# Metade das meninas de seis anos queria ter peso a menos....
tem consequências
As imagens hipersexualizadas estão por todo o lado e as crianças estão
expostas a elas cada vez mais cedo, com os pais a terem cada vez menos
oportunidade de controlar o que os seus filhos vêem, afirmou ontem um
relatório britânico, defendendo o controlo dos meios de comunicação.
O documento, citado nos media britânicos, diz que o controlo é
fundamental para evitar esta sobreexposição que, assegura, tem efeitos
na aceitação das mulheres como submissas e dos homens como
dominadores: estereótipos que, diz o documento citado pela BBC,
contribuem para a atmosfera de pressão que leva cada vez mais jovens a
pôr fotografias em que estão nuas ou em topless nos sites de redes
sociais.
O relatório faz parte da estratégia do Governo de Gordon Brown na luta
contra a violência contra as mulheres e conclui que a exposição aos
conteúdos mais sexualizados tem uma ligação com o aumento deste tipo
de agressões.
O documento foi divulgado depois de, na semana passada, os
conservadores de David Cameron terem anunciado uma iniciativa contra a
sexualização de crianças, penalizando empresas culpadas de "práticas
de marketing irresponsáveis" dirigidas aos mais jovens para evitar que
estes sejam "bombardeados" por conteúdos mais sexualizados, lembra a
agência Reuters.
David Cameron recorreu a um exemplo de sua casa, dizendo que proibiu
que a filha de seis anos ouça Lily Allen, uma cantora com língua solta
em relação ao consumo de álcool e ao sexo nas suas músicas. A filha de
Cameron está obcecada com Lily Allen, que o líder conservador descreve
como "ligeiramente inapropriada". Uma discussão entre pai e filha
sobre o assunto acabou com um iPod partido, revelou Cameron.
A cantora, que fala tanto de assuntos menos apropriados como de
política, tinha expressado no ano passado o seu apoio ao Labour nas
próximas eleições.
Com estas iniciativas, os dois partidos parecem competir por medidas
sobre a exposição das crianças às imagens sexuais ou
hipersexualizadas, que poderá ser um tema forte nas próximas eleições.
O ministro do Interior, Alan Johnson, afirmou ontem que "os pais estão
preocupados com a pressão a que os seus filhos estão submetidos a
partir de uma idade cada vez menor". Um estudo da Universidade de
Cambridge divulgado esta semana parece confirmar que há consequências
para os mais novos: metade das meninas de seis anos queria ter peso a
menos.
Mais magras, mais populares
No inquérito, feito para um programa de televisão do Channel Four, as
crianças tinham de escolher que tipo de corpo queriam ter a partir de
várias imagens delas próprias, alteradas digitalmente: metade escolheu
a imagem mais magra de todas, três tamanhos abaixo do seu. Muitas
explicaram que seriam mais populares se fossem mais magras, relatou o
diário The Telegraph.
Esta preocupação dos pais é partilhada pelo Governo, assegurou
Johnson, adiantando que o Governo está empenhado em adoptar algumas
medidas sugerias pelo relatório, da autoria da psicóloga Linda
Papadopoulos, da London Metropolitan University.
A psicóloga defende que os telemóveis, através dos quais os
adolescentes têm cada vez mais acesso a conteúdos pornográficos, sejam
vendidos com controlos parentais activados e que vídeos de música
"sexualizados" sejam proibidos antes das nove da noite.
Mais dirigido à questão da imagem corporal das raparigas, é proposto
que fornecedores de acesso à Internet possam bloquear sites
pró-anorexia ou pró-bulimia, e que seja criada uma escala aplicada em
fotografias alteradas digitalmente para mostrar até que ponto foram
modificadas.
27.02.2010 - 13:41 Por Maria João Guimarães
http://www.publico.pt/Mundo/criancas-britanicas-sao-demasiado-expostas-a-imagens-sexuais-e-isso-tem-consequencias_1424716