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PENSANTES

Outros pensamentos, ideias e palavras que nos fazem pensar...

terça-feira, novembro 22, 2016

# Papa Francisco: «Empresas não devem existir para ganhar dinheiro», mas «para servir»,

http://www.snpcultura.org/empresas_nao_devem_existir_para_ganhar_dinheiro_mas_para_servir_afirma_papa.html

Jakub Jirsak/Bigstock.com

O papa recebeu hoje, no Vaticano, os participantes na conferência
internacional das Associações de Empresários Católicos, a quem afirmou
que as empresas não devem existir para ganhar dinheiro», mas «para
servir».

A desigualdade na atribuição de crédito, o papel do Estado na proteção
de bens coletivos, a corrupção enquanto atitude demoníaca, a
gratuidade e o acolhimento aos migrantes foram alguns dos temas do
discurso aos participantes, a quem sugeriu que invocassem, na oração e
no pedido de auxílio, o empresário argentino Enrique Shaw (1921-1962),
de quem decorre a causa de beatificação.

Excertos da intervenção:

«A atividade empresarial comporta constantemente uma infinidade de
riscos. Jesus, na parábola do tesouro escondido no campo (cf. Mateus
13, 44) e das pérolas preciosas (cf. Mateus 13, 45), compara a
obtenção do Reino dos Céus ao risco empresarial. Desejo refletir hoje
convosco sobre três riscos: o risco de usar bem o dinheiro, o risco da
honestidade e o risco da fraternidade.



Como qualquer técnica, o dinheiro não tem um valor neutro, mas adquire
valor em função da finalidade e das circunstâncias em que se usa.
Quando se afirma a neutralidade do dinheiro, está a cair-se no seu
poder



Em primeiro lugar o risco do uso do dinheiro. Falar de empresas
relaciona-nos imediatamente com um dos temas mais difíceis da perceção
moral: o dinheiro. Afirmei várias vezes que "o dinheiro é o esterco do
diabo", retomando quanto afirmavam os santos padres. Já Leão XIII, que
deu início à doutrina social da Igreja, observava que a história do
século XIX tinha dividido as nações «em duas castas, entre as quais
escavou um abismo» ('Rerum novarum'). Quarenta anos depois, Pio XI
previa o crescimento de um "imperialismo internacional do dinheiro"
('Quadragesimo anno'). Outros quarenta anos depois, Paulo VI, fazendo
referência à 'Rerum novarum', denunciava que a concentração excessiva
dos meios e dos poderes pode "conduzir a uma nova forma abusiva de
domínio económico, no plano social, cultural e mesmo político"
('Octagesima adveniens').

Jesus, na parábola do administrador desonesto, exorta a tomar a cargo
os amigos com a riqueza desonesta, para poder ser acolhido nas moradas
eternas. Todos os Padres da Igreja [sacerdotes dos primeiros séculos
da Igreja que se distinguiram na espiritualidade e doutrina]
interpretaram estas palavras no sentido de que as riquezas são boas
quando se colocam ao serviço do próximo, de outra forma são iníquas).
O dinheiro deve, portanto, servir, em vez de governar. O dinheiro é só
um instrumento técnico de intermediação, de comparação de valores e
direitos, de cumprimento das obrigações e de poupança. Como qualquer
técnica, o dinheiro não tem um valor neutro, mas adquire valor em
função da finalidade e das circunstâncias em que se usa. Quando se
afirma a neutralidade do dinheiro, está a cair-se no seu poder. As
empresas não devem existir para ganhar dinheiro, mesmo se o dinheiro
serve para medir o seu funcionamento. As empresas existem para servir.



Uma lógica financeira do mercado faz com que o crédito seja mais
acessível e mais económico para quem possui mais recursos; e mais caro
e mais difícil para quem tem menos, ao ponto de se deixar as faixas
mais pobres da população nas mãos de usurários sem escrúpulos



Por isso é urgente recuperar o significado social da atividade
financeira e bancária, com a melhor inteligência e inventividade dos
empresários. Isto significa assumir o risco de complicar a vida,
devendo renunciar a certos lucros económicos. O crédito deve estar
acessível para as casas das famílias, para as pequenas e médias
empresas, para os agricultores, para a atividade educativa,
especialmente a nível primário, para a saúde geral, para o
melhoramento e integração dos núcleos urbanos mais pobres. Uma lógica
financeira do mercado faz com que o crédito seja mais acessível e mais
económico para quem possui mais recursos; e mais caro e mais difícil
para quem tem menos, ao ponto de se deixar as faixas mais pobres da
população nas mãos de usurários sem escrúpulos. Do mesmo modo, a nível
internacional, o financiamento dos países mais pobres transforma-se
facilmente numa atividade usurária. É este um dos grandes desafios
para o setor empresarial, e para os economistas em geral, que é
chamado a conseguir um fluxo estável e suficiente de crédito que não
exclua ninguém e que possa ser amortizável em condições justas e
acessíveis.

Ainda que admitindo a possibilidade de criar mecanismos empresariais
que sejam acessíveis a todos e funcionem em benefício de todos, é
preciso reconhecer que será sempre necessária uma generosa e abundante
gratuidade. Será também necessária a intervenção do Estado para
proteger certos bens coletivos e assegurar a satisfação das
necessidades humanas fundamentais. O meu predecessor, S. João Paulo
II, afirmava que ignorar isto conduz "a uma 'idolatria' do mercado"
("Centesimus annus").



Pode acontecer que os empresários caiam na tentação de pensar que se
trata de algo que todos fazem, e que pequenos atos de corrupção
destinados a obter pequenas vantagens não têm grande importância.
Qualquer tentativa de corrupção, ativa ou passiva, é já começar a
adorar o deus dinheiro



Há um segundo risco que deve ser assumido pelos empresários. O risco
da honestidade. A corrupção é a pior praga social. É a mentira de
procurar o lucro pessoal ou do próprio grupo debaixo da capa de um
serviço à sociedade. É a destruição do tecido social sob a capa do
cumprimento da lei. É a lei da selva mascarada de aparente
racionalidade social. É o engano e a exploração dos mais fracos ou
menos informados. É o egoísmo mais grosseiro, escondido atrás de uma
aparente generosidade. A corrupção é gerada pela adoração do dinheiro
e regressa ao corrompido, prisioneiro daquela mesma adoração. A
corrupção é uma fraude à democracia e abre as portas a outros males
terríveis como a droga, a prostituição e o tráfico de pessoas, a
escravidão, o comércio de órgãos, o tráfico de armas, e assim por
diante. A corrupção é tornar-se seguidor do diabo, pai da mentira.
Todavia, "a corrupção não é um vício exclusivo da política. Há
corrupção na política, há corrupção nas empresas, há corrupção nos
meios de comunicação, há corrupção nas Igrejas e há corrupção também
nas organizações sociais e nos movimentos populares" ("Discurso aos
participantes no 3.º encontro mundial dos movimentos populares").

Uma das condições necessárias para o progresso social é a ausência de
corrupção. Pode acontecer que os empresários se vejam tentados a ceder
às tentativas de chantagem ou de extorsão, justificando-se com o
pensamento de salvar a empresa, e que um dia poderão libertar-se dessa
praga. Além disso, pode acontecer que caiam na tentação de pensar que
se trata de algo que todos fazem, e que pequenos atos de corrupção
destinados a obter pequenas vantagens não têm grande importância.
Qualquer tentativa de corrupção, ativa ou passiva, é já começar a
adorar o deus dinheiro.



