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sábado, abril 30, 2011

# Prisões portuguesas com 99 por cento de taxa de ocupação e algumas sobrelotadas

30.04.2011 - 11:00 Por Mariana Oliveira http://www.publico.pt/Sociedade/prisoes-portuguesas-com-99-por-cento-de-taxa-de-ocupacao-e-algumas-sobrelotadas_1492019

As prisões portuguesas estão à beira da sobrelotação, tendo, no final do primeiro trimestre deste ano, albergado um total de 11.808 reclusos, que ocupavam 99,1 por cento dos lugares disponíveis, a que acrescem 153 detidos em unidades psiquiátricas fora do sistema.

Os números são da Direcção-Geral dos Serviços Prisionais (DGSP) e mostram que a situação mais preocupante se vive nos estabelecimentos prisionais regionais, com a grande maioria a exceder a sua capacidade.

No global, a taxa de ocupação destas 27 cadeias é de 122 por cento, mas há estabelecimentos, como o de Viseu, onde, no final do ano passado, estavam quase o dobro dos presos permitidos pela lotação.

Nos estabelecimentos prisionais centrais, é em Lisboa e no Porto que se vivem as situações de sobrelotação mais problemáticas. No final do ano passado, estavam na cadeia de Custóias mais 210 reclusos do que os 686 previstos na lotação e, em Lisboa, a ocupação ultrapassa em 25 por cento os lugares disponíveis. Bem melhor estão os quatro estabelecimentos especiais, incluindo o hospital prisional, em Oeiras, onde a taxa de ocupação média está abaixo dos 60 por cento.

Na última década a população prisional cresceu até 2003, ano em que estavam detidas quase 14 mil pessoas. A partir daí o número de reclusos começou a diminuir, até 2008, altura em que se atingiu o número mais baixo da década, com cerca de 10.800 pessoas nas cadeias portuguesas. Em 2009 a população prisional começou a crescer, o que se tem mantido até agora.

Contactada pelo PÚBLICO, a DGSP sublinha que a taxa de ocupação inclui "os condenados em penas de prisão por dias livres que só ocupam as celas aos fins-de-semana". O presidente do Sindicato Nacional da Guarda Prisional, Jorge Alves, duvida disso e mostra-se preocupado com o cenário actual. "Temos espaços que, segundo o Código de Execução de Penas, deviam ser individuais onde dormem dois reclusos e camaratas onde deviam estar 10 e estão 16 ou 18", precisa. E lembra que o Governo não cumpriu a promessa eleitoral de criar mais 10 prisões. "A única cadeia em construção é a de Angra de Heroísmo", afirma.

Aumentar a lotação

Isso e o encerramento de alguns estabelecimentos prisionais, como os regionais de Coimbra e Funchal, fizeram descer a lotação das cadeias. Há hoje lugar para 11.921 reclusos, quando em 2007 a lotação era de 12.416. A DGSP explica que as obras nas prisões de Linhó e Alcoentre, bem como a construção de novas cadeias, vai permitir aumentar a lotação. Mas não concretiza a que ponto, nem datas para a conclusão das obras.

Jorge Alves diz que algumas já duram há anos e denuncia uma situação de ruptura de meios, em que, por falta de dinheiro, há carrinhas celulares paradas à espera de inspecção e revisão. "Por falta de contratos de manutenção há pórticos de detecção de metais e aparelhos de raios X que ficaram um ano sem funcionar", acrescenta. O sindicalista receia que o agravamento da sobrelotação em algumas cadeias aumente a criminalidade e a violência dentro das prisões e indica que o Grupo de Intervenção e Segurança Prisional (GISP), uma unidade especial para reprimir distúrbios, já teve seis intervenções em casos graves desde Agosto passado (duas vezes em Alcoentre e uma no Linhó, Montijo, Pinheiro da Cruz e Custóias).

O receio é partilhado pelo presidente da Associação contra a Exclusão pelo Desenvolvimento, António Pedro Dores (onde funciona o SOS Prisões), que acredita que a tensão tem vindo a crescer dentro das cadeias. Isso mesmo mostra o número de denúncias que deram origem a uma intervenção da associação, mais de 80 em 2010, contra 23 no ano anterior. "Os espancamentos deixaram de ser tão descontrolados, para se tornarem mais direccionados e controlados, mas continuam", diz Dores.

O presidente da Comissão dos Direitos Humanos da Ordem dos Advogados, Jerónimo Martins, confirma que ainda são frequentes as violações dos direitos dos reclusos, não apenas no abuso da força, mas também na negligência de cuidados de saúde e no acesso dos presos às suas famílias.

