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PENSANTES

Outros pensamentos, ideias e palavras que nos fazem pensar...

sexta-feira, dezembro 28, 2012

# Hungria: tudo ao contrário de Portugal

22/12/2012 | 00:01 | Dinheiro Vivo

Em Budapeste, os governantes têm dedicado o seu tempo, desde 2010, a
projetar e implementar nacionalizações de companhias, aumentar o
salário mínimo, aliviar a carga fiscal sobre as famílias, incentivar o
consumo interno, taxar mais os bancos, reduzir de forma acentuada os
encargos do Estado com as parcerias público-privadas (PPP), baixar os
impostos para as empresas, entre outras medidas. Se as políticas
pensadas e executadas pelo governo português olhassem para o espelho,
a imagem daí resultante seria naturalmente invertida e veríamos então
o executivo húngaro em ação.

Portugal e Hungria têm áreas e população de dimensões em tudo
semelhantes. São dois países da União Europeia (UE) que distam entre
si 2390 quilómetros. O primeiro está no euro e o segundo ainda possui
moeda própria, o chamado florim húngaro. Portugal quer terminar o ano
de 2012 com um défice de 5% e uma dívida de 120% relativamente a um
PIB que deverá cair 3%. A Hungria, pelo contrário, deverá ter um
défice de 2,5% e uma dívida de 78,4%, tendo como base uma economia que
deverá recuar 1,2%. Bem-vindo ao mundo dos contrastes no seio da
Europa dos 27.

Alguns poderão perguntar-se se estar ou não sob resgate externo poderá
condicionar as políticas. Ora, embora seja um caso pouco falado em
Portugal, a Hungria acaba por estar a beneficiar de ajuda do FMI e da
UE. O programa da Hungria data de 2008 e tinha o valor de 20 mil
milhões, tendo sido entregues até ao momento 14 mil milhões, que
acabarão de ser pagos em 2016. O problema surgiu em 2010, na sequência
da transição de um Governo socialista para um conservador de Direita,
liderado pelo polémico Viktor Órban. Em setembro último, o
primeiro-ministro pôs um travão nas políticas de austeridade do FMI,
depois de meses de conflito. Pelo meio, Budapeste foi inundada por
cartazes anti-FMI colocados pelo governo e que procuravam
assumidamente angariar o apoio da população.

"Segundo o acordo feito pelo governo anterior, os salários e pensões
teriam de sofrer reduções progressivas e, por esse motivo, o atual
Executivo cancelou essas medidas e parou com o processo de cortes",
explicou, ao Dinheiro Vivo, o secretário de Estado das Finanças, Gyula
Pleschinger.

Se pudesse dar um conselho a Portugal, diria que é possível renegociar
acordos com o FMI? "Nós negociámos com o FMI com base nos nossos
progressos. Estamos preparados para soluções de compromisso, mas estas
não devem ir contra os valores básicos deste governo", sublinha o
secretário de Estado. "A crise mostrou que implementar uma união
monetária sem uma união fiscal foi muito perigoso e o euro era
demasiado forte para Portugal e Grécia e muito barato para a
Alemanha", acrescenta.

O governo húngaro quis deixar mais dinheiro para as famílias e
introduziu a taxa única de 16% no IRS, aumentando antes os impostos
sobre o consumo, nomeadamente o IVA, cuja taxa máxima está nos 27%.
Consultando a página de Internet do executivo, a sensação de estarmos
perante a imagem de Portugal, invertida por um espelho, ganha mais
força. O salário mínimo (485 euros) português está congelado desde 1
de janeiro de 2011 e não se perspetiva aumento. Na Hungria, o salário
mínimo vai subir 5,4% em 2013, para 341 euros. A eletricidade e o gás
, nas mãos de privados, deverão descer cerca de 10% no início de
janeiro por imposição do governo húngaro. Em Portugal, o gás vai subir
2,5% e a eletricidade 2,8%, após várias outras subidas, nomeadamente a
que resultou da aplicação do IVA máximo a estes serviços.