Não faltam exemplos de ações solidárias em favor dos mais
necessitados, realizadas por pessoal de empresas, clínicas,
universidades ou outras comunidades de trabalho e de estudo. Este
deveria ser um modo habitual de agir



O terceiro risco é o da fraternidade. Recordámos como S. João Paulo II
nos ensinou que "ainda antes da lógica da troca […] existe 'algo que é
devido ao homem porque é homem', por força da sua eminente dignidade"
("Centesimus annus"). Também Bento XVI, insistindo na importância da
gratuidade como elemento imprescindível da vida social e económica,
dizia: "A caridade na verdade põe o homem diante da admirável
experiência do dom […] que exprime e realiza a sua dimensão de
transcendência […]. O desenvolvimento económico, social e político
precisa […] de dar espaço ao princípio da gratuidade como expressão de
fraternidade" ("Caritas in veritate").

A atividade empresarial deve incluir sempre o elemento da gratuidade.
As relações de justiça entre dirigentes e trabalhadores devem ser
respeitadas e exigidas de todas as partes; mas, ao mesmo tempo, a
empresa é uma comunidade de trabalho em que todos merecem respeito e
apreço fraterno da parte dos superiores, colegas e subalternos. O
respeito pelo outro como irmão deve estender-se também à comunidade
local em que se situa fisicamente a empresa e, de certo modo, todas as
relações jurídicas e económicas da empresa devem ser moderadas,
envolvidas num clima de respeito e fraternidade. Não faltam exemplos
de ações solidárias em favor dos mais necessitados, realizadas por
pessoal de empresas, clínicas, universidades ou outras comunidades de
trabalho e de estudo. Este deveria ser um modo habitual de agir, fruto
de profundas convicções da parte de todos, evitando que se torne uma
atividade ocasional para aplacar a consciência ou, pior ainda, um meio
para obter uma utilidade publicitária.



Os nossos avós ou pais chegaram de Itália, Espanha, Portugal, Líbano
ou de outros países, na América do Sul e do Norte, quase sempre em
condições de extrema pobreza. Poderão fazer seguir uma família,
progredir até se se tornarem inclusivamente empresários porque
encontraram sociedades acolhedoras, por vezes tão pobres como eles,
mas dispostas a partilhar o pouco que têm



No que diz respeito à fraternidade, não posso não partilhar convosco o
tema das emigrações e dos refugiados, que oprime o nosso coração. Hoje
as emigrações e os deslocamentos de uma multidão de pessoas à procura
de proteção tornaram-se um dramático problema humano. A Santa Sé e as
Igrejas locais estão a realizar esforços extraordinários para
enfrentar eficazmente as causas desta situação, procurando a
pacificação das regiões e dos países em guerra e promovendo o espírito
de acolhimento; mas nem sempre se obtém tudo o que se deseja. Peço
ajuda também a vós. Por um lado, procurai convencer os governos a
renunciar a qualquer tipo de atividade bélica. Como se diz nos
ambientes empresariais: um "mau" acordo é sempre melhor do que uma
"boa" luta. Por outro, colaborai para criar fontes de trabalho digno,
estável e abundante, seja nos lugares de origem seja nos de chegada e,
nestes últimos, seja para a população local seja para os imigrantes.
Temos de assegurar que a imigração continue a ser um importante fator
de desenvolvimento.
A maior parte de nós aqui presente pertence a famílias de emigrantes.
Os nossos avós ou pais chegaram de Itália, Espanha, Portugal, Líbano
ou de outros países, na América do Sul e do Norte, quase sempre em
condições de extrema pobreza. Poderão fazer seguir uma família,
progredir até se se tornarem inclusivamente empresários porque
encontraram sociedades acolhedoras, por vezes tão pobres como eles,
mas dispostas a partilhar o pouco que têm. Conservai e transmiti este
espírito que tem raízes cristãs, manifestando também aqui o génio
empresarial.»

Papa Francisco
Vaticano, 17.11.2016
Trad. / edição: Rui Jorge Martins
Publicado em 17.11.2016

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# Municípios portugueses melhoram contas nos últimos anos

http://observador.pt/2016/11/22/municipios-melhoram-receitas-mas-a-cautela-mantem-se/


MIGUEL A. LOPES/LUSA/LUSA HÁ 20 MINUTOS

Na base desta melhoria está o aumento das receitas, a diminuição das
despesas, assim como a diminuição do tempo que as autarquias demoram a
pagar, segundo noticia esta terça-feia a TSF.

Os municípios portugueses estão mais independentes no que diz respeito
às contas. As receitas aumentaram e a despesa caiu, isto segundo o
Anuário Financeiro dos Municípios elaborado pela Ordem dos
Contabilistas certificados (OCC), a que a TSF teve acesso.

Segundo esse relatório as contas dos municípios estão em recuperação
estabelecendo-se no patamar positivo, com a despesa mais baixa e a
receita mais alta. Segundo a OCC não é possível dizer ainda que as
contas já estão saudáveis mas a recuperação é evidente.

Vamos a números

No total da receita efetiva, esta cresceu 4% entre 2014 e 2015, tendo
um aumento de 303.9 milhões de euros, para um total de 7.243,2
milhões. As transferências representaram 41% das receitas totais, tem
receitas fiscais representado 38% e a venda de bens e serviços 11%.

Dentro da receita fiscal, a que mais se destacou foi o Imposto
Municipal sobre Imóveis (IMI), que rendeu 1500 milhões de euros às
câmaras;

Outro protagonista no aumento das receitas municipais foi o Imposto
sobre as Transações Onerosas de Imóveis (IMT), que em 2015 viu a sua
receita subir 20%.

Em relação à despesa, esta teve uma quebra de 3,4%. Isto contribuiu
bastante para que as autarquias possam assumir uma postura mais
independente ao nível das finanças. Esta cresceu 0,8% e consiste na
junção da receita própria com a receita total.

A dívida baixou e por isso mesmo teve uma evolução positiva. Houve uma
queda de 500 milhões de euros, ficando o endividamento total afixado
em 5.594 milhões de euros – sendo que o limite de divida é de 8.857, a
dívida apresentada conseguiu estabelecer-se 36% abaixo do limite.

Por todas estas razões o tempo que as câmaras demoram a pagar diminuiu
também. Segundo a TSF, em 2015 os prazos de pagamento diminuíram para
78 dias, menos 33 que 2014. No entanto há ainda 68 autarquias que
apresentam prazos que ascendem a 90 dias. Este é um dos maiores
problemas que os municípios enfrentam sendo esta melhoria bastante
positiva.

Assim sendo, as contas apresentadas pela ordem e que estão presentes
no Anuário, mostram uma significativa melhoria ao nível económico
autárquico ficando perto dos 300% de crescimento face ao ano anterior.

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segunda-feira, novembro 21, 2016

# Will globalisation go into reverse?

[Ver gráficos online]

http://www.prospectmagazine.co.uk/magazine/will-globalisation-go-into-reverse-brexit-donald-trump

Spinning beyond Brexit

by Barry Eichengreen / October 11, 2016
Published in November 2016 issue of Prospect Magazine

In the 1990s, globalisation was often characterised as inevitable and
irreversible. Politicians like Bill Clinton and Tony Blair saw it as
the unstoppable wave of the future and sought to ride it for all it
was worth. Today that sense of inevitability has been cast into doubt,
and the question being asked is whether our own era of globalisation
could soon be undone, just as a remarkable earlier era of economic
integration across political borders at the turn of the 20th
century—which also affected trade, migration and investment—came
unstuck during the era of the two world wars.