Apesar dos problemas, todos aplaudem a erradicação do balde higiénico nas cadeias, que Jerónimo Martins lamenta que tenha acontecido apenas "no século XXI". Jorge Alves e o presidente da Comissão dos Direitos Humanos elogiam a entrada em vigor do Regulamento Geral dos Estabelecimentos Prisionais, que deverá acabar com a discrepância de regras dentro das cadeias do país. "Antes havia dois pesos e duas medidas para situações idênticas", resume Jerónimo Martins. Também louvada é a formação específica que a DGSP está a fazer nas prisões, que deverá uniformizar as buscas e as revistas ou a forma como os reclusos são algemados. "Esta era uma reivindicação nossa de há muito tempo", sublinha Jorge Alves.


 

# Número de pessoas com RSI volta a subir e há menos 608 mil com abono de família

 
O número de pessoas que recebe o Rendimento Social de Inserção (RSI) voltou a aumentar em Março, depois de meses sucessivos a diminuir, uma tendência que se mantém ao nível das famílias beneficiárias.

De acordo com a análise do PÚBLICO aos dados disponibilizados pelos serviços da Segurança Social, no final de Março existiam 316.862 pessoas a receber esta prestação social, o que traduz uma subida de 663 em relação ao mês anterior.

Para este aumento contribuíram os acréscimos verificados no Porto - o distrito com mais beneficiários do RSI -, que registou um acréscimo de 272 beneficiários para 102.692; e em Santarém: mais 202, para 7159. Em termos globais, incluindo as regiões autónomas, registaram-se descidas em sete distritos e nove subidas.

Em termos homólogos, a tendência dos últimos meses manteve-se, desta feita com uma quebra de 89.728 face a Março de 2010.

Apesar do aumento mensal - o que não acontecia desde Julho do ano passado -, o saldo acumulado desde o início deste ano ainda é negativo: menos 6842 pessoas.

Para estas reduções contribuiram os cortes decretados pelo Governo e a nova lei da condição de recursos, que entrou em vigor em Agosto do ano passado.

O PÚBLICO tentou obter uma explicação junto do Instituto da Segurança Social para a primeira subida mensal desde que o Governo começou a restringir as condições na atribuição das várias prestações familiares, mas sem sucesso até à hora de fecho desta edição. O valor médio por beneficiário foi de 88,15 euros, ligeiramente acima dos 87,16 processados em Fevereiro, mas abaixo dos 88,69 euros de Janeiro.

Os dados da Segurança Social revelam ainda que o universo de famílias a beneficiar desta prestação social, que sucedeu ao rendimento mínimo garantido criado no Governo de António Guterres, era de 118.745 no final de Março. Este número representa uma quebra de 40.659 famílias relativamente a Março de 2010. Em termos mensais, a quebra é de 892. Ainda assim, registaram-se aumentos em dez distritos, com Santarém à cabeça (mais 80), seguido por Coimbra com 65. A maior quebra (906) ocorreu no Porto, que continua a ser o distrito com mais agregados familiares a receber o RSI (40.306). Lisboa aparece a seguir com 22.332. No caso do Porto, o número representa uma diminuição de 17.058 em termos homólogos. Em Lisboa, as quebras são de 5935 (homóloga) e de 84 (mensal).

Em termos acumulados, o número de famílias a beneficiar do RSI registou uma quebra de 7562 desde Janeiro.

O valor médio pago por família ascendeu aos 238,68 euros em Março, menos 1,78 euros do que o valor processado em Fevereiro, mas mais 6,93 do que em Janeiro.

Os dados da Segurança Social revelam ainda que só desde o início do ano há menos 157.207 portugueses a receber abono de família. No final do primeiro trimestre, existiam 1.118.953 portugueses a receber esta prestação, o que traduz uma quebra de 607.857 pessoas face a Março do ano passado. Em termos mensais, a redução é de 87.546.

Outro dado curioso prende-se com o facto de, em Fevereiro, o Porto ter ultrapassado Lisboa como o distrito com mais beneficiários do abono de família. Uma situação que resultou do facto de as quebras terem sido mais acentuadas no distrito da Invicta do que na capital. Em Lisboa, mais de 167 mil pessoas deixaram de receber esta prestação no último ano. Só desde o início do ano foram mais de 50 mil. No Porto, as reduções atingiram quase 108 mil beneficiários, em termos homólogos, e 22.982 desde Janeiro.

No final de Março, o Porto tinha 222.837 beneficiários e Lisboa 208.919. Braga surge em terceiro, com 117.139 pessoas.