A austeridade no seio do Estado está a ser implementada, mas com
moderação. "Na administração pública não aumentámos os salários nos
últimos dois anos. O valor nominal e a duração do subsídio de
desemprego sofreu cortes [tal como em Portugal]. Queremos recolocar as
pessoas no mercado de trabalho e incentivamos as famílias a terem
filhos através da atribuição de vários subsídios", afirma Pleschinger.

À luz do perfil dos três maiores partidos políticos portugueses (PSD,
PS e CDS), pode parecer estranho que na Hungria tenham sido
socialistas a privatizar quase todo o sector empresarial e sejam agora
conservadores a tentar recuperar ativos importantes para a esfera do
Estado. A oposição de Bruxelas tem sido manifesta, mas Budapeste não
desiste.

No superministério do Desenvolvimento Nacional, a ministra Zsuzsa
Németh confessou ao Dinheiro Vivo que a Comissão Europeia não gosta
das políticas de nacionalização. "Quando comprámos um banco privado
comercial, através do nosso banco de fomento, a Comissão Europeia
torceu o nariz. Mas tivemos de lhes lembrar que existe um caso
semelhante na Alemanha. Por outro lado, a banca privada tem tido
grandes lucros, mas não está a emprestar às empresas", afirmou.

# Portugueses pouparam mais este ano apesar da queda do rendimento

28/12/2012 | 16:02 | Dinheiro Vivo

A poupança das famílias voltou a aumentar no terceiro trimestre deste
ano, para o registo mais elevado desde o terceiro trimestre de 2003.
Segundo os dados hoje revelados pelo Instituto Nacional de Estatística
a taxa de poupança atingiu os 11,2% (até setembro deste ano), e apenas
recuando para o terceiro trimestre de 2003 se encontra uma taxa tão
elevada (11,5% à data).

O aumento da poupança das famílias não ficou, todavia, a dever-se às
remunerações. Como efeito da crise, o rendimento líquido caiu em todos
os setores institucionais, especialmente nas administrações públicas
onde a redução foi de 1,4% (variação de 6,8% no trimestre anterior) e
de 1% para o total das sociedades. A remuneração contribuiu
negativamente em 0,69 pontos para o resultado final.

Na prática, apesar da quebra dos rendimentos, as famílias portuguesas
continuaram a poupar. Por cada 10 euros de rendimento disponível, os
portugueses guardaram 1,12 euros. Há um ano poupavam apenas 0,92
euros.

Este aumento ficou a dever-se a um aumento dos rendimentos de
propriedade em 0,46 pontos percentuais e de um aumento dos benefícios
recebidos de contribuições sociais pagas em 0,11 pontos percentuais.

A contribuir ainda para o aumento das poupanças, esteve uma quebra no
consumo final das famílias de 1%, segundo os dados hoje divulgados e
que totalizam 12 meses até setembro.

# Taxa de juro que Portugal paga é mais baixa do que a taxa de juro na dívida portuguesa em qualquer mês nas últimas décadas

Portugal não é a Inglaterra. Se ainda tivéssemos escudo, o mais
provável era que pagássemos taxas de juro bem mais altas Juros em
euros ou em escudos?
08/12/2012 | 00:00 | Dinheiro Vivo

Pelo empréstimo dos nossos parceiros europeus que vem através do EFSF,
Portugal paga atualmente uma taxa de juro de 3,2%. Objetivamente, não
é alto, tendo em conta quer o tamanho da nossa dívida quer os custos
de financiamento na Europa. Ao mesmo tempo, qualquer décima a menos na
taxa de juro é uma boa notícia. Reduzir o pagamento de juros devia ser
um objetivo consensual no país, e nenhum dos argumentos em contrário
que ouvi esta semana dos nossos governantes me pareceu fazer sentido.

Há quem argumente no entanto que, com moeda própria, pagaríamos menos
juros. Então a Inglaterra não paga hoje uma taxa de juro de apenas
1,8%? E os bancos centrais não fixam as taxas de juro? Sim e sim. Mas
também não, não, não, isto não implica que iríamos pagar taxas de juro
mais baixas se ainda tivéssemos escudos. Pelo contrário, o mais
provável era pagarmos taxas de juro bem mais altas.