In the United States presidential campaign, Donald Trump's pledge to
resist new trade deals and renounce existing ones has forced Hillary
Clinton, as a rear-guard electoral action, to reverse her previous
support for the Trans-Pacific Partnership trade agreement. The victory
of "Leave" in the British referendum on European Union membership is
likewise held up as foretelling the end of 21st-century globalisation.
"Brexit," the former World Bank economist Homi Kharas lamented
inNewsweek, "represents the first tangible retreat from globalisation
in my lifetime."

In this view, Brexit is a manifestation of a mounting backlash against
ever-deeper international entanglements in general, not just
entanglements with the EU. It reflects the sense that, with all the
dismantling of national economic controls, and the ceding of power
over trade and the like to global bodies such as the World Trade
Organisation (WTO) the nation state has fundamentally lost control of
its destiny, surrendering to anonymous global forces. And what is true
of Britain is true of other countries such as France, Germany and
Sweden, where the ultra-right Front National, the anti-euro
Alternative für Deutschland (Alternative for Germany, or AfD) and the
anti-immigrant Sweden Democrats are all capitalising on the same
populist, nationalist, and anti-globalisation sentiment. Their growing
support is cited as evidence that globalisation is poised to shift
into reverse.

One reason for taking these predictions with a pinch of salt is that
we have heard them before. In 2002, the economic historian Harold
James published The End of Globalization, in which he pointed to the
collapse of international trade and payments in the 1930s and warned
that the same could happen again. In 2005, Niall Ferguson argued in
Foreign Affairs that conflicts like those in Iraq and Afghanistan and
the tensions between China and the US in the South China Sea could
sink globalisation, just as the geopolitical conflicts culminating in
the First World War had caused German U-Boats to sink millions of tons
of ocean shipping in a violent end to the pre-1914 era of
globalisation.

The aftermath of the financial crisis has undoubtedly emboldened
populist forces—as well as pundits who wish to argue that we are
recreating the 1930s. But historical analogies are a dime a dozen. In
fact, there has been no second Great Depression. The 2008-9 financial
crisis was, for sure, a shock to the world economy, but the
dislocations and fall in output were, even in the worst hit of the big
economies, mild in comparison with the cataclysmic crisis of the 1930s
that led to the collapse of international trade and finance. Thus far,
21st-century globalisation has not palpably unravelled.

Although there are certainly disputes between China, Russia and the
west, neither have these risen to the heights of the 1930s. The US has
slapped anti-dumping duties on Chinese steel exports, and western
sanctions have curtailed foreign investment in Russia. But
geopolitical tensions have not led to across-the-board import tariffs
or to the imposition of harsh controls on international capital flows
like those applied by Hjalmar Schacht, Adolf Hitler's finance
minister, in the 1930s—the sort of measures that really did set
globalisation spinning into reverse during the interwar years.

1—Trading definitions

One reason to be suspicious of claims that globalisation is again
going into reverse today is the lack of agreement on what is meant by
"globalisation" itself. For some, it is a process of furthering the
development of an increasingly integrated world economy marked by free
trade, the free flow of capital and free international movement of
labour. The operative word in this formulation is "increasingly." Here
I am consciously echoing the preamble to the 1957 Treaty of Rome, the
founding document of the EU, where integration is described as "ever
closer union." Globalisation, so defined, is a process, not a state.
It is a dynamic that must continue or else collapse.

This is the "bicycle theory" of integration, a phrase coined by Walter
Hallstein and used to describe the way in which relations between
European nations must always be moving forward and growing deeper so
as to avoid losing momentum. The "ever closer" ideal began with the
actions of Jean Monnet and Robert Schuman who pushed for the creation
of the European Coal and Steel Community. Globalisation must either
continue moving forward, in this view, or else risk falling back.

For others, globalisation instead means a world in which national
markets are integrated to some substantial degree—but not necessarily
becoming continually more closely bound. A globalised world here is
one in which certain types of merchandise are traded across borders,
but other goods and services—think healthcare services for
instance—are still provided mainly at the national level. It is a
world where some forms of cross-border investment are freely permitted
but others, financial transfers in and out of China for example,
remain limited. It is one where the movement of labour across borders
is subject to more restrictions than movements of merchandise and
finance. It is the world in which we live today, in other words.

Globalisation in the 21st century, so seen, is a state, not a process.
It is a state that can be adjusted, in the direction of less
integration as well as more, as the public and its elected leaders see
fit, without threatening interdependence in all its aspects.

The first view, that globalisation consists of ever-deeper
integration, is the most promising interpretation for those who wish
to read the last rites. It is an interpretation grounded in the
particular experience of the last quarter century before the crisis.

The volume of global trade increased continuously from the late 1980s
through the global financial crisis at an annual average rate of 8 per
cent, nearly twice as fast as the production of goods and services, as
measured by global real GDP. Cross-border financial flows grew more
rapidly still—where the foreign financial assets and liabilities of
countries were a little more than a quarter of global GDP at the end
of the 1990s, they are now well more than 100 per cent, reflecting the
breakneck pace of financial globalisation. The number of international
migrants, defined as persons living in a country other than where they
were born, reached 244m in 2015—some 41 per cent higher than in 2000.
World population, in contrast, rose more slowly, by around 12 per cent
over the period.

Globalisation, these observations all suggest, has been a process of
progressively deeper integration. It has deepened in the past and so
the suggested conclusion is that it will continue deepening in the
future—assuming, of course, that it does not collapse. Since 2010, on
this interpretation, globalisation has indeed shown signs of spinning
into reverse. Global trade has grown more slowly than before, by just
2 per cent per annum. Global GDP, it is worth recalling, continued to
expand despite all the world's travail, at an annual average rate of
nearly 4 per cent, and so the trade-to-GDP ratio, probably the most
straightforward measure of globalisation, has thus been falling, not
rising. More strikingly still, gross financial flows across borders
are now down to half their pre-2009 levels, a development that has
become known as "The Great Retrenchment." And, contrary to widespread
presumption, the global stock of international migrants actually rose
less rapidly in 2010-15, by 10 per cent, than in 2005-10, when it
climbed by 16 per cent.

There is, however, strong reason to favour a second view, that
globalisation is a state in which societies and governments accept a
degree of integration and the ceding of certain sovereign national
prerogatives, but no more. This state can persist without requiring
"ever deeper integration." Indeed the experience of the last few years
suggests that there is no reason why the volume of cross-border
transactions can't grow more slowly, or even decline absolutely for a
time, while also allowing societies to maintain their basic commitment
to openness and interdependence. Although global trade has plateaued,
there has been no global trade war. While cross-border financial
transactions have fallen, they have not collapsed. There has been no
Schachtian constriction of international capital flows like that of
the 1930s.

So much, then, for the bicycle theory. The rate of growth of
cross-border transactions can evidently be stabilised or
modulated—globalisation can be recalibrated, in other words—without
placing the phenomenon itself at risk. Brexit, if this is correct,
does not spell the end of globalisation, either for Britain or
generally. It simply signals a new era in which the UK government, and
perhaps others, put the brakes on ever-deeper integration in an effort
to better regulate and manage those aspects that they see as
problematic.

2—The shipping news

The validity of this soothing conclusion depends on exactly why the
growth of cross-border trade, financial and migratory flows have
slowed and, in some cases, gone into reverse. And there is, once
again, little agreement about this. There has been debate in the
corridors of the World Bank and the secretariat of the WTO over
whether the decline in trade relative to GDP is a cyclical or secular
phenomenon, and thus whether it is temporary or permanent. But the
longer that decline persists, and it has now persisted for the better
part of a decade, the harder it becomes to maintain that we are simply
seeing a cyclical downturn that will reverse once the global economy
recovers.

