# Alemanha quer que imigrantes assinem "contratos de integração"
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Alemanha quer que imigrantes assinem "contratos de integração"
24.11.2009 - 08:34 Por Maria João Guimarães
http://www.publico.clix.pt/Mundo/alemanha-quer-que-imigrantes-assinem-contratos-de-integracao_1411127
Um imigrante deverá ter de assinar um contrato dizendo que aceita
certos valores quando decidir viver na Alemanha, segundo planos de
Berlim. Entre os valores que os candidatos têm de prometer respeitar
estão direitos iguais para as mulheres.Fabrizio Bensch/Reuters
120 mil habitantes na capital alemã são turcos
"Quem queira viver cá e cá queira trabalhar a longo prazo terá de
dizer "sim" ao nosso país", explicou a comissária da Integração, Maria
Boehmer. "Isto quer dizer saber como falar a nossa língua, e também
uma vontade de participar na nossa sociedade". Boehmer disse ainda que
a intenção é introduzir esta medida durante esta legislatura.
Os contratos terão não só deveres dos imigrantes mas também vão
enumerar os seus direitos. "Será estabelecido o que podem esperar em
termos de apoio e ajuda", frisou Boehmer, do partido cristão-democrata
(CDU) da chanceler alemã, Angela Merkel.
Na Alemanha há cerca de 15 milhões de imigrantes numa população total
de 82 milhões de pessoas, e o maior grupo é de origem turca (cerca de
três milhões).
O país introduziu no ano passado um teste de escolha múltipla de
língua e cultura para quem quiser pedir a cidadania alemã (vários
outros países europeus fizeram o mesmo; em Portugal há um teste de
língua).
Há um debate sobre se há na Alemanha comunidades a viver em
"sociedades paralelas". Um antigo ministro das Finanças da cidade de
Berlim, Thilo Sarrazin, causou uma onda de indignação quando
questionou a vontade de turcos e árabes contribuírem para a economia
da cidade, dizendo que "há, de facto, grandes sociedades paralelas em
alguns bairros de Berlim". A capital alemã tem 3,4 milhões de
habitantes; 120 mil são turcos.
Sarrazin provocou especial polémica ao dizer que não se sentia "na
obrigação de respeitar pessoas que vivem da ajuda do Estado, negam o
Estado, não fazem nada para educar os filhos, e só produzem mais
raparigas de lenço", algo que acontece com "70 por cento da população
turca e 90 por cento da população árabe em Berlim".
Turcos indesejados
Muitos imigrantes estrangeiros na Alemanha queixam-se de
discriminação. Numa sondagem recente, metade dos turcos a viver na
Alemanha dizia que se sentia "indesejada" e confessava mesmo que
gostaria de voltar à Turquia (onde, entretanto, também já não se
sentia bem-vinda).
A língua é apontada por alguns especialistas como uma barreira na
integração de muitos turcos, enquanto outros sublinham que as questões
culturais são o principal problema.
A comissária Maria Boehmer afirmou que o país devia não só ter em
atenção os exemplos negativos de dificuldade de integração mas
sublinhar os casos positivos.
"Ainda que uma parte importante do debate seja sobre maus resultados
na escola, também tem de haver discussão sobre os que fazem os seus
exames, que continuam a estudar, que começam empresas, que são
engenheiros ou médicos ou advogados", disse Boehmer - pessoas que
contribuem de modo positivo para a economia alemã.