disse então
Oswald sobre a crise da meia-idade, quando divulgou os resultados do
trabalho na revista Social Science & Medicine.

Agora, Oswald é um dos autores de um novo artigo, publicado ontem na
revista norte-americana Proceedings of the National Academy of
Sciences, que resultou do estudo de alguns dos nossos parentes mais
próximos, chimpanzés e orangotangos.

"Embora alguns académicos tenham levantado dúvidas sobre a existência
desse padrão, muita literatura [científica] indica que a felicidade
segue o padrão em U ao longo da vida, excepto nos anos mesmo antes da
morte", escreve agora a equipa, que inclui ainda o psicólogo Alexander
Weiss, da Universidade de Edimburgo, ou o primatólogo Tetsuro
Matsuzawa, da Universidade de Quioto. "Um dos resultados mais
importantes é que a forma em U se mantém praticamente intacta perante
características económicas e demográficas muito diversas. Esta
descoberta surpreendente sugere que as suas causas têm de estar para
lá das forças socioeconómicas."

Presente em populações tão variadas (ainda que o ponto de maior
insatisfação não seja exactamente igual em todos os países e em
Portugal pareça ser tardio), este padrão não assim conseguido ter
explicação cabal. Mas há várias hipóteses. As pessoas felizes vivem
mais tempo, por isso seria natural encontrar mais felicidade nos mais
velhos, só que esta hipótese não explica a crise de meia-idade. Outra
hipótese defende que as pessoas acabam por se adaptar: a meio da vida,
os sonhos de realização impossível são dolorosos, mas depois vai-se
desistindo deles. Outra hipótese ainda liga a felicidade a menores
dificuldades financeiras, e os mais velhos, em teoria, são aqueles que
têm mais recursos.

Parafernália da vida moderna

A equipa de Weiss e Oswald explorou uma explicação alternativa, ao
estudar os 508 símios em jardins zoológicos, centros de investigação e
santuários, no Japão, EUA, Canadá, Austrália e Singapura. Aplicou um
questionário a tratadores e cientistas que lidam com estes chimpanzés
e orangotangos, pedindo-lhes para fazer uma avaliação do estado de
humor ou do prazer que os animais tiravam das situações sociais.

Resultado: chimpanzés e orangotangos não só têm a sua curva de
felicidade, como atingem o ponto mínimo a meio da vida. Nos
chimpanzés, foi por volta dos 28 anos e nos orangotangos aos 35 anos.
Este padrão, diz a equipa, pode ter surgido num antepassado comum a
humanos e grandes símios. "Os resultados sugerem que a curva do
bem-estar humano não é única dos humanos e que, apesar de poder ser em
parte explicada por aspectos da vida humana e da sociedade, as suas
origens podem residir parcialmente na biologia que partilhamos com os
grandes símios", refere o artigo.

"Esperávamos compreender o famoso quebra-cabeças do padrão da
felicidade humana e acabámos por mostrar que não pode ser por causa de
empréstimos, divórcios, telemóveis ou outra parafernália da vida
moderna", diz Oswald, citado num comunicado da sua universidade. "Os
símios não têm nada disso, mas têm uma crise de meia-idade
pronunciada."

sexta-feira, novembro 16, 2012

# Se vê muita televisão, está a perder anos de vida

http://expresso.sapo.pt/se-ve-muita-televisao-esta-a-perder-anos-de-vida=f765704

Ver televisão diminui a esperança de vida em vários anos, concluiu um
estudo australiano, cujo autor diz ao Expresso que as pessoas não têm
noção dos riscos que correm.

Mariana Cabral (www.expresso.pt) 16:02 Quinta feira, 15 de novembro de 2012

"Couch potato". A expressão norte-americana (qualquer coisa como
"batata de sofá") que é utilizada para qualificar as pessoas que
passam muito tempo 'enterradas' no sofá a ver televisão é
habitualmente utilizada num tom jocoso, mas a verdade é que a situação
acarreta mais riscos do que aparenta.

A conclusão é de um estudo australiano - "Television viewing time and
reduced life expectancy: a life table analysis"- publicado no "British
Journal of Sports Medicine". A pesquisa assegura que a cada hora que
uma pessoa passa sentada a ver televisão reduz a esperança de vida em
22 minutos. Isto é, quem passa uma média de seis horas por dia a ver
televisão pode viver menos cinco anos, além de elevar os riscos de ter
diabetes e doenças cardiovasculares.

Os dados analisados referem-se às respostas de 12 mil australianos
(com mais de 25 anos) sobre o seu estilo de vida, obtidas depois de se
questionar não só o sedentarismo, mas também os hábitos alimentares e
o tabagismo. Mas a pergunta mais importante era aparentemente
inofensiva: "quantas horas vê televisão por dia?"