The Baltic Dry Index, which measures the cost of chartering the large
ships that carry most long-distance trade, has recovered from its
February all-time low but still lags well behind where it stood a
couple of years ago. It is a forward-looking indicator—ships are
chartered now to deliver goods in the future—which suggests that
markets do not expect vigorous trade growth to resume soon. That may
be because of the end of the two processes that drove the
exceptionally rapid growth of cross-border transactions in the
quarter-century before the crisis.

One is the hyper-growth of China. Over this period, China rose from
far down the league tables to become the second largest economy in the
world, and the single largest trader, as measured by the value of its
exports. Its export sales grew by a breathtaking 20 per cent plus
annually. Its demand for imported energy and raw materials in turn
produced an export boom for energy and commodity producers like Russia
and Brazil, thereby contributing further to the rapid expansion of
global trade.

But Chinese GDP growth has slowed from more than 10 per cent per annum
to less than 7 per cent. Beijing, furthermore, is attempting to
rebalance the economy away from exports and towards domestic demand,
in part to avoid fanning tensions with rival exporters like the US.
The result in 2015 was an unprecedented fall in the volume of Chinese
trade, of some 8 per cent. This goes a long way toward explaining the
slowdown in world trade, given that China accounts for nearly 15 per
cent of global exports. With China's exports growing more slowly, its
imports will also grow more slowly, implying lower export sales for
commodity and energy producers that depend on the Chinese market.

Importantly, this new situation is permanent. The slowdown in Chinese
growth will not be reversed. The country's labour force is now
shrinking, a legacy of the one-child policy. And when it comes to
technical progress, China can no longer power ahead simply by
acquiring technology from abroad. Its advanced sectors must instead
grapple with the tougher challenge of developing entirely new
technologies. In the future, as Beijing well understands, China's
growth will resemble that of other relatively mature middle-income
countries. That is to say, it will be slower. Chinese policy makers
recognise this. Nor do they have illusions about returning to
export-led growth. The days when China's exports could grow two or
three times as fast as the economy are gone for good.

The other distinctive factor stimulating trade over the last quarter
of a century was the development of global supply chains. Once upon a
time, a laptop computer was produced in one country and exported to
another. Now the plastic and aluminium are produced in one set of
countries, combined into components in a second, assembled into the
final product in a third, and then shipped to markets in the fourth.
This unbundling of production and distribution has allowed firms to
reduce their costs, raise their profits, and expand their markets. It
also registers mechanically as an increase in global trade, since the
same items cross national borders not once but several times, first as
imported components and then as exported final products. But it also
represents a fundamental increase in globalisation, in that the
production process is spread across multiple countries.

Managing such a fragmented production process isn't easy, however. At
some point, unbundling that process still further and coordinating
more stages in yet more countries encounters diminishing returns. The
risk of port strikes and natural disasters like Japan's 2011 tsunami,
which disrupted the supply chains of automotive producers worldwide,
becomes too great. Advances like 3D printing, known in the business as
"additive manufacturing," make it more economical to produce
components near the final point of assembly and sale. All this gives
reason to think that the explosive growth of global supply chains is
now over. Again, it seems that the slower growth—and even
stagnation—of trade is not a passing phenomenon. But it is something
that can come about organically for very particular reasons, without
any great political disruption, or any new tendency for societies to
seek to shut themselves off from the world.

3—Cold money

The slowdown in international capital flows since 2009 has been even
more dramatic than the slowdown in the growth of trade. Most of the
drop has come in the form of reduced cross-border bank lending and
borrowing. It follows that countries most dependent on banks have been
hit hardest by the "Great Retrenchment." In practice this means
Europe, where banks, as opposed to securities markets, play a larger
role than in the US. A decline is also evident in some emerging
markets—especially in those with less developed stock and bond
markets, that rely disproportionately on international banks.

Some argue that cross-border bank lending has declined because the
crisis reminded the bankers that cross-border business is risky.
European banks burned by purchases of US subprime-mortgage-linked
securities and Greek government bonds learned the hard way about the
advantages of focussing on familiar borrowers at home. Perhaps. But
the main driver of the decline in cross-border bank lending has been
the tighter bank regulation that followed the crunch of 2007-08.

Banks were at the heart of the crisis. Their missteps created problems
for the public and the entire financial system. Post-crisis changes in
regulation focussed on them. Banks are now required to raise more
capital and hold more high-quality liquid assets. All of this makes
bank lending costlier. And cross-border bank lending, the regulators
concluded, is especially risky. A recent International Monetary Fund
study found that the regulation that has been tightened up most has
been that directed at banks' international operations. Not
surprisingly, many banks responded by curtailing their overseas
involvement. That same IMF study concludes that regulatory tightening
can explain half the decline in cross-border bank lending between 2007
and 2013.

And as is the case with the slower growth of trade, this decline in
cross-border bank lending is unlikely to be temporary, assuming that
governments do not forget all about the crisis, and revert to
light-touch regulation. But neither do these changes mark the end of
financial globalisation. Foreign direct investment—financial flows to
build foreign factories and acquire foreign companies—continues at
pre-crisis levels. So too do cross-border borrowing and lending in
stock and bond markets.

In sum, regulators have engineered a partial de-globalisation of
finance, having concluded that the portion in the hands of banks was
unsafe. But the other strands weaving national capital markets into a
global web, direct foreign investment and cross-border securities
transactions, continue as before.

4—Hitting a wall

Finally, in contrast to widespread belief, the international migrant
flow is also now growing more slowly. This slowdown was evident even
in a European continent which confronts a refugee crisis, where the
number of immigrants grew by 13 per cent in 2005-10 but by a slower 5
per cent in 2010-15. It is evident in the US too. Despite Trump's
fixation on Mexican immigration, according to data from the Pew
Research Center more Mexicans are now leaving the US than entering it.

The slower growth of migration reflects developments in both the
sending and receiving countries: tighter admission policies in many
rich countries, and better economic performance, relatively speaking,
in some countries of origin, as in the Mexican case. Further
restrictions are now likely to be imposed by high-income countries
where voters believe, rightly or wrongly, that immigrants apply
pressure on public services or pose a security threat.

Anti-immigrant sentiment played a significant role in the victory of
the "Leave" campaign in the Brexit referendum, and Theresa May's
Conservative government has evidently heard the message. The desire to
restrict immigration is similarly a powerful force animating the
Republican Party in the US presidential campaign. The French
government has demanded changes to EU rules allowing companies to hire
cheap workers in Eastern Europe and then to "post" them in high-income
countries without having to follow host-country industry wage
agreements—a demand that has been met by the EU.

But these measures are not the same as comprehensive bans bringing all
immigration to a halt. The US will continue to admit engineers
recruited by Silicon Valley companies and to reunite families through
its Green Card Program whether President Trump—should he be elected in
November—builds a wall or not. EU members will continue to respect the
free mobility of labour as one of the four fundamental freedoms of
their Single Market. That certainty, after all, was the very thing
that galvanised support for the UK "Leave" campaign. Social and
political pressures, then, may somewhat slow the migratory flows. But
the incentive for immigration, from low-income and politically
unstable regions in particular, will not vanish. Neither will the
immigration itself.

5—Recalibration, not retreat

So does Brexit spell the end of globalisation? As we have seen, a
significant shift in the trajectory of international integration was
underway even before the referendum.

