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segunda-feira, fevereiro 24, 2025

# News - Publico - Número de creches com horário alargado sobe 42% em cinco anos

https://www.publico.pt/2025/02/03/sociedade/noticia/numero-creches-horario-alargado-sobe-42-cinco-anos-2120064

Existem 1806 creches a funcionar com horário alargado (mais de 11
horas por dia) em Portugal, a maioria em Lisboa (322) e no Porto
(255). Oferta não dá resposta à procura.

Daniela Carmo (Texto) e Manuel Roberto (Fotografia) 3 de Fevereiro de 2025, 7:01

Encostada à janela virada para o parque infantil exterior, mas que lhe
dá um vislumbre do que está a acontecer dentro da sala das crianças de
dois anos, Ana Veloso observa, embevecida, o filho William, de ano e
meio. "Ele até se entretém sozinho, sem os amiguinhos." Quando
entramos na sala dos "ouricinhos", encontramos William, de faces
rosadas, absorto enquanto brinca com um jogo de encaixar peças. Na
mesa imediatamente ao lado, outras quatro crianças dedicam-se à
pintura (não só da folha que têm à frente, mas também da mesa), com
fortes braçadas nos marcadores coloridos. Estamos no "Clube dos
Pequenos", em Braga, uma creche com horário alargado, que abriu há
pouco mais de um mês e cujas inscrições foram quatro vezes superiores
ao número de vagas disponíveis. Há 1806 creches a funcionar mais do
que 11 horas por dia em Portugal, um número que aumentou cerca de 40%
em cinco anos.

"Quando consegui esta vaga fiquei mesmo contente porque pensei que não
ia conseguir. Muitas vezes recusava trabalho" para poder ficar com o
filho por não ter outro recurso, explica ao PÚBLICO Ana Veloso,
instrutora de fitness. Durante a semana, Ana Veloso tem, muitas vezes,
de trabalhar até às 22h, um horário que não coincide com o da maioria
das creches, pelo que o "Clube dos Pequenos" lhe trouxe uma solução,
já que o marido trabalha no estrangeiro e só vem a casa ao
fim-de-semana. Mas nem por isso o menino fica na creche "de manhã à
noite". É a primeira vez, aliás, que William frequenta esta resposta
social (antes ficava em casa com a mãe ou com a avó, quando era
possível) e Ana opta, agora, por levá-lo mais ao final da tarde, "para
não ficar tantas horas". "Acho que sofri mais eu com a mudança do que
ele. Ele fica bem, não chora. É sossegadinho."

À data de 13 de Dezembro de 2024, existiam 1806 creches a funcionar
com horário alargado em Portugal, a maioria em Lisboa (322) e no Porto
(255), de acordo com o levantamento enviado ao PÚBLICO pelo Ministério
do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social (MTSSS). Considera-se
creche com horário alargado quando os serviços são prestados por mais
do que 11 horas por dia.

O espaço onde nos encontramos, que disponibiliza berçário e creche,
ainda não integra esse total já que só abriu portas às famílias no dia
16 de Dezembro. O equipamento está aberto das 6h30 à meia-noite e
meia, mas a afluência continua a ser maior no horário convencional.
Porém, a segurança dos pais de que os filhos têm com quem ficar caso
aconteça algum imprevisto é maior: "Os pais têm demonstrado estar
muito satisfeitos. Mesmo os que estão no horário convencional sabem
que podem confiar", relata Ana Névoa, directora técnica deste espaço.

Ainda segundo dados do MTSSS, existem três creches em Portugal a
funcionar até à meia-noite e meia. A procura por este tipo de serviço
tem vindo a aumentar e prova disso mesmo são as mais de 400
candidaturas que a creche de Braga teve para o total de 90 crianças
admitidas. De acordo com o Governo, em 2019 existiam 1269 creches a
funcionar com horário alargado, num total de 2554 equipamentos deste
tipo a funcionar no país. É um número que, em cinco anos, cresceu em
42%, para os 1806.

A procura de creches com horário alargado não significa, porém, que as
crianças sejam lá "despejadas" indefinidamente. De acordo com a
legislação portuguesa, "cada criança não deverá frequentar a creche
mais do que 11 horas diárias, devendo igualmente usufruir de um
período de férias em comum com a família".

[VER GRÁFICO]

No caso do "Clube dos Pequenos", uma resposta do Centro Social do Vale
do Homem (CSVH, uma Instituição Particular de Solidariedade Social -
IPSS) pensada para apoiar os colaboradores do Hospital de Braga e da
Universidade do Minho, mas não só, o equipamento está aberto todos os
dias (inclusive ao sábado e ao domingo), sem interrupções durante as
férias escolares.

"Percebemos que este é um princípio importante para os pais, não ter
interrupções lectivas. Aquela creche tradicional que fecha do dia 15
ao 31 de Agosto não vai acontecer connosco", sustenta Jorge Pereira,
presidente do CSVH, em declarações ao PÚBLICO.

O equipamento vai também disponibilizar serviços de babysitting em
breve e está ainda previsto o seu alargamento. "Este é o nosso
primeiro edifício nesta área, entre outros que vamos ter. E estamos a
preparar com a junta de freguesia para avançar para a construção de
outra creche cá em Braga", adianta o responsável, sem precisar o local
e data de abertura. A frequência da creche não acarreta custos para os
pais porque está a ultimado um acordo com o Governo, ao abrigo do
programa Creche Feliz (neste caso específico denominado Creche Mais
Feliz por ter horário alargado).

Unidades de saúde procuram apoiar profissionais na parentalidade

Esta creche não é caso único no que toca a formatos pensados para
apoiar profissionais de saúde, por exemplo. Em Coimbra este serviço
materializa-se com a creche e jardim de infância "O Caracol", no
campus dos Hospitais da Universidade de Coimbra, e na "Creche
Saudável", no Centro Hospitalar Universitário da Cova da Beira
(CHUCB).

Também o Centro Hospitalar Santo António, no Porto, está a avançar com
um projecto nesse âmbito. "O projecto irá avançar e nesta fase estamos
a estudar o enquadramento legal de algumas especificidades de
construção" para instalar uma creche para os filhos dos profissionais
de saúde daquela unidade, como explicou o gabinete de comunicação em
Dezembro.

Em Leiria, a comunidade intermunicipal também vai construir uma creche
para os filhos dos profissionais da Unidade Local de Saúde (ULS), num
investimento de 1,2 milhões de euros. Paulo Batista Santos, 1.º
secretário executivo da comunidade intermunicipal, referiu ao PÚBLICO
que a creche vai ser construída num terreno do Hospital de Santo André
e, numa fase inicial, conseguirá acolher 50 crianças e vai ter um
funcionamento ajustado aos horários dos profissionais. Também as ULS
de Santa Maria, em Lisboa, e de São João, no Porto, estarão a avançar
com projectos neste âmbito, segundo o Jornal de Notícias. O PÚBLICO
não conseguiu obter confirmação por parte das duas ULS.

A Ordem dos Médicos (OM) já propôs ao Governo a criação de uma rede de
infantários, creches e centros de actividades de tempos livres para
filhos de médicos e outros profissionais de saúde, a par de outras
medidas para atrair médicos para o Serviço Nacional de Saúde. A
proposta está contida num parecer que a OM enviou no final de Outubro
à Assembleia da República, a par de medidas como o reconhecimento da
medicina como profissão de "desgaste rápido".

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