Em primeiro lugar, Inglaterra não é Portugal. Não tem a nossa dívida,
nem a nossa história de défices ou de não-pagamento de dívidas, nem
três programas do FMI em pouco mais de três décadas, nem as nossas
baixas perspetivas de crescimento económico, nem o risco próximo de
sair do euro e não pagar a ninguém. Vamos antes comparar Portugal hoje
com Portugal no passado. Qual era a taxa de juro entre 1982 e 1984,
quando tivemos o último programa do FMI? Acima de 20%. Qual foi a taxa
de juro que pagámos nos anos 90, antes de adotarmos o euro? Entre 4% e
7,6%.

Já agora, entre 2002 e 2008, os anos do crédito barato que jorrava da
Europa, qual era a taxa de juro na dívida portuguesa ? Em média, foram
cerca de 4%, no máximo 5,4% e no mês mais baixo, em setembro de 2005,
a taxa foi 3,2%. Leu bem, a taxa de juro de 3,2% que pagamos hoje aos
nossos parceiros europeus é mais baixa do que a taxa de juro na dívida
portuguesa em qualquer mês nas últimas décadas. Não é raro ouvir ou
ler comentadores que primeiro apontam o dedo ao crédito barato de que
gozámos depois da entrada no euro como responsável pela crise, para
depois se revoltarem contra os agiotas da troika e as suas taxas
abusivas. Os factos não são generosos para com este ponto de vista.

Passando para a teoria, porque os bancos centrais podem criar ou fazer
desaparecer dinheiro eletrónico, eles podem controlar quase
perfeitamente as taxas de juro em empréstimos com durações desde um
dia a um mês. O valor de 0,75% anunciado pelo BCE refere-se a estas
taxas. Mas todas as outras taxas de juro neste artigo eram taxas de
juros em euros ou escudos a 10 anos. O banco central praticamente só
afeta esta taxa de juro através da taxa de inflação. Por cada 1% a
mais de inflação esperada em média nos próximos dez anos, o juro a 10
anos é aproximadamente 1% maior.

Se tivéssemos escudos em vez de euros, acha que a nossa inflação seria
maior ou menor? A resposta devia ser óbvia. Logo, com escudos,
provavelmente teríamos hoje taxas de juros maiores. Sair do euro não é
uma forma de baixar as taxas de juro.

Professor de Economia na Universidade de Columbia, Nova Iorque

# Estados americanos ponderam ter professores armados

Para evitar a repetição de massacres como o de Newtown, alguns Estados
norte-americanos estão a ponderar autorizar os professores a irem
armados para a escola.
9:27 Sexta feira, 28 de dezembro de 2012

Alguns Estados norte-americanos, como o Arizona, estão a ponderar
autorizar os professores a ir para a escola armados, tendo em vista a
prevenção de massacres como o de Newtown, no Connecticut, a 14 de
dezembro.

A National Rifle Association (NRA), o poderoso lobby que promove o
direito à posse de armas nos Estados Unidos, defende que a única forma
de evitar massacres como o de Newtown é abatendo os seus autores.

Numa rara conferência de imprensa, uma semana depois de um jovem de 20
anos ter abatido a tiro 20 crianças de seis e sete anos e seis adultos
na escola primária Sandy Hook, em Newtown, a NRA apelou à presença de
guardas armados em todas as escolas do país.

Mas no Utah, um dos poucos Estados norte-americanos que atualmente
autoriza as pessoas a entrarem armadas em escolas públicas, a par do
Kansas, o Shooting Sports Council está a oferecer cursos de tiro para
professores poderem obter a licença de porte de arma. O número de
vagas revelou-se insuficiente para tantos candidatos. Mais de metade
dos 400 professores que pretendiam realizar este curso tiveram de
ficar de fora por falta de espaço.

O recente massacre no Connecticut relançou o debate sobre a legislação
que regula a posse de armas nos Estados Unidos e enquanto uns defendem
a sua restrição, outros alegam a necessidade de alargar o direito à
posse de armas.

Ao mesmo tempo que professores norte-americanos procuram aprender a
utilizar uma arma, Estados como o Arizona estão a preparar legislação
para os autorizar a entrar nas suas escolas armados.