The phase where global merchandise trade grew faster than global
output had already come to an end, because of the passing of
supercharged Chinese growth, and of a distinctive phase of rapid
development in global supply chains. The hyper-globalisation of
financial markets, which created as many problems as it solved, slowed
as regulators clamped down on risky cross-border bank lending. And,
contrary to widespread belief, the rate of growth of the global
immigrant population had already slowed, reflecting tighter border
controls in some countries and better growth prospects in others.

So if by globalisation we mean an era when flows of merchandise,
capital and labour across borders grow several times faster than GDP,
then we can say that this phase in global affairs is already over. But
if we mean a state where national economies are linked together by
those flows—subject to adjustments as different countries see fit—then
globalisation remains firmly in place.

The UK government will now seek to negotiate and implement new
restrictions on the movement of workers into the country, the mandate
it takes from the referendum. But it remains committed to free trade.
New International Trade Secretary Liam Fox has been globe-trotting and
bullishly talking about a post-Brexit Britain as trading even more
freely than before—indeed he even predicts it could achieve "even
freer" trade with Europe from outside the EU. The government is
committed, too, to preserving the City's position as an international
financial centre, which will mean maintaining and even enhancing the
freedom of residents and foreigners to move money in and out of the
country. Whether it will achieve these goals, which will require
agreements with foreign governments, only time will tell. There are
reasons to be sceptical. But if it succeeds, Brexit will be seen as a
recalibration rather than a retreat from globalisation—which in a
sense is the same transition the rest of the world is also going
through.


Barry Eichengreen will be a panellist at the Prospect debate: Brexit:
Whither Globalisation? taking place on Wednesday 2nd November at
6:30pm.

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quinta-feira, novembro 10, 2016

# TED Talk: Dan Gilbert: The surprising science of happiness

https://www.ted.com/talks/dan_gilbert_asks_why_are_we_happy

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# Globalisation ‘not to blame’ for income woes

Ver artigo online.

https://www.ft.com/content/93f2d4ba-7901-11e6-97ae-647294649b28

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# TED Talks: Shawn Achor: The happy secret to better work and life!

https://www.ted.com/playlists/171/the_most_popular_talks_of_all

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terça-feira, novembro 08, 2016

# TED Talks; Julie Lythcott-Haims: How to raise successful kids -- without over-parenting

https://www.ted.com/talks/julie_lythcott_haims_how_to_raise_successful_kids_without_over_parenting#t-616276

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segunda-feira, novembro 07, 2016

# Sofrimento, medicina e o transcendente. Homenagem a João Lobo Antunes

Sofrimento, medicina e o transcendente. Homenagem a João Lobo Antunes

Padre Anselmo Borges in DN 05.11.2016

Para um dos colóquios Igreja em Diálogo, sobre "Religião e
(In)felicidade", também convidei o professor João Lobo Antunes, para
falar precisamente sobre "Sofrimento, medicina e o transcendente".
Mandou-me o texto da conferência, que ainda não publiquei. O que aí
fica é uma brevíssima síntese, que é, julgo, a melhor homenagem que
posso prestar ao amigo, médico de fama mundial, professor ilustre,
homem da cultura, mestre da escrita, humanista, cristão.

"O papel da espiritualidade no contexto do sofrimento e da doença é
tema que entre nós habitualmente se mantém circunscrito ao domínio de
uma visão confessional da medicina ou da saúde em geral. Devo dizer
que este é tópico que me tem ocupado regularmente ao longo dos anos,
estimulado, quem sabe, por uma angústia metafísica que periodicamente
emerge."



Na busca de uma definição de espiritualidade, poderíamos dizer de modo
simples que "é uma atitude ou uma procura de um sentido intimamente
ligado à relação que cada um de nós tem com o transcendente", sendo de
notar que "a espiritualidade não está necessariamente ligada à
religiosidade. Esta implica a adesão pessoal a uma crença ou à prática
de uma religião organizada. De facto, pode admitir-se que um não
crente tenha a sua forma própria de "espiritualidade", ou seja, uma
relação com valores transcendentes".

"A prática da medicina bem como a experiência da doença levantam
problemas críticos de significado e sentido - questões fundamentais,
como apontou Renée Fox, sobre os "porquês da dor, do sofrimento e da
angústia, os limites da vida humana, e a morte, e as suas relações com
o mal, o pecado e a injustiça"."

Tudo indicaria que os avanços da ciência e, nomeadamente, da medicina,
a explosão da realidade virtual e do ciberespaço, teriam "como
consequência, como se de um jogo de forças antagónicas se tratasse, um
recuo na crença religiosa. De facto, o oposto parece verificar-se, e o
interesse pelos debates sobre a relação entre ciência e fé tem
crescido de forma surpreendente."

A sociedade portuguesa é hoje "uma sociedade laicizada e avessa à
discussão dos problemas da religião e da espiritualidade, como se não
tivéssemos recuperado do jacobinismo dos princípios do século passado.
Vale a pena citar, como contraste, o que se passa com os Estados
Unidos, onde 80% da população acredita no poder da religião e 77% dos
doentes hospitalizados desejam que os médicos lhes falem sobre estes
temas. Sublinhe-se ainda que pelo menos 30 faculdades de Medicina têm
cursos sobre espiritualidade, religião e saúde".

Referindo longamente esta temática, sublinhou a atenção crítica
necessária na abordagem "científica" destas questões. Mas disse que "a
ideia de que a espiritualidade e a religião trazem benefícios à saúde
deveria não chocar os mais cépticos. Sir William Osler, o fundador da
medicina clínica tal como hoje a entendemos, já falava em 1910 nafaith
that heals."

"O que não se pode questionar é que a doença é, como alguém disse, um
acontecimento espiritual que nos agarra pelo corpo e pela alma e que a
ambos perturba". E, percebendo que "a visão reducionista e mecanicista
da moderna medicina já não é satisfatória", "doentes e médicos começam
a realizar o valor de elementos como a fé, a esperança ou a compaixão,
esta última tão inexplicavelmente ausente do discurso bioético
contemporâneo". Como afirmou o filósofo A. Heschel, "to heal a person,
we must first be a person".



Concluiu que "a espiritualidade na prática médica exige grande
virtude, coragem, perseverança e o que alguém chamou de "fidelidade
criativa". E, evidentemente, esperança, pois, como dizia S. Paulo, "é
na esperança que somos salvos".

E não resistiu a contar duas breves histórias da clínica. "Já há
largos anos, num domingo de Verão, telefonou-me um colega
neurologista, dizendo-me que tinha uma menina internada num hospital
particular de Lisboa, pedindo-me que a observasse. Perguntei-lhe se
era uma situação urgente e ele respondeu-me que não lhe parecia, pelo
que foi combinado eu visitá-la depois do jantar. Eu estava em Cascais,
num almoço à beira de uma piscina, num animado convívio social.
Subitamente, sem qualquer motivo, decidi interromper o almoço e parti
para Lisboa. Quando cheguei, a menina tinha entrado em coma naquele
momento, e foi salva por uma intervenção urgente. Ela é hoje mãe de
uma Madalena. A segunda história passou-se, estava eu ainda em Nova
Iorque, e regressava de avião de um congresso quando, a caminho de
casa, decidi parar no meu hospital. Lá também, por uma qualquer razão
que ainda hoje me escapa, desloquei-me ao hospital de crianças anexo
ao meu edifício para ver um rapazinho que operara dias antes. No
momento em que entro no quarto ele fez uma paragem respiratória de que
é salvo in extremis por uma nova intervenção. Tenho contado estas
histórias (e poderia acrescentar outras) a alunos, internos e
colaboradores. Não me atrevo a atribuir-lhes um sentido transcendente,
mas também não as reduzo a situações de simples acaso ou sorte. Digo
apenas que é preciso estar atento a uma voz interior e responder sem
hesitações ao seu comando. Para tal, é preciso, pois, estar sempre à
escuta, como se conta do jovem profeta Samuel."

