Muitas clientes de Carlos de Almeida não podiam pagar a vacina contra o cancro do Colo do Útero. Então, decidiu vendê-la sem lucro.
Carlos Almeida, 47 anos, director técnico da Farmácia de Santa Catarina no Porto, desenvolveu um projecto filantrópico com repercussões vitais na saúde das mulheres portuguesas:
- Abdicou das margens de lucro das duas vacinas preventivas do cancro do colo do útero à venda no mercado, ficando as duas ao mesmo preço.
"Não preciso ganhar dinheiro com este medicamento, porque vejo que há uma extensa série de pessoas que não a consegue comprar. E essa imagem é mesmo muito triste", explicou ao 24 Horas.
Com a consciência atormentada, este João Semana das farmácias decidiu fazer alguma coisa. Vende as vacinas ao preço que as compra, possibilitando a mais gente o acesso a um eficaz meio de prevenção de uma das doenças mais mortífereas do sexo feminino.
" Pensei fazer um desconto, mas ainda assim era cara. Não fiz acordo com laboratórios nem com ninguém quando decidi vender a preço de custo.
Não tenho lucro, mas pelo menos durmo de consciência tranquila", diz.
As duas vacinas custam 481 e 433 Euros e a Famácia Santa Catarina está a vendê-las a 390 Euros - ainda assim um preço alto para uma grande maioria de famílias, principalmente numerosas.
Ciente das dificuldades, Carlos Almeida, lembrou-se de negociar com uma empresa de crédito, permitindo aos clientes comprar a vacina e pagá-la ao longo de um ano.
" É mais um meio para adquirir o tratamento", justifica.
E até quando a Farmácia Santa Catarina vai continuar com tão altruísta acção?"
"Até a vacina ser incluída no plano de vacinação nacional ou até ser comparticipada pelo Governo. A prevenção não pode ser um previlégio", sublinha.
"A penalização por não participares na política, é acabares a ser governado pelos teus inferiores".
Platão