O ideal era "um polícia em casa sala"


O ministro da Justiça do Arizona propôs na quarta-feira que "em cada
escola que o deseje seja designado o diretor ou qualquer outra pessoa
para receber treino de utilização de armas de fogo e de gestão de
situações de emergência como a de Newtown".

"A solução ideal seria ter um polícia armado em todas as escolas", mas
como isso poderá não ser possível, apontou, "a segunda melhor solução
é haver na escola alguém que saiba manusear armas, gerir situações de
crise e que tenha uma arma num local seguro".

No Missouri, um projeto de lei semelhante foi apresentado na semana
passada e deputados defensores do direito à posse de armas na Florida,
Minnesota, Oregon, South Dakota e Tennessee já garantiram que vão
também propor legislação nos próximos meses para permitir a entrada de
professores armados nas escolas.

Segundo uma sondagem do jornal "USA Today" divulgada na quinta-feira,
58% dos norte-americanos dizem-se a favor de leis mais rigorosas sobre
a venda de armas face aos 43% registados em outubro de 2011.


Ler mais: http://expresso.sapo.pt/estados-americanos-ponderam-ter-professores-armados=f776229#ixzz2GLXBhkTN

# Não é piada: roubou o BPN para gastar em meninas

Henrique Raposo (www.expresso.pt)
8:00 Quinta feira, 27 de dezembro de 2012

Não minto, veio no jornal. José Mário Pereira era gerente da agência
do BPN das Amoreiras e prometia juros de 30% a quem investisse nas
suas aplicações financeiras. Como era impossível pagar aqueles juros
de forma legal, o Dr. Pereira sacava dinheiro de outras contas,
daquelas contas de gente rica que nunca são mexidas. O esquema durou
10 anos, deu um rombo de 10 milhões ao banco e 1 milhão de lucro ao
Dr. Pereira. O jornal (JN) diz que grande parte desta soma "terá sido
gasta na prostituição e em casas de alterne". Não, o Dr. Pereira não
entrou no empreendedorismo da alcova. Não, o Dr. Pereira não quis ser
empresário do sexo. O sujeito em apreço limitou-se a gastar um milhão
em serviços sexuais. Um milhão em servicinhos: se não é record do
Guiness, deve andar lá perto. Entretanto, o Dr. Pereira andou fugido
durante dois anos e lá acabou por ser preso pela PJ no ano passado. Já
foi julgado? Não. Aquando da revisão das medidas de coação, o Dr.
Pereira foi libertado. Pelo que percebo, o Dr. Pereira está livre. E
nós continuamos a pagar o BPN e, já agora, os magistrados que já
deviam ter julgado o Dr. Pereira.

Juntos, BPN e justiça portuguesa, só podiam dar esta comédia. Tivesse
Portugal uma indústria de cinema e estava aqui um argumento pronto
para entrar no forno.


Ler mais: http://expresso.sapo.pt/nao-e-piada-roubou-o-bpn-para-gastar-em-meninas=f775958#ixzz2GLVmYIR8

quarta-feira, dezembro 26, 2012

# Estado deve comprar antigas Scut, defende Observatório das PPP

Por Ana Tomás, publicado em 26 Dez 2012 - 12:53 |
http://www.ionline.pt/dinheiro/estado-deve-comprar-antigas-scut-defende-observatorio-das-ppp

O Observatório das PPP, da Universidade Católica, defende que o
Estado deve comprar as antigas Scut, noticia o Jornal de Negócios.

Segundo as conclusões do Observatório, a aquisição das
ex-auto-estradas sem custos seria feita, mediante uma negociação com
empresas e bancos, a um preço igual ao valor actual das
responsabilidades futuras do Estado.

As estimativas daquela entidade apontam para entre 3,5 a 5 mil milhões
de euros o valor dos pagamentos contratados com as concessionárias,
descontado das taxas de rentabilidade accionista (entre 10% a 16%,
conforme os contratos).

A solução proposta pelo Observatório das PPP prevê que o Estado pague
às sete concessionárias esses 3,5 mil milhões, que seriam financiados
inteiramente através da dívida pública, através de uma taxa de juro de
5% e 6%.

Esta operação teria um custo de 300 a 400 milhões euros por ano para o
Estado, ainda assim metade dos encargos actuais com as
concessionárias, na ordem dos 800 milhões de euros.