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# TED Talks: David Brooks: O animal social

https://www.ted.com/talks/david_brooks_the_social_animal?language=pt#t-805332

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# “Deve-se deixar a criança tocar na terra, na lama, nas árvores e nos insetos”

http://observador.pt/especiais/deve-se-deixar-a-crianca-tocar-na-terra-na-lama-nas-arvores-e-nos-insetos/

04 Novembro 201618.067
Marlene Carriço

A chupeta caiu e não tem onde lavar? O seu filho acabou de meter as
mãos cheias de terra na boca, e agora? O melhor mesmo é respirar fundo
e não dramatizar. A maioria dos micróbios até faz bem.

"Rodrigo, não mexas aí. É caca". "Miguel, deixa a mãe limpar as mãos".
" Maria, tira isso da boca". Basta sair à rua para ouvirmos frases
deste género ou parecidas. E nas malas das mães multiplicam-se
toalhitas com desinfetante, ou bisnagas com álcool em gel, para
proteger ao máximo as crianças dos perigos da sujidade, dos micróbios.
Este é um caminho que tem vindo a ser seguido, sem grandes hesitações
nem recuos, e que pode estar a conduzir a um problema, como alertam os
autores do livro Deixem-nos comer terra.

É que as pessoas ainda não se aperceberam que esta obsessão pela
limpeza e pela higiene, de forma cega, está a matar não só os
micróbios maus — que, no passado, provocavam infeções que levavam à
morte –, mas também os bons, que contribuem, entre outras coisas, para
o desenvolvimento do sistema imunitário das crianças.

Em entrevista ao Observador, um dos autores do livro Deixe-os Comer
Terra, Brett Finlay, professor de microbiologia na Universidade
British Columbia, em Vancouver, no Canadá, e que há 20 anos se debruça
sobre o estudo dos micróbios, alerta para os riscos de um mundo super
higienizado, do abuso dos antibióticos, fala da importância dos
micróbios e deixa algumas sugestões aos pais.

O que são os micróbios?

Bactérias, germes e fungos – como leveduras e algas unicelulares. Os
micróbios estão por todo o lado, mas só podem ser vistos com
microscópio. E, ao contrário do que muita gente pensa, nem todos são
patogénicos. Na verdade, a maioria deles são inofensivos. Há micróbios
que ajudam a desenvolver o sistema imunitário, a rede de órgãos e
células. Além disso são responsáveis pela digestão da maioria dos
alimentos, incluindo fibras e proteínas complexas, e fornecem
vitaminas essenciais. Os micróbios bons ajudam ainda a combater os
micróbios causadores de doenças.

No livro escrevem que vivemos num mundo demasiado limpo e que isso
pode ser perigoso. Porquê?
Andámos séculos a tentar limpar todo o mundo e deixá-lo a salvo das
infeções provocadas por bactérias. E isso correu muito bem.
Introduzimos o saneamento, a recolha de lixo, a água potável,
alimentos seguros e antibióticos. Esta tem sido uma história de
sucesso, porque diminuímos as taxas de infeções nas crianças. E isto
são boas notícias. O que nós não percebemos foi que, à medida que
fomos matando esses germes, os micróbios maus, também fomos destruindo
outros que, entretanto, percebemos que são bons. Agora percebemos que
fomos longe demais e que já não temos os micróbios com os quais
costumávamos contactar logo cedo na nossa vida, e que contribuem para
o normal desenvolvimento humano. E nós precisamos desses micróbios a
viver neste mundo. Descobrimos isso há cinco anos, quando começámos a
estudar as ligações entre os micróbios e aquilo que chamamos de
doenças da sociedade ocidental como a asma, as alergias e a obesidade.

Que evidências existem dessa ligação entre os micróbios e a prevenção
de doenças como a asma e a obesidade?
Há duas linhas a provar isso. Existem muitas provas que mostram que
precisamos da exposição a estes micróbios. Por exemplo, as crianças
que vivem em quintas, as crianças que nascem por parto natural, ao
invés de cesariana, e as crianças que têm cães estão menos expostas a
estas doenças. E há muitos estudos já feitos, com ratos, que mostram
que existe uma correlação entre os diferentes micróbios e doenças como
a asma, as alergias, a obesidade e a diabetes. Agora estamos a tentar
perceber como é que eles desempenham esse papel. Por exemplo, na
obesidade, os micróbios afetam a forma como a comida é metabolizada.

"Andámos séculos a tentar limpar todo o mundo e deixá-lo a salvo das
infeções provocadas por bactérias. Agora percebemos que fomos longe
demais e que já não temos os micróbios com os quais costumávamos
contactar logo cedo na nossa vida."
Brett Finlay, professor de microbiologia na Universidade British Columbia

As vantagens do parto natural

Quando o bebé nasce por via vaginal recebe os Lactobacillus das
secreções vaginais da mãe, que vão direitos ao intestino, e que o
ajudam, por exemplo, na digestão do leite materno.

Vocês escrevem no livro que é melhor deixar as crianças comerem terra
e sujarem-se. Mas não corremos o risco de dar um passo atrás no
percurso e fazer aumentar as infeções?
Comer terra hoje é mais seguro do que no passado. Já não temos
poliomielite. E as hipóteses de contrair disenteria no jardim são
muito baixas. O que os pais têm de perceber é que, tal como dizemos no
livro, as crianças podem provavelmente lamber o chão em casa, mas não
é uma boa ideia deixá-las lamber o chão do metro. Brincar numa caixa
de areia provavelmente não tem mal nenhum, mas se tiver fezes de gato
— que contêm parasitas –, já não é boa ideia. Se o seu filho tiver uma
infeção bacteriana, usar antibióticos vai salvar-lhe a vida, mas se
tiver uma infeção viral os antibióticos não vão funcionar e até podem
provocar danos. Portanto, é preciso ter em conta que hoje o Mundo não
está nem perto de ser tão perigoso como no passado no que diz respeito
às infeções. Mesmo quando o seu filho está a brincar num parque
infantil não tem de estar sempre a limpar-lhe as mãos.

Mesmo que esse parque seja público?
Sim, a menos que haja crianças com gripe, a tossir ou a espirrar. Se
não for assim, provavelmente, não tem mal nenhum. Estar em contacto
com os micróbios das outras crianças até vai ser bom. Deve-se deixar a
criança tocar na terra, na lama, nas árvores e nos insetos. E mesmo
que se suje, não se deve apressar a limpá-la. Normalmente, quando uma
coisa está suja, a tendência é dizermos 'blherc'. Mas porque pensamos
assim? Porque a maioria das pessoas pensa nos micróbios como algo mau
e essa visão devia mudar porque nem todos os micróbios são maus.

Probióticos. Antes, durante ou depois dos antibióticos?

Antigamente havia indicação para tomar probióticos depois de terminar
o antibiótico. Porém, atualmente, já são comercializados probióticos
de Lactobacillus para serem tomados uma a duas horas após a ingestão
do antibiótico. A toma destes organismos vivos diminui a diarreia
associada aos antibióticos e aos antimicrobianos, segundo os autores.
Os probióticos também ajudam a diminuir as infeções vaginais.