"Os riscos que enunciamos vão crescendo com o tempo"



"Os resultados aplicam-se às pessoas que vêm televisão, mas, se
estiverem igualmente paradas, também se podem aplicar às pessoas que
estão no computador. Os comportamentos sedentários podem ser
'triviais', mas quase todos nós fazemos isso por várias horas todos os
dias, por isso os riscos vão acumulando", explica ao Expresso Jacob
Lennert Veerman, médico e investigador da Universidade de Queensland,
um dos autores do estudo publicado na semana passada.

"Só agora é que os investigadores começaram a olhar para as
consequências deste comportamento na saúde e o nosso estudo reflete os
resultados que encontrámos", acrescenta Veerman, admitindo que a
questão não se colocaria há 15 anos, por exemplo, porque havia muito
menos pessoas a ver televisão.

"Pode ser uma das razões pelas quais estas conclusões só se põem agora
- e há que ter em conta que os riscos que enunciamos vão crescendo com
o tempo. Por exemplo, com a diabetes há uma deterioração gradual do
sistema antes de uma pessoa ter a doença, depois sofre-se com a doença
durante um longo período e após muitos anos morre-se das
consequências. O que se vê, portanto, em termos de mortalidade de
algumas doenças, é o resultado do efeito cumulativo de 'vícios' ao
longo dos anos e até de décadas", explicou o investigador australiano,
especialista em utilizar estatísticas para fazer previsões.

Fumar vs. ver televisão



Os resultados do estudo são especialmente alarmantes porque as
consequências do comportamento sedentário podem não ser visíveis a
curto prazo, mas afetarão um número mais alargado de indivíduos. Na
Austrália, as pessoas com mais de 25 anos viram 9,8 mil milhões de
horas de televisão, em 2008, de acordo com o estudo.

"Se assumirmos que fumar reduz a esperança de vida em 10 anos, de
acordo com a nossa pesquisa teríamos de ver 12 horas de televisão por
dia para ter consequência semelhante. Portanto, digo que fumar é pior,
claro, a nível individual. Mas se olharmos para a toda a população,
ver televisão pode causar mais danos porque, ainda que cada vez menos
pessoas fumem, quase todas as pessoas vêm televisão."

"Não podemos evitar todos os riscos na vida, pois não?"



Jacob Lennert Veerman ressalva, no entanto, que o exercício físico
regular pode "compensar", em parte, os possíveis problemas de ver
demasiada televisão, até porque se o limite de duas horas por dia de
televisão não for superado, os riscos são menores.

"Independentemente da idade, nunca é tarde para melhorar o nosso
comportamento e reduzir drasticamente os riscos", explica Veerman.
"Tenho 41 anos, vou de bicicleta para o trabalho e faço natação quatro
vezes por semana. Se vejo quatro horas de televisão por semana já é
muito. Mas também é verdade que passo imenso tempo no computador.
Afinal, não podemos evitar todos os riscos na vida, pois não?"


Ler mais: http://expresso.sapo.pt/se-ve-muita-televisao-esta-a-perder-anos-de-vida=f765704#ixzz2COwUZXhU

segunda-feira, novembro 05, 2012

# Marselha: pároco novo multiplica o número de fieis num bairro islâmico

 Em Marselha, cidade agnóstica, um pároco novo multiplica o número de fieis num bairro islâmico ...

(Excerto)


Na Missa: de 50 a 700 assistentes 


O balanço é impressionante. Quando em 2004 chegou à paróquia de S. Vicente de Paulo no centro de Marselha a igreja estava fechada durante a semana e a única missa dominical era celebrada na cripta para apenas 50 pessoas.

A primeira coisa que fez foi abrir a igreja todos os dias e celebrar no altar-mor. Agora a igreja está aberta quase todo o dia e é preciso ir buscar cadeiras para receber todos os fiéis.

Mais de 700 todos os domingos, e mais ainda nas grandes festas. Converteu-se num fenómeno de massas não só em Marselha mas em toda a França, com reportagens nos meios de comunicação de todo o país, atraídos pela quantidade de conversões.


Um novo 'cura de Ars' numa Marselha agnóstica


Uma das iniciativas principais do padre Zanotti Sorkine para revitalizar a fé da paróquia e conseguir a afluência de pessoas de todas as idades e condições sociais é a confissão. 

Antes da abertura do templo às 8h00 da manhã já há gente à espera à porta para poder receber este sacramento ou para pedir conselho a este sacerdote francês.

As pessoas contam que o padre Michel Marie está boa parte do dia no confessionário, muitas vezes até depois das onze da noite.
E se não está lá, anda pelos corredores ou na sacristia consciente da necessidade de que os padres estejam sempre visíveis e próximos, para ir em ajuda de todo aquele que precisa.



http://www.youtube.com/watch?v=SNN1xzAuGMI&feature=player_embedded (pequeno vídeo)


http://www.religionenlibertad.com/articulo.asp?idarticulo=25434 (notícia completa)