O Observatório estima ainda que dos 300 a 400 milhões de despesa para
o Estado, apenas 100 milhões de euros (referentes a juros) teriam
impacto no défice.

# Natal da dignidade humana

por ANSELMO BORGES in DN.pt

Numa troca célebre de cartas entre o cardeal Carlo M. Martini e o
agnóstico Umberto Eco, publicadas com o título "In cosa crede chi non
crede?", U. Eco escreve: Mesmo que Cristo fosse apenas o tema de um
grande conto, "o facto de esse conto ter podido ser imaginado e
querido por bípedes implumes, que só sabem que não sabem, seria
miraculoso (miraculosamente misterioso)".
O Homem teve, a dada altura, "a força, religiosa, moral e poética, de
conceber o modelo do Cristo, do amor universal, do perdão aos
inimigos, da vida oferecida em holocausto pela salvação dos outros. Se
fosse um viajante proveniente de galáxias longínquas e me encontrasse
com uma espécie que soube propor-se este modelo, admiraria, subjugado,
tanta energia teogónica, e julgaria esta espécie miserável e infame,
que cometeu tantos horrores, redimida pelo simples facto de ter
conseguido desejar e crer que tudo isto é a Verdade." Mas Jesus não é
um simples conto ou um mito. Hoje, ninguém com honradez intelectual
põe em dúvida a sua existência e há um acordo de base quanto a dados
históricos fundamentais, como mostra Xabier Pikaza, na obra Quem Foi,
Quem É Jesus Cristo?, que coordenei, e na qual especialistas de renome
mundial tratam das perguntas essenciais sobre Jesus: uma biografia
'impossível' de Jesus, Jesus e a gnose, Jesus e Deus, Jesus e o
dinheiro, Jesus e a política, Jesus e as mulheres, Jesus e as
religiões, que quer dizer: "ressuscitar dos mortos"? Sintetizo X.
Pikaza quanto ao consenso de base sobre "Jesus: quem foi, o que
queria, que final?"
1. Jesus foi um profeta escatológico, que anunciou e actuou na
perspectiva da acção iminente de Deus, que iria transformar a ordem
social e política do mundo.
2. Foi um sábio, perito em humanidade, contando histórias iluminantes
para a condução da vida, para lá da banalidade do mundo e em ordem ao
seu entendimento e transformação.
3. Foi um taumaturgo e um carismático. Tinha "poderes" especiais, com
grande capacidade de influência. Colocou-se do lado dos oprimidos, com
"sinais" a seu favor, preocupando-se com a saúde das pessoas, a sua
libertação e autonomia pessoal.
4. Foi homem de mesa comum. Estava interessado na comunicação viva e
fraterna entre todos, como mostram os banquetes com pecadores e
excluídos, ultrapassando as divisões entre puros e impuros.
5. Criticou uma forma de família baseada só na genealogia, para
procurar uma forma nova de comunhão e inter-relação entre todos: num
momento de grande desestruturação social, apresentou-se como
impulsionador de um movimento messiânico, aberto a todos e integrando
os diversos estratos da sociedade, especialmente os marginalizados.
6. Foi um comprometido radical, de tal modo que a sua proposta não foi
aceite por muitos "bons" judeus do seu tempo. Rompeu com normas sacras
aceites pela maioria religiosa e abriu-se aos marginalizados sociais,
num momento de grande crise económica, cultural, social e familiar. A
sua proposta tornou-se perigosa, originando um conflito com os
defensores da ordem religiosa e os representantes de Roma.
7. Foi um pretendente messiânico, executado em Jerusalém. Foi um
profeta, um sábio, um carismático, mas não apenas isso. Ele subiu a
Jerusalém pela Páscoa do ano 30 como portador do Reino de Deus, ainda
que se discutam as características da sua pretensão. Foi rejeitado
pelas autoridades sacerdotais de Jerusalém e condenado à morte por
Pôncio Pilatos como "rei dos judeus".
8. Depois da sua morte, o seu movimento profético-messiânico
manteve-se e transformou-se. Muitos continuaram a acreditar nele,
confessando que ele está vivo em Deus. Reflectindo sobre o modo como
viveu, como agiu e se comportou, sobre a sua experiência de Deus, que
proclamou, com palavras e obras, como amor incondicional, tiveram a
experiência avassaladora de que ele não morreu para o nada, mas para o
interior da Vida plena de Deus. É o Vivente em Deus.Afinal, o Natal
verdadeiro é o Natal da dignidade humana.
Como dizia o filósofo ateu Ernst Bloch, foi com Jesus que sabemos que
nenhum ser humano pode ser tratado como "gado". Já Hegel tinha escrito
também que por ele sabemos da dignidade divina do ser humano. Bom
Natal!

segunda-feira, dezembro 17, 2012

# Três mitos sobre a marijuana

Manuel Pinto Coelho
Público 15/12/2012

"Não há nada mais terrível que a ignorância ativa" Goethe

Continua a ler-se com inusitada frequência na imprensa nacional
declarações de pessoas que, embora habitualmente responsáveis, desde
há muito, de forma mais ou menos declarada, se vêm batendo pela
legalização da marijuana.
A bem da verdade e da saúde mental do leitor, esclarece-se:
Mito 1 - A marijuana fumada pode ter um aproveitamento médico.
Verdade - Pela impossibilidade de controlar a dose, os ingredientes e
a potência, o fumo nunca poderá ser um modo seguro de administrar uma
droga. Entre os seus 483 compostos químicos, o THC é fortemente
psicoativo, a sua potência não pára de aumentar - no espaço de 40
anos, passou de 1% para 35% - sendo que as concentrações desconhecidas
deste composto químico tornam impossível a criação de uma dose
uniforme com aplicação médica. Acresce ainda que a já há muito
suspeitada ligação entre cannabis e a esquizofrenia vem sido
repetidamente confirmada por estudos recentes, de tal forma que hoje
ela é comparada com a conhecida ligação ao cancro do fumador de
tabaco. Além de inquestionáveis danos no cérebro e aparelhos
respiratório e reprodutor, estudos também recentes têm vindo a
comprovar, no seio dos seus utilizadores, descidas do QI que podem ir
até aos oito pontos.
Mito 2 - A legalização da marijuana iria diminuir o crime relacionado.
As prisões estão superpovoadas de indivíduos acusados da sua posse,
obrigando os Governos a gastar milhões pelas custas legais da sua
detenção.
Verdade - A legalização da marijuana, com a consequente descida da
perceção de risco, do preço, bem como o aumento da sua
disponibilidade, faria dos jovens um alvo e um potencial mercado muito
maior para os dealers. Nos EUA, de todos os detidos por problemas de
droga, só 1,6% foram sentenciados unicamente por posse, sendo a
quantidade média apreendida de 52 quilos, ou seja, muito mais do que a
necessária para uso pessoal. Passa pela cabeça de alguém que a melhor
forma de prevenir o crime e o consequente castigo/sobrelotação das
prisões ocupadas com os seus prevaricadores, seja também a de
legalizar a fraude, o roubo, o assassínio, o incesto, o estupro, a
violação, a pedofilia, a violência doméstica, o tráfico humano ou o
fogo posto?
Mito 3 - Taxar a marijuana como o álcool e o tabaco traduzir-se-ia num
encaixe de milhares de euros que poderiam ser aplicados em serviços
vitais, tais como nas escolas.
Verdade - O tabaco e o álcool são precisamente os maiores indicadores
da razão por que legalizar a marijuana seria devastador em termos
económicos e de sofrimento humano. Quem advoga a ideia esquece-se de
mencionar que o dinheiro dos impostos cobrados ao tabaco e ao álcool
cobrem menos de 15% dos custos económicos devidos ao uso destas
substâncias, que incluem cuidados de saúde, perda de produtividade,
custos com a justiça, acidentes de viação e absentismo, para nomear só
alguns. Assim é razoável concluir que, no mínimo, os custos da
legalização da marijuana iriam reproduzir em espelho os do tabaco e
álcool.
É voz corrente que é impossível erradicar as drogas da sociedade; uma
guerra perdida, diz-se. É nossa opinião que, embora seja impossível
acabar com ela, qualquer sociedade consciente, com um mínimo de
consciência ética, deverá caminhar no sentido da sua erradicação. O
seu objetivo deverá ser sempre o de limitar o número de pessoas
envolvidas e o correspondente impacto negativo. Do mesmo modo, o facto
de ainda não se ter descoberto a cura do cancro não quer dizer que se
deva deixar de a tentar. O mesmo raciocínio em relação a flagelos como
a fome e a pobreza. Não passa pela cabeça de ninguém desistir de os
combater pelo facto de os resultados estarem sempre muito aquém dos
desejados.

sexta-feira, dezembro 14, 2012

# Presidente da Google orgulhoso da fuga aos impostos

"Chama-se capitalismo", declarou Eric Schmidt a propósito do esquema
que permitiu à Google poupar milhares de milhões de euros através de
paraísos fiscais.
Alexandre Costa (www.expresso.pt)
13:09 Quinta feira, 13 de dezembro de 2012

Miguel Medina/Reuters O atual presidente executivo e ex-presidente do
conselho de administração da Google, Eric Schmidt, diz que não fez
nada de ilícito, acrescentando mesmo estar "orgulhoso" de ter criado
um esquema que permitiu ao gigante da Internet poupar milhares de
milhõesde euros em impostos através de paraísos fiscais.

"Estou muito orgulhoso da estrutura que montámos. Fizemo-lo com base
nos incentivos que governos nos ofereceram", afirmou Eric Schmidt a
propósito da estratégia da empresa sediada na Califórnia, que passou
pela colocação de cerca de 7,7 mil milhões de euros das receitas de
2011 nas Bermudas, o que permitiu a poupança de cerca de 1,5 mil
milhões em impostos.

As declarações, proferidas por Schmidt, ontem à noite em Nova Iorque,
estão a causar impacto e a ser vistas como afronta, em especial no
Reino Unido, após a recente revelação de que apesar de em 2011 a
Google ter registado 3 mil milhões de receitas no território, apenas
pagou 7,5 milhões em impostos.

As 'leis' do mercado


"Chama-se capitalismo. Nós somos orgulhosamente capitalistas. Não faço
qualquer confusão sobre isso", referiu Schmidt.

Comentando a sua opção e as estratégias similares seguidas pelos
responsáveis da Starbucks e da Amazon, que permitiram fugir ao
pagamento de impostos no Reino Unido, o presidente executivo da Google
afirmou mesmo com algum sarcasmo que outra opção iria contra a lógica
do mercado e a defesa dos interesses dos acionistas: "Há muitos
benefícios em ser-se britânico (...) É muito bom para nós, mas,
chegarmos aos acionistas e dizer 'ponderámos sobre 200 países mas
sentimos pena das pessoas britânicas e quisemos (pagar-lhes mais)',
provavelmente haverá alguma lei contra isso".


Ler mais: http://expresso.sapo.pt/presidente-da-google-orgulhoso-da-fuga-aos-impostos=f773595#ixzz2F2Md8bUw

quinta-feira, dezembro 13, 2012

# Portugal regista o maior crescimento europeu na produção industrial em Outubro, embora continue em terreno negativo

Félix Ribeiro 12/12/2012 - 15:50 Publico.pt


Apesar de ter uma das mais negativas variações anuais, a subida de
4,8% na produção industrial dá a Portugal o maior aumento europeu de
Outubro.
Portugal continua a registar uma das maiores quedas na produção
industrial em termos anuais Nélson Garrido .

De acordo com os dados divulgados esta quarta-feira pelo Eurostat,
Portugal registou um crescimento de 4,8% na produção industrial de
Setembro para Outubro de 2012, o maior aumento nos 27 países da União
Europeia.

Em termos de variação mensal, este resultado não compensa a queda de
Setembro, mês em que o Eurostat registou uma quebra na produção
industrial portuguesa de 12,1%.

De Setembro para Outubro, a produção industrial na zona euro registou
um decréscimo de 1,4%. Destacam-se as quedas da Estónia, com menos
5,3%, da Holanda, com uma quebra de 4,7%, e da Alemanha, que registou
uma redução de 2,4%. No campo das subidas, atrás de Portugal ficaram a
Irlanda, cuja produção subiu 2,7%, e a Polónia, com mais 1,9%.

Mesmo tendo registado a maior subida europeia de Outubro, o gabinete
de estatística europeu aponta Portugal como tendo sofrido uma das
principais quedas, em termos anuais, na produção industrial. Até
Outubro deste ano, o sector registou uma quebra de 3,9%, o mesmo
resultado da Holanda. Em termos anuais, a quebra é apenas maior nos
casos da Irlanda, cuja produção industrial baixou 16,2% até Outubro,
de Itália, com uma queda de 6,2%, e da Bulgária, com 4,2% de variação
negativa.

sexta-feira, dezembro 07, 2012

# A troika é uma agiota?

Ricardo Reis, 01/12/2012 | Dinheiro Vivo

Mais de metade do nosso défice público vai para pagar juros? Sim. A
Polónia não paga cerca de metade do que nós pagamos em juros em
percentagem do PIB? Sim. Se pagássemos menos juros, podíamos cancelar
todos os aumentos de impostos dos últimos dois anos? Provavelmente.
Logo, a taxa de juro que os "amigos" da troika nos cobram é abusiva e
um fardo pesado sobre o nosso orçamento? Nem pensar.


Os juros que pagamos são o produto da taxa de juro vezes a dívida que
temos. A Polónia vai pagar aproximadamente a mesma taxa de juro do que
nós em 2012, cerca de 4,1%. Só que a dívida deles é metade da nossa.

O nosso problema não é a taxa, que até está abaixo da média em
democracia antes de entrarmos no euro. O problema está na dívida que é
enorme. O grande obstáculo orçamental não está nos termos do acordo
com a troika, está antes nos défices que acumulámos durante anos a
fio. Se o dinheiro vai hoje para pagar juros e não sobra para pagar
pensões e salários, não é por causa da taxa de juro, mas das pensões e
salários a mais que pagámos no passado.

Para além disso, a taxa de juro que pagamos à troika são só cerca de
3,2%. Os credores privados é que cobram muito mais, resultando numa
média de 4,1%. A troika é o nosso credor mais generoso.
O ataque aos juros não para aqui. Então, se a França está a pedir
emprestado a uma taxa de 2,1%, e a Alemanha a 1,4%, não estão a lucrar
à nossa custa? Porque é que os alemães não pedem dinheiro emprestado a
1,4% e o emprestam aos portugueses a uns 2%, ficando todos mais ricos?
Não, não, não.

A Alemanha já faz isto, todos os meses. Criou-se uma agência, o EFSF,
que pede emprestado para poder emprestar aos portugueses.
Crucialmente, ela faz isto em nome dos alemães, franceses e outros
europeus, e com o seu explícito aval e garantia. Qual é a taxa de juro
que os mercados cobram ao EFSF? 3,2%, precisamente o mesmo que o EFSF
nos cobra a nós. Ninguém na Europa está a lucrar à custa do empréstimo
a Portugal.

Então, porque é que a taxa cobrada ao EFSF é maior do que a cobrada à
Alemanha? Essencialmente por duas razões. Primeiro, porque o EFSF pede
emprestado não só em nome da Alemanha, mas também da Bélgica, de
Itália ou de Espanha. Espanha neste momento paga 5,3% de taxa de juro
pelos seus empréstimos e Itália 4,6%. A taxa de juro de 3,2% é a taxa
europeia e é a Europa, não a Alemanha, quem nos empresta fundos
através da troika. Segundo, porque quando eu empresto dinheiro à
Alemanha, sei com o que conto. Já a política europeia tem sido tão
inconstante que o que é hoje verdade sobre o EFSF pode mudar amanhã.

Se nem a troika nem os países são os agiotas, os culpados devem ser os
bancos. Então o BCE não empresta a 0,75% aos bancos? Porque é que eles
não emprestam a Portugal a essa taxa? Se tivéssemos um banco central
que pudesse imprimir escudos, como Inglaterra tem hoje, não teríamos
juros mais baixos? Não, disparate outra vez. Mas a explicação fica
para a próxima semana.

Professor de Economia na Universidade de Columbia, Nova Iorque