Então quando se deve lavar as mãos?
Aconselhamos a lavar as mãos antes de as crianças irem comer, por
exemplo, ou quando chegam a casa de um passeio. Ou ainda se tocarem em
lixo ou em resíduos de animais. Mas lavar com água e sabão e não com
sabonetes antibacterianos.

Quer dizer que usar produtos antibacterianos é mau?
Sim, é mau. Estudos atrás de estudos têm mostrado que usar produtos
antibacterianos não faz mais efeito do que lavar com água e sabão.
Outro problema de usar esses produtos é que aumentamos as resistências
aos mesmos. Portanto, usar água e sabão está ótimo e apenas antes das
refeições e depois de uma ida à casa de banho ou depois de estarem em
contacto com alguém doente. É tudo o que precisamos em termos de
higiene pessoal.

Também não é necessário esterilizar os biberões?
Não. A Academia Americana de Pediatria já mudou isso. Lavar na máquina
da loiça ou em água a ferver é suficiente. Usar uma escova de garrafas
é o ideal.

"Um estudo sueco recente sugere que a melhor maneira de limpar a
chupeta que cai no chão é colocá-la primeiro na própria boca e só
depois dar à criança."
Brett Finlay, professor de microbiologia na Universidade British Columbia

E a chupeta? O que devem os pais fazer quando a chupeta cai ao chão?
Um estudo sueco recente sugere que a melhor maneira de limpar a
chupeta que cai no chão é colocá-la primeiro na própria boca e só
depois dar à criança. Claro que se a mãe ou o pai estiverem doentes
isso não será boa ideia, mas em circunstâncias normais colocá-la na
própria boca vai diminuir o risco de a criança vir a ter asma,
alergias e obesidade durante a sua vida, porque partilham os micróbios
da boca com o progenitor e isso reforça o sistema imunitário das
crianças.

Mas o adulto não corre risco ao expor-se aos micróbios?
Quando somos adultos temos mais defesas, portanto não vamos ficar infetados.

Voltando às crianças. Quando falam em deixar as crianças sujarem-se,
não se estão a referir a todo o tipo de lixo, ou estão?
Deixem-nas sujar-se um pouco, isso não lhes vai fazer mal. Hoje em dia
as crianças passam sete horas por dia em frente a ecrãs e reduziram em
metade o tempo que passavam na rua. Já não há exposição aos micróbios
e isso é preocupante.

"Nós não dizemos no livro que devemos encher um balde de lixo para as
crianças levarem à boca assim que nascem. Mas os pais têm de perceber
que tem de haver essa exposição aos micróbios."
Brett Finlay, professor de microbiologia na Universidade British Columbia

Vocês falam muito do campo, no livro, mas grande parte das famílias
mora nas cidades. Aí é preciso ter cuidados redobrados, certo? Esta
teoria de deixar as crianças sujarem-se aplica-se a quem vive nas
cidades?
Sim, claro. Um parque infantil público é, à partida, um bom lugar para
levar as crianças a passear e deve-se deixá-las estar com os amigos e
fazer bolos com a terra e com a erva. Ter um cão em casa, por exemplo,
diminui casos de asma e outros problemas semelhantes em 20%. Já os
gatos não trazem grandes mais-valias, porque vivem no seu mundo e não
lambem as crianças. Mas é tudo uma questão de sensatez. Nós não
dizemos no livro que devemos encher um balde de lixo para as crianças
levarem à boca assim que nascem. Mas os pais têm de perceber que tem
de haver essa exposição aos micróbios. Outra boa ideia, embora
aborrecida, é comer alimentos saudáveis. Quando comemos açúcar e
farinha branca há uma transformação muito rápida no intestino delgado
e não desce para o intestino grosso que é onde estão os micróbios. Daí
dizermos que se deve comer frutas, vegetais, frutos secos, fibras.

O que é a flora microbiana?

A flora microbiana é composta por bactérias e fungos e outras formas
de vida microscópica que habitam na pele, nas cavidades oral e nasal,
nos olhos, pulmões, aparelho urinário e gastrointestinal. Pesa tanto
como um fígado ou um cérebro (1,5 kg) e demora três a cinco anos a
ficar plenamente estabelecida.

O problema é convencer as crianças a comerem comida saudável.
É. mas no livro damos o exemplo do que a Claire fez com a filha. Um
dia ela disse à filha que ela tinha um zoo na barriga, com muitos
bichinhos e convenceu-a que os bichinhos cantavam e faziam festas e
adoravam viver na barriga dela, mas que estavam sempre com fome e que
ela tinha de os alimentar, caso contrário eles morriam. Mas os
bichinhos não gostavam de doces, nem gelados, nem hambúrgueres. Só
gostavam de frutas e vegetais. E assim conseguiu pôr a filha a comer
comida saudável. Não é fácil, mas consegue-se.

A flora microbiana desenvolve-se nos primeiros tempos de vida. Pode
uma criança nascida através de cesariana desenvolver a sua flora
microbiana, tal como a criança que nasce por parto natural?
O que os estudos nos dizem é que uma criança quando nasce de parto
natural fica logo exposta aos micróbios vaginais e fecais maternos. É
o primeiro encontro do bebé com os micróbios. É uma verdadeira
primeira prenda de aniversário. Os micróbios que o bebé recebe nesse
momento são do tipo de micróbios que ajudam a digerir o leite materno.
Daí que seja melhor para os bebés nascerem de parto natural do que por
cesariana. Os bebés que nascem por cesariana têm uma maior taxa de
asma e obesidade só porque não contactam com esses micróbios. Por
isso, se uma mulher tiver de fazer uma cesariana por razões médicas,
sejam elas quais forem, há uma técnica que já começa a ser usada em
vários hospitais em todo o mundo e que consiste em esfregar as
secreções vaginais da mãe na criança mal ela nasce.

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# HospitaisPPP são 20 a 22% mais baratos do que hospitais do Estado

http://observador.pt/2016/11/07/estado-poupou-200-milhoes-com-hospitais-ppp-de-braga-e-cascais-diz-estudo-da-catolica/

Estado poupou 200 milhões com hospitais PPP de Braga e Cascais, diz
estudo da Católica

7/11/2016, 6:48 Edgar Caetano
Estudo da Católica estima que o Estado terá poupado 20% a 22% face aos
custos que teria se os hospitais fossem geridos diretamente pelo
Estado.

O Estado português terá poupado cerca de 200 milhões de euros em
quatro anos, graças à gestão em parceria público-privado nos hospitais
de Braga e Cascais. A conclusão é de um estudo da Católica Lisbon
School of Business & Economics, encomendado pelas duas empresas
gestoras dos hospitais (José de Mello Saúde, em Braga, e Lusíadas
Saúde, em Cascais). Em ambos os hospitais, a poupança de custos
superou os 20%, assegura o estudo.

A informação, avançada em comunicado enviado à imprensa pela Católica,
baseia-se na período de quatro anos entre 2012 e 2015. "As poupanças
para o Estado foram alcançadas sobretudo por ganhos de eficiência
obtidos pela gestão privada", afirma a universidade, acrescentando que
"o estudo foi desenhado no cenário mais conservador possível – o que
permite admitir que a poupança do Estado terá sido, na realidade, bem
maior do que a agora apresentada", afirma.

O estudo do Centro de Estudos Aplicados (CEA) da Católica aponta para
uma poupança entre 100 milhões e 130 milhões de euros no Hospital de
Braga e entre 53 milhões e 72 milhões de euros em Cascais, daí que se
fale numa poupança acumulada na ordem dos 200 milhões de euros. Em
termos proporcionais, a poupança foi semelhante entre um hospital e o
outro, cifrando-se em 20% a 22% dos custos.

Ou seja, usando os dados disponibilizados pela Administração Central
do Sistema de Saúde (ACSS) para os quatros anos em análise (2012 a
2015), o Estado terá praticamente poupado os custos de um ano de
operação em cada um dos dois hospitais.

Os autores do estudo sublinham que, por uma questão metodológica,
partiram do pressuposto de que a gestão pública dos hospitais do SNS
alternativa às PPP alcançaria níveis de qualidade de serviço idênticos
aos obtidos atualmente pela gestão privada – um "pressuposto que a
realidade desmente claramente", pode ler-se no estudo. "De facto, os
hospitais de Braga e de Cascais apresentam, consistentemente, nas
análises realizadas, níveis de qualidade de serviço superiores aos dos
restantes hospitais do SNS, sendo que estes acréscimos de qualidade
não estão contabilizados nos resultados adiantados pelo estudo do
CEA", acrescenta.

Apoiado nas conclusões do estudo, o Professor Ricardo Ferreira Reis,
responsável pelo trabalho, remata que "perante tão significativas
poupanças para o Estado ditadas por ganhos de eficiência da gestão
privada, não podemos deixar de mencionar o facto de que seria justo
que uma parte desses ganhos do Estado servisse para cobrir os
prejuízos que são suportados pelas empresas gestoras dos dois
hospitais – prejuízos que ainda assim são muito inferiores à poupança
total gerada pelas PPP".

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quinta-feira, novembro 03, 2016

# Idosos trocam lares para viver em residências com os amigos

http://observador.pt/2016/11/02/idosos-trocam-lares-para-viver-em-residencias-com-os-amigos/

2/11/2016, 23:29 Carlos Rosillo/ El País

Os mais velhos não querem ser um fardo para os filhos mas também não
querem viver fechados em lares. Em Espanha estão a ser criadas
residências para "dar vida à idade". Velhos, e juntos.

"Em vez do meu filho se tornar independente, eu é que me tornei", diz
um dos moradores de uma das residências

Não querem ser um fardo para os seus filhos mas também não querem
viver fechados em lares aborrecidos. Depois de se reformarem, o que
fazer? É simples. Aderir às novas residências criadas especialmente
para a terceira idade. Quem disse que as residências eram apenas para
os jovens, estava enganado.

A amizade entre Víctor Gómez e Cruz Roldán dura há já cerca de 46
anos. Conheceram-se numa excursão de um grupo de caminhada na Serra
Nevada, em Espanha. "Mas era mais do que isso, era um estilo de vida",
recorda Roldán, de 79 anos. Quando estavam com meio século de vida,
questionaram-se: "Por que não nos vemos envelhecer?". Quinze anos
depois, moram com as suas mulheres em Convivir, uma república
autogerida na cidade de Cuenca. Dezenas de amigos e familiares
entusiasmaram-se quando estes lhes falaram da ideia de viverem todos
juntos e, hoje, são 87 idosos a seguir o lema "dar vida à idade".

A república conta com todos os serviços de um lar tradicional. "Mas
não ficamos sentados o dia todo numa cadeira entre desconhecidos",
explicou um dos moradores. Partilham tarefas, mantêm-se ativos e
conservam a sua independência.

A velhice chega cada vez mais tarde, mas pensa-se sobre ela desde
cedo. Os mais velhos, especialmente os europeus e os japoneses, vivem
mais tempo mas não querem passar a última fase das suas vidas a ser um
fardo para os filhos ou entre desconhecidos num lar.

Num estudo realizado pelo ministério da Saúde espanhol, em 2015, mais
de metade dos inquiridos considerou pouco provável vir a viver num
lar. Mas quatro em cada dez pessoas veem uma alternativa: O Cohousing.
São moradias criadas e administradas pelos próprios idosos, que
decidem entre si onde e como querem viver a sua reforma. As casas
pertencem a uma cooperativa, mas podem ser deixadas de herança aos
filhos. Em Espanha, existem já oito projetos com vários a ser
pensados.

O El País descreve o ambiente vivido na Convivir. Falta pouco para a
hora de almoço nas salas de estar ouve-se a cantora Raffaella Carrà.
Um rádio vibra ao som da música Porque El Amor, interrompida por
gargalhadas. Trata-se de uma oficina de risoterapia dirigida por
Lourdes Ranera. Aprendeu a técnica na Índia, ensinou-a durante mais de
20 anos em Barcelona e, hoje, faz rir todos os dias os seus colegas da
república. Os únicos que conseguem controlar o riso são os que trocam
de roupa depois de mais uma aula de ginástica do ex-professor Timoteo.
Outros preferem a aula de macramé de Amelia López, 88 anos, a mais
velha da comunidade. A idade média ali é de 70 anos mas vive-se um
ambiente jovem.

Vir para cá rejuvenesceu-me! É o bom de morar numa residência enquanto
ainda estamos sãos" conta López."Ajuda a não pensar quando chegará a
nossa hora depois de termos parado de trabalhar", acrescenta Roldán.

Apesar deste tipo de moradia ser ainda recente, o arquiteto
daeCohousing, Rogelio Ruiz, recebeu quase 1.000 pedidos de informação
sobre este modelo de república. A sua equipa venceu um concurso de
arquitetura com uma das duas residências do tipo, construídas em
Madrid, designadas de Trabensol.

Achávamos muito estranho construir casas para pessoas que já não
sabiam quem era, nem como queriam morar. Agora tomamos decisões em
conjunto com eles. Se há alguém que trabalhou em jardinagem, opina
sobre as áreas verdes da residência, se há uma antiga enfermeira,
falar sobre como deve funcionar o área de saúde.

Todas as residências de cohousing devem cumprir os requisitos para o
bem-estar dos idosos: casas de banho geriátricas, móveis sem quinas,
botões de emergência nos quartos, entre outros.

Diferente da Convivir — onde para aderir tem de ser ter um conhecido
lá dentro e ser sócio — na Trabensol não há quaisquer requisitos.
Atualmente, ainda é caro viver numa república para idosos: os valores
para se associar a uma cooperativa de cohousing em Espanha variam
entre os 50.000 e os 140.000 euros. Os custos dependem ainda se a
pessoa quer serviços de limpeza, lavagem de roupa, comida ou apenas o
acesso aos serviços de saúde, como a enfermaria e a fisioterapia.

Os mais interessados nestas residências estão entre os 50 e os 70
anos. Nemesio Rasillo, um dos fundadores da residência Brisa del
Cantábrico onde a idade média é de 63 anos, explica que tal se deve ao
facto de "os mais idosos passarem a ficar ao cuidado familiar". Há
também muitas pessoas que ainda não se reformaram por terem medo de
ser um fardo para os filhos. Nesta residência uma das regras é puder
haver no máximo 15 pessoas nascidas no mesmo ano, para garantir a
variedade geracional. Cada residência tem as suas regras, mas uma
habitual é que quando uma nova pessoa entra no projeto, parte do seu
dinheiro vai para um fundo social. "Assim quando algum dos moradores
precisa de algum tratamento especial, dividimos o encargo entre todos
para não ser um gasto expressivo" explica Roldán.

Há hora da sesta, no Convivir, o tempo parece ter parado. Ninguém
circula pelos longos corredores dos dois andares, as raquetes de
pingue-pongue repousam sobre a mesa e o salão de beleza está fechado à
chave. É o momento de desfrutar do apartamento que cada um decorou a
seu gosto.

Em vez do meu filho se tornar independente, eu é que me tornei", diz
Luis de la Fuente, enquanto fecha a porta do seu novo